Escrever um livro sobre um periodo de 280 anos e sempre complicado.
O autor acaba por na realidade fazer referências desde a conquista de Alcacer do Sal e Silves até mesmo ao inicio do século XVIII com D. João V.
São feitas várias referências a periodos anteriores, explicando-se por exemplo que muitas das tácticas utilizadas pelos portugueses eram claramente influenciadas pelas tácticas e disposições dos exércitos dos reinos muçulmanos do sul da peninsula.
Também se refere a nossa fraquíssima capacidade industrial durante a idade média, para posteriormente se mostrar que no século XVI, até cidades relativamente pequenas ja tinham a sua industria de armamento.
Uma das coisas curiosas, é a confirmação de algo de que já tenho falado aqui sobre a velha aliança com a Inglaterra. Nas suas origens está a guerra dos 100 anos entre franceses e ingleses e o facto de Portugal ter apoiado a Inglaterra porque era o único país com uma marinha permante (os outros dois eram a França e Castela que era aliada da França). O autor aponta que os franceses temiam mais a presença das galés portuguesas que a dos navios ingleses.
Também se refere que os ingleses ficavam impressionados com a qualidade de construção dos navios.
A maioria das fontes são nossas conhecidas, mas houve um claro cuidado em referir o nosso principal vizinho como Castela e não Espanha.
Os problemas do reino entre 1580 e 1640 são referidos indistintamente como problemas do Reino de Portugal, reforçando a tese de que na realidade o periodo de domínio da casa de Áustria, não implicou nenhuma absorção de Portugal pela Espanha.
Como é natural, esse periodo é aliás visto como vantajoso para Portugal, que controlava apenas alguns portos nas costas da India e que depois, voltou-se para o Brasil e acabou por sair desse periodo muito maior e com um império no Brasil, muito mais próximo que o da Índia.
No computo geral, embora seja verdade que fala de muita coisa num periodo de tempo muito alargado, é sempre interessante ver alguma coisa escrita que não cai nos lugares comuns e disparates que infelizmente vemos mesmo em autores portugueses.