Mais ou menos assim:
Portugal nasceu no norte. A sua primeira capital, foi do ponto de vista técnico a cidade de Guimarães, depois passou para Coimbra e finalmente para Lisboa (E até esteve na cidade do Rio de Janeiro por mais de uma década).
Logo, mesmo que existisse uma diferenciação entre norte e sul, o Norte ía achar que tinha o direito a ser Portugal, porque é ali que o país nasceu.
Ao mesmo tempo, e embora o país tenha a sua origem no norte, as principais batalhas pela sua manutenção e existência, ocorreram no centro e no sul do país. Como a maior parte da população sempre esteve no norte, foram muito consideráveis os contingentes que foram enviados para o sul do país para o defender.
Mas não é menos verdade, que uma parcela muito grande da luta pela manutenção de Portugal como país independente foi feita no sul do país, especialmente durante a IV dinastia (Bragança) e pelas pessoas do sul do país.
Nos Açores, mesmo isolados e com um rei estrangeiro já instalado em Lisboa, os Açoreanos foram os últimos a depor as armas, e dos primeiros a expulsar os espanhóis quando chegou a notícia de que em 1640 já havia outra vez um rei português.
Em 1640, por exemplo foram lançados novos impostos para criar um exército e o país contribuiu de forma igual.
Curiosamente, quando a notícia chegou ao Brasil, os portugueses de lá fizeram a mesma coisa que os de cá, e é do Brasil que partem as expedições para reconquistar a África.
Uma coisa que os portugueses sempre tiveram, foi uma noção clara da sua pequenez. Sabemos que não somos um país grande, e sabemos também que se existimos como país independente, é porque quando é preciso, sabemos o que fazer.
Segundo o que li sobre uma descrição que se fez dos portugueses, eles são como os dedos de uma mão. Cada um tem a sua ideia, a sua opinião e cada um puxa para o seu lado. Mas esses dedos quando é realmente necessário, conseguiram de uma forma ou de outra fechar-se, e nenhum país europeu consegue fechar a mão com tanta força quanto os portugueses.
Pemso que e muito provabel que um espanhol da provincia de Huelva tem mais que ver com un algarviano que com um catalao ou galego, por dizer un exemplo, e estou a referir em coisas como o caracter, os alimentos, as costumes, etc...que pensan disto?.
Bastaria ouvir a música tradicional do Algarve para ver que é muito mais parecido com o vira do Minho que com outra coisa qualquer.
Os métodos de pesca, e muito do que existe no Algarve litoral, é idêntico e derivado do norte do país, porque o Algarve, como grande parte do litoral sul, foi colonizado por pescadores vindos da costa entre Viana do Castelo e Aveiro.
É um dos erros que muitas vezes se vê nas análises que em Espanha se faz de Portugal, comparar a Andaluzia com o Algarve.
A nossa evolução foi muito diferente, e embora a presença árabe tivesse sido significativa, na verdade ela diluiu-se completamente e praticamente desapareceu.
É por isso que o lugar onde se pode notar alguma influência ou parecença com o sul de Espanha, é no alentejo interior, onde não há costa maritima e onde os pescadores da costa norte não chegaram.
Um galego, por isso, deve ter muito mais a ver com um algarvio que um andaluz.
Portugal, é na prática uma projecção da Galiza antiga (a Gallaecia) e o resultado da grande densidade populacional e crescimento populacional maior que o do resto da peninsula que é explicado por causa da superior produtividade da terra.
É por isso que sempre houve muitos imigrantes no norte de Portugal e na Galiza. As pessoas tinham muitos filhos (que sobreviviam) mas a terra não era suficiente para todos.
Mas em Portugal, como havia terras para sul que estavam quase desabitadas por causa da guerra com os mouros, muita população excedentária (filhos que não tinham direito a herança) migrou para sul.
Além disso, houve politicas propositadas de distribuição de terras, que tinham como objectivo exactamente povoar as terras do sul do país, que naturalmente foram ocupadas com as pessoas que havia para as colonizar, a população do norte.
Há no entanto ainda vestigios e traços que permitem identificar alguns algarvios não migrantes. O actual presidente Cavaco Silva é um exemplo.
Cumprimentos