O que me assusta, porque acaba por abrir caminho aos populistas.
É realmente um problema, quando vemos pessoas a fazer acusações, como se a situação de corrupção fosse apenas de agora...
Eu tenho um familiar, felizmente ainda vivo, que cumpriu serviço militar na Manutenção Militar, no Entroncamento, na primeira metade da década de 1960, portanto, guerra em África...
Os relatos que eu ouvi sobre o que se passava na Manutenção Militar e nos vários quarteis no Entroncamento, são de deixar qualquer um embassado.
Havia muitos negócios no Entroncamento que praticamente viviam da corrupção e do roubo de comida que em vez de ir para a MM acabava a ser vendido à população civil em lojas quer no Entroncamento quer em várias outras localidades do centro de Portugal.
Mas às vezes vejo comentários sobre o periodo do Salazar, como se por acaso este país fosse todo muito atinhadinho e honesto.
O Salazar bem que queria dar essa impressão, mas a realidade do país era muito, muito diferente.
A 1ª República era uma desgraça, o final da monarquia a mesma coisa, os relatos sobre o comportamento dos portugueses na India mostram o mesmo e o comportamento dos portugueses do Brasil, no roubo e na fuga aos impostos, mostram que o problema acompanha a existência de Portugal desde que o Viriato foi assassinado no que foi um ato de corrupção.
Roma não paga a traidores, mas os traidores pensavam que íam receber uns dinheiritos...
Se hoje estamos mais alerta para o problema, isso não é uma má notícia. Quer dizer que nos indignamos, e ainda bem que nos indignamos.
A outra solução, era fazer como no passado...
Varrer os problemas para debaixo do tapete e fingir que não há corruptos.
Mais uma vez de acordo.
O caminho deverá ser sempre o combate à corrupção e obviamente que no tempo da velha senhora era igual ou pior.
O que quis dizer é que o facto de hoje se falar mais nisso (e ainda bem) dá margem para maior descontentamento e crescimento de extremistas (é social e histórico).
A meu ver a solução não passa apenas por um aumento ao combate (com meios efetivos para quem investiga e penas pesadas para os envolvidos), mas também e é aqui que acho que falhamos redondamente, em criar mecanismos que limitem o acesso de certo tipo de pessoas a cargos publicos.
Acho que se pode olhar um pouco para os países nórdicos e tirar algumas "ideias" de lá