Continuam a não entender a diferença entre custos de aquisição, e custo de operação?
Sei.
De resto, o Gripen não ganha concursos nenhuns onde surja também o F-35, porque quem vai comprar, tem que pensar nas ameaças do presente e futuro.
Governos de
alguns países (Noruega, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos) que comprou ou que vai adquirir o F-35 (Finlândia e República Tcheca), antes de pensar em ameaças do presente e do futuro, pensam em ter a proteção geopolítica dos Estados Unidos. Talvez Portugal siga por este caminho. Pode ser que a "pequena" Suécia não possa oferecer isso. Mas pode ofertar parceria industrial e de transferência de tecnologia que, talvez, com o caça da Lockheed Martin, não seja possível. A não ser que o país aspirante a operar em sua força aérea tenha uma relação especial com Washington — como ocorre com Israel e Reino Unido.
Para além do escudo do Pentágono, os atuais operadores de F-35 também querem um lastro de benefício industrial, nem que seja para produzir parafusos para os Lightning II. Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, Suíça, Noruega e, por agora, a Finlândia e a República Tcheca, visaram isso.
Em tudo. A tecnologia de aviação de caça vai continuar a evoluir, ao contrário do que vocês pensam, que termina no suprassumo do Gripen. A própria Saab vai acabar mais tarde ou mais cedo por descontinuar os esforços no Gripen, para investir num novo caça.
E quem disse que o Gripen, tal como os análogos Delta Canards europeus Rafale e Typhoon, também não vão continuar evoluindo? Sim, haverá o momento em que a Suécia vai começar a pensar em um substituto do Gripen e, o Brasil, é um candidato forte para cooperar em tal empreitada industrial.
E já agora, entre outras coisas, a furtividade é um factor bastante importante, quando avaliamos o confronto directo entre caças, ou operação em espaço aéreo contestado.
Para o combate aéreo de curta e longa distância, o infrared search and track system (IRST) existe para ajudar a nivelar o duelo. Furtividade vale mais para ataques em profundidade no primeiro dia de guerra (dependendo contra o que e quem está se atacando). Sim, é inegável que o poder de difusão de dados e a furtividade do F-35 se constituem em uma vantagem extraordinária no combate aéreo contemporâneo. Mas não é fator de predominância. Válido lembrar que os radares russos já "enxergaram" várias vezes os Lightning II israelenses a sobrevoar o espaço aéreo sírio, para citar um exemplo.
Custos. Eles, tal como vocês, não têm uma ameaça credível que justifique terem já os F-35. Isso pode mudar, à medida que surgir orçamento/necessidade, fruto de ameaças.
Sim, nisto concordamos em partes.
O KF-21 está em desenvolvimento para se tornar um caça de 5ª geração.
As notícias vindas da Coreia do Sul são de desenvolvimento de uma versão naval embarcada. Apenas isso.
O caça turco, pelo menos já existe protótipo, ao contrário da Saab e Embraer que não possuem nada. Não quer dizer que os turcos consigam desenvolver por si uma aeronave daquele tipo, ou uma aeronave verdadeiramente de 5ª geração, mas mais uma vez, cabe a quem planeia a compra de caças, avaliar todas as possíveis ameaças.
A Saab possui décadas de experiência em projetar e fabricar aeronaves de combate de alto desempenho, verdadeiras obras de artes, tal como o Draken, o caça mais avançado quando de seu primeiro voo. Querer dizer que os instáveis turcos estão no mesmo patamar da Suécia em tecnologia, experiência e capacidade industrial aeronáutica é um insulto. A Saab e a Embraer (principalmente os suecos) não precisam fazer um protótipo de caça de 5G para provar que domina a tecnologia de projetar e industrializar a produção de caças. Afirmar o contrário é ilação sem nexo com a realidade.
Já terem uma indústria aeronáutica consolidada, nem sempre tem implicações directas na capacidade de defesa do país.
Argumente mais sobre isso.
Estamos a falar em capacidade de combate de cada país, e ter capacidade de produzir cargueiros, aviões civis e um caça de geração 4.5, não se vai sobrepor ao poder aéreo proporcionado a uma força aérea que possua caças de 5ª geração (ainda por cima quando o país opositor tem mais facilidade em destruir as fábricas, anulando a vantagem industrial por completo).
Nesta sua lógica podemos então afirmar que a Suíça, por exemplo, em breve operadora de F-35, poderá penetrar impunimente o espaço aéreo francês com seus Lightning II e destruir a infraestrutura militar e industrial de Paris, pelo simples fato da
Armée de l'Air et de l'Espace não possuir em seu inventário caças de 5ª geração?
Mas precisam de ser humildes para compreender este tipo de coisas.
Não é questão de humildade. São factos/fatos.
Linhas de montagem e fabrico do Gripen E já instalada na Embraer que contará com dois processos: a montagem estrutural e a montagem final:Se um país vizinho adquirir caças de 5ª geração "de prateleira" de outro país, pode não ter base industrial, mas a capacidade de combate superiorizar-se-á à do Brasil em termos de caças. Pelo menos até a capacidade industrial do Brasil, ser capaz de produzir um caça superior aos potenciais adversários.
A história não é bem essa. Numa guerra há vários fatores e variáveis. Não é tão simplista assim. Ou seja, possuir por possuir vetores aéreos, por mais sofisticados que sejam, às vezes, não é garantia de nada.
Mas são tão desumildes, que até tinham a audácia de dizer que, se o Chile adquirisse 5 Arleigh Burke e 3 Zumwalt, a MB era melhor porque tinha as Tamandaré de produção nacional. Ou se alguém adquirir LRASM para os seus navios, vão dizer que o MANSUP é melhor.
Sem comentários.
Já agora, o Brasil não é autónomo. Muitos dos sistemas críticos das aeronaves, são produzidos noutros países.
Nem mesmo a França com sua esplêndida capacidade tecnológica e industrial de sua robusta indústria aeroespacial é — sofreram embargos dos Estados Unidos de componentes do Rafale quando estavam a negociar com os egípcios. Imagina o Brasil. Porém, saber integrar sistemas, possuir infraestrutura industrial com pessoal/mão-de-obra capacitada, isso o Brasil tem e não há outro país na região da América do Sul que o iguale.
A coisa complica e muito, quando quiserem ser verdadeiramente independentes, e desenvolver os próprios motores, radares, etc.
A Índia não conseguiu suplantar os desafios de construir um motor próprio, a China conseguiu tal feito recentemente, após muitos custos. Não é ambição do Brasil ter esta 'autonomia'.
Querem desenvolver um caça de 5ª geração, muito bem. Agora quão realista é que é essa intenção? Quão autónomos serão? Quanto dinheiro terão para investir nisso?
O caminho natural é formar um consórcio ou parceria, tal como os franceses, espanhóis e alemães estão fazendo. Idem em relação ao Reino Unido, Japão e Itália. É notável que, pela profunda aliança entre SAAB e EMBRAER, seja natural ambas se unirem em um projeto futuro.
É que nós vimos a Rússia, com muito mais experiência na área, a ter uma grande dificuldade em desenvolver este tipo de caça.
Com tal afirmação apenas valida o que referi anteriormente em relação aos protótipos de caça de 4.5ª e 5ª geração da Turquia e Coreia do Sul, respectivamente. Se a Federação Russa com dimensões cósmicas de experiência industrial aeronáutica, supostamente, teve ou tem percalços no desenvolvimento de seu vetor de 5º geração, o que dizer então da Índia, Turquia e Coreia do Sul — esta última com capacidade tecnológica militar mais sólida e comprovada.
O Brasil ainda é muito "verde" em comparação, e ainda não é capaz de desenvolver por si só, metade dos sistemas para um caça.
Concordo. Inclusive potências militares tais como França, Alemanha, Espanha, Reino Unidos, Japão e Itália estão se reunindo em consórcios para superar o desafio de projetar, fabricar, integrar a metade ou a mais da metade de sistemas de vetores 5G ou 6G (conceito ainda está em aberto), me refiro aos programas Tempest e FCAS. Talvez esses países também sejam "verde".
A própria Saab depende de equipamentos "de prateleira" para fazer o Gripen, e o mesmo se sucederá para um eventual caça de 5/6ª geração que queiram desenvolver.
Ninguém aqui está negando isso. Integrar sistemas que é a realidade que precisa ser debatido. Além disso, desenvolver compósitos e estruturas críticas de fuselagem não é nada trivial. Além do mais, sua afirmação é errônea ao tentar passar que o Gripen C/D E/F é totalmente um caça que reúne itens de "prateleira". Não é.
Os custos de operação mais altos do F-35, são compensados pelos ganhos estratégicos, pelo seu poder de dissuasão, e ao ser o caça "faz tudo" dos EUA, vai continuar a ser desenvolvido e melhorado, a produção de sobressalentes deverá continuar por décadas, etc.
Os ganhos estratégicos pelo seu poder de dissuasão parece palatável. O fato do F-35 ser o caça "faz tudo" e, por conta disto, a produção de sobressalentes deverá continuar por décadas, quem ganhará com isso quase inteiramente será o complexo industrial americano. Os demais operadores vão ter que submeter às regras engendradas por Washington de como e quando vão poder usar o F-35 em combate (independente dos interesses nacionais dos países operadores).