O duplo uso dos tucanos é uma das razões da pressa ser contentar alguns
O que achas mais provável, irem para Africa ou andarem cá a fazer vigilância aos incêndios?
Num país com um mínimo de racionalidade, vigilância aos incêndios seria feita com UAVs, como um tal Tekever AR5 nacional. Já chega de marabalismos para tentar arranjar missões fictícias para o ST. Uns AR5 faziam a vigilância florestal, e ainda vigilância marítima, e são nacionais.
O "duplo-uso" dos ST, implica que em África seja enviado um meio adicional (helicóptero) para as restantes funções, e para que na missão de treino, se mantenham 3 modelos de aeronave a hélice. Isto vai amplamente contra o segundo ponto destacado pelo Asalves, já que não elimina redundância nenhuma nem simplifica cadeias logísticas.
https://www.operacional.pt/docs/Conceito%20Estrat%C3%A9gico%20de%20Defesa%20Nacional%202013.pdf
No conceito estratégico nacional de 2013 (onde aparece duplo uso), o termos aparece 3x:
Pag. 11, Ponto 1.4.4
(...)
As missões constitucionalmente atribuídas às Forças Armadas incluem missões de interesse público, nomeadamente no apoio ao desenvolvimento sustentado e à melhoria da qualidade de vida dos portugueses. Estas missões abrangem um vasto leque de atividades, incluindo: o apoio ao Serviço Nacional de Proteção Civil, para fazer face a situações de catástrofe ou calamidade pública; o apoio à satisfação das necessidades básicas das populações; a fiscalização da Zona Económica Exclusiva; a busca e salvamento; a proteção do ambiente; a defesa do património natural e a prevenção de incêndios; a pesquisa dos recursos naturais e a investigação nos domínios da geografia, cartografia, hidrografia, oceanografia e ambiente marinho. Na
execução destas missões deve ser valorizado na máxima extensão possível o princípio do duplo uso.
Pag. 11, Ponto 1.4.5
(...)
No que se refere às estruturas do Ministério da Defesa Nacional, Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) e ramos, o aprofundamento da reforma deverá visar: uma organização funcional que corresponda a uma visão global da defesa nacional; a simplificação e redução de estruturas, por forma a agilizá -las e a eliminar os elementos desnecessários, e a melhoria do funcionamento dos órgãos e serviços que têm por incumbência obter, afetar e administrar os recursos destinados às Forças Armadas, em particular os que se relacionam com a preparação e emprego da sua componente operacional.
O dispositivo das Forças Armadas deve ser racionalizado de acordo com o princípio orientador da concentração, visando a economia de meios, rentabilizando o apoio logístico e limitando o número de infraestruturas, aproveitando ao máximo as que se mostrarem mais adequadas.
É importante maximizar as práticas de duplo uso e de partilha de recursos, bem como eliminar todas e quaisquer formas de duplicação de meios públicos. Por fim, é necessário proceder à racionalização e redimensionamento dos efetivos e à adequação dos recursos humanos às exigências de flexibilidade próprias das novas missões das Forças Armadas.
Pag. 15, Ponto 3.2:
(...)
— Explorar a experiência recolhida pela participação das Forças Armadas em missões no exterior para, em colaboração entre universidades, centros de investigação e a indústria, desenvolver soluções tecnológicas com interesse para o mercado global da defesa e de duplo uso civil e militar.
Das 3 vezes só no ultimo ponto é que estamos a falar do duplo-uso militar-civil e mesmo assim é num contexto académico e pesquisa e desenvolvimento.
Das outras vezes estamos sempre a falar de um meio militar ser capaz de desempenhar diversas missões dentro das FA (ramos, estruturas).
Por isso essa conversa dos políticos que um meio tem de ser civil/militar é mais um malabarismo fácil para justificar ou o fraco investimento ou atribuição de missões às FA que não fazem sentido.
Vê lá bem se o primeiro ponto que destacaste, não fala também do duplo uso civil/militar, apenas por outras palavras, que podem ser resumidas por "missões de interesse público"?
Em 3 pontos, 2 deles falam da mesma utilidade civil dos meios.
O ponto do meio é o único que faz sentido, e mesmo assim é o único que não cumprem: comprámos o KC, a pagar em adiantado, ao mesmo tempo que se estão a modernizar os C-130 (redundância desnecessária). Vai-se comprar o ST, que vai fomentar ainda mais redundância, com base no que já disse acima.
No fim, o peso do duplo-uso civil/militar, é demasiado grande, como podemos ver na estratégia de defesa nacional. Não é "se possível ter utilidade civil", é "deve ter utilidade civil", é uma pequena grande diferença. Aí é claro que, queres comprar mísseis para os F-16, a sua compra é barrada porque não apagam incêndios.
Depois existe esta ilusão acerca do que é duplo-uso. Eu posso vir falar de duplo-uso, e pegar no exemplo de baterias AA modernas, que tanto servem para defender pontos estratégicos em território nacional, como para proteger forças terrestres móveis, como para defender uma FND contra uma possível ameaça de drones. Mas nos livros de muitos políticos e chefias militares, isto não é considerado duplo-uso.
É só perguntar isto: o que tem mais potencial de duplo-uso, um NPO ou uma fragata? Qual deles é priorizado nas LPMs? Deixo só um detalhe, a fragata faz tudo o que o NPO faz, mas o NPO não faz tudo o que uma fragata consegue fazer. Se calhar o duplo-uso é selectivo, não?