Estará a Al-Qaeda a ganhar a guerra ?

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Estará a Al-Qaeda a ganhar a guerra ?
« em: Maio 30, 2004, 06:09:38 pm »
http://www.janes.com/security/international_security/news/jid/jid040527_1_n.shtml


Esta notícia dá realmente que pensar. Apesar do derrube do regime taliban o que é certo é que os atentados continuam, o Iraque tornou-se num vespeiro para os americanos, ainda ninguém, pelo menos na Europa, foi condenado por ligações à Al-Qaeda, nenhum dirigente de cúpula foi capturado ou morto, a divisão entre os países ocidentais é notória. O que é correu mal ?
 

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Fábio G.

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Maio 31, 2004, 11:40:33 am »
Se está a perder a guerra é dificil dizer, mas que a guerra continua e vai continuar é um facto.

DN

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Combate contra Al-Qaeda é III Guerra Mundial
LUMENA RAPOSO
A Al-Qaeda é, desde há alguns anos, objecto do seu estudo. Em sua opinião, trata-se de um grupo, um movimento...

A Al-Qaeda não é apenas uma seita, movimento ou organização. Mais do que isso, é um fenómeno que, de forma muito sofisticada, dá resposta aos sentimentos de desespero, insatisfação, frustração que, desde há séculos e de forma crescente, se registam entre os muçulmanos. Ben Laden, que se tornou uma figura reverenciada por muitos muçulmanos - pelo que defende e pela forma como vive - conseguiu canalizar essa frustração e raiva (porque os afecta as imagens de conflitos que vêem diariamente nas televisões) para uma guerra contra o Ocidente. Ao autodenominar-se como um novo herói muçulmano, um novo Saladino, capaz de recriar um mundo muçulmano idêntico ao do passado, com a superioridade cultural de então, dá a muitos muçulmanos a motivação para lutar.

É possível derrotar um tal fenómeno?

É possível derrotá-lo mas não a curto prazo, só a longo prazo. A Al-Qaeda não é uma mera base, um centro logístico, tem um número infindável de células espalhadas por todo o mundo - algumas das quais estarão talvez nos EUA - que actuam de forma muito autónoma. Não há uma hierarquia específica, se houvesse seria mais fácil. Enquanto não houver uma campanha internacional concertada, enquanto não se encarar a guerra contra a Al-Qaeda - que passa também pela guerra contra o tráfico de droga, porque parte dos seus financiamento vêm daí - como a terceira guerra mundial, e enquanto a Al-Qaeda tiver sucesso nas suas acções, será muito difícil derrotá-la.

Sucesso, como?

Ben Laden manipula os sentimentos dos muçulmanos. Ao afirmar que está a lutar em defesa da pureza do Islão que, em sua opinião, está sob o ataque do Ocidente e dos Cruzados - termo que vai recuperar aos escritos da Idade Média - dá às suas acções uma legitimidade religiosa. Face a esta legitimidade, cada vez que um ataque tem, na sua óptica, sucesso pelo número de vítimas que faz, pelas reacções que provoca no país onde ocorreu, esse sucesso é visto pelos muçulmanos desencantados e frustrados como uma bênção de Alá. Uma das formas de o conter passa por minar o seu apoio na opinião pública muçulmana e isso só será conseguido quando algo de muito grave, ou muito mau, acontecer aos muçulmanos como consequência de um acto de Ben Laden, que lhe retire a imagem de defensor do Islão.

No início as críticas de Ben Laden dirigem-se contra a Arábia Saudita. Acha que se, então, tivesse ganho, a sua campanha teria parado?

Não necessariamente. A sua história subsequente prova que as suas exigências iniciais são apenas o núcleo das suas actividades para concretizar uma ideologia. Inicialmente, a Arábia Saudita e os americanos são os seus alvos prioritários e legítimos mas não são os únicos. Para Ben Laden, o Islão está a ser alvo de um ataque generalizado por parte das maiores potências, como tal deve dar uma resposta adequada aos americanos, que lideram o ataque, aos aliados, aos «cruzados».

Cruzados porquê?

No subconsciente muçulmano, são encarados como inimigos figadais do Islão e ao identificar os americanos e seus aliados como tal dá legitimidade e justificação aos ataques dos muçulmanos contra os EUA, e o Ocidente em geral, que apoiam o inimigo interno - os regimes árabes, como o da Arábia Saudita, que acusa de corruptos face ao Islão - e que com a sua cultura provocam a perda da identidade e cultura islâmicas. Na sua óptica - e com isso revela inteligência e subtileza - a culpa maior (o inimigo primeiro) é do Ocidente; é este quem corrompe; os regimes corrompidos são, nessa visão, um pouco vítimas. Ben Laden não se volta, assim, contra muçulmanos - algo que o Islão proíbe - mas contra os que os corrompem e contra os que os anulam; a luta contra regimes muçulmanos vem como consequência.

Como explica os sucessivos atentados no Iraque, principalmente em Bagdad?

A guerra no Iraque foi encarada de forma negativa pela maioria dos muçulmanos porque a América, principal força da coligação, é um país ocidental, cristão e, se o quiser, outro cruzado. Quando a guerra começou abriu o que se pode denominar de «caixa de Pandora»; destruiu-se o que fora conseguido desde que o Iraque se transformou em Estado. As suas etnias (xiitas, sunitas e curdos) nunca se deram bem mas durante o regime de Saddam foram feitos esforços para produzir uma identidade árabe iraquiana. Durante este ano, e porque as fronteiras não foram fechadas, entraram, pela Síria, voluntários que estiveram na Bósnia e no Afeganistão e que são liderados por Zarqawi; do Irão - interessado num Iraque xiita de tipo iraniano - e disfarçados de peregrinos entraram agentes dos serviços secretos e das forças de segurança que apoiam o radical xiita Moqtada Al-Sadr. Os americanos levaram tempo a perceber como ele estava bem preparado e como é perigoso. São duas frentes. O Iraque é um pesadelo; os americanos não sabem o que fazer e tudo piorou com a descoberta das fotografias [da prisão] de Abu Ghraib e, diz-se, que Rumsfeld [secretário da Defesa dos EUA] está por detrás de tudo porque estava desesperado para ter informações. O Iraque transformou-se no maior problema regional e internacional porque ninguém pode afirmar o que irá acontecer. Se não forem eliminados, os radicais irão opor-se sempre a qualquer sistema, e se vencerem teremos um novo Afeganistão no Médio Oriente.

Foi uma das pessoas que traduziram os documentos capturados por Israel à Autoridade Palestiniana durante a operação «Escudo Defensivo» (2002). Nesses documentos, é visível que Yasser Arafat apoia o terrorismo?

Até certo ponto, não. Não conseguimos encontrar um documento específico que contivesse uma ordem directa de Arafat sobre qualquer operação. O que encontrámos, há cerca de ano e meio, foi uma carta pessoal de Arafat para a família de um suicida, na qual mostra um apoio total utilizando versículos do Corão, como os que se encontram nos posters dos suicidas que se vêem nas localidades palestinianas. Mesmo tendo em conta que o momento era de dor e de luto para a família, porque escolheu especificamente tais versículosos? Ao usá-los dá um apoio óbvio ao terrorismo, embora não o mencione.

Não se trataria de uma mera carta de apoio a uma família enlutada?

Era de apoio à família, mas ideologicamente era também de apoio à acção. E o suicida nem sequer pertencia à Fatah. Para eles [suicidas] não se trata de terrorismo mas de um sacrifício a Alá, para promover a causa islâmica ou palestiniana.
 

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« Responder #2 em: Junho 02, 2004, 11:32:45 pm »
Segundo o chefe do estado-maior do exército francês as forças ocidentais localizaram várias vezes Bin Laden e outros dirigentes da Al Qaeda, mas estes conseguiram escapar. Tenho a impressão que, para isto acontecer, houve uma mãozinha dos amigos que esta organização terrorista tem nos serviços secretos e nas forças de segurança paquistanesas.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=129474