Consequências:
"Dijsselbloem mostrou que é racista e xenófobo, não pode exercer na Europa"22 mar, 2017 - 10:59
Primeiro-ministro português condena críticas do presidente do Eurogrupo, que já recusou pedir desculpa pelas suas declarações.O primeiro-ministro português quer o afastamento do presidente do Eurogrupo. "Dijsselbloem mostrou que é racista e xenófobo, não pode exercer nenhum cargo na Europa", disse António Costa aos jornalistas, em Lisboa.
"Numa Europa a sério, o senhor Dijsselbloem já estava demitido neste momento," sublinhou.
Costa referiu ainda que Portugal "não tem lições a receber do senhor Dijsselbloem em coisa nenhuma", tanto mais que "cumpriu escrupulosamente os seus compromissos com a União Europeia" e argumenta que a "estas ameaças não se deve responder estigmatizando, mas pelo contrário respeitando."
Questionado sobre a possibilidade da continuidade do holandês à frente do grupo dos ministros das Finanças do Euro, o primeiro-ministro disse ser "absolutamente inaceitável que continue a exercer funções".
"Espero que caia, está no governo a representar um partido que foi esmagado nas eleições da Holanda. Consideramos que a Europa não se faz com 'Dijssebloems'. Faz-se com os que acreditam na igualdade, se respeitam uns aos outros", disse.
O primeiro-ministro disse ainda que "o senhor Dijsselbloem deve desaparecer, mas pior que o sr. Djsselbloem temos de fazer desaparecer o racismo, o sexismo, que não são exclusivos do sr. Wilders [candidato da extrema-direita holandesa], que aparece como lobo, mas o pior são os lobos que de disfarçam de cordeiros".
Numa entrevista ao jornal alemão "Frankfurter Allgemeine Zeitung", publicada no domingo, Jeroen Djisselbloem afirmou: "Como social-democrata, considero a solidariedade um valor extremamente importante. Mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda".
Dijsselbloem não pede desculpa
Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, rejeita pedir desculpa por ter acusado os países do Sul de gastarem o dinheiro “em copos e mulheres”.
“Não, não, eu sei o que disse porque saiu da minha própria boca”, justificou o político holandês, em resposta ao pedido do eurodeputado espanhol dos Verdes, Ernest Urtasun, para que se desculpasse pelo comentário feito durante uma audição de uma comissão parlamentar.
Dijsselbloem manifestou-se surpreendido por as suas palavras terem tido tanta repercussão nos meios de comunicação social. “Deixei muito claro que a solidariedade caminha de mãos dadas com a responsabilidade e os compromissos”, afirmou.
O também ministro das Finanças da Holanda insistiu que os Estados-membros devem assumir o quadro fiscal que acordaram e realizar reformas e ajustes de forma a garantir uma “posição sólida”.
“Durante a crise do euro, os países do norte mostraram solidariedade com os países afectados pela crise. Como social-democrata, atribuo uma importância extraordinária à solidariedade. Mas também deve haver obrigações: não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda”, afirmou na entrevista Jeroen Dijsselbloem, que tem sido alvo de críticas em diferentes frentes.
Declarações polémicas
As declarações foram consideradas “vergonhosas” e “chocantes” pelo grupo dos Socialistas Europeus – ao qual Dijsselbloem pertence – que entende que o presidente do Eurogrupo “foi longe demais, ao utilizar argumentos discriminatórios contra os países do sul da Europa”.
Em Portugal também houve reacções, com o PS a pedir ao Partido Socialista Europeu (PSE) a condenação “imediata” das declarações “ultrajantes” proferidas por Jeroen Dijsselbloem e a retirada de apoio político a uma sua recandidatura ao cargo de presidente do Eurogrupo.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, pediu em Washington o afastamento do presidente do Eurogrupo.
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