Bem, eu por mim não me vou por a fazer vaticinios sobre as qualidades de um projeto, apresentado por pessoas de uma instituição como a marinha, que se encontra quase toda na doca, com navios avariados, com tripulações a recusar fazer missões porque os navios comprovadamente não são alvo da minima manutenção e mais não sei o quê.
Creio que toda a gente entendeu que as fragatas são caras e não há dinheiro nem para duas.
A classe politica tem medo da opinião pública e não quer pensar em investimentos militares, e os portugueses não vêm inimigos em lado nenhum, excepto os adversários de Portugal no Europeu ou no Mundial de futebol...
O governo está em fim de ciclo, e o próximo governo terá que tomar decisões sobre isto, ou seja, este navio vai ter também que ser vendido ao próximo governo.
Depois disto, há o problema de a muita gente parecer um truque de «Zé Esperto» e o «Zé Esperto» normalmente não é assim tão esperto quanto pensa.
Posto isto, se o navio puder eventualmente ser construido, pelo preço indicado será sempre uma embarcação muito limitada.
Noto que o comprimento do navio, deverá ter uma linha de água por volta dos 95 metros, considerando as proporções. A boca é de 20m ou seja, é um navio muito largo e relativamente pouco comprido, pelo que a sua velocidade de deslocamento será sempre relativamente baixa.
Ou seja, para navio combatente, seria sempre uma carta fora do baralho.
A sua utilização como navio armado, é possível.
Mas mísseis também podem ser colocados no navio escola Sagres, que ainda consegue ser mais verde, porque embora não tenha a incineradora (a grande novidade verde de que os senhores parecem falar) tem propulsão à vela.
Um navio com estas características precisa de muito espaço interior.
O peso dos sistemas de armas é muito grande. Não se trata de kits que se colocam num carro, é muito mais complicado que isso.
A História militar naval, diz-nos que não há assim muitos projetos que tenham dado para tudo e mais alguma coisa na história naval.
A norma, é que um navio que tenta fazer várias coisas, normalmente não faz nada bem e acaba sendo abandonado.
Nem faria qualquer sentido utilizar este navio como base para outros voos, porque para fazer um navio de guerra combatente, era mais facil agarrar nos NPO, acrescentar-lhes 20 metros de casco, uns misseis e radares, mais uma turbina e tinhamos corvetas que seriam sempre mais eficientes.
Espero que não seja o caso, mas este navio cheira-me a um sinal de desespero.
Uma marinha que não tem navios para fazer nada, aposta num navio que é para fazer tudo, para fingir que ainda pode ir a jogo.
De qualquer forma, mesmo que seja um navio que permita o apoio a populações civis isoladas nas ilhas, já será uma mais-valia.
Mas não vejo como é que alguém pode ver aqui um grande futuro, numa embarcação com pouco mais de 100m, desarmada, e para transportar «drones» que não se sabe quais são, como funcionam e o que fariam caso pousassem naquilo.
Os ingleses conseguiram fazer uma missão autonoma completa a partir de um porta-aviões... dez vezes maior que este navio ...