Nunca se esqueçam que é um navio hidrográfico científico, pago pela UE; a Marinha, bem, aproveitou para incluir uma capacidade reforçada para utilização de drones (o que permite, tb, experiência).
Sim, é um navio hidrográfico, com capacidades acrescidas, mas que quando olhamos para os desenhos, e para muitas das afirmações proferidas, vemos que é algo muito mais complicado que isso. Por exemplo, era perfeitamente possível ter um hidrográfico maior que o habitual para este tipo de navio, com um convés de voo convencional mas mais amplo, sem ter que ser um convés de voo corrido.
Coloco aqui desenhos do navio, que provavelmente são a representação do navio final até ao momento:


E já agora as medida:
terá um comprimento total, entre perpendiculares, de 100 metros, uma boca máxima (ao nível do convés de voo) de 20 metros e um calado máximo de 7,5 metros
Com 20 metros de largura total a nível do convés de voo, e notando que nos desenhos, cerca de metade dessa largura é a superestrutura do navio e a outra metade a pista (aproximadamente), dá-nos uma largura de pista de cerca de 10 metros (máximo 12m diria). Com estas medidas, não há hoje muitos drones de asa fixa que possam operar aqui e que pudessem realmente tirar partido do alcance acrescido proporcionado pela rampa.
Para colocar em perspectiva, o MQ-1 que já vimos em diversos desenhos tem uma envergadura de asas de quase 15 metros, o Bayraktar TB2 tem 12 metros e o TB3 tem 14, o MQ-9
presente num dos desenhos acima tem 24 metros de envergadura, enquanto o Tekever ARX deverá ter uma dimensão similar ao Bayraktar (ou até mesmo maior). Restando o AR5, com envergadura de 7 metros, mas que não tem versão VTOL, e portanto não deve poder aterrar no navio. Por exclusão de partes, resta-nos os AR3 e os Ogassa, que já têm os seus raios de acção limitados a 100km, independentemente da rampa.
Conclusão, o uso da rampa apenas irá permitir que os drones que já conhecemos, fiquem no ar um pouco mais tempo (se a diferença é muita ou pouca não sei), e dado que são drones relativamente pequenos, fica a questão se o método da rampa é realmente mais eficaz que o da catapulta para drones como o AR3. Fazendo o comparativo, o
AR3 VTOL tem endurance de
8 horas, e o
Ogassa OGS42V (VTOL) tem
8 horas e o
OGS42 (não VTOL)
10 horas, em contraste, o
AR3 normal,
lançado de catapulta, pode ficar no ar até
16 horas. Ou seja, na questão do alcance e endurance, os melhores drones actuais neste requisito podem, ser lançados tanto de um Tejo, como de uma fragata, como do PNM.
Assim sendo, até surgirem novos drones, o PNM será no máximo uma plataforma de testes. Mas até nisto tem um calcanhar de aquiles: as suas dimensões. Com um convés de voo tão estreito, limita-se e muito o desenvolvimento de drones, que não podem ter uma envergadura igual ou superior a 10 metros. Com isto, e especulando, mesmo que conseguissem desenvolver uma versão VTOL do AR5 ou de um drone VTOL/STOVL de asa fixa da mesma dimensão/ligeiramente maior, será que conseguiria ter muito mais que as 16 horas de endurance do AR3 lançado de catapulta? Faz sentido limitar o desenvolvimento de futuros drones navais, à dimensão do navio em questão? Quando isto se tornar um problema, modificam o navio para ter um convés de voo mais largo, ou constroem um navio novo para esse fim?
O desenho do navio até é bonitinho, mas deixa muitas dúvidas quanto à real capacidade enquanto "porta-drones" como querem vendê-lo.