Paquistão – A maior ameaça para o ocidente?

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ricardonunes

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« Responder #30 em: Dezembro 29, 2007, 01:59:55 am »
Atentado desfaz estratégia ocidental para a região

Por vezes, o crime compensa, e os maiores beneficiários da morte de Benazir Bhutto serão os islamitas que desejavam o seu desaparecimento. Os partidos radicais, agrupados na coligação Muttahida Majlis-e-Amal (MMA) têm o campo aberto para um bom resultado nas legislativas, dia 8 de Janeiro. Os perdedores são todos os outros: do Presidente Pervez Musharraf ao partido de Benazir, mas também Nawaz Sharif e, de forma indirecta, os Estados Unidos.

A morte de Benazir Bhutto torna o Paquistão muito mais instável. A rede terrorista ligada à Al-Qaeda mostra notável eficácia, a ponto de impedir uma solução política para a crise em que o país se continua a afundar. Além disso, a líder do Partido do Povo Paquistanês (PPP) foi assassinada em Rawalpindi, no centro do poder militar nacional.

O Ocidente tem fortes razões para preocupação. A estratégia ocidental passava pela contenção dos grupos fundamentalistas e pela estabilização de um sistema democrático. A aliança entre Benazir e o Presidente Musharraf, concebida antes do regresso de Benazir do exílio, em Outubro, foi apoiada pelos EUA e era o pilar central dessa estratégia.

O acordo de partilha de poder tinha diversas vantagens: fornecia um mínimo de estabilidade e facilitava a transição da ditadura militar para a democracia: Musharraf teria de largar a farda e organizar eleições livres. Nos últimos meses, houve comportamentos contraditórios, foi decretado o estado de emergência durante oito semanas, mas alcançar a meta parecia possível.

Benazir era alvo prioritário para a Al-Qaeda e os talibãs e as autoridades paquistanesas não a protegeram. Todos os analistas afirmam que as forças de segurança, sobretudo os poderosos serviços de informação (ISI), estão infiltrados por radicais.

Musharraf tem agora nas mãos um país ainda mais perigoso. O seu partido, Liga Muçulmana do Paquistão, Quaid-e-Azam (PML-Q) surge nas sondagens com 23% de intenções de voto. No que respeita à distribuição do poder, o Presidente parece ter a faca e o queijo na mão, estando à beira de vencer as legislativas.

No entanto, depois deste assassinato, qualquer vitória sua será manchada por uma sombra de ilegitimidade. Musharraf abandonou a chefia do exército (Estado dentro do Estado), que entregou a um fiel adjunto, Ashfaq Kayani, mas a paciência dos militares é uma incógnita adicional na equação.

O partido do Presidente, PML-Q, está no poder, mas falta-lhe a máquina política dos partidos de oposição. Muitos dos seus dirigentes viam com maus olhos a aliança entre Musharraf e Benazir, que lhes retiraria muito do actual acesso ao poder.

Num único golpe, o partido de Benazir foi decapitado e tem duas saídas possíveis: boicotar as eleições (o que a sua líder nunca quis) ou seguir com a estratégia inicial e apoiar Musharraf, se conseguir vencer a votação. Em 2002, o PPP obteve 25% dos votos, mas havia indícios recentes de erosão eleitoral, mesmo com esta chefia carismática. Sem liderança, as suas hipóteses são escassas.

A Liga Muçulmana, facção de Nawaz Sharif (PML-N) também fica em posição complicada. Em 2002, teve apenas 11 %, embora essas eleições fossem manipuladas contra a sua formação. Há sondagens que dão ao PML-N mais do que ao partido de Musharraf, rondando um quarto do eleitorado. Mas a rivalidade com o Presidente impede qualquer hipótese de acesso ao poder. Por isso, o partido ponderou não comparecer nas urnas, recuando após a recusa de Benazir Bhutto em apoiar um boicote.

Se os partidos democráticos ficarem fora do Governo e o Presidente for incapaz de estabelecer a sua legitimidade, os únicos vencedores serão os islamitas. Fortes nas regiões tribais e nas zonas de maioria Pastune ou Baluche, os partidos do MMA (por exemplo, a Jamiat Ulema-e-Islam, JUI-F, do maulana Fazlur Rehman) têm laços tribais e políticos com os talibãs afegãos.

Para além do MMA, os maiores beneficiários deste assassinato político são os extremistas ligados ao terrorismo islâmico. Foi nestes meios ultra-radicais que nasceu e cresceu a Al-Qaeda, com a cumplicidade dos serviços de informação paquistaneses, os secretos vencedores.

DN

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Continuo a achar que este artigo diz quase tudo sobre o que se passou no Paquistão, e o que se vai passar, mesmo, quando depois se vem dizer que foi a Al-Qaeda a perpetrar o atentado.

O poder vai cair nas mãos nos radicais... e vão ... ter acesso as bombas "antónias"!

Nos últimos anos tem-se perdido tempo na busca das ditas de destruição "maçia" no Iraque, como não encontraram viraram-se para o Irão.
E entretanto "dormiram na sopa", e...

Vamos ter um 2008 muito animado...

Espero estar enganado! porque a ter razão... vai correr sangue, e muito...
Potius mori quam foedari
 

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André

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« Responder #31 em: Dezembro 29, 2007, 05:50:37 pm »
Musharraf ordena firmeza para restaurar a ordem

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O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, ordenou hoje uma acção firme das forças de segurança para restabelecer a ordem no país, onde pelo menos 38 pessoas morreram na vaga de violência e pilhagens após o assassínio de Benazir Bhutto.

Enquanto os protestos e actos de vandalismo se multiplicavam hoje em vários pontos do país, a Comissão Eleitoral deu sinais de que vai anunciar um adiamento das eleições logo que termine o luto oficial por Bhutto, na próxima segunda-feira.

Numa reunião com altos mandatários do governo, responsáveis dos serviços de segurança e com o chefe máximo do Exército, Asfaq Pervez Kiyani, Musharraf reviu a situação de segurança e deu ordens de agir «com firmeza» contra os «elementos que querem aproveitar-se da situação lançando-se na pilhagem e no roubo».

O presidente afirmou que os distúrbios são actos de «malfeitores e de elementos anti-sociais» escondidos sob a capa de manifestantes políticos e não deve ser permitido que alterem o processo eleitoral em marcha, segundo a agência estatal APP.

O porta-voz do ministério do Interior, Javed Iqbal Cheema, garantiu em conferência de imprensa que 38 pessoas morreram e 53 ficaram feridas em incidentes registados por todo o país desde a morte de Benazir Bhutto, tendo sido particularmente graves na província de Sindh.

Apesar da destruição de propriedades num valor estimado em «dezenas de milhões de rupias» e dos surtos de violência que ainda se registam em várias partes do país, Iqbal Cheema qualificou de «satisfatória» a actual situação global de segurança.

Sindh, no sudoeste do Paquistão e fonte de votos do Partido Popular (PPP) de Bhutto, está isolado do resto do país, com todas as linhas de caminhos-de-ferro cortadas, as lojas e as bombas de combustíveis fechadas e constantes incidentes de violência nas suas ruas, segundo relatam os canais privados de televisão paquistaneses.

Calcula-se que dentro de dois ou três dias a população enfrente problemas de abastecimento de alimentos em Karachi, porto marítimo principal e capital financeira do Paquistão, onde se teme uma quebra na Bolsa quando esta reabrir na segunda-feira.

A violência no Paquistão parece, efectivamente, uma combinação entre a indignação de partidários do PPP - que hoje enfrentaram milhares de polícias em Rawalpindi, a cidade onde morreu a sua líder - e a acção de delinquentes que se aproveitam do caos, segundo observadores.

Ao luto oficial decretado por Musharraf junta-se o apelo à greve feito pela Liga Muçulmana do Paquistão, do antigo primeiro-ministro Nawaz Sharif, que decidiu boicotear as eleições de 08 de Janeiro e foi hoje a Naudero, em Sindh, apresentar pêsames à família de Benazir Bhutto e visitar o seu túmulo.

A realização das eleições em 08 de Janeiro parece cada vez menos provável, apesar da aparente normalidade relativa anunciada pelo governo, depois de a Comissão Eleitoral ter avisado hoje que situação de segurança não é «propícia» a escrutínios.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #32 em: Janeiro 01, 2008, 02:15:44 am »
Islamabad rejeita declarações de Hillary Clinton sobre morte de Benazir Bhutto

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O Paquistão denunciou hoje violentamente declarações atribuídas pela imprensa norte-americana à senadora Hillary Clinton, segundo as quais o exército paquistanês seria responsável pelo assassínio da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.

A página digital do jornal norte-americano Newsday cita a ex-Primeira-Dama Hillary Clinton, segundo a qual fontes anónimas qualificaram o assassínio de Benazir Bhutto como uma "acção interna" porque o atentado suicida que custou a vida à antiga primeira-ministra paquistanesa ocorreu em Rawalpindi, cidade onde se encontra o quartel-general das forças armadas do Paquistão.

O jornal adianta que Hillary Clinton, favorita na corrida à candidatura democrata às presidenciais dos Estados Unidos, terá "sugerido a possibilidade de o assassínio de Benazir Bhutto orquestrado por parte do exército" paquistanês.

Islamabad acusou a rede islamita Al-Qaeda de ter ordenado o assassínio.

"Há os que dizem que foi a Al-Qaeda. Outros dizem que parece uma acção interna. Recordem-se de que Rawalpindi é uma cidade quartel-general", terá declarado a senadora norte-americana citada pelo jornal.

"Protestamos vigorosamente contra estas informações da imprensa que deturpam as declarações da senadora Hillary Clinton, dando a entender que as tropas paquistanesas teriam matado Bhutto", protestou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

"Rejeitamos tais insinuações ridículas, absurdas e sinistras que transpiram animosidade contra o Paquistão, com a intenção de destabilizar", denunciou o Ministério.

"Esperamos que os dirigentes responsáveis e as personagens públicas nos Estados Unidos se abstenham de proferir declarações que possam ser deturpadas, mal utilizadas e que possam fazer mal às pessoas que estão ainda em estado de choque", adianta o texto.

Após o assassínio de Bhutto, Hillary Clinton solicitou um inquérito internacional, medida que Islamabad rejeitou.

Lusa

 

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« Responder #33 em: Janeiro 02, 2008, 02:01:36 pm »
Tropas paquistanesas matam entre 20 a 25 insurrectos em combate

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Entre 20 e 25 alegados insurrectos morreram durante uma operação das tropas paquistanesas no oeste do Paquistão, disse hoje um porta-voz do exército.

Os combates começaram terça-feira, horas depois de os insurrectos terem sequestrado quatro membros dos corpos de segurança na zona de Ladha Fort, situada na província tribal do Waziristão do Sul.

As tropas, que lançaram uma operação com apoio da artilharia contra as posições dos insurrectos, mataram até à data entre 20 e 25 insurrectos nos combates, que continuaram durante a noite, segundo o porta-voz.

Os líderes locais pediram a reunião de um conselho (jirga), a fim de declarar um cessar-fogo nas próximas horas, afirmou o exército em comunicado.

Além disso, nas áreas tribais do Paquistão, prosseguiram terça-feira os confrontos sectários entre sunitas e xiitas, com sete mortos e 10 feridos na província de Kurram.

O exército está mobilizado na zona para reabrir as estradas e atenuar o foco de violência, que já deixou 100 mortos, segundo o general Waheed Arshad.

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #34 em: Janeiro 10, 2008, 04:44:20 pm »
AIEA preocupada com o arsenal nuclear paquistanês

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A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) manifestou hoje em Viena preocupação pelo arsenal nuclear do Paquistão, país que atravessa uma grave crise política após o assassínio da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.

A porta-voz da agência da ONU, Melissa Fleming, afirmou em comunicado que o director-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, «acompanha de perto todas as situações que possam ter impacto sobre a segurança nuclear em qualquer parte do mundo».

A recente manifestação de preocupação de ElBaradei em relação à situação paquistanesa «tem como objectivo chamar a atenção sobre a necessidade de melhorar a segurança nuclear, não só no Paquistão, mas também em qualquer outra parte do mundo onde existam materiais e instalações nucleares», declarou Fleming.

A AIEA reagiu assim às críticas feitas quarta-feira pelo Governo paquistanês a declarações recentes de El Baradei, que se mostrou «preocupado» com a possibilidade de armas atómicas caírem em mãos de fundamentalistas islâmicos em países como o Paquistão.

O porta-voz paquistanesa dos Negócios Estrangeiros, Muhammad Sadiq, assegurou que o seu Governo tem «absolutamente» sob controlo o arsenal atómico local, «como qualquer outra» potência nuclear.

«Como director da AIEA, que é um organismo da ONU, (ElBaradei) tem que ter cuidado com as suas palavras, tem que manter-se dentro dos limites do seu cargo», disse Sadiq em conferência de imprensa em Islamabad.

O Paquistão dispõe há 10 anos de um arsenal nuclear que conseguiu desenvolver graças a cientista Abdul Qadeer Khan, que, ao mesmo tempo, montou uma rede clandestina de tráfico de conhecimentos e materiais atómicos para fins militares.

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #35 em: Janeiro 16, 2008, 12:14:49 pm »
Sete soldados e 50 rebeldes mortos em confrontos no Paquistão

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Sete soldados paquistaneses e pelo menos 50 radicais islâmicos morreram em confrontos, depois de centenas de rebeldes vinculados à Al Qaeda terem tentado tomar o controlo de um forte paramilitar perto da fronteira com o Afeganistão, informou hoje um porta-voz do Exército paquistanês.

Os confrontos tiveram início depois dos terroristas, armados com lança-foguetes RPG-7, atacaram na noite anterior um posto avançado na cidade de Sararogha, em um distrito tribal do Waziristão Sul, informou o general Athar Abbas.

«Ontem (terça-feira) por volta da meia-noite, 400 infiéis atacaram o contingente de fronteira em Sararogha. Recebemos informações de que 40 a 50 infiéis morreram. Sete soldados caíram como mártires», disse Abbas.

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #36 em: Janeiro 20, 2008, 12:26:14 am »
A Segurança Nuclear no Paquistão
Alexandre Reis Rodrigues

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O Paquistão tem o pior registo do mundo como o país que mais contribuiu para a proliferação das tecnologias associadas à produção de armas nucleares, em violação flagrante das obrigações a que estava sujeito por força da sua participação no Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).

O problema vem da década de setenta, altura em que Islamabad iniciou secretamente o seu próprio programa nuclear, aliás através da apropriação de documentação secreta entre 1972 e 1975, quando Abdul Kadeer Khan, que viria a ficar conhecido como o «pai da bomba atómica paquistanesa», trabalhava em Amesterdão num laboratório de investigação. Manteve-se pelo menos até 2001, altura em que os EUA, já então na posse de indícios seguros de diversas violações do TNP, persuadiram o Presidente paquistanês Pervez Musharraf a exonerar Khan da chefia do A.K.Khan Research Laboratories.

Khan, aproveitando-se do seu estatuto de chefe do programa nuclear, tinha montado uma rede internacional de comercialização de materiais nucleares que incluiu a transacção de urânio, centrifugadores para o seu enriquecimento e planos, desenhos e esquemas de construção de armas nucleares. A dimensão e âmbito da rede que tinha montado tornou-se conhecida apenas em 2004 depois do Irão e da Líbia terem decidido revelar á AIEA a proveniência da ajuda recebida para porem em marcha os seus próprios programas de desenvolvimento de armas nucleares.

Veio a saber-se que Khan importava mais material do que o estritamente necessário para o programa paquistanês, para o vender subsequentemente a países terceiros (incluiu também a Coreia do Norte, entre outros), o que acabava por constituir uma forma de financiamento das actividades de investigação que o seu laboratório desenvolvia. Esta circunstância e a dimensão das transacções tornam inverosímil que Khan tenha actuado sem cobertura superior; no entanto, sabe-se que até 1999 quase não havia supervisão sobre as actividades e funcionamento dos diversos indivíduos e instituições, os quais operavam quase autonomamente.

Foi em Março desse ano que o Paquistão, então já preocupado com a necessidade de convencer a comunidade internacional de que tinha tomado todas as medidas necessárias anti-proliferação, estabeleceu uma estrutura de comando e controlo para gerir a infra-estrutura nuclear e todos os seus elementos estratégicos.

Essa estrutura assenta, desde então, numa National Control Authority, uma organização a três níveis, cujo principal órgão de tomada de decisões é o Employment Control Committee, uma espécie de comité político-militar, chefiado pelo Presidente da República e tendo como 1º e 2º vice-presidentes (vice-chairman e deputy chairman) o primeiro-ministro e o ministro dos negócios estrangeiros, respectivamente. Este comité, juntamente com o Developmental Control Committee, que converte as decisões políticas em objectivos de força e supervisiona a sua concretização, formam no seu conjunto o primeiro nível da estrutura geral.

O segundo nível inclui a Strategic Plans Division que, funcionando como uma espécie de secretariado da National Control Authority, é responsável pela gestão do conjunto, pelas ligações com todas as organizações de nível estratégico, pela supervisão dos respectivos orçamentos e, finalmente, pelo controlo de uma divisão de segurança, com 9000 a 10.000 efectivos, encarregada pela segurança física de todas as instalações. O terceiro nível abrange as forças estratégicas de cada ramo das Forças Armadas.

É nesta organização e, sobretudo, nos esforços que o Paquistão tem desenvolvido para mostrar que está a encarar a segurança nuclear e o combate à proliferação com a maior seriedade, que a comunidade internacional deposita agora as suas esperanças de que a capacidade nuclear existente no país não cairá nunca em mãos erradas. Os receios têm-se levantado, em especial no passado recente, perante a possibilidade de um colapso do governo ou do assassínio dos principais líderes do país, mas regra geral, o sistema instituído tem-se mostrado adequado.

De facto, o Paquistão dispõe hoje de uma doutrina nuclear com procedimentos de segurança e controlo que têm estado sob permanente revisão e reforço. As armas nucleares (presumivelmente cerca de 60) estão agora equipadas com um sistema de código de autorização de emprego (Permissive Action Link - PAL) e o processo de decisão requer uma prévia autenticação por duas (em alguns casos três) entidades. Mas é sobretudo o eventual desvio de qualquer quantidade, mesmo pequena, de urânio ou plutónio que preocupa a AIEA e o Ocidente em geral.
 
Jornal de Defesa

 

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André

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« Responder #37 em: Janeiro 21, 2008, 10:37:46 pm »
Musharraf promete eleições livres aos europeus

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O presidente paquistanês prometeu hoje em Bruxelas que as eleições de Fevereiro no Paquistão serão "livres" e "pacíficas" e apelou aos europeus para "ajudarem em vez de criticarem" o seu regime, "na primeira linha da luta contra o terrorismo".

Ao longo de todo o dia em Bruxelas, Pervez Musharraf assegurou que as eleições legislativas e provinciais, que foram adiadas para 18 de Fevereiro depois do assassínio da líder da oposição Benazir Bhutto, serão "justas", "transparentes" e "pacíficas", e que os observadores europeus destas eleições poderão andar "por todo o lado".

O presidente, confrontado com uma crise política e uma vaga de atentados sem precedentes, garantiu também que o poder irá "para o vencedor, qualquer que ele seja", mesmo que se trate de partidos islamitas.

Nesta sua primeira saída ao estrangeiro desde o assassínio de Benazir Bhutto, Musharraf tentou tranquilizar os seus interlocutores europeus, inquietos com a desestabilização do único país muçulmano com capacidade nuclear confessada e considerado como essencial na luta contra o terrorismo.

O chefe da diplomacia da UE, Javier Solana, depois de um almoço com Musharraf, reclamou também eleições "livres, justas" e que decorram "com toda a segurança".

"A nossa reacção, a nossa cooperação, o nosso grau de envolvimento (com o Paquistão) serão determinados à luz do resultado deste processo", declarou Solana aos jornalistas.

Musharraf pediu contudo aos ocidentais para lhe darem "algum tempo" para que o seu país alcance a democracia.

"Nós somos pela democracia, e eu introduzi a essência da democracia, mas não podemos ir tão depressa como vocês (os ocidentais). Dêem-me algum tempo para lá chegar", advogou.

Lusa

 

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André

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« Responder #38 em: Janeiro 22, 2008, 01:59:33 pm »
Musharraf reúne-se hoje com Sarkozy em Paris

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O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, reúne-se hoje com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em Paris, na segunda escala do seu périplo pela Europa, que teve início segunda-feira em Bruxelas.
Musharraf, que chegou na noite de segunda-feira à capital francesa, será recebido à tarde por Sarkozy.

O presidente francês deve mais uma vez transmitir uma mensagem de confiança sobre as eleições parlamentares programadas para 18 de Fevereiro no Paquistão.

O governante francês já tinha declarado o seu apoio às eleições após o assassínio da líder da oposição e ex-primeira-ministra, Benazir Bhutto.

Em Bruxelas, Musharraf assegurou que as eleições serão limpas e livres, reafirmou o seu compromisso na luta contra o terrorismo da Al Qaeda e dos talibãs, e prometeu concluir a investigação do assassínio de Bhutto, a 27 de Dezembro.

Sarkozy deve reiterar a «solidariedade da França com o povo paquistanês» neste período «difícil», após o «odioso» atentado contra a ex-primeira-ministra, antecipou o Palácio do Eliseu.

O chefe de Estado francês destacará que «a única resposta» a apresentar contra o terrorismo e os terroristas é a realização de eleições «nas melhores condições possíveis de liberdade, pluralismo, transparência e segurança», segundo a mesma fonte.

Sarkozy deve dizer a Musharraf que Paris continuará a dar ao Paquistão «todo o seu apoio» na luta contra o terrorismo, já que a França e o mundo têm interesse na estabilidade, unidade e democratização do país.

Também deve afirmar que é «essencial» que o Paquistão desempenhe «o seu papel» para melhorar a situação no vizinho Afeganistão, onde a França tem mais de 1.600 soldados incluídos na ISAF (Força Internacional de Assistência à Segurança).

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #39 em: Janeiro 25, 2008, 05:32:14 pm »
EUA prontos a enviar tropas contra os extremistas islâmicos

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Os Estados Unidos estão prontos a ajudar o exército paquistanês a combater os extremistas no Paquistão se Islamabad pedir, salientou quinta-feira o secretário da Defesa norte-americano, Robert Gates.
«Continuamos prontos, desejosos e capazes de assistir os paquistaneses e de nos aliarmos a eles para fornecer o treino suplementar, para conduzir operações conjuntas, se eles o desejarem», declarou durante uma conferência de imprensa no Pentágono.

Segundo Gates, o Paquistão não pediu assistência militar norte-americana suplementar, mas esta possibilidade é objecto de um «diálogo em curso».

Questionado para dizer se tropas de combate norte-americanas poderão juntar-se às tropas paquistanesas para lutar contra a Al Qaeda nas zonas tribais paquistanesas, Gates respondeu: «Se os paquistaneses quiserem, penso que o faremos».

Esta proposta ocorre num contexto de instabilidade política no Paquistão e do crescente receio de Washington da propagação do Islão radical.

Mas o envio de tropas norte-americanas para o Paquistão para ajudar o país a combater os insurrectos é um assunto delicado com Islamabad.

O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, disse recentemente que qualquer incursão não autorizada dos norte-americanos no Paquistão será considerada uma invasão.

«Eles têm claramente o direito de decidir se as forças de um outro país podem operar no seu território«, sublinhou Gates.

As discussões em curso incidem mais no envio de formadores norte-americanos na contra-insurreição do que em tropas de combate, segundo o Pentágono.

Até agora, a assistência militar norte-americana à formação do exército paquistanês limitou-se a treino para assalto aéreo.

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #40 em: Fevereiro 14, 2008, 04:59:24 pm »
Musharraf afirma que esta será a «mãe de todas as eleições»

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O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, classificou hoje as eleições de dia 18 como a «mãe de todas as eleições» no Paquistão e advertiu a oposição de que não vai tolerar protestos na sequência de uma suposta fraude eleitoral.
 
Musharraf afirmou que o Paquistão está a apostar a sua reputação nas eleições de segunda-feira e garantiu à nação que o pleito será democrático, apesar de decorrer num clima de violência e de constantes atentados.

«Apesar de rumores, insinuações e todo tipo de apreensão, estas eleições serão livres, justas, transparentes e pacíficas», declarou o presidente paquistanês num discurso num seminário organizado pelo Ministério da Informação.

O mundo «está a observar-nos. O nosso prestígio nacional, a paz e a harmonia estão em jogo, o nosso futuro está em jogo», declarou.

Depois de pedir aos paquistaneses que participem nas eleições para «derrotar as forças extremistas», Musharraf exigiu que os candidatos políticos aceitem os resultados com elegância.

No seu discurso, transmitido pelas emissoras do país, o presidente disse aos líderes políticos que o Governo «não permitirá» qualquer tipo de «agitação» depois das eleições.

O Partido Popular do Paquistão (PPP), comandado pelo viúvo da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, Asif Ali Zardari, e a Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N), ambos opositores do regime de Musharraf, ameaçaram realizar protestos caso ocorra, como esperam, uma fraude eleitoral.

Tanto a União Europeia (UE) como os Estados Unidos manifestaram dúvidas sobre a transparência das eleições de segunda-feira.

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse quarta-feira que os paquistaneses estão a apostar nestas eleições e que o Governo deve «inspirar confiança» para que os cidadãos participem nas eleições.

A apenas quatro dias da votação, Zardari realizou hoje o seu primeiro grande comício na campanha em Faisalabad, uma das principais cidades da província de Punjab, a mais populosa e desenvolvida do Paquistão e reduto eleitoral da PML-N e do partido da situação, a Liga Muçulmana do Paquistão-Q (PML-Q).

Protegido por um vidro blindado e separado dos simpatizantes que compareceram ao comício por dezenas de metros de cordão policial e uma cerca de bambu e arame farpado, Zardari quis ganhar a confiança da população do Punjab, que dizem estar «oprimidas» como as do resto do país.

«Benazir queria servir os pobres e eu cumprirei a sua missão», prometeu o líder do PPP, que começou o discurso em punjabi antes de passar ao urdu (idioma da Índia e do Paquistão).

O PPP, cujo reduto se concentra na província de Sindh (sudeste), apresenta-se ao eleitorado paquistanês como o único com vocação nacional, num país com um mapa político dividido por linhas provinciais e étnicas.

À falta de sondagens nacionais, a imprensa está a divulgar inquéritos realizados por institutos estrangeiros, como o norte-americano Instituto Internacional Republicano (IRI, em inglês), que reflectem grande desconfiança no regime de Musharraf.

Segundo o inquérito do IRI, realizado no final de Janeiro, 75% dos entrevistados querem que Musharraf renuncie e 79% considerarão a hipótese de fraude se a PML-Q vencer as eleições de segunda-feira.

Além disso, 58% declararam-se dispostos a saírem às ruas para protestar em caso de fraude.

De acordo com o inquérito, o PPP vencerá as eleições legislativas com 50% dos votos, seguido pela PML-N, com 22%, enquanto a PML-Q consegue apenas 14%.

Outra sondagem divulgada hoje pela rede britânica BBC revela que 44% dos paquistaneses acreditam que as eleições de segunda-feira serão limpas e que quase dois terços pensam que o Paquistão voltará à normalidade se Musharraf renunciar.

O presidente dirigiu-se hoje a todas as «organizações estrangeiras» que estão a realizar sondagens para adverti-las de que «estão a brincar com a paz do mundo».

«Não perturbem a paz deste país, não alterem a paz desta região. Vocês estão a brincar com a paz do mundo», repreendeu Musharraf.

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« Responder #41 em: Fevereiro 18, 2008, 08:26:55 pm »
Zonas perigosas passam no teste da segurança

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As urnas abriram com normalidade em Peshawar e mantiveram-se quase sem incidentes até ao fecho, às 17 horas locais (12:00 em Lisboa).

A provincícia de NWFP (Norwest Frontiers of Pakistan), de que Peshawar é a maior cidade, era uma das maiores preocupações do Governo paquistanês no que diz respeito à segurança, sobretudo pela proximidade com o Afeganistão e ainda por incluir a zona de FATA (Federally Administered Tribal Areas) onde os chefes tribais controlam política, religiosa e administrativamente toda a região. É nesta FATA e em toda a província de NWFP que se assitiu à maior onda de ataques suicidas com destaque para a pequena cidade de Parachinar onde um bombista suicida matou 47 pessoas e feriu mais de uma centena.

Os feridos mais graves foram chegando ao hospital central de Peshawar, quase todos de helicópetero, e ainda hoje de manhã chegou uma ambulância do aeroporto com mais 10 feridos. O responsável máximo do hospital de Peshawar, Assif Farman, explicou que os feridos que inspiravam mais cuidados chegaram com queimaduras graves e estilhaços em todo o corpo. Os doentes estavam quase todos na enfermaria num cenário dantesco com os mais queimados em posições estáticas, sem mexer os braços e pernas, como estátuas, enquanto os familiares os tentavam alimentar com palhinhas em copos de sumo. Assif Farman confirmou que estão 25 feridos naquele hospital, um dos quais com poucas hipóteses de sobrevivência, com queimaduras em 70 por cento do corpo.

Os locais de voto estavam definidos pelas autoridades como mais sensíveis, muito sensíveis, sensíveis e normais. Das 7931 centros de voto, 1094 foram classificadas acima do normal, com particular incidência para a zona de FATA.

A violência nas zonas tribais passa essencialmente por uma questão que raramente vem referida nas páginas dos jornais: estas áreas, há dezenas de anos, que são controladas, para além dos chefes tribais, por uma espécie de máfia local que produz e trafica armas, ópio e haxixe. São inúmeros os campos de cultivo de estupefacientes e fábricas que produzem armas e componentes.

Durante décadas, não houve lei na região e ainda hoje a falta de controlo governamental é visível. Todavia, a tentativa das autoridades paquistanesas de controlar as fronteiras do seu país originou uma onda de protestos entre os habitantes daquela zona, que aproveitaram ainda o facto de Pervez Musharraf apoiar os Estados Unidos nas acções contra os Talibans no Afeganistão.

O último local de voto que se podia observar estava precisamente antes de uma fronteira física com FATA, fortemente controlada por militares, que impedem qualquer passagem, sobretudo a estrangeiros, fortemente avisados pelo Governo para não se deslocarem àquelas àreas. O aviso governamental é também válido para a cidade de Peshawar, que ficou interdita a observadores internacionais e é desaconselhada a jornalistas. Aliás, em todas os locais de voto em que foi permitido entrar, apenas estavam representantes locais, o que pode ter originado o protesto de Zahoor Ahmed: o homem, de 30 anos, queixou-se a jornalistas da fraude a que tinha sido sujeito. Segundo ele, quando se preparava para votar, foi informado que o seu nome já tinha sido registado como votante. De pouco lhe valeram os protestos.

Para as expectativas e receios de violência generalizada, as eleições decorreram dentro de alguma normalidade, apesar do registo de confrontos esporádicos, que podem até ter originado mortes. O fluxo de informação é de tal forma avassalador que as confirmações com exactidão só são possíveis algumas horas depois.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #42 em: Fevereiro 20, 2008, 12:38:20 pm »
Musharraf quer uma «coligação harmoniosa» no Paquistão

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O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, defendeu hoje a formação de uma coligação de governo harmoniosa, depois da derrota sofrida pelo seu partido nas eleições legislativas de segunda-feira, indica um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

«O presidente salientou a necessidade de uma coligação harmoniosa visando uma direcção pacífica do governo, do desenvolvimento e do progresso do Paquistão», assinala o comunicado, depois do encontro entre Musharraf e um congressista norte-americano.

«As eleições deram um apoio maior às forças moderadas do país», afirma o comunicado.

Os dois principais partidos opositores - dos ex-primeiro-ministros Benazir Bhuto (assassinada em Dezembro) e Nawaz Sharif, a quem o general Musharraf derrubou em 1999 - saíram como os grandes vencedores das eleições legislativas.

A derrota das forças políticas que apoiam Musharraf deixou o presidente exposto a um Parlamento hostil e a uma eventual destituição do cargo.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #43 em: Fevereiro 20, 2008, 07:25:19 pm »
Bush confia que novo Governo do Paquistão manterá amizade

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O presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou hoje que as eleições no Paquistão foram «uma vitória para o povo» paquistanês e acrescentou que confia em que as novas autoridades manterão a actual amizade entre os dois países.

«A questão é se (o novo Governo) será amigo dos EUA, e eu espero que sim», afirmou Bush em conferência de imprensa em Acra, na penúltima etapa do seu périplo por cinco países de África.

Bush considerou que as eleições do Paquistão foram «justas» e manifestou confiança em que as novas autoridades não permitam que o país seja «um refúgio seguro para os que desejam atacar os EUA e o Paquistão».

Nas eleições gerais realizadas segunda-feira, o presidente Pervez Musharraf sofreu uma grande derrota, com o seu partido - a Liga Muçulmana do Paquistão-Q (PML-Q) – a ficar em terceiro lugar.

O Partido Popular do Paquistão (PPP) foi o mais votado, tornando-se a maior força do Parlamento, embora com uma maioria relativa que requer alianças para formar Governo.

Em conferência de imprensa em conjunto com o presidente do Gana, John Kufuor, Bush classificou de «vitória significativa» a eleição em si e elogiou Musharraf por respeitar os compromissos que tinha assumido.

Aprecio o facto de que o presidente (paquistanês) tenha feito o que disse que iria fazer. Disse que faria eleições e disse que suspenderia o estado de emergência», acrescentou.

O presidente norte-americano afirmou ainda que o Paquistão e os EUA são «importantes aliados», salientando que têm interesses comuns, como a luta contra o terrorismo e contra «os radicais que assassinaram (a ex-primeira-ministra) Benazir Bhutto».

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #44 em: Fevereiro 21, 2008, 08:02:48 pm »
Partidos de Sharif e Benazir formarão governo

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Os dois partidos que venceram as eleições legislativas paquistanesas de segunda-feira formarão um governo de colugação, declararam hoje à imprensa os respectivos dirigentes, o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif e Asif Ali Zardari, viúvo da ex-primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto.

«Criámos uma agenda comum. Trabalharemos juntos para formar o governo federal e os das províncias», afirmou Sharif em conferência de imprensa conjunta com Asif Ali Zardari, que lidera o Partido do Povo Paquistanês (PPP) após a morte da sua mulher, em Dezembro.

«Garantiremos que completem um mandato de cinco anos», disse Sharif, referindo-se ao PPP.

Nas eleições legislativas da última segunda, o PPP e a formação de Nawaz Sharif venceram a Liga-Q Muçulmana do Paquistão, aliada do presidente Pervez Musharraf.

Sharif afirmou que ambas as partes superaram as suas diferenças sobre a exigência de que o presidente da Suprema Corte, Iftikhar Mohammed Chaudhry, volte a ocupar o cargo, depois de ter sido destituído por Musharraf, em Novembro.

«Em princípio não há desacordo na reabilitação» de Chaudhry. Trabalharemos as modalidades no Parlamento», explicou Sharif.

Zardari disse que há muitos pontos a serem discutidos entre os dois partidos, mas afirmou: «em princípio, concordamos em permanecer juntos».

O viúvo de Bhutto disse que a nova coligação não trabalhará com nenhum dos partidos que apoiaram o presidente Musharraf na legislatura anterior (2002-2007).

«Queremos fortalecer juntos o Paquistão e não contamos com os partidários de Musharraf. Não acho que existam as forças pró-Musharraf», declarou Asif Ali Zardari.

Zardari disse ainda que todos os problemas políticos do país «podem ser resolvidos pelas forças políticas», e comentou que o Paquistão precisa de uma solução para a insurreição na província do Baluchistão (sudoeste) e para outros «assuntos de autonomia política».

Os dois homens evitaram falar directamente do chefe de Estado, cujo partido sofreu uma estrondosa derrota nas eleições de segunda-feira.

Zardari não é hostil a uma convivência com o presidente Musharraf, privado de uma parte dos seus poderes de veto. Mas Sharif exige a retirada imediata daquele que considera um «ditador».

Sharif, ex-primeiro-ministro, foi derrubado por um golpe de Estado militar coordenado por Musharraf em 1999 e condenado à prisão perpétua, mas foi para o exílio. Hoje declarou que o poder do presidente é «inconstitucional e ilegal».

Segundo resultados quase definitivos, ainda não oficiais, porém, nem o PPP, com 87 cadeiras, nem a Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N) de Sharif, com 66 cadeiras, dispõem de maioria para governar sozinhos.

O partido que antes ocupava o governo, a Liga-Q Muçulmana do Paquistão (PML-Q), aliada de Musharraf, conseguiu apenas 37 lugares no parlamento, mas o presidente afirmou que não pretende sair e propôs uma «coligação harmoniosa».

Diário Digital / Lusa