2 pontos:
1. Essa Tabela sobre "competitividade" significa rigorosamente 0.
Medições artificiais de competitividade não têm qualquer valor ou consequência. A única forma de medir o sucesso económico de um País, é por valores que definem uma economia em termos reais.
PIB anual, Crescimento do PIB, Crescimento(ou ausência de...) da Produção Industrial, Exportações - Importações = Balança Comercial, Dívida Externa, Reservas, Carga Fiscal (leia-se PESO do Estado), etc.
Estou-me perfeitamente nas tintas se Portugal está em primeiro ou ultimo lugar num pseudo-índice de competitividade. O que importa essa competitividade se ao fim de x anos Portugal é mais pobre que a Albânia?
De que serve? (ou vice-versa)
Poder, (económico e não só), mede-se com o PIB. Não com observações estéticas que só servem para distrair.
2. Bom, em relação ao senhor economista francês, vejo duas hipóteses:
2.1 O senhor economista é parvo.(*)
2.2 O senhor economista é um tipo extremamente nocivo, malicioso e tem más intenções em relação a Portugal.
A medida que esse senhor propõe, de baixar os salários em 10% ou forçar as pessoas a trabalhar mais 10%(ou o correspondente a esse valor) só pode ser proferida por alguém que não sabe o que é Portugal.
Muito mais grave ainda, é a ideia de que um défice de 2% ou 3% não faz assim tão mal.
Vamos a números.
Portugal:
PIB: 170300 milhões de dólares.
Receitas (De impostos): 78840 milhões de dólares.
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CORRECÇÃO:
Devido a um enorme lapso da minha parte, os valores estavam errados. O Defice de que se fala, os tais 3% são em Relação ao PIB(Deficit/GDP), não em relação à Receita ou Impostos(Budget Deficit) (como tinha calculado anteriormente (antes de editar este Post))
Assim sendo, o valor do défice calcula-se em relação ao PIB:
Défice:
2% = 170300 X 0,02 = 3406 milhões de dólares.
3% = 170300 X 0,03 = 5109 milhões de dólares.
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Dívida Externa: 287800 milhões de dólares.
Reservas: 10000 milhões de dólares.
Portugal tem uma Dívida Externa de 287800 milhões de dólares.
Este "economista" propõe adicionar anualmente entre 3406 e 5109 milhões de dólares POR ANO em cima da enorme dívida que Portugal já tem. Dizendo que não faz assim tão mal?
Considerando um Défice "Orçamental"(É em relação ao PIB.) de 3% todos os anos , o limite mínimo imposto pelo Pacto de Crescimento e Estabilidade Europeu , isto significaria um crescimento da dívida externa
de 1,78% por ano com tendência a subir. Somado aos Juros que não pararão de crescer, Juros que têm que ser pagos.
Em 10 anos (2016), se o Défice se mantiver em 3%, Portugal terá uma dívida externa de 338890 milhões de dólares. (em números muito redondos, pois assume que APENAS 5109 milhões de dólares são adicionados anualmente, o que provavelmente não é verdade)
Esse senhor é conselheiro na Reserva Federal de Boston e Reserva Federal de Nova Iorque. Faz um certo sentido, ele é conselheiro no País que tem a maior dívida externa do mundo, e através das suas opiniões , pretende que Portugal siga esse caminho, não vendo qualquer espécie de mal nisso.
Portugal não é os Estados Unidos, Portugal não detem o controlo do Dólar, Portugal não pode seguir este tipo de Política Económica.
Ninguém pode exigir o pagamento da Dívida Externa aos Estados Unidos, mas a Portugal podem, deixando-nos completamente á mercê de decisões de instituições financeiras ou outros Países. Isto sim é perda de Autonomia.
Os Estados Unidos (e o Reino Unido em parte), são casos especiais
Portugal , como a maioria dos países, não o é, como tal precisa de fazer o seu caminho, de adoptar um modelo económico de crescimento duradouro, e a única forma de o fazer é adoptar uma postura económica muito agressiva.
http://en.wikipedia.org/wiki/Olivier_BlanchardJohn Maynard Keynes disse em tempos "In the long run, we are all dead,"
"no longo prazo , estamos todos mortos". É uma frase engraçada, até infantil, só que Portugal terá um dia que pagar a sua Dívida Externa, e quanto mais tarde o fizer, mais custoso será.
Claro que numa perspectiva ultra-individualista, nós pedimos dinheiro emprestado, morremos, e depois os filhos que paguem. Bem é um caminho possível, não me parece que seja o caminho que traga melhor futuro ao nosso País.
No meu entender, a solução económica, para Portugal, passa como é sabido, por uma redução drástica do Estado. Em Portugal há pouco dinheiro, como tal, o dinheiro tem que ser gerido com extrema delicadeza, como um bem precioso e raro, que é.
Algo que como sabemos bem, não acontece quando o dinheiro é gerido por gestores estatais nomeados por motivos políticos. As pessoas não percebem que as despesas dos Políticos (Deputados, Ministros, etc) é uma parcela pequena(mas não insignificante), comparado com o desperdício causado pela ineficiência do Estado e seus péssimos gestores.
Isto implica despedimentos no sector público em massa. Uma decisão muito difícil políticamente, mas inevitável. (Pode ser feito ao longo de um periodo mais alargado, adiando a solução)
O economista francês , ao propor uma redução de 10% aos trabalhadores portugueses (privado e estatal(suponho)), oferece uma solução sem escapatória, onde o cidadão médio português, já muito apertado, se veria numa situação insuportável.
O que é preciso é haver uma transição de trabalhadores do Estado para o Privado. O dinheiro poupado em impostos, permite baixá-los, e aumentando automáticamente (aqui sim) a competitividade.
Nos países verdadeiramente competitivos (que nem estão na tabela acima), o peso do Estado é entre 10% e 15% do PIB. em Portugal é perto de 50%.
A solução cada vez mais adoptada por países que encaram a sério o seu crescimento económico, é o Flat-Rate tax, Imposto de taxa fixa.
O sucesso da Irelanda, deve-se a isso. A Rússia tem um imposto de 13% fixo. Os países que querem conquistar as posições cimeiras, têm que adoptar posturas agressivas e ambiciosas, não somente tentar copiar quem se encontra no topo. Os que estão no topo hoje, podem não estar amanhã. O Mundo muda. há que antecipar.
Em relação ás duas hipóteses que puz, sobre Olivier Blanchard, sinceramente penso ser a segunda mais próxima da verdade, nós portugueses deviamos ter cuidado, muito cuidado, quando outros nos dão conselhos. É que nesta Guerra Económica, ninguém dá nada a ninguém, todos querem ganhar.
Até no MIT há ignorância e estupidez. Não se impressionem muito por "Generais Medalhados".
ricardonunos escreveu(citando um artigo):
Para a elite dos economistas nacionais, é uma referência
Sim, não me surpreende. Basta ver o estado na nossa Economia e as políticas que foram seguidas nos ultimos 30 anos. É graças a esta "referência" e outras, e à ineptitude das nossas pseudo-elites (as que lá estão, porque neste país há gente muito capaz, com muito mais intelecto, que poderia fazer infinitamente melhor, se tivesse oportunidade de liderar.)
(*)
do Lat. parvu ou parvulu
adj.,
pequeno;
apoucado de juízo ou entendimento; <----
idiota;
s. m.,
indivíduo parvo ou atoleimado
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspxlinks
http://en.wikipedia.org/wiki/Stability_and_Growth_Pacthttp://en.wikipedia.org/wiki/Budget_deficithttps://www.cia.gov/cia/publications/factbook/P.S.- Tudo isto, somente a minha opinião, como de costume.