Devo ser dos poucos que inclui sempre os hidrográficos como uma necessidade de primeira linha, mas vou destacar também aqui duas coisas.
A primeira é que, para nós, que não temos nenhum navio científico moderno, não nos basta um vulgar navio de 75m (como a Noruega). Tem de ser algo com o dobro do tamanho, mais complexo e polivalente.
A segunda é que, trata-se de um desenho novo (disruptivo..) e, tanto quanto sei, sem intervenção de nenhum gabinete de engenharia naval nem em cooperação com algum possível estaleiro que o venha a construir. Trata-se da fórmula mágica para que o projecto atrase 10 anos e custe o dobro do orçamentado. O preço aliás, contrariamente ao afirmado, parece-me muito optimista, sobretudo se for encomendado a um estaleiro que não tenha histórico neste tipo de navios, mais a inflação em materiais que entretanto ocorreu.
Nota - Não estou a criticar os estaleiros de Viana, que sempre trabalharam com qualidade.
O dinheiro do PRR tem de ser canalizado para projectos em tempo útil. Era dificil encomendar um navio (ou dois pelo mesmo valor) standard, moderno e bem equipado, a um dos 3 ou 4 estaleiros na Europa com confirmado know-how neste segmento, que daqui a 3 anos estava a navegar?
Mais, um navio por mais polivalente que seja, será sempre um só navio, não poderá estar em dois locais em simultâneo. Vai estar em operação como hidrográfico 12 semanas por ano, de forma a poder cumprir todas as outras tarefas também?
Os desígnios desta Marinha carecem de transparência.