A questão é mesmo se é viavel para a nossa realidade economica reinvestir (e Modernizar) e manter um estaleiro como o Alfeite, vemos o exemplo dos West Sea, um estaleiro (digno desse nome) não pode estar dependente unica e exclusivamente da manutenção dos navios da Marinha nem muito menos estar a espera de encomendas de novos navios (imaginando que existiria essa capacidade) de 2 em 2 decadas.
O Alfeite para ser viável precisa de uma faturação muito maior do que aquela que a manutenção da Marinha dá (veja-se o caso da quantidade de manutenções anuais que os West Sea tem). E para isso precisa ter toda uma estrutura de operações e também de vendas (pois o trabalho não aparece do ar, existe muita concorrencia) que não existe, e que muito dificilmente dentro da esfera do Estado vai ter, a antiga administração do Alfeite tinha um plano sólido e a longo prazo, que foi posto em causa pelo atraso dos pagamentos da marinha a este e das cativações ou esperas eternas para autorizações de despesa (mesmo quando o dinheiro já existia) por parte das finanças. A doca seca que era suposto ser aumentada bem como outros melhoramentos nunca chegaram as ser feito.
No papel, enquanto houver uma Marinha, o Alfeite será minimamente rentável, se a sua dimensão for adequada ao trabalho existente, e se o dinheiro para a manutenção dos navios corresponder às necessidades reais. O que não pode acontecer, são as cativações, orçamentos que são menos de 60% das necessidades, custos/preços de manutenção que não são actualizados de acordo com a inflação, etc. Também não ajuda cancelamento e adiamento de programas (como as Vigilante, substituição das lanchas rápidas, etc).
Se os meios da Marinha fossem substituídos na altura certa (ao invés de aguentarem 40/50 anos cada um), o rácio de substituição seria suficientemente elevado para manter o AA com trabalho (e receita) de forma constante, entre a manutenção dos navios existentes, e construção de novos. A isto somar-se-iam modernizações de meia vida (verdadeiros MLUs) a cada embarcação (que assim justificasse) ao fim de 15/20 anos de serviço.
A isto acresce os meios não tripulados, que podem ser construídos em grande quantidade e em vários modelos para funções distintas, que vão desde pequenas embarcações pouco maiores que um Zebro, a navios de 50 metros. E se pudermos fabricar em Portugal os ditos USVs, o Alfeite seria um forte candidato, em especial se em parceria com Universidades e empresas do sector.
Os clientes internacionais (e até civis) viriam depois, ao ver o bom trabalho que o estaleiro pode realizar na Marinha, podendo este trabalho ser realmente e orgulhosamente apresentado nas feiras internacionais.
Agora claro que tudo isto, requer uma política de defesa a sério, que não quer destruir a Marinha nem assassinar o Alfeite, mas sim reerguer ambas as entidades a um nível desejável para um país "virado para o mar".