Guerra na Síria

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papatango

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Re: Guerra na Síria
« Responder #135 em: Setembro 25, 2013, 11:19:14 pm »
Citação de: "mafarrico"
Como eu sou chato deixo-vos este link ainda sobre a questão do ataque químico.

Você por acaso estudou e procurou saber quem é o Michel Chossudovsky ?
Procurou saber a que é que ele dedicou a vida ?

Você não tem feito outra coisa que não seja produzir links para sites de ativistas.
Talvez fosse melhor procurar alguma coisa em que pudéssemos pelo menos considerar que havia um pouco de equilibrio.

O autor do site que você dá como referência, dedica-se às teorias da conspiração...
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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P44

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Re: Guerra na Síria
« Responder #136 em: Setembro 26, 2013, 11:20:09 am »
Citação de: "FoxTroop"
Citação de: "papatango"
Muito obrigado pelo seu texto, que é como todos os outros elucidativo do ponto de vista técnico. Creio que já todos percebemos quais são as suas fundamentações, e qual o teor da sua argumentação, quando as teorias conspirativas são desmascaradas.

Exacto, por isso é que perante as questões que não interessa segues à volta, como no caso dos turcos caçarem "rebeldes" com gás sarin ou nos vídeos e fotos de "rebeldes" a operarem as armas que dizes que eles não têm, ou falas de assuntos que nem tu conheces, a não ser que sejas alguém de um patamar tão acima que tem acesso a informações tão secretas que não puderam ser mostradas. Tão secretas que os USA decidiram que valiam mais que ser completamente humilhados na cena politica mundial, porque é extremamente natural no xadrez geopolítico, estar em posição de força e aceitar os termos do adversário.  :lol:  :twisted:  :twisted:

E depois a estupra mentira de que houve 1400 mortos. Quase todos os relatos colocam a fasquia num máximo de ~350 mortos. Fica interessante verificar que de todas as imagens, filmes e relatos, não haja nada referencia aos enterros dessa gente toda nem à localização das campas/valas, o que é extremamente difícil no meio de uma zona urbana.

E poderia continuar por aí fora.

Torno a deixar o repto; se for para discutir as opções geo-estratégicas e geopolíticas da intervenção na Síria, o peso da opção russa de confrontar ali os USA, do qual a presença naval é demonstrador inegável, os atritos cada vez mais claros entre duas pontas do triângulo estando Washington a fazer o jogo do equilíbrio para não desagradar a ambos e porque não se altera a posição para um eixo Ancara-Teerão em vez de Telavive-Riade, porreiro.

Se for para aturar o teu cinismo sobre Direitos Humanos, que para ti só são válidos para um lado e existe neste fórum e em outros, mais que suficientes escritos sobre as tuas "aprendizagens e mudanças de opinião", só te enterras. Demasiado primário para não ser pago.


Não há maneira de pôr "Likes" em posts? É que este merecia um gigante!
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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mafets

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Re: Guerra na Síria
« Responder #137 em: Setembro 26, 2013, 12:00:54 pm »
Citação de: "mafarrico"
Mafets esta pergunta é para si. Com base na sua análise quem pensa que esteve por detrás do ataque químico?

Com base na informação disponível a probabilidade de ter sido o Governo onde existem os tais foguetes misteriosos é grande. Da mesma forma que em ataques mais pequenos onde se verifica a utilização exclusiva  do rocket m-14 (que já foi visto a ser lançado de rampas improvisadas pelos rebeldes, descartando portanto o lançador BM-14 normalmente usado pelas forças de Assad) ou meros projecteis de artilharia, ( face ao armamento capturado em quartéis e bases aéreas) a possibilidade de serem ataques químicos por parte dos rebeldes é também forte hipótese.




Citar
Este foguete de 330mm é demasiado complexo para ser feito numa qualquer oficina artesanal. Trata-se de combinar componentes de pelo menos 3 foguetes diferentes com um lançador Iraniano. O próprio sistema de lançamento é complicado pois utiliza camiões civis de médio porte e tubos de lançamento (apenas 2) do shalab 2 e o foguete é lançado num ângulo quase de 90º. No máximo alguma destas armas poderia ser usada por rebeldes caso capturada mas seria sempre em pequeno número. A existência do numero de lote indica fabricação em série pelo que a proveniência será sempre de lotes governamentais (o que não quer dizer que no caos sírio tenham sido apenas as Forças armadas Sírias a usar, apenas aumenta essa probabilidade)







Citar
O M-14 é um foguete banal, o qual terá sido fornecido de várias proveniências e capturado (já foi visto na posse de rebeldes varias vezes). A única modificação é no sistema de ignição pelo que é passível de ser feita no mesmo sitio onde se fabricam os foguetes artesanais. Não precisa obrigatoriamente de lançador podendo o mesmo ser construído.A própria simplicidade do sistema onde praticante apenas à que trocar a ogiva HE por uma química torna este tipo de arma possível de ser facilmente usada por qualquer das partes no conflito Sirio. Da mesma forma que outro equipamento como mascaras de gás foi capturado ou fornecido aos rebeldes é credivel que este tipo de foguete também o foi. Mas atenção que ataques quimicos podem ser feitos até com projecteis de artilharia e canhões é algo que não falta nesta guerra civil a todos os intervenientes

Cumprimentos

P.S. Existem fotografias de imagens do tal foguete misterioso bem como de equipamento rebelde artesanal como o "Hell Canon" usado supostamente pelos rebeldes em ataques químicos. Como a analise mais cuidadosa não confirma essas utilizações optei por as deixar fora desta análise embora aqui as coloque.

« Última modificação: Setembro 26, 2013, 10:11:11 pm por mafets »
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/
 

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Lusitano89

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Re: Guerra na Síria
« Responder #138 em: Setembro 26, 2013, 09:17:59 pm »
Guterres descreve cenário de «crise gigantesca» na Síria


O alto comissário para os refugiados, António Guterres, disse hoje que é necessário tudo para apoiar os afectados pela crise na Síria, que em declarações à Rádio ONU descreveu de «gigantesca» e que está a ter sérias consequências no Líbano e noutros países vizinhos. «É preciso compreender que não basta apenas ajuda humanitária. É preciso perceber que há um impacto estrutural deste enorme número de refugiados no sistema educativo e de saúde», afirmou.

«Hoje, há mais estudantes sírios do que libaneses no ensino público no Líbano. No outro dia, visitei um hospital e, em 16 incubadoras, 12 estavam com crianças sírias na Jordânia. Portanto, sem um apoio maciço do ponto de vista do desenvolvimento, do reforço das infraestruturas nos países vizinhos, será impossível estes resistirem a esta pressão tão gigantesca», referiu ainda.

Guterres participou, em Nova Iorque, numa conferência para mobilizar apoios para refugiados e comunidades vulneráveis afectadas pela crise, além de dar «assistência estrutural e financeira para ao Governo libanês».

O impacto do conflito sírio no Médio Oriente levou à criação, pelas Nações Unidas, do Grupo Internacional de Apoio ao Líbano. O país acolhe 720 mil dos 2 milhões de refugiados do conflito, que desalojou outros 5 milhões de pessoas.

A ONU estima que mais de um terço da população síria já deixou o país nos mais de dois anos dos confrontos entre forças governamentais e grupos da oposição, que se saldaram em cerca de 100 mil mortos.

«É preciso tudo, é preciso receber refugiados, ter fronteiras abertas em todo o mundo, receber refugiados em reinstalação, é preciso dar apoio financeiro a organizações humanitárias e é preciso apoiar os Estados que estão a receber os refugiados, e dar-lhes não apenas apoio financeiro mas apoio técnico. Tudo é necessário no presente momento porque esta crise tem uma dimensão à qual o mundo não estava habituado. É uma crise que ultrapassa tudo quanto se podia prever aqui há dois anos», explicou.

No encontro, que decorreu à margem da Assembleia Geral, participaram líderes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, da Liga Árabe e da União Europeia.

Em discussão esteve também o apoio à soberania do Líbano e às instituições da nação mais afectada pela crise síria.

Lusa
 

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mafarrico

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Re: Guerra na Síria
« Responder #139 em: Setembro 27, 2013, 12:00:37 am »
Citação de: "papatango"
Citação de: "mafarrico"
Como eu sou chato deixo-vos este link ainda sobre a questão do ataque químico.

Você por acaso estudou e procurou saber quem é o Michel Chossudovsky ?
Procurou saber a que é que ele dedicou a vida ?

Você não tem feito outra coisa que não seja produzir links para sites de ativistas.
Talvez fosse melhor procurar alguma coisa em que pudéssemos pelo menos considerar que havia um pouco de equilibrio.

O autor do site que você dá como referência, dedica-se às teorias da conspiração...

Esteja descansado. Não conheco nem estou interessado em conhecer o senhor Chossudovsky. O seu pior pesadelo não se vai concretizar. Essa aflição crónica com as teorias da conspiração é um problema seu, terá que o resolver com a sua consciência. A verdade incomoda apenas os que têm carácter fraco. Felizmente há pessoas que pensam pela sua própria cabeça colhendo informações dum lado e do outro e têm uma visão do mundo diferente da sua. Quanto ao artigo que era o mais importante do post ,este não mereceu da sua parte uma única palavra. O artigo foi repescado pelo site Global Research tendo sido publicado originalmente em Al-Akhbar (jornal libanês). Acho de bom tom trazer para a narrativa deste conflito uma peça de jornal árabe. Quem escreveu o artigo foi Sharmine Narwani, uma senior associate em St. Antony's College, Oxford University. Uma das melhores universidades do mundo, é uma referência . Outro autor foi Radwan Mortada, um jornalista libanês que já acompanhou o conflito em solo sírio.
 Quando questões e análises pertinentes são levantadas no link que deixei http://www.globalresearch.ca/questions-plague-un-syria-report-who-was-behind-the-east-ghouta-chemical-weapons-attack/5351337 o Papatango lança fumo e contorna os problemas. As lengalengas do costume. Entre outras manipulações com que já nos habituou nas suas análises dou este exemplo:

(publicado por Papatango a 17/09/2013)
Ao determinar que o gás era de uma qualidade refinada e mais potente que o gás que foi utilizado por Saddam para atacar a população de Halabja prova-se que não se tratou de material roubado no Iraque (o que de qualquer maneira acabava por ser a prova de que afinal havia armas químicas no Iraque, o que não deixa de ser patético) e demonstra-se acima de tudo, que não poderia ter sido produzido pelos rebeldes, como os conspirativos também tentaram afirmar.

Donde é que tirou esta conclusão? O relatório da ONU não especifica a qualidade do gás sarin utilizado pois não? Qual foi a informação do relatório que lhe fez escrever isto ? Mas você como eu sabe que se foi gás refinado, então quase de certeza que foi o regime, pelo contrário se foi gás "artesanal" então quase de certeza que foram os rebeldes.
Aqui no forum já o conhecemos, pela causa americana é capaz de vender a alma ao diabo. Deixe-me que lhe diga que ser tão ingenuozinho não lhe fica nada bem.
"All the world's a stage" William Shakespeare

 

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mafarrico

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Re: Guerra na Síria
« Responder #140 em: Setembro 27, 2013, 12:03:26 am »
Mafets

Obrigado pela sua análise.
"All the world's a stage" William Shakespeare

 

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HSMW

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Lusitano89

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Re: Guerra na Síria
« Responder #142 em: Setembro 28, 2013, 12:07:47 am »
Síria – um conflito interno ou mais um desafio para a comunidade internacional?
Jorge Paulo S. M. Prazeres



Introdução


O actual conflito que decorre na Síria desde 2011, para além de se apresentar como um flagelo, quer para os habitantes daquele território, qualquer que seja a sua etnia ou credo, nas suas mais variadas vertentes, quer para o sistema de equilíbrios estratégicos internacionais. O nó do debate encontra-se agora no Conselho de
Segurança das Nações Unidas, o qual ainda não encontrou uma modalidade rápida e eficaz para por fim à carnificina. A comunidade internacional ocidental clama pelo fim do regime de Assad, mas a Rússia e a China, como membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas têm inviabilizado uma Resolução que legitimize uma intervenção internacional militar na região a fim de enfraquecer o poder do governo.

Há várias formas de abordar conceptualmente a situação de guerra que está instalada na Síria. Para uns, o problema central está na segurança humana e na defesa dos direitos humanos de todas as pessoas que são cilindradas pelas consequências dos conflito, quer como baixas fruto da violência dos combates, quer como desalojados e refugiados, afastados das suas propriedades e dos seus meios de subsistência. Para outros, a questão reside na saída do poder por parte de Bashar al-Assad e na ultrapassagem da "red line" em virtude do emprego de armas químicas. Pela sua complexidade e pela envolvência de importante actores regionais, considerando também as fortes posições tomadas pelos Estados membros permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, este tema reveste-se de uma relevância acrescida para todos os Estados que acompanham os acontecimentos na Síria e que, de alguma forma, estão a ser afectados ou poderão vir a sê-lo no decurso do conflito.

Baseado nos comentários, declarações políticas e documentos oficiais postos em circulação pelos Estados e por actores internacionais, bem como pelas notícias e informações veiculadas pela comunicação social internacional, foi possível desenvolver uma colecção de dados passíveis de trazer alguma luz, não a uma adivinhação prospectiva acerca do desfecho provável para o conflito, mas sim para a descrição do cenário actual, de modo a que, a partir dele, se possam construir cenários prospectivos que determinem outras acções político-estratégicas convenientes para uma adequada gestão do conflito.

A crise do emprego das armas químicas na Síria veio recentrar a opinião pública e a atenção política-estratégica internacional no arsenal químico sírio e já não no conflito bélico que decorre. O problema dos refugiados agudiza-se e as alternativas a al-Assad não são claras.

As notícias difundidas pelas agências governamentais e por outros actores da cena internacional levaram a crer que o que se desconhece terá mais impacto do que a informação factual conhecida. Quais as acções espectaculares para captar a atenção da comunidade internacional que ainda estarão para vir são uma incógnita. Enquanto isso o cenário de guerra na Síria configura-se de uma forma ambivalente entre um conflito doméstico e um dramático quebra-cabeças político-estratégico para os principais actores da cena internacional.

O que sabemos ao nível do conhecimento público?


É opinião geral internacional de que na Síria foram empregues agentes químicos letais contra cidadãos civis durante o conflito que coloca o regime de Assad contra
as facções opositoras.

Os EUA afirmaram que o uso de armas químicas ultrapassavam a "red line" admitida internacionalmente, apesar da Síria não ter assinado qualquer convenção nesse sentido. Barack Obama, necessita tomar uma atitude pública de alcance global para explicar ao mundo que as "red lines" (Roduren e Sanger, 2013), definidas pelos EUA, são para levar a sério. Porém, a atitude a tomar por Obama foi afirmada como não considerando "boots on the ground", ou seja, tropas no terreno da área
de operações. Desta forma, as cautelas americanas quanto a uma intervenção na Síria levaram Barack Obama a considerar imprescindível obter uma autorização
política prévia emanada pelo Congresso americano.

Numa atitude cautelosa e eventualmente impregnada de lições aprendidas no Iraque e no Afeganistão, os militares americanos deixaram transparecer para a comunicação social que uma intervenção militar americana na Síria poderia trazer repercussões não calculadas e incontroláveis para a comunidade internacional.

Até agora ao fim da primeira semana de Setembro de 2013, o Conselho de Segurança das Nações Unidas foi incapaz de emanar uma resolução mandatando uma intervenção militar internacional na Síria, ficando-se pelo envio de monitores e observadores das Nações Unidas para determinar a veracidade do uso de agentes químicos contra populações civis.

Na discussão do conflito sírio fala-se bastante no uso de armas químicas e nos aspectos humanitários de tal emprego sobre as populações civis, mas ainda não foi apresentada uma abordagem consistente no que respeita aos problemas do regime sírio ou ao que se espera depois de uma intervenção militar na região. Algumas das consequências apontadas seriam uma escalada sectária, um aumento do fluxo de refugiados para os países vizinhos, um aumento da instabilidade securitária no
Líbano e no Iraque, bem como uma radicalização diplomática com o Irão (Dworkin et al, 2013), não obstante uma posição aparentemente moderada do novo Presidente do Irão, Hassan Rouhani.

Qual parece ser o objectivo da comunidade internacional ?


Pelas perguntas que os senadores americanos Levin e McCain colocaram ao General Dempsey, "chairman" do "Joint Chiefs of Staff" americano, parece que o objectivo pretendido é o afastamento de Assad do governo sírio e a construção de uma alternativa política negociada (Levin e McCain, 2013).

O conflito na Síria, depois de ter surgido no contexto da Primavera Árabe de 2010, agudizou-se a partir de 2011 e espelha uma profunda divisão político-estratégica naregião do Médio Oriente, colocando, por um lado, o Irão, o Iraque e o Hezbollah em apoio do regime de Bashar al-Assad, e por outro lado, a Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia em apoio da oposição rebelde. Poderão ainda manifestar-se outros interesses no conflito, nomeadamente por parte dos Curdos, da Jordânia e de Israel (Barnes-Dacey e Levy, 2013). Al-Sabat (2013), com algum humor, fazia um esboço caricaturado da rede de relações estratégicas existentes no Médio Oriente, levando a crer que a máxima de que "o inimigo do meu inimigo é meu amigo" pode não ser completamente verificável na região.

Os países do Golfo temendo que a onda de contestação popular pudesse por em causa os seus próximos regimes teriam preferido que Assad conduzisse algumas reformas a fim de apaziguar os ânimos. Em vez disso, o poder Sírio, apoiado pelo Irão, optou por uma política de repressão violenta, levando a que países como a Arábia Saudita e o Qatar tenham manifestado um apoio à mudança de regime na Síria. Os sunitas têm apoiado a oposição ao governo sírio e o Irão aparenta temer mais o uma afirmação sunita na região do que propriamente as qualidades do regime de Bashar al-Assad (Barnes-Dacey e Levy, 2013).

Existe conjunto de países que se poderão assumir como influenciadores neste processo. A Turquia e a França apresentam laços históricos com a Síria, bem como os seus vizinhos que podem desenvolver acções políticas e estratégicas que não deixarão de condicionar o decurso de todo o processo. O Presidente da República do Líbano General Michel Sleiman, Sua Majestade o Sultão de Omã, Qaboos Bin Said Al-Said , ou até o Presidente da Republica do Senegal, Mack Sall, bem como o ex Primeiro Ministro de Singapura, Lee Kuan Yew, são exemplos de entidades que poderão ser vistas como influenciadores do processo diplomática para a procura de uma solução política com vista à gestão da crise vivida na Síria.

Problemático, também, é o facto de a atenção internacional se distanciar um pouco do cerne do conflito sírio entre o regime de Bashar al-Assad e os seus opositores,
para se centrar fundamentalmente no caso circunscrito ao uso de armas químicas.

Qual o papel dos actores internacionais?

França


A França foi um dos primeiros países europeus a tomar uma atitude com alguma visibilidade na condenação do uso de armas químicas na Síria, clamando por uma intervenção militar a conduzir por uma coligação liderada pelos EUA (Le Figaro, 2013). Porém, ficou-se pelas declarações e pela gestão interna da atitude devido a
três aspectos fundamentais:

Os EUA não iniciaram qualquer campanha militar antes de uma aprovação pelo seu Congresso e a França não apresenta capacidade para tomar iniciativas operacionais de forma autónoma e individualizada num teatro de operações como o da Síria, como o fez, por exemplo, no Mali.
A União Europeia mostrou-se pouco propensa a uma actuação militar em bloco, preferindo afirmar publicamente a condenação da utilização de armas químicas e declarando a sua disponibilidade para apoiar soluções de cariz político e diplomático.

A comunicação social referia que o Presidente Holland não teria o apoio na Assembleia Nacional francesa, nem da maioria dos cidadãos para desencadear uma acção militar ofensiva contra o governo sírio.

A França, numa atitude de afirmação política e estratégica dentro da Europa e na comunidade transatlântica, foi ultrapassada pela sua própria incapacidade operacional para conduzir uma atitude militar incisiva. Contudo, não deixou de dar mostras de uma solidariedade inusitada para com os EUA, assumindo a tradicional postura inglesa.

Estados Unidos da América


O Presidente da Administração americana, Barack Obama encontra-se num dilema crítico: atacar militarmente a Síria, sob o argumento principal de que este Estado ultrapassou de forma inadmissível um linha vermelha ao utilizar armas químicas, as quais se enquadram dentro das armas de destruição massiva. Para tal necessita de se legitimar sob o ponto de vista interno ao pedir autorização ao Congresso americano para o fazer, bem como sob o ponto de vista externo, uma vez que o Conselho de Segurança das Nações Unidas não tinha prescrito qualquer mandato para tal acção.

Firmado em 14 de Setembro de 2013, o acordo entre os EUA e a Rússia não foi mais do uma declaração de princípio de que estes dois Estados não iriam vetar uma Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que tipificasse os procedimentos, de acordo com a Convenção para as Armas Químicas (CWC), com vista ao controlo e posterior destruição do arsenal químico sírio.

É importante também referir que neste acordo entre os EUA e a Federação Russa o prazo estipulado de uma semana para que o governo sírio forneça uma lista de
todo o inventário e localização do armamento químico de que dispõe (US Department of State, 2013). Alguns analistas internacionais consideram que o prazo apresentado não é exequível e que poderá vir a ser um dos primeiros aspectos de incumprimento. O próprio acordo antevê que os prazos para a destruição do armamento são ambiciosos, sendo tal adjectivo uma espécie de eufemismo para a palavra "curtos".

Ao governo sírio foi-lhe atribuído o estatuto de entidade primariamente responsável pelo sucesso deste projecto, não considerando qualquer posição tomada ou a tomar por parte da oposição ao regime de al-Assad.

Israel


Desde Abril de 2013 que a comunicação social internacional vinha repostando que países como Israel, a França ou o Reino Unido já teriam alertado os EUA e a NATO de que na Síria estavam a ser usados agentes químicos, alegadamente pelas forças governamentais. Isto ultrapassava claramente a "red line" anunciada por Obama, o que justificaria uma resposta militar dura e incisiva, se bem que sem tropas no terreno, por parte da comunidade internacional (Roduren e Sanger, 2013). A inércia para a intervenção clamada foi sempre justificada por falta de provas conclusivas em relação a tais acusações.

Aparentemente, Israel encontra-se entre duas perspectivas distintas. Se por um lado poderá beneficiar do enfraquecimento estratégico dos seus adversários locais
tradicionais (Barnes-Dacey e Levy, 2013) por estarem prioritariamente envolvidos no conflito sírio, por outro lado, poderá temer um alastramento da instabilidade e
da insegurança por via do fluxo de refugiados, das influências jihadistas nos territórios sob seu controlo, bem como por via da transferência de armamentos para o Hezbollah e dada a proximidade geográfica com a área de conflito.

NATO


A NATO fez eco da posição internacional ao condenar o uso de armas químicas e tomou uma posição cautelosa apoiando-se na legitimidade das Nações Unidas para esclarecer a verdade. Todavia, já em 21 de Agosto de 2013, não deixava de denotar alguma convicção afirmativa, atribuindo ao regime sírio a autoria do emprego de tais armas (Rasmussen, 2013), muito antes da apresentação de conclusões dos relatórios elaborados pelos inspectores da ONU que se deslocaram ao terreno afectado.

A Aliança Atlântica apoiava declarativamente o acordo entre os EUA e a Rússia para o processo de controlo e destruição do arsenal químico sírio, contudo, dava também a entender que acreditava que a solução política para a crise na Síria passaria pelo fim da carnificina com que a comunidade internacional se tem deparado (Rasmussen, 2013).

Tomando como referência as declarações de Ban-Ki-Moon de 16 de Setembro de 2013 quanto à evidência do emprego de armas químicas na Síria, o Conselho NATO-Rússia sublinhou o facto deste uso ter sido declarado como uma grave violação das regras do Direito Internacional, pelo que a comunidade internacional terá que pedir responsabilidades aos prevaricadores (NATO, 2013). Aludindo ao Capítulo VII da Carta das Nações Unidas3, a NATO, com a anuência tácita da Rússia, não parece descartar a possibilidade da condução posterior de uma ação punitiva na Síria, sendo porém muito pouco provável uma campanha com tropas no terreno, considerando os dados iniciais do problema.

Reino Unido

A comunicação social inglesa dava nota da não autorização parlamentar para uma intervenção militar do Reino Unido na Síria e classificava a derrota de David Cameron na Câmara dos Comuns como humilhante para este Primeiro Ministro (Gant, 2013). Tal facto deixou o Reino Unido isolado aos olhos daqueles que defendiam uma acção ofensiva, mesmo que sem tropas no terreno, com David Cameron à mercê da gestão de questões internas de liderança política.

Este "volte face" na política externa britânica levantou algumas questões nomeadamente em relação ao alinhamento tradicional do Reino Unido com os EUA e no que concerne ao seu peso e papel no xadrez estratégico internacional (BBC, 2013). Alegadamente, a experiência da intervenção no Iraque sem um claro mandato das Nações Unidas ainda seria uma referência muita viva em termos de consequências e lições aprendidas. Assim, os britânicos pareceram preferir, não uma corrida para a guerra, mas sim um trabalho coordenado com a comunidade internacional e legitimado pelas Nações Unidas.

Depois da negativa parlamentar em relação à participação militar do Reino Unido na crise da Síria ficou a ideia de que tudo seria uma questão de tempo oportuno e que, face à prova de evidência de uso de agentes químicos e à perspectiva de um claro mandato por parte das Nações Unidas, a posição britânica poderia ser repensada (BBC, 2013).

Apesar do reconhecido valor da proposta apresentada pelo Secretário de Estado americano John Kerry e pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros russo Serguei Lavrov, no Reino Unido o cepticismo de algum forma mantém-se, receando-se que a proposta se transforme numa manobra para se ganhar tempo. Por outro lado, se o plano de controlo e destruição do arsenal químico sírio vier a ser posto em execução será sempre necessário responder às perguntas de "o quê", "onde", "quando", "quem" e "como". O mesmo será perguntar que armas deverão ser retiradas da Síria, para onde, respeitando que calendário e sob a supervisão de quem. Considerando-se o estado de guerra civil no território sírio, faltará também esclarecer em que condições e como tudo se fará (BBC; 2013).

Por último, a comunicação social não deixa de alimentar um ambiente cínico ao levantar a questão acerca da exportação do Reino Unido para a Síria de compostos químicos reconhecidamente utilizáveis no fabrico de agentes químicos letais, tais como o Fluoreto de Sódio e o Fluoreto de Potássio (BBC; 2013).

Rússia

A Rússia tem apoiado o regime de Assad e tem vetado no Conselho de Segurança das Nações Unidas qualquer intervenção armada externa. Tem também considerado que uma intervenção militar americana na Síria é uma agressão e um atentado contra a segurança internacional.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavov, tomou um passo importante para arrefecer a situação conflitual ao propor uma nova modalidade de controlo das armas químicas sírias. Porém, a situação ganhou outros contornos e não foi por isso que se tornou menos complexa (Perkovich, 2013). Os comentadores políticos têm especulado acerca do facto de a Rússia parecer pretender afirmar-se como um actor internacional, igual em poder aos EUA e superior em diplomacia (Stratfor, 2013).

Uma outra visão internacionalmente propalada é que a proposta russa para controlo e destruição do armamento químico sírio constitui-se como uma mais valia para uma solução política e diplomática para o conflito sírio, em que todos os intervenientes ganhariam, numa relação "win-win" (Akulov, 2013). Contudo, o artigo de Akulov não deixa de recordar outras facetas de cariz menos optimista. De entre todos os aspectos a considerar fica no ar a recordação de que o mundo já não está centrado o espaço transatlântico e que existem outro actores individuais e colectivos, como é o caso da Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Estes actores permanecem atentos ao processo e que têm uma palavra a dizer, ostentando um peso político local e regional considerável, se comparado com a União Europeia.

Apesar de uma procura concertada de soluções para a crise Síria, Sergei Lavrov continua a manter alguma pressão sobre a comunidade internacional insinuando suspeições sobre a origem dos ataques químicos e sugerindo que não foram consideradas todas as fontes de notícias.

Síria


A Síria admite sujeitar o seu arsenal químico ao controlo internacional, mais propriamente ao da Rússia, e considerar uma possível destruição posterior desse armamento, se isso contribuir para a solução do conflito internacional em que os EUA são protagonistas (Dyer, Clover, Blitz, 2013).

Esta modalidade aparece, para os analistas políticos como uma manobra de bastidores, uma vez que esta passagem de responsabilidade no controlo será muito difícil de realizar face ao processo violento de guerra civil que a Síria vive (Gernstein, 2013). Como factor positivo realça-se o facto de o governo sírio ter aceitado aderir à CWC e aceitar as orientações emanadas pela Organization for Prohibition of Chemical Weapons (OPCW).

Em todo este processo, o conflito que opõe o regime sírio aos seus opositores parece ter sido arredado para segundo plano, ganhando as armas químicas foros de protagonista. Se tal situação colocou o regime de Bashar al-Assad sob o escrutínio mais apertado da comunidade internacional, fortalecendo a posição das milícias
opositoras. Por outro lado, retirou à oposição alguma visibilidade, deixando margem de dúvida acerca dos autores das atrocidades cometidas envolvendo armas químicas.

Turquia


A Turquia mostrou-se desiludida com a NATO e com a política americana. Reconheceu que tem um problema político e estratégico junto às suas fronteiras, pois o conflito e a crescente afluência de refugiados já fez espirrar consequências para dentro do seu território (Dombey, Spiegel, 2013). Apelou a uma intervenção americana militar firme e afirmou descontentamento com a forma como a administração americana demonstrou fraqueza na tomada de iniciativa e como procurou legitimar internamente a sua relação no que concerne ao uso de agentes químicos na Síria (Dombey, Spiegel, 2013).

A Turquia, por seu lado, constatou que dificilmente poderá tomar qualquer iniciativa autónoma e que dificilmente poderia integrar forças colocadas no Mediterrâneo
para bombardear a Síria (Dombey, Spiegel, 2013).

União Europeia


A União Europeia têm-se mostrado incapaz de tomar qualquer iniciativa credível na gestão da crise Síria, estando à mercê das políticas externas individualizadas dos seus Estados membros. As posições divergentes do Reino Unido e da França neste projecto são a materialização desta incapacidade para a assumpção de uma política comum e forte. Por outro lado, a União Europeia assume-se como doador potente para a reconstrução do país e para o processo de desmantelamento do arsenal químico sírio (Ashton, 2013).

Nações Unidas


Dos comentários de Ban-Ki-Moon (2013), apoiados na informação vertida no relatório dos inspectores da ONU sobre o uso de armas químicas ocorrido em Damasco, na área de Ghouta, em 21 de Agosto de 2013, retira-se que foi oficialmente confirmado o uso de gás de nervos Sarin, o qual terá sido disseminado através de foguetes superfície-superfície (UN Secretary General, 2013).

O Secretário Geral da ONU classificou este acto como uma grave violação do Protocolo 1925 e de outras regras comuns do Direito Internacional, pelo que os seus autores deverão ser acusados de crimes contra a humanidade, conduzidos à presença da justiça e julgados (Ban-Ki-Moon, 2013). Por último, ficou implícito que no conflito da Síria tão maus são uns como outros, dadas as atrocidades e a aniquilação indiscriminada de cidadãos através de acções conduzidas quer pelas forças governamentais, quer pelas milícias opositoras.

A comunicação social reportou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu para análise do relatório produzido pelos inspectores que se deslocaram ao terreno sírio. Enquanto o grupo constituído pelo Reino Unido, França e EUA parecem favoráveis à consideração do Artigo VII da Carta das Nações Unidas no caso da Síria não cumprir os acordos propostos para o desmantelamento do arsenal químico, a Rússia aparenta defender soluções longe de uma intervenção militar, preferindo que a alusão ao Capítulo VII seja retirado de uma próxima resolução da ONU sobre este conflito (Parsifalseven, 2013).

Espera-se um trabalho árduo ao nível das Nações Unidas para se preparar um texto de Resolução, tão livre de ambiguidades semânticas quanto possível para evitar que surjam interpretações diferentes que conduzam a incumprimentos e à perspectiva de sanções não aceites por todos os actores envolvidos.

O que não sabemos ?

De toda a análise efectuada, digerindo as notícias e as informações credíveis de que se dispõe acerca do conflito na Síria, constata-se que o que sabemos é incomensuravelmente inferior ao que se desconhece. Como referia Nassim Taleb (2011), explorando os conceitos de "Cisne Negro" e de "altamente improvável", o desconhecido será aquilo que marcará o rumo dos próximos acontecimentos, quer por parte da comunidade internacional, quer por parte das entidades em confronto
no terreno.

Não sabemos, com a apresentação de uma proposta para o controlo do arsenal químico sírio, com origem na diplomacia russa e americana, se existe uma real intenção e capacidade de operacionalizar todos os aspectos propostos. Não sabemos também se Washington renunciou a um ataque militar à Síria por uma questão de fraqueza política e necessidade de reforçar a sua legitimidade, se por uma questão operacional de procura de melhor janela de oportunidade.

Desconhece-se qual seria a posição da China num conflito internacional aberto centrado no teatro de operações da Síria.

Outras questões se poderiam colocar, tais como:
Qual a capacidade de resposta militar, estratégica e política da Síria face a um ataque ao seu território?
Que resultados práticos poderá ter uma intervenção militar internacional?
Como se poderia aplicar neste caso particular as teorias de gestão civil de crises defendida pela União Europeia? Será que se começaria pelo
estabelecimento de eleições democráticas no país?

Até que ponto é possível cumprir no tempo os acordos estabelecidos entre a Rússia e os EUA na resolução diplomática para a crise Síria? Não obstante os aspectos positivos, há questões incontornáveis que se colocam, considerando que para haver controlo do armamento em causa terá que haver pessoal especializado no terreno, num ambiente de permanente conflito e de hostilidade entre as partes em confronto. Para além do mais, coloca-se o problema ao nível das infra-estruturas e tecnologia disponível para a consecução do projecto de desmantelamento do arsenal químico, já sem contar com a segurança do pessoal envolvido neste processo.

Que tipo de regime será possível perspectivar para uma Síria pós-Bashar al-Assad?

Qual o desfecho, em termos da construção do texto de uma possível resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que reflicta um real comprometimento das partes envolvidas para uma solução efectiva quanto ao controlo e destruição do arsenal químico sírio. Quais são, ao certo, as vantagens de uma intervenção internacional
militar na Síria, tendo em conta a perspectiva desejada de uma mudança de regime político naquele país, sobretudo pelo facto de nenhum dos interlocutores no terreno ser suficientemente credível para vir a assumir o poder numa hipotética fase pós Bashr al-Assad.

Que acção espectacular as partes em conflito poderão desencadear para recentrar a atenção e os apoios materiais proporcionados pela comunidade internacional no conflito bélico no terreno, e não na discussão política acerca do uso de agentes de nervos como armas de destruição massiva.

Alguns analistas, tais como Ralf Zielenka (2013), levantam dúvidas acerca do papel das agências internacionais de informação política e estratégica. Segundo o autor, ou as agências sabiam, e quem de direito deveria estar informado acerca dos ataques químicos e dos seus contornos, ou então trata-se de incompetência pura que se materializou num elevado número de mortos. Será que os Estados envolvidos na procura de soluções não fazem, ou não fizeram, parte integrante do problema?

Conclusões


Como conclusões aponta-se o facto de, em relação ao grave conflito aberto que se vive na Síria, o que se desconhece apresenta uma importância relevante sobre
aquilo que se sabe. Poder-se-á apenas construir e desenvolver alguns cenários plausíveis e, como base neles, prospectivar algumas modalidades de acção para se chegar a um final desejado.

Enquanto a comunidade internacional e as suas entidades representantes se reúnem nos fora específicos, e enquanto o público vai consumindo o produto mediático, o número de refugiados e desalojados vai aumentando e no terreno continuam a esgrimir-se avanços e recuos tácticos.

A complexidade do actual cenário na Síria é de tal forma relevante que uma intervenção militar para apoiar o derrube do governo de Bashar al-Assad, mesmo que sem tropas no terreno, não será tomada de ânimo leve. A força dos apoiantes desta modalidade equilibra-se com a daqueles que apenas aceitam o que for legitimado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O que não se sabe poderá assumir contornos de relevante importância para o desenrolar do conflito na Síria, criando dificuldades ao estabelecimento de cenários prospectivos e à preparação de modalidades de acção oportunas, por parte da comunidade internacional, para mitigar as consequências devastadoras dos confrontos no terreno e das lutas regionais pelo poder.

Se para uns o conflito se pode resumir a uma guerra civil interna, com repercussões locais, abrangendo os pólos de poder mais próximos, para outros cada vez se trata de um quebra-cabeças humanitário e estratégico com dimensões para além das meramente regionais.


Jornal  Defesa
« Última modificação: Setembro 28, 2013, 09:56:55 pm por Lusitano89 »
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #143 em: Setembro 28, 2013, 05:28:31 am »
"All the world's a stage" William Shakespeare

 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #144 em: Setembro 28, 2013, 08:00:40 pm »
Alemanha pronta para ajudar na destruição das armas químicas sírias


A Alemanha "está pronta para fornecer uma ajuda financeira e técnica" para destruir as armas químicas sírias, declarou hoje em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Guido Westerwelle. "Estas armas devem ser totalmente destruídas segundo um calendário rigoroso", afirmou o chefe da diplomacia alemã, a partir da tribuna da Assembleia-geral da ONU, sem especificar a natureza, nem o montante, da ajuda disponibilizada pelas autoridades de Berlim.

"O uso de armas químicas é um crime contra a civilização (...) e deve ser punido", reforçou Guido Westerwelle.

Congratulando-se com a resolução aprovada na sexta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, que força o regime de Damasco a destruir cerca de 1.000 toneladas de armas químicas em menos de um ano, o ministro alemão frisou que os sírios "vão continuar a ser mortos diariamente por armas convencionais".

Westerwelle apelou para uma "solução política" e saudou o anúncio das Nações Unidas sobre a possível convocação, em novembro, de uma conferência de paz "cujos pormenores ainda precisam de ser clarificados".

"Esta semana em Nova Iorque tem sido encorajadora", resumiu Westerwelle, que considerou que um "novo começo" foi igualmente alcançado na relação entre o Irão e o Ocidente.

 As negociações em Nova Iorque com o novo Presidente iraniano, Hassan Rohani, e o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, "foram encorajadoras", adiantou o ministro alemão, salientando no entanto ser necessário "reconstruir a confiança".

"O Irão deve tirar todas as dúvidas da comunidade internacional sobre a natureza exclusivamente pacífica do seu programa nuclear", afirmou.

A Alemanha faz parte do grupo "5+1" (que integra também os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), participando nas negociações regulares com Teerão sobre o dossiê nuclear.

"A Alemanha está disponível para conduzir as negociações de forma construtiva, mas a nova retórica proveniente de Teerão deve ser posta em prática (...) a partir de agora ", sublinhou.

A comunidade ocidental suspeita da natureza do programa nuclear iraniano, afirmando que Teerão tem ambições bélicas e pretende adquirir armas atómicas. O regime iraniano sempre recusou tais acusações.

Lusa
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #145 em: Setembro 28, 2013, 08:31:48 pm »
http://www.voltairenet.org/article180296.html

La guerre en Syrie : une guerre pour l’énergie ?

par Alexandre Latsa


Même si les très importantes ressources gazières syriennes n’ont plus la même importance aujourd’hui qu’il y a douze ans, lorsque la guerre a été planifiée, elles restent un enjeu invisible du conflit. La Commission économique de la Coalition nationale a consacré ses principaux travaux à la répartition du gaz entre les alliés le « jour d’après » la chute programmée de l’État syrien. Cependant, celle-ci ne venant pas, les grandes puissances doivent revoir leur copie.

Réseau Voltaire | Moscou (Russie) | 18 septembre 2013


Alors que la guerre en Syrie continue, le mainstream médiatique, qui s’acharne contre l’État syrien, oublie de façon récurrente de rappeler l’un des aspects les plus essentiels de ce conflit : l’aspect énergétique et notamment gazier [1]. Cet aspect explique principalement le soutien actif de la Russie à non pas la personnalité de Bachar El-Assad mais avant tout contre l’effondrement du régime syrien car celui-ci, voulu de l’extérieur, serait un élément géopolitique d’un dispositif bien plus large et assez directement dirigé contre elle.

Lorsque la Russie commence à relever la tète à compter des années 2000, elle devient en effet le principal obstacle au plan de prise de contrôle des voies énergétiques liant l’Europe et l’Eurasie via les Balkans que les stratèges états-uniens ont programmé et entamé via notamment la guerre en Serbie en 1999.

Les États-Unis et l’Union européenne vont alors chercher par tous les moyens à diversifier l’approvisionnement des pays européens pour réduire leur potentielle dépendance envers Moscou. C’est le début du projet de gazoduc Nabucco, aujourd’hui quasiment abandonné, qui consistait à permettre l’alimentation de l’Europe en gaz produit en Azerbaïdjan et au Turkménistan, via un itinéraire qui aurait traversé la Turquie et évité la Russie tout en contournant la Grèce. Autour de ce projet, il y avait un plan géopolitique états-unien très ambitieux : transformer l’allié turc en pivot central d’un « Moyen-Orient élargi » à remodeler et aussi en un centre régional de transit énergétique entre les Balkans et le Moyen-Orient.

On comprend dès lors mieux les velléités US pour que la Turquie intègre l’Union Européenne et aussi pour garder cet État dans leur giron, ce qui leur permettrait de contrôler indirectement mais fermement l’approvisionnement énergétique de l’Europe et surtout d’empêcher une alliance continentale énergétique euro-russe jugée contraire aux intérêts états-uniens en Eurasie.

Ce projet Nabucco a cependant échoué puisque le Turkménistan s’est tourné vers la Chine [2] et que l’Azerbaïdjan s’est lui rapproché du projet russe South Stream [3]. Développé en 2007, South Stream, a pour objectif de permettre à la Russie de garder le contrôle sur l’approvisionnement de l’Europe via notamment la Caspienne et le Kazakhstan (membre de l’Union douanière), tout en y incorporant la Serbie dont l’importance énergétique pour l’Union européenne sera, dans l’avenir, aussi grande que celle de l’Ukraine aujourd’hui. Une Ukraine définitivement contournée pour que ne se reproduise plus les incidents de 2006 et les coupures d’approvisionnement en Europe.

Après la faillite de la Grèce suite à la crise financière, la Russie s’était engagée sur la voie du rachat du consortium gazier grec par Gazprom. Ces négociations se sont arrêtées lorsque le département d’État US a tout simplement mis en garde Athènes contre une coopération énergétique avec Moscou et déconseillé une cession à Gazprom qui « permettrait à Moscou de renforcer sa domination sur le marché énergétique de la région ». South Stream prévoit malgré tout un embranchement vers la Grèce, achevant de transformer le projet en une sorte de pont énergétique orthodoxe en direction de l’Europe.

La position d’Ankara est à ce jour assez ambiguë. Fortement liée à la Russie sur le domaine énergétique par Blue Stream, Ankara a également accepté qu’un raccord soit opéré entre Blue Stream et South Stream. En outre le pays, seconde puissance de l’Otan, s’est également déclaré candidat à rejoindre l’Organisation de coopération de Shanghai (l’alliance politique sous direction sino-russe), avec laquelle le pays a signé en début d’année 2013 un partenariat de dialogue préalable à l’adhésion. Est-ce le signe d’un profond et crucial retournement d’alliance ?

La Syrie, aux prises avec une guerre civile et interconfessionnelle qui oppose chiites et sunnites, est directement concernée par deux projets de gazoducs liés aux projets Nabucco et South Stream mentionnés plus haut.

En 2009, un projet appelé Friendship Pipeline a été lancé par l’Iran, l’Irak et la Syrie, trois pays à gouvernance musulmane chiite ou laïque [4]. Le tube amènerait du gaz iranien à la Méditerranée, en vue d’alimenter l’Europe, mais en évitant le territoire turc. Ce projet, destiné à permettre à l’Iran d’écouler son stock en Europe, comprend également une extension vers le Liban et selon Roland Lombardi devrait être à terme raccordé au projet russe South Stream. Il faut rappeler que l’Iran était initialement pressenti comme fournisseur essentiel de Nabucco mais sera rapidement exclu du projet pour des raisons politiques et aussi sans doute après que le renversement du régime soit apparu comme de plus en plus improbable, tant par la force que par des procédés moins violents comme l’embryon de révolution de couleur qui a frappé le pays en 2009

En 2009 aussi, un autre projet a été lancé, un projet de pays sunnites et qui aurait reçu l’aval du Pentagone. Du gaz qatari serait livré en Europe, par un gazoduc qui partirait du Qatar, traverserait l’Arabie Saoudite puis la Syrie et enfin la Turquie. Au passage ce projet ressusciterait Nabucco, soutenu par les Turcs et les États-uniens, mais abandonné pour l’instant faute de fournisseurs de gaz fiables. Bien entendu, ce projet du Qatar est irréalisable si l’administration de Bachar el-Assad n’est pas anéantie et remplacée par un gouvernement docile. On comprend mieux ce qui peut pousser un certain nombre de pays à s’engager activement dans le soutien à l’opposition syrienne [5].

On voit que le point focal de cette concurrence entre les producteurs de gaz est l’Union européenne, cet énorme marché solvable dont la consommation de gaz ne devrait qu’augmenter malgré la crise.

Plus que jamais, les choses se passeront en Méditerranée car de nouveaux acteurs vont bientôt apparaitre sur le marché [6]. Israël et Chypre ont découvert de très grandes réserves de gaz off shore dans leurs zones économiques exclusives, ces deux pays deviendront à moyen terme des pays exportateurs importants. Dans ce bassin de la Méditerranée orientale, il est probable que les découvertes de gaz off shore ne font que commencer. Le Liban et la Syrie pourraient aussi disposer de réserves exploitables de gaz.

Pour l’exportation de ces nouvelles ressources deux solutions qui mélangent commerce et géopolitique s’affrontent déjà. Les USA sont partisans d’un réseau de gazoducs qui alimenteraient l’Europe en traversant la Turquie et les pressions sur Israël ont déjà commencé. Les Russes, pour leur part, préfèreraient que ce gaz soit liquéfié et exporté par méthaniers vers l’Asie industrielle.

Le grand jeu énergétique semble s’accélérer, opposant plusieurs projets énergético-civilisationnels qui traduisent clairement les ambitions politiques et stratégiques de blocs politiques entre lesquels la guerre énergétique est visiblement en train de s’intensifier.

Alexandre Latsa

Source
RIA Novosti (Fédération de Russie)

[1] Lire l’article de référence : « La Syrie, centre de la guerre du gaz au Proche-Orient », par Imad Fawzi Shueibi, Réseau Voltaire, 8 mai 2012.

[2] « La géopolitique des pipelines à un tournant capital », par Melkulangara K. Bhadrakumar , Traduction Nathalie Krieg, Asia Times Online (Chine), Réseau Voltaire, 1er février 2010.

[3] « L’Azerbaïdjan se retire du projet Nabucco », Réseau Voltaire, 28 juin 2013.

[4] « Relance du chantier de gazoduc Iran-Irak-Syrie », Réseau Voltaire, 20 novembre 2012.

[5] « Syrie : l’Otan vise le gazoduc » et « Syrie : la course à l’or noir », par Manlio Dinucci, Traduction Marie-Ange Patrizio, Il Manifesto (Italie), Réseau Voltaire, 10 octobre 2012 et 2 avril 2013.

[6] « Le bassin du Levant et Israël - une nouvelle donne géopolitique ? » et « Tensions croissantes pour l’énergie en Mer Égée », par F. William Engdahl, Réseau Voltaire, 29 mai et 22 juin 2012.
Alexandre Latsa

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Re: Guerra na Síria
« Responder #146 em: Setembro 30, 2013, 01:13:59 am »
Esqueçam o vendedor de banha de cobra Papatangas.

Se quiserem saber coisas sobre o ataque quimico do dia 21 de Agosto este é o blog que devem ler:

http://whoghouta.blogspot.co.uk/
"All the world's a stage" William Shakespeare

 

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papatango

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Re: Guerra na Síria
« Responder #147 em: Setembro 30, 2013, 02:52:05 pm »
O seu discurso parece-se cada vez mais com o de outro participante...  :mrgreen:

E sim.

Não dêm atenção a quem tenta juntar dois com dois e perceber o que se passa. É melhor ver o que diz um qualquer obscuro blog.
Eu acho mesmo que a melhor forma de perceber tudo sobre o ataque sírio, é consultar a página do facebook, desse grande democrata e defensor dos direitos humanos, Bashar Al Assad.

Para quê fazer perguntas, que gente como Putin ou Bashar, já pensaram por nós ...



Todos os factos apresentados se mantêm.
A gigantesca tentativa de manipulação da opinião pública, iniciada pelas centrais de propaganda da máfia russa, que alimentam os sites das «malucas» conspirativas continuam como sempre.

As meias verdades, são meio caminho para gerar a confusão. Divulgar mentiras para a seguir dizer que todos são mentirosos.
Esse é o modus operandi dos criminosos.

Todos os criminosos.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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mafarrico

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Re: Guerra na Síria
« Responder #148 em: Setembro 30, 2013, 10:00:18 pm »
http://nationalinterest.org/commentary/ ... again-9104

Turkey's Syria Calculus Must Change Again

Kemal Kirisci September 23, 2013



The Russian-U.S. agreement that saw Syria’s hurried accession to the Chemical Weapons Convention left Turkey’s Syria calculus in considerable disarray. In a span of less than a few weeks, the Turkish prime minister, Recep Tayyip Erdoğan, and his minister of foreign affairs, Ahmet Davutoğlu, witnessed the prospects of their aspiration to see the end of the Assad regime rise and then simply disappear, at least for the foreseeable future.

The events of August 21 in the outskirts of Damascus which, according to a U.S. intelligence assessment, caused the death of more than 1,400 people, including young children, sparked the prospects of a military intervention by the United States. Erdoğan was quick in expressing his support for such an eventuality without clarifying the form of Turkey’s involvement. In an effort to galvanize support, he loudly accused the international community and particularly the West of being insensitive to the sufferings of civilians. He fired accusations at the U.S. and the West, ranging from alleging an absence of basic ethics to accusing them of outright Islamophobia for failing to respond to the sufferings of the Muslims in Syria. He called for nothing less than an intervention “like [the 1999 NATO intervention] in Kosovo” to bring an end to Assad’s regime and hence to the suffering of the Syrian people. His and his foreign minister’s calls fell on deaf ears, leaving Turkey out of step with the rest of international community—with the exception of Saudi Arabia and Qatar. How did Turkey become so isolated, and where does this leave Turkey’s Syria calculus?

Turkey’s calculus has passed through a number of distinct stages. When peaceful protests first broke out in March 2011, Syrian-Turkish relations were still at their best. In fact, relations began warming after the Justice and Development Party (AKP) came to power in November 2002. Soon after the elections, Turkey became a major trading and diplomatic partner of Syria’s, accompanied by the development of a close relationship between Erdoğan and Bashar al-Assad. This closeness led Erdoğan to press Assad for reforms on a number of occasions—with considerable goodwill.

As the situation deteriorated, especially during Ramadan in the summer of 2011, he dispatched Davutoğlu to Damascus. The mission to persuade Assad to halt repression failed, however, and Turkey took a complete U-turn in its policy towards Syria. In September 2011, Erdoğan unequivocally called for Assad to recognize the Syrian National Council as the official representative of the Syrian opposition. Not only did both countries withdraw their diplomatic representatives, but the free-trade agreement between the two sides was also put on hold. The Turkish government, like much of the rest of the international community, predicted the downfall of the Assad regime within a few months, if not weeks—explaining Davutoğlu’s objection to any form of military intervention, at the time, except for the one sanctioned by the UN.

The regime’s brutality towards its own people, Assad’s resilience, the constant flow of refugees into Turkey, and the downing of a Turkish fighter plane in June 2012 contributed to producing yet another revision of Turkey’s Syria calculus. The Turkish government began to raise the need for a military intervention in the international community to ensure the protection of civilians and also bring about regime change. Erdoğan’s perspective was straightforward and pretty much black and white. The deeds of the Syrian regime were clearly those of a brutal and vicious oppressor who was in violation of all international norms. Hence, Ankara argued, it was the international community’s duty to stand by the victims and intervene on their behalf. By August 2012, Davutoğlu raised the idea of an internationally imposed safe zone at the UN Security Council. However, he was met with silence and even some disapproval. Turkey’s failure to mobilize the United States and the international community in support of such an intervention coincided with the determined and effective involvement of Iran and Russia in Syria in support of the regime.

This situation was further aggravated by the increasing appearance of al-Qaeda affiliated groups in Syria with their own radical agendas. This brought the Turkish objective of achieving a transition to a more democratic order with the regular Syrian opposition into question. Such an image led continuing criticisms of the government’s Syria policy at home and the public’s reluctance to see Turkey involved in Syria. A poll conducted by Kadir Has University in Istanbul between December 2012 and January 2013 found out that only 33 percent of those polled supported the government’s policy. In addition, 46 percent of the population found Turkey’s Syria policy generally unsuccessful and, in a separate question, 43.5 percent stated that Turkey should stay neutral in the Syrian civil war. It is against such a background that in May 2013 Erdoğan travelled to Washington, D.C. to seek support directly from Obama for a no-fly zone as the flows of refugees once more began to rise. UNHCR issued a prediction that the numbers of refugees in Turkey was likely to increase from just under half a million to one million by the end of the year. He failed to persuade Obama, who instead counseled the Turkish prime minister to support a negotiated departure of Assad through Geneva II.

Consequently, Erdoğan’s new adjustment to his Syria calculus faded away during the course of this past summer. When Obama defined the brutal use of chemical weapons in Damascus as the unacceptable crossing of his infamous “red line,” Erdoğan’s and Davutoglu’s hopes that a military intervention might take place were revived. However, these hopes were dashed rather quickly. Instead, Turkish foreign policy now faces the prospect of Assad remaining in power. Yet the absence of a military intervention seems in line with Turkish public opinion. Many protests have occurred in Turkey against military intervention, and a Transatlantic Trends survey found that 72 percent of Turks polled were against such interventions—10 points higher than the average level of support amongst Americans. Therefore, the notion of a military intervention against Syria to overthrow Assad, at least for the time being, is not an option. Additionally, Obama seems to have readjusted his earlier position away from an unequivocal commitment to regime change in Syria.

Instead, Turkey’s Syria calculus ought to become more realistic and focus on addressing the ever-growing refugee and humanitarian crisis while ensuring that radical Islamists groups and Assad’s infamous Mukhabarat do not threaten Turkey’s security and do not aggravate the humanitarian crisis in Syria. Extending quality protection of and humanitarian assistance for Syrian refugees and internally displaced persons appears to be much more within Turkey’s reach than ensuring the downfall of Assad’s regime. Given the current circumstances, attending to the needs of Syrian refugees and Turkey’s security interests is far more practical and realistic, as well as a wiser and a worthier cause to pursue.
"All the world's a stage" William Shakespeare

 

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mafets

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Re: Guerra na Síria
« Responder #149 em: Setembro 30, 2013, 10:41:54 pm »
Citação de: "mafarrico"
Se quiserem saber coisas sobre o ataque quimico do dia 21 de Agosto este é o blog que devem ler:

http://whoghouta.blogspot.co.uk/

Li com bastante atenção este blog, (o qual tem um conjunto de algumas ideias técnicas que aqui tenho defendido) e parece-me bastante interessante principalmente por dois aspectos:

1 - Aborda a questão dos foguetes M-14;


É certo que é um sistema obsoleto mas principalmente é fácil de encontrar e tem uma ogiva química. Desde a Argélia ao Sudão. passando pelo Egipto, todos usaram este foguete e deverão existir quantidades apreciáveis em Stock (inclusive na Síria http://en.wikipedia.org/wiki/BM-14). Desde Paióis, Bases, Quartéis, tudo já foi tomado pelo rebeldes e rê-tomado por forças governamentais.




Mas a maioria das explicações que faltavam, estão nesta obra )basta lê-la e juntar 2 mais 2): http://rapporter.ffi.no/rapporter/2009/00179.pdf

2-  Colocou-me "a pulga atrás da orelha" em questão aos tais foguetes químicos (designados UMLACA) e ao seu real  alcance.

Da pesquisa que anteriormente já tinha efectuado o tipo de arma mais parecido que encontrei foi o foguete de 345mm M-130 Norte Americano, que no minimo tera servido de inspiração para o UMLACA. Se repararem as semelhanças existem:


Conspirações à parte, havia porem aqui a tal questão do alcance. Um foguete como o UMLACA que é lançado quase num angulo de 90ª e segundo os dados disponibilizados  apenas tem um raio de acção máximo de 3 a 4 km quando um foguete normal de artilharia teria sempre alcance na ordem de 1 a 2 dezenas de KM. Sem armas a que comparar (verifiquei foguetes russos e iranianos mas o formato e as distancias máximas não tinham correspondência) voltei ao M-130 e verifiquei que afinal tratava-se de um sistema anti-minas para a engenharia com um alcance a rondar os 150 metros (http://www.military-today.com/engineering/slufae.htm).
Citar
The XM130 rocket fired by SLUFAE consists of a barrel-shaped fuel-air explosive warhead, propelled by a 5-inch Zuni rocket motor, and is stabilized by a circular tailfin. These munitions are 345 mm wide, 2.38 m long, and weighed 45 kg. At a set altitude after launch, a proximity fuse airbursts the warhead, dispersing a highly volatile vapor, which immediately combusts on contact with air. The resulting explosion creates a massive, crushing overpressure, which is sufficient to detonate many types of landmines. An XM130 with an inert warhead for training purposes was also developed.
Apesar de não ter sido colocado em serviço os resultados foram positivos nos testes. O próprio conceito de ter "uma espoleta de proximidade que activa a ogiva dispersando um vapor volátil que entra em combustão quando em contacto com o ar" parece também ser perfeitamente plausível de adaptar para uma arma química (já que apenas à que substituir o tal vapor por gás sarin ou qualquer outro elemento nocivo).


Por ultimo e voltanto ao primeiro link que postei (http://rapporter.ffi.no/rapporter/2009/00179.pdf), neste compêndio de foguetes de artilharia é perfeitamente explicado as trajectórias dos projecteis com vista a maximizar o efeito sobre as tropas ou o equipamento inimigo, a trajectória versus o alcance, entre outros, deixando claro mais duas questões:
 
1- Este Blog (http://whoghouta.blogspot.co.uk/) é sobre alguém que tecnicamente percebe o suficiente para falar sobre o assunto.

2- A UCLAVA tem origem e componentes de artilharia Russos, Iranianos e possivelmente até iraquianos pré 1991(https://www.cia.gov/library/reports/general-reports-1/gulfwar/cwagents/figure7.gif/image.gif). A sua inspiração parece ser o M-130 norte-americano  e pelas trajectórias de impacto o efeito do foguete é maximizar os danos (neste caso a dispersão do componente químico). POrem, nem sempre as imagnes correspondem ao foguete e ao impacto deste numa descendência vertical, pelo que é fácil perceber porque.



Cumprimentos

P.S. Embora seja abordado novamente a questão das supostas imagens de um ataque químico por parte dos rebeldes da Al- Islam, continuo a achar que não são  conclusivas. Ao contrário de outras... :mrgreen:
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

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