Arqueologia/antropologia/ADN

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Lusitano89

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #135 em: Março 04, 2023, 05:14:04 pm »
A Caverna de Cosquer: Uma Obra Prima com o Tempo Contado


 

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Lusitano89

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #136 em: Março 11, 2023, 07:53:10 pm »
Restos de naufrágio na costa basca contam tráfico de escravos no Portugal do século XVI


O Portugal do século XVI está retratado num livro publicado em Espanha sobre os destroços de um navio que naufragou na costa basca carregado com mercadorias para comprar escravos em África, como manilhas de latão.

“Iturritxiki”, da arqueóloga Ana María Benito Domínguez, publicado no ano passado pela Sociedade de Ciências Aranzadi e tema de um artigo recente do jornal El Pais, tem como ponto de partida as escavações arqueológicas submarinas na última década do século XX na baía de Getaria, no País Basco espanhol (norte de Espanha), cenário de vários naufrágios ao longo da história por causa dos ventos e dos temporais no mar cantábrico.

A maioria dos destroços retirados do mar faziam parte da carga de um navio mercante fretado pela coroa portuguesa em Antuérpia (atual Bélgica) e que se afundou em Getaria entre 1522 e 1524, segundo o relato do livro, que cita documentos da época, além de historiadores e outras investigações científicas contemporâneas.

A equipa coordenada por Ana María Benito retirou do mar da baía de Getaria 172 lingotes de cobre com mais de uma tonelada de peso no conjunto, caldeirões de cobre e 313 manilhas de latão (cuja composição é, em mais de 60%, também cobre) que faziam parte da mercadoria do navio fretado em Antuérpia e que teria, como primeiro destino, Lisboa, para seguir depois para a costa ocidental africana.

Em 1587, segundo documentos da época, já haviam sido recuperados na baía de Getaria lingotes e 600 “argolas” de latão (depois designadas “manilhas”) que iam a bordo do barco naufragado.

Todo este cobre – em lingotes ou em objetos manufaturados – era encomendado e comprado por Portugal “de forma massiva” no centro da Europa para o comércio em África, sobretudo, para comprar escravos, como se lê nas páginas de “Iturritxiki”.

As “manilhas” eram uma espécie de pulseiras, já usadas desde séculos anteriores em África como moeda de troca, como adorno ou para dotes, mas também como símbolo de poder e prestígio.

“Classificadas como moeda primitiva”, as manilhas eram um “meio de pagamento do óleo de palma, do ouro, do marfim e, principalmente, de escravos em África”, descreve o livro.

Foram usadas em África como moeda de troca até ao século XX e hoje ainda surgem representadas no dinheiro – em moedas e notas – de países africanos.

De toda a carga de cobre que levava o barco naufragado em Getaria no século XVI, as centenas de manilhas de latão eram “talvez a mais lucrativa” porque custavam aos portugueses “uns dez reis” na Flandres e “multiplicavam por 12 vezes o seu valor” em África, onde as vendiam por 120 reis, escreve Ana María Benito em “Iturritxiki”.

Era então possível comprar um escravo por oito a dez manilhas na costa ocidental africana, segundo autores e documentos citados no livro.

“No reinado de Manuel I [rei de Portugal entre 1495 e 1521], calcula-se que se importaram desde a Flandres cerca de 1.250 toneladas de manilhas e recipientes para o comércio africano. Neste período, chegavam a África cerca de 130.000 peças por ano”, acrescenta o texto.

No século XVI, lembra o livro, “a coroa portuguesa tinha o monopólio desta empresa”, o comércio de escravos, “embora genoveses e castelhanos aparecessem frequentemente associados aos lusitanos neste tráfico”.

Por serem tão valiosas, o transporte das manilhas fazia-se “com grande confidencialidade”, mas é possível encontrar referências em “documentos internos” e sabe-se hoje que, por exemplo, quando saiu para a viagem de circum-navegação, em 1519, Fernão de Magalhães levava nos seus barcos 2.000 manilhas de latão e 2.000 manilhas de cobre para trocas comerciais.

“As manilhas são relativamente comuns nos destroços de naufrágios entre o século XVI e XIX em toda a Europa e África”, mas as de Getaria são as mais antigas conhecidas até agora, segundo “Iturritxiki”.

Além da mercadoria de cobre, foram encontrados outros objetos do mesmo barco, como alfinetes, um dedal, armas (pequenos canhões) e instrumentos de navegação.

Foi também encontrada uma moeda de Manuel I de Portugal que levou à conclusão de que, “provavelmente, o comerciante e parte da tripulação eram portugueses”.

Os lingotes de cobre estavam marcados com o escudo da família Fugger, comerciantes e banqueiros de Augsburgo, no sul da Alemanha, e “os principais fornecedores de matérias-primas para a coroa portuguesa”, prossegue o relato de “Iturritxiki”.

Os destroços deste naufrágio enquadram-se “na primeira era da globalização” e refletem “a atividade comercial e colonial do mundo conhecido, onde se relacionavam dois governos poderosos, Alemanha e Portugal, através da cidade portuária com mais vitalidade da Europa: Antuérpia”, lê-se no livro.

“O desastre do naufrágio provocou o congelamento de um momento da história. Os objetos recuperados supõem um símbolo das relações comerciais intercontinentais no Século de Ouro”, prossegue o texto, que acrescenta que o périplo que a embarcação deveria ter feito “traçava perfeitamente uma das vias mercantis mais importantes do século XVI e a principal levada a cabo pelos portugueses: o comércio de cobre e latão desde a Europa para África e Ásia”.

Em declarações à Lusa, Ana María Benito explicou que as escavações em Getaria foram feitas na última década do século XX e antes deste livro, que escreveu na sequência de um convite da Sociedade de Ciências Aranzadi, tinha publicado “alguns artigos científicos curtos” sobre o tema.

Os objetos recolhidos na baía de Getaria estão atualmente num depósito de materiais arqueológicos e de património em Irún, no País Basco, não estando expostos ao público.

 :arrow:  https://observador.pt/2023/03/11/restos-de-naufragio-na-costa-basca-contam-trafico-de-escravos-no-portugal-do-seculo-xvi/
 

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Lusitano89

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #137 em: Março 12, 2023, 07:00:50 pm »
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #138 em: Março 13, 2023, 03:12:27 pm »
No século XVI, um mapa-múndi encarnou num bobo da corte: "O número de tolos é infinito"



Um mapa europeu do século XVI mantém-se, há perto de cinco séculos, como mistério da cartografia. O informalmente apadrinhado Mapa-Múndi dos Tolos, junta à representação da então Terra conhecida, inúmeras referências de caráter enigmático. A licenciosidade permitida ao bobo da corte serviu ao autor anónimo do mapa para personificar naquela figura as maleitas do mundo.

O número de habitantes no Continente Meridional é provavelmente superior a 50 milhões (...) totaliza uma extensão de 8,567 Km, maior do que toda a parte civilizada da Ásia, da Turquia até à extremidade oriental da China". No século XVIII, Alexander Dalrymple, geógrafo escocês descrevia desta forma a existência de um hipotético continente não descoberto no Pacífico Sul, a Terra Australis Incognita. Defensor da teoria da existência deste supercontinente no Hemisfério Sul, Dalrymple dele relatou forma e existência na sua obra de 1770-1771, An Historical Collection of the several Voyages and Discoveries in the South Pacific Ocean. A hipótese da materialização de uma vasta massa de terra meridional não configurava uma novidade no século XVIII, antes uma construção que ganhara forma na visão do mundo de Ptolomeu, no século II da nossa era, mais tarde, na Idade Média, na conceção das terras Antípodas e, posteriormente, em mapas renascentistas. A presença a sul de uma Terra Australis apoiava-se na ideia de que as regiões continentais do Hemisfério Norte deveriam ter concomitante correspondência em área àquela encontrada nos territórios do Hemisfério Sul. Uma configuração continental que ganhou expressão na obra publicada, em Antuérpia, a 20 de maio de 1570. Theatrum Orbis Terrarum, considerado o primeiro Atlas moderno, assinado pelo cartógrafo e geógrafo Abraham Ortelius, natural do antigo Ducado de Brabante, localizado no sul dos Países Baixos e norte da atual Bélgica. Nas 31 edições lançadas até 1612, o Atlas de Ortelius cresceria dos 70 mapas e 87 referências iniciais para 167 mapas e a tradução em sete idiomas. A Terra Australis Incognita apresenta-se soberana em Typus orbis terrarum, mapa-múndi oval do cartógrafo que, em 1575, seria designado geógrafo do rei de Espanha, Filipe II.

Nesse mesmo ano de 1575, uma representação planisférica da Terra, inspirada no mapa de Ortelius, destacava-se na obra do cartógrafo francês Jean de Gourmont. O mapa oval de Ortelius, com a sua Terra Australis, encena no trabalho de Gourmont um papel antropomórfico ao encarnar e substituir o rosto de um bobo da corte. Este, fixa diretamente o interlocutor, cada um de nós, com aquela que era uma das representações em mapa do mundo conhecido e suposto do século XVI. Da mesma época, crê-se que entre 1580 e 1590, um gravador em Antuérpia laborou no mapa que elevou a natureza sinistra do bobo da corte de Gourmont. Conhecido informalmente como o Mapa-Múndi dos Tolos, esta representação em planisfério do globo terrestre, com aproximadamente 35 por 48 cm, mantém-se até à atualidade como um mistério para cartógrafos e historiadores. "A incómoda verdade contada neste mapa é que o mundo é um lugar sombrio, irracional e perigoso, que a vida real é desagradável, brutal e breve. O mundo é, literalmente, um lugar tolo", escreve o jornalista e escritor Frank Jacobs, autor do livro de 2009, Strange Maps: An Atlas of Cartographic Curiosities. (Sobre Frank Jacobs não é de desmerecer uma visita aos seus artigos sobre mapas publicados no jornal The New York Times sob o título "Borderlines").

A propósito da origem e autoria do Mapa-Múndi dos Tolos, pendem há séculos diversas teorias. Ao bobo da corte, no seu trajar excêntrico, era permitida a crítica aberta ao poder através do uso do humor, da música, da narrativa, de trocadilhos, estereótipos e imitação. De acordo com Frank Jacobs no artigo The Fool's Cap Map of the World, publicado no site Big Think, ao bobo da corte permitia-se "um tipo de crítica só possível se fosse neutralizada pela aparência grotesca do louco - de preferência um anão corcunda e ligeiramente torto, ou seja, alguém que não deve ser levado muito a sério".

Entre as hipóteses sobre a autoria do mapa prepondera aquela que o aponta como uma criação do punho de Oroncé Finé, matemático e cartógrafo francês do século XVI, que em 1531 apresentou a sua versão da Terra Australis, um território sulcado de rios. Entre as inúmeras inscrições que encontramos no mapa, o nome do cientista gaulês destaca-se no canto superior esquerdo da imagem. Uma hipótese de paternidade da representação de um mundo encarnado num bobo da corte que é contrariada pela data de falecimento de Finé, o ano de 1555, então com 50 anos, cerca de três décadas antes do surgimento de Mapa-Múndi dos Tolos.

A acentuar o caráter enigmático do mapa estão as muitas frases epigramáticas com alusões mordazes e satíricas inscritas no tronco, cabeça e objetos empunhados pelo bobo da corte. Frases que lamentam a ostentação do mundo como a expressão em latim Vanitas, vanitatum et omnia vanitas ("Vaidade das vaidades, tudo é vaidade"); a eloquente citação retirada de Eclesiastes, livro do Antigo Testamento, e que podemos ler na parte inferior do mapa, Stultorum numerus est infinitus ("O número de tolos é infinito"); a frase creditada a Lúcio Aneu Cornuto, filósofo estoico romano do século I d.C., Auriculas asini quis non habet ("Quem não tem orelhas de burro?") ou a expressão latina Nosce te ipsum ("Conhece-te a ti mesmo"), a encimar o mapa.

Um rol de expressões que inclui a citação de Plínio, o Velho, retirada do livro dois da sua Naturalis Historia do século I: "Este é o mundo, e esta é a substância de nossa glória, esta é a sua sede, é aqui que ocupamos posições de poder e cobiçamos riquezas, e lançamos a humanidade em alvoroço e lançamos guerras, mesmo civis".

Ayesha Ramachandra, professora de Literatura Comparada na Universidade de Yale, detém-se longamente no Mapa-Múndi dos Tolos no artigo que lhe dedica na revista New Literary History, editada no âmbito da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. No texto How to Theorize the "World": An Early Modern Manifesto, Ramachandra não deixa escapar um paralelismo entre a realidade sintetizada no mapa do século XVIII e o tempo presente: "a imagem explora alegoricamente as relações entre o global e o local, o universal e o particular, ao conciliar a vasta abstração do mundo mapeado com a particularidade das pessoas que o habitam (...) O mapa chega-nos como um remanescente de uma época paralela de uma explosão de informações e uma nova consciência global, que enfrentou o desafio semelhante de integrar uma infinidade de novos detalhes num todo coerente".


 :arrow:  https://www.dn.pt/internacional/no-seculo-xvi-um-mapa-mundi-encarnou-num-bobo-da-corte-o-numero-de-tolos-e-infinito--15990228.html?fbclid=IwAR1mKOnLis7RitbVY-QWTQO5kr7HCGBRxbue-mIvM44CmM90vaJPinSDOGE
« Última modificação: Março 13, 2023, 05:18:37 pm por Lusitano89 »
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #139 em: Março 22, 2023, 01:30:03 pm »
Escultores de Notre-Dame reconstroem as gárgulas danificadas pelo incêndio de 2019


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #140 em: Março 22, 2023, 08:55:58 pm »
Descodificaram o ADN de Beethoven a partir do seu cabelo




Alguns fios de cabelo preservados por fãs foram estudados e permitiram descobrir um pouco mais sobre a vida (e a morte) do compositor alemão.

O compositor Ludwig van Beethoven (1770-1827) tinha hepatite B, que ainda lhe agravou a cirrose que havia de o matar, aos 56 anos.

O seu código genético também tinha uma configuração que o deixava particularmente vulnerável ao cancro no fígado, o que os seus hábitos diários, de grande consumo de álcool, só agravaram esta situação.

Além disso, descobriram os investigadores da equipa internacional do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana que descodificaram o ADN com 200 anos do alemão, um dos seus ascendentes de uma geração recente tivera um filho fora do casamento (foram também investigados cinco membros da linha patriarcal do compositor).

A fama do compositor, logo à sua época, fez com que muitos lhe pedissem que enviassem madeixas de cabelo como recordação. E apesar de alguns serem por vezes enganados -- o The Washington Post recorda a história da senhora que, numa primeira vez, recebeu pelo de bode, mas que o próprio Beethoven quando soube da sua humilhação apressou-se a enviar-lhe um pedaço do seu cabelo -- a maioria são verdadeiros.

Os cientistas tiveram todo o cuidado a analisar as amostras obtidas e concluíram que oito eram verdadeiras. E uma vez que, no seu testamento, o próprio Beethoven pedia aos irmãos para que prosseguissem o estudo das razões para a sua surdez (o músico viveu mais de 25 anos sem audição), os cientistas sentiram-se autorizados a estudá-lo.

No entanto, tanto quanto a ciência hoje sabe, não foi encontrada qualquer razão genética para a perda de audição daquele que é, por muitos, considerado o maior compositor de todos os tempos.


 :arrow:  https://www.dn.pt/ciencia/decodificaram-o-adn-de-beethoven-a-partir-do-seu-cabelo-16052908.html?fbclid=IwAR0d6kBt2hNQscZtaPHmuonnjlWeH-h_Gci7P1OJKuOtHfhFHn2cY9fy4Cw
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #141 em: Março 25, 2023, 08:11:15 pm »
Explicando a descoberta do "corredor oculto" na Grande Pirâmide do Egito!


 

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Cabeça de Martelo

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #142 em: Março 30, 2023, 05:21:17 pm »


E pagavam o IVA?
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Cabeça de Martelo

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #143 em: Março 31, 2023, 11:49:29 am »
A primeira estudante brasileira em Coimbra chamava-se América do Sul

Nascida no Maranhão, tinha 19 anos quando entrou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde hoje encontramos a bisneta.

Domitila de Carvalho é um nome incontornável na História das mulheres portuguesas pelo seu pioneirismo no Ensino Superior. Em 1892, tornou-se a primeira aluna da Universidade de Coimbra (UC). Ela com 20 e a academia com 602 anos de idade. Frequentou os cursos de Matemática, Filosofia e Medicina. Mas enquanto Domitila estudava, ainda sem traje académico que na época era proibido às mulheres, nascia no Brasil outra vanguardista.



No dia 30 de julho de 1898, nasce em casa, no Largo do Carmo, em São Luís do Maranhão, a menina América do Sul Fontes Monteiro (sim, isso mesmo). Não existe registo de como foi a vida desta nordestina brasileira até Setembro de 1917 mas, em Outubro desse ano, América assina um documento onde pede: «Exmo. Sr. Reitor da Universidade de Coimbra. América do Sul Fontes Monteiro, filha de Bernardino Monteiro e Maria de Jesus, natural do Maranhão, Estados Unidos do Brazil, pretende matricular-se e inscrever-se em todas as disciplinas do primeiro ano da Faculdade de Letras – secção de Filologia Germânica – para o que junta os documentos exigidos no referente edital. Pede a Vossa Excelência se digne deferir.»



Este documento, guardado no Arquivo da UC, é hoje a confirmação do pioneirismo desta brasileira para o estudo das populações universitárias. América do Sul foi a primeira mulher do Brasil a vir para Portugal estudar na Universidade de Coimbra, mudando o género de uma longa lista que começou em 1574 com Manuel de Paiva Cabral, pernambucano, que se licenciou em Leis. Ou seja, o Brasil demorou 343 anos para enviar uma aluna e acrescentar o feminino na lista de brasileiros estudantes.

Na Faculdade de Letras, América do Sul frequentou Língua e Literatura Inglesa e Alemã, Curso prático de Inglês e Alemão, Filologia Portuguesa, História de Portugal, História Geral da Civilização, Filosofia, História Medieval e ainda Geografia de Portugal e Colónias. Era para ter concluído o Curso em 1920, mas cancelou a matrícula um ano antes. O que fez uma mulher como América desistir da empreitada? A família acredita que a culpado se chamava Sebastião: «Não conheci a minha avó América, sei que teve três filhos, todos já desaparecidos e que abandonou o curso para casar com o meu avô que, entretanto, tirou o curso de Direito em Coimbra», explica a neta Maria Hermínia Quintela, professora em Lamego.



Quando América transitou para o seu segundo ano do Curso de Letras, Sebastião se tornava caloiro de Direito, os dois nomes aparecem juntos na documentação dos matriculados em 1918. Casaram dois anos depois e foram viver para Vila Real. Foi a história de amor entre América e Sebastião que desviou a maranhense dos estudos, mas este amor só tirou o diploma à brasileira, Sebastião concluiu o curso e tornou-se doutor. Viveram relativamente pouco tempo como casal, ele morreu aos 45 e América com 61. Perderam uma filha adolescente e criaram dois rapazes. Os seus descendentes retomaram fortemente os laços com Coimbra: dos 10 netos, seis formaram-se aqui e entre os 18 bisnetos, quatro já passaram pela mais antiga universidade portuguesa.



Maria Beatriz Claro da Fonseca Cid de Oliveira é um destes frutos nascidos a partir da semente de América do Sul. A mestranda na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação reconhece sua importância: «A história dela é repassada de geração em geração na minha família e motivo de muito orgulho. Candidatei-me para Coimbra por realmente querer estudar nesta cidade e talvez o passado de América me tenha influenciado. É um privilégio estudar aqui tendo em conta o exemplo da minha bisavó», diz Beatriz.

As mulheres na Universidade de Coimbra podem ter demorado para adentrar no mundo académico mas, uma vez inseridas, trataram de esgarçar o espartilho das barreiras. A partir dos anos 60, a evolução acontece muito rapidamente e a viragem dá-se em 1983, quando o número de alunas suplanta o de alunos na universidade. Hoje, os brasileiros representam a maior comunidade de estudantes internacionais na UC, são 15% do total discente e destes, as mulheres são maioria e tudo começou na jovem América do Sul Fontes Monteiro.

https://coimbracoolectiva.pt/historias/temas/cultura/a-primeira-estudante-brasileira-em-coimbra-chama-se-america-do-sul/
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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HSMW

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #144 em: Abril 04, 2023, 12:54:03 am »

El enigma de Centum Cellas
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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smg

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #145 em: Abril 06, 2023, 10:42:14 pm »
Vídeo sobre o chamado ' menino do Lapedo ' achado perto de Leiria . Um abraço .
 
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Lusitano89

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #146 em: Abril 08, 2023, 05:45:28 pm »
Portugal ergueu a mais antiga capela do Índico e agora apoia reabilitação




A capela mais antiga do Índico foi construída por portugueses há 500 anos e vai ser requalificada em 2023, com um projeto recheado de história e detalhes.

Oprojeto de reabilitação bebeu do misticismo e espanto que a edificação provoca a quem a visita, explica o arquiteto autor do trabalho. "Durante dias em que estive na capela, pude presenciar visitantes que se prostravam, que se ajoelhavam, faziam orações, mesmo alguns que não eram religiosos admiravam a imponência do local", conta o arquiteto Muahammad Cássimo à Lusa.

"Eles sentiam o peso" da história do local.

Foi numa noite estrelada de luar que pensou que "com uma luz discreta, amarela", a capela ganharia um entorno à altura das reações dos visitantes, num ambiente que passaria a estar acessível durante visitas noturnas.

A iluminação está prevista e orçada e vai ser uma realidade. Além disso, a capela de Nossa Senhora do Baluarte ostenta várias características raras, capazes de provocar espanto.

É a construção de alvenaria mais antiga de toda a costa africana do oceano Índico, mais antigo edifício europeu hoje de pé, assente num banco de coral, mesmo à beira do mar (numa das marés vivas de 2021, as ondas cobriam-na, conta o guia) e nasceu mesmo antes de ser construída a fortaleza da ilha de Moçambique, que mais parece um gigante ao seu lado.

O edifício resistiu a ataques contra a armada portuguesa, venceu ciclones, mas agora tem a base esventrada por cinco séculos de marés e o esqueleto corroído pelo salitre, impregnado pelo vento.

Os governos de Portugal e Moçambique e a construtora Mota Engil assinaram em fevereiro um memorando de entendimento para a reabilitação que deverá arrancar em maio.

"Um dos maiores problemas são as falhas no baseamento", cuja muralha "foi descomposta", deixando a sustentação ameaçada por "buracos que chegam a três metros" de profundidade, por onde as ondas entram e tiram os aterros, ficando as pedras sem suporte.

No limite, se nada se fizesse, parte da capela podia colapsar nas ondas.

Mas o restauro da base mostra como o trabalho vai ter várias peculiaridades: naquela secção só vai ser possível trabalhar com a maré baixa e com cuidados acrescidos.

Além disso, na capela, "há elementos arquitetónicos que podíamos até chamar de arqueológicos" e para a recuperação dos quais se requer a presença de especialistas moçambicanos e portugueses, como é o caso de um túmulo emparedado que foi vandalizado.

"Aqui há 12 túmulos, todos de pessoas importantes", explica Momade Raisse, guia da fortaleza de São Sebastião e da capela de Nossa Senhora do Baluarte.

Aponta para alguns e vai recitando as descrições com que recebe os visitantes: "um bispo sepultado em 1588", um "governador-geral do século XIX" e um outro túmulo "que não conseguimos distinguir, porque a escrita desapareceu há muito tempo".

Todos os dias, das 08:30 às 16:30, é possível visitar a capela, mas é aos fins-de-semana que as visitas costumam aparecer, descreve à Lusa.

Raisse não sabe quando é que ali houve uma missa pela última vez, mas o misticismo persiste e já houve visitantes a deixar dinheiro na pedra do altar, como num ofertório, apesar de o interior estar igualmente despido, corroído e manchado pela humidade.

O guia tem cuidado onde põe os pés na zona do "nártex", ou seja, numa espécie de alpendre largo cuja cobertura ruiu faz tempo, à entrada da capela, no mesmo sítio onde permanece o resto de um púlpito e de uma parede, cuja pedra parece ter sido trazida de Portugal.

"Todas as decisões no projeto de recuperação foram pensadas para dar maior durabilidade" à capela, explica Muhammad Cássimo, que espera que as "gerações vindouras" reforcem os cuidados de manutenção de um património histórico valioso e com forte potencial de atração turística.

"Estamos a introduzir algumas técnicas, porque não sabemos se vamos ter outra oportunidade destas" no âmbito dos trabalhos de recuperação, destacou à Lusa.

Por exemplo, a argamassa do reboco vai ser preparada para durar mais tempo e estão previstos tampos móveis para evitar a entrada da água durante marés vivas.

Os ciclones que sempre fizeram parte da costa moçambicana estão agora "mais frequentes" e o projeto reforça essa resistência às intempéries, acrescentou.

O arquiteto e a capela são velhos conhecidos.

Muhammad Cássimo, 38 anos, é natural da Ilha de Moçambique e só saiu da província para se formar em arquitetura, uma via escolhida porque desde miúdo brincava entre ruínas de edifícios -- a Ilha foi declarada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1991 e a fortaleza e a capela são só dois dos vários edifícios classificados.

"A minha meta: quando mais casas reabilitar, melhor. Quando acabei o curso, voltei", conta à Lusa, um regresso em que acompanhou o arquiteto José Forjaz na reabilitação da capela em 1997.

Já ali passou muitas horas, diz que até mapeou fissuras que depois viu crescer e tornarem-se fendas bem visíveis.

"Já fiz viagens noturnas" e os navegadores de 'dhow' - embarcação à vela da região - dizem que a capela iluminada "vai facilitar-lhes a vida", sobretudo em dias de mar agitado e quando na ilha não há energia.

A requalificação vai reavivar a função de vigia no acesso ao mar alto que há 500 anos fez com que a contruíssem no extremo norte da ilha (que haveria de ser a primeira capital de Moçambique), encavalitada sobre pedras de coral, à espreita da rota da Índia.

 :arrow:  https://www.noticiasaominuto.com/cultura/2293136/portugal-ergueu-a-mais-antiga-capela-do-indico-e-agora-apoia-reabilitacao?fbclid=IwAR3ApZAT5oRnET8VQFEuzZnSmqT00t1MocwxMGW0OQu44wjtjP6UWoA5sBs
« Última modificação: Abril 08, 2023, 05:46:23 pm por Lusitano89 »
 
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #147 em: Abril 15, 2023, 04:56:21 pm »
Quatro anos de obras em Notre Dame


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #148 em: Abril 20, 2023, 12:18:11 pm »
NOVO CAPÍTULO DA BÍBLIA FOI ENCONTRADO DENTRO DE UM TEXTO DE 1.750 ANOS


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #149 em: Abril 20, 2023, 03:00:08 pm »
Múmia dos Alpes: as revelações do DNA do Homem do Gelo