Já agora, coloco aqui o meu comentário inicial ao assunto:
O M777 é provavelmente a peça de artilharia rebocada mais moderna que existe no mundo.
As unidades ligeiras precisam de grande poder de fogo e capacidade para atirar a distâncias tão grandes quanto possível e com a maior precisão.
Mover uma simples bataria, não é apenas transportar as peças de artilharia. É necessário transportar o veículo rebocador (que precisa de ser mais potente se a peça for mais pesada).
É necessário um sistema de controlo de tiro e um sistema de comunicações que possa receber os pedidos de apoio das unidades avançadas.
É necessaria uma capacidade minima para alimentar as tropas com rações de combate para pelo menos 48 horas (isto depende das condições no terreno e do lugar onde a força for colocada e das possibilidades de apoio por parte de unidades limitrofes).
É necessário transportar combustível para os veículos ligeiros de apoio que são sempre necessários. Estes veículos fazem coisas como ir buscar comida se ela não chegar a tempo
(é que o pessoal nos fórums normalmente esquece-se de que um dos problemas mais complicados é conseguir alimentar a tropa. Mesmo em exercícios, quando não há comida as coisas começam a funcionar mal :mrgreen).
Isto tudo tem que ser transportado e apoiado, normalemnte por via aérea. Um sistema que pesa menos de 5 toneladas, implica a possibilidade de transportar uma bataria de seis M777 em quatro C-130.
Uma peça relativamente leve permite por exemplo o seu transporte por helicóptero.
Há uma quantidade de situações em que não é possível substituir uma peça de 155mm rebocada por outra não rebocada.
A complementaridade com os sistemas actuais também é determinante. Os actuais sistemas poderiam ser utilizados com armamento francês ou alemão, mas quem pagaria os custos do desenvolvimento do software ?
nota: O preço de três M777 é aproximadamente o preço de dois Leopard-2A6 em segunda mão. Tudo o que até hoje temos falado refere-se à possibilidade de utilizar o M198.
Cumprimentos
sivispacem -> O seu pressuposto está correcto. Na verdade as peças de artilharia estão entre os armamentos mais baratos, quando se analisa a proporção entre custo e dano.
Até aos anos 70 a antiga União Soviética continuava a basear a maior parte do seu fenomenal poder de fogo nas peças de artilharia rebocadas.
O que aconteceu, com o aparecimento das unidades mecanizadas e com os sistemas autopropulsados, foi o entendimento de que a mobilidade das forças era da maior importância especialmente nos cenários da Europa. As necessidades da guerra moderna levaram ao aparecimento de sistemas auto-propulsados que começaram a ser introduzidos durante a II guerra com o objectivo de permitir levar o poder da artilharia a apoiar rápidos avanços.
Mas mesmo quando já se estava a desenvolver a artilharia auto-propulsada existia já na altura a necessidade de peças de artilharia mais leves que pudessem ser transportadas em cima dos pobres dos burros.
É o caso das peças de artilharia de montanha, que em muitos casos podiam ser desmontadas para permitir o seu transporte.
As necessidades das guerras assimétricas que se têm vindo a desenvolver no mundo, levam a que as forças tenham os mesmos problemas quando têm que debater-se com inimigos em terrenos montanhosos ou então em terrenos com poucos ou nenhuns acessos como os do Afeganistão.
É por isso, que uma arma que pesa 4.7t (é o peso máximo da peça segundo o Global Security, e em movimento ela pesa cerca de 4.2t) se torna especialmente interessante, por causa de facilitar o transporte de uma unidade básica de artilharia a longas distâncias.
Quando uma força, pretende uma peça de artilharia e o objectivo é que essa peça esteja distribuída a uma unidade de grande mobilidade, o peso total é sempre da maior importância, daí a necessidade que os americanos tiveram em adoptar um tractor de artilharia adequado à especificação que o exército americano apresentou.
Em Portugal, uma unidade que utilize os M114, e os substitua pelos M198, que são muito mais poderosos mas também muito mais pesados perderá inevitavelmente mobilidade.
É por isso que um M777 seria sempre muito mais útil que um M198. Se não fosse assim os americanos não íam gastar dinheiro a mais para adquirir o sistema.
Um M777 pode ser transportado por um helicóptero EH-101 Merlin. Um M198 não.
Cumprimentos