Arqueologia/antropologia/ADN

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #45 em: Março 30, 2019, 11:54:13 am »
"Foram os árabes muçulmanos que começaram o tráfico de escravos em grande escala"

O antropólogo e economista franco-senegalês Tidiane N'Diaye considera que o tráfico de escravos árabo-muçulmano realizado durante quase mil anos ainda não foi reconhecido em toda a dimensão. Falta virar esta página.



O tráfico de escravos árabe-muçulmano é o tema da investigação de Tidiane N'Diaye o comércio

João Céu e Silva
18 Março 2019

Tidiane N'Diaye publicou O Genocídio Ocultado em 2008, mas mais de uma década depois o que acusa de ser um encobrimento de práticas esclavagistas árabo-muçulmanas entre o sétimo e o décimo sexto, quase mil anos, ainda se mantém.

Sem ignorar o tráfico transatlântico que se segue durante quatro séculos, considera que "os árabes arrasaram a África Subsariana durante treze séculos ininterruptos" e que a "maioria dos milhões de homens por eles deportados desapareceu devido ao tratamento desumano e à castração generalizada".

Para o investigador franco-senegalês, é mais do que tempo de "examinar e debater o genocidário tráfico negreiro árabo-muçulmano como se faz com o tráfico transatlântico".


A sua introdução ao ensaio O Genocídio Ocultado é muito violenta. Pode dizer-se que a escravatura arábo-muçulmana foi a mais dura?
É preciso reconhecer que as implosões pré-coloniais inauguradas pelos árabes destroem sem dúvida os povos africanos, que não tiveram um intervalo desde sua chegada. Como mostra a história, os árabes-muçulmanos estão na origem da calamidade que foi o tráfico e a escravatura, que praticaram do século VII ao século XX. E do sétimo ao décimo sexto século, durante quase mil anos, eles foram os únicos a praticar este comércio miserável, deportando quase 10 milhões de africanos, antes da entrada na cena dos europeus. A penetração árabe no continente negro iniciou a era das devastações permanentes de aldeias e as terríveis guerras santas realizadas pelos convertidos a fim de obter escravos de vizinhos que eram considerados pagãos. Quando isso não era suficiente, invadiram outros alegados "irmãos muçulmanos" e confiscaram os seu bens. Sob este acordo árabe-muçulmano, os povos africanos foram raptados e mantidos reféns permanentemente.

A recente islamização dos povos africanos excluiu as práticas de escravidão?
O islão só permite a escravização de não-muçulmanos. Mas em relação aos negros, os árabes utilizaram os textos eruditos como os de Al-Dimeshkri: "Nenhuma lei divina lhes foi revelada. Nenhum profeta foi mostrado em sua casa. Também são incapazes de conceber as noções de comando e de proibição, desejo e de abstinência. Tem uma mentalidade próxima da dos animais. A submissão dos povos do Sudão aos seus chefes e reis deve-se unicamente às leis e regulamentos que lhes são impostos da mesma maneira que aos animais. "

Considera existir um "desprezo dos árabes pelos negros no Darfur". Mantém-se até à atualidade?
Sim. No inconsciente dos magrebinos, esta história deixou tantos vestígios que, para eles, um "negro" continua sendo um escravo. Eles nem podem conceber que os negros estejam entre eles. Basta ver o que está a acontecer na Mauritânia ou no Mali, onde os tuaregues do norte jamais aceitarão o poder negro. Os descendentes dos carrascos, como os das vítimas, tornaram-se solidários por motivos religiosos. Mas existem mercados de escravos na Líbia! Somente o debate permitirá superar essa situação. Recorde-se que em França, durante o comércio de escravos e a escravatura, havia filósofos do Iluminismo, como o Abade Gregório ou mesmo Montesquieu, que defendiam os negros, enquanto no mundo árabo-muçulmano os intelectuais mais respeitados, como Ibn Khaldun, também eram obscurantistas e afirmavam que os negros eram animais. Nenhum intelectual do Magrebe levantou a voz para defender a causa dos negros. É por esta razão que este genocídio assumiu tal magnitude e continua. No Líbano, na Síria, na Arábia Saudita, os trabalhadores domésticos africanos vivem em condições de escravatura. A divisão racial ainda é real na África.

Quando se fala de genocídio o holocausto surge logo. Pode-se fazer comparações, apesar da duração temporal, com a do tráfico negreiro árabe?
Desde o início do comércio oriental de escravos que os muçulmanos árabes decidiram castrar os negros para evitar que se reproduzissem. Esses infelizes foram submetidos a terríveis situações para evitar que se integrassem e implantassem uma descendência nesta região do mundo. Sobre esse assunto, os comentários de uma rara brutalidade das Mil e Uma Noites testemunham o tratamento terrível que os árabes reservavam aos cativos africanos nas suas sociedades esclavagistas, cruéis e depreciativas particularmente para os negros. A castração total, a dos eunucos, era uma operação extremamente perigosa. Quando realizada em adultos, matou entre 75% e 80% dos que a ela foram sujeitos. A taxa de mortalidade só foi menor nas crianças que eram castradas de forma sistemática. Mas 30% a 40% das crianças não sobreviveram à castração total. Hoje, a grande maioria dos descendentes dos escravos africanos são na verdade mestiços, nascidos de mulheres deportadas para haréns. Apenas 20% são negros. Essa é a diferença com o comércio transatlântico.

Afirma que o tráfico negreiro transatlântico foi menos devastador que o comércio árabo-muçulmano. O que os diferencia?
Eu só falo de genocídio para descrever o comércio de escravos transaariano e oriental. O comércio transatlântico, praticado por ocidentais, não pode ser comparado ao genocídio. A vontade de exterminar um povo não foi provada. Porque um escravo, mesmo em condições extremamente más, tinha um valor de mercado para o dono que o desejava produtivo e com longevidade. Para 9 a 11 milhões de deportados durante essa época, existem hoje 70 milhões de descendentes. O comércio árabo-muçulmano de escravos deportou 17 milhões de pessoas que tiveram apenas 1 milhão de descendentes por causa da maciça castração praticada durante quase catorze séculos.


O autor Tidiane N'Diaye

Pode dizer-se que os árabes são os "inventores" da escravatura tal como a definimos hoje?
Na verdade, foi o Império Romano quem mais praticou a escravidão. Estima-se que em determinada altura quase 30% da população do império era escrava. Quanto à África, deve-se notar que, enquanto a propriedade privada não existia, as pessoas funcionariam em cooperativa. Quando a propriedade privada cresceu, eram precisos mais braços para trabalhar. Foi então que os conflitos começaram e cresceram e os vencidos foram então reduzidos à escravidão. Estima-se que, no século XIX, 14 milhões de africanos estavam escravizados. A escravatura interna existia antes e durante o tráfico árabo-muçulmano e transatlântico. Foram os árabes muçulmanos que começaram o tráfico de escravos em grande escala. Como Fernand Braudel apontou, o tráfico de escravos não foi uma invenção diabólica da Europa. São os muçulmanos árabes que estão na origem e o praticaram em grande escala. Se o tráfico atlântico durou de 1660 a 1790, os muçulmanos árabes atacaram os negros do sétimo ao vigésimo século e foram os únicos a praticar o tráfico de escravos.

Acusa o mundo árabe-muçulmano de fazer um genocídio meticulosamente preparado. É uma questão de que não se fala porquê?
Este é realmente um pacto virtual selado entre os descendentes das vítimas e os algozes, que resulta em negação. Este pacto é virtual, mas a conspiração é muito real. Porque neste tipo de "Síndrome de Estocolmo ao estilo africano", em que tudo se coloca sobre as costas do Ocidente. É como se os descendentes das vítimas tenham decidido nada dizer. Que os estudiosos e outros intelectuais árabes-muçulmanos tentassem fazer desaparecer essa realidade até ser uma mera lembrança dessa infâmia, como se nunca tivesse existido, até pode ser compreendido. No entanto, é difícil perceber a atitude de muitos cientistas - e mesmo de afro-americanos que se convertem cada vez mais para o islão -, pois é uma espécie de auto-censura. É por isso que decidi publicar este livro, uma tentativa para quebrar o silêncio porque a história e antropologia não estão ao nível de uma crença religiosa ou de uma ideologia, mas de factos provados que não podemos esconder para sempre.

Como vê o papel de Portugal nesse trafico transatlântico?
Os portugueses tinham acidentalmente capturado um nobre mouro Adahu, em 1441. Este último ofereceu-se para comprar sua liberdade em troca de seis escravos negros e isso ocorreu em 1443. Depois disso, Dinis Dias desembarcou no Senegal e trouxe para Lagos quatro cativos, situação que marca o início do tráfico sistemático. Os portugueses foram, assim, os primeiros a importar escravos para o trabalho agrícola. Eles transportavam entre 700 e 800 cativos por ano desde os postos comerciais e fortes na costa africana. Os pioneiros neste tráfego foi Gonçalves Lançarote em 1444. Em seguida, foi a vez do navegador Tristão Nunes comprar aos mouros um número significativo de cativos africanos, para aumentar o seu número em São Tomé e Portugal. Em 1552, 10% da população de Lisboa consistia de escravos mouros ou negros. Aqui também há um trabalho de memória a ser feito...

A colonização europeia de África suavizou a anterior crueldade sobre os povos do continente ou manteve-a?
Se essa colonização pudesse ter um rosto, seria aquele que está na origem de dramas inesquecíveis. Depois dos compromissos históricos dos pensadores iluministas com ideias racistas, desde meados do século XIX que também há teorias que se infiltraram nas cabeças de um grande número de intelectuais como a do racismo científico. Se no início das conquistas, os ingleses apresentavam a superioridade científica e técnica da sua civilização sobre a dos povos "atrasados", em seguida procuraram uma "justificativa racial" para fazer a colonização. Sociólogos e cientistas britânicos decidiram elevar essa manobra ao apresentar os povos negros como sendo "seres vivos, semelhantes aos animais". E foram inspirados por uma das referências científicas da época, Charles Darwin, que concluiu o seu trabalho da seguinte forma: "O homem subiu da condição de grande macaco para o homem civilizado, passando pelas fases do homem primitivo e do homem selvagem. O melhor grau de evolução foi alcançado pelo homem branco." Todas essas construções levaram a calamidades como a do apartheid.


O Genocídio Ocultado - Investigação histórica sobre o tráfico negreiro árabo-muçulmano

Tidiane N'Diaye



https://www.dn.pt/cultura/interior/foram-os-arabes-muculmanos-que-comecaram-o-trafico-de-escravos-em-grande-escala-10680721.html
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #46 em: Abril 15, 2019, 04:57:09 pm »
Presidente da Grécia pede Mármores do Partenon ao Museu Britânico



 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #47 em: Abril 16, 2019, 10:57:51 am »
Macron promete reconstrução de Notre-Dame


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #48 em: Maio 05, 2019, 05:37:24 pm »
Sarcófagos com mais de 4 mil anos encontrados no Egito


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #49 em: Maio 10, 2019, 03:22:57 pm »
Milhares procuram corpos de soldados russos da II Guerra Mundial



 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #50 em: Maio 19, 2019, 04:28:22 pm »
Coliseu abre as portas para visitas noturnas


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #51 em: Maio 31, 2019, 02:35:23 pm »
Da Vinci tinha Défice de Atenção ?


 

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« Responder #52 em: Junho 17, 2019, 03:46:13 pm »
Vende-se a arma que matou Van Gogh


 

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« Responder #53 em: Junho 18, 2019, 02:25:15 pm »
Túneis das Termas de Caracala abertos pela primeira vez ao público


 

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« Responder #54 em: Julho 11, 2019, 03:31:10 pm »
Rota cultural no Algarve desvenda legado islâmico que une Portugal e Espanha



 

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« Responder #55 em: Julho 14, 2019, 04:16:08 pm »
Duas novas pirâmides do Egito abertas ao público



 

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« Responder #56 em: Julho 21, 2019, 05:02:48 pm »
Noheda, a "Pompeia de Espanha", abre finalmente ao público



 

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« Responder #57 em: Julho 26, 2019, 05:52:40 pm »
Osso gigante de dinossauro descoberto em França


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #58 em: Julho 28, 2019, 12:17:56 pm »
Análises forenses a ossadas no caso "Emanuela Orlandi"


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #59 em: Agosto 04, 2019, 12:16:51 pm »
Município brasileiro ensina que foi Espanha a descobrir o Brasil


Em Cabo de Santo Agostinho, município nordestino brasileiro, ensina-se às crianças que foi o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón quem descobriu o Brasil, contrariando a versão leccionada na maioria das escolas, de que foi o português Álvares Cabral.

Nesta cidade costeira, localizada no estado brasileiro de Pernambuco, não há espaço nas primeiras lições de História para o lusitano Pedro Álvares Cabral, porque, segundo explicou à agência Lusa a secretária municipal da Educação do Cabo, Sueli Lima Nunes, cerca de três meses antes da chegada do português a solo brasileiro, Pinzón atracava nas praias do Cabo de Santo Agostinho.

“26 de Janeiro de 1500, com o Tratado de Tordesilhas a dividir os países entre Espanha e Portugal, Vicente Yáñez Pinzón atraca aqui em Cabo de Santo Agostinho, dando-lhe o nome de ‘Santa María de la Consolación’. Porém, ele não se pôde apropriar desta terra devido ao tratado”, afirmou Sueli Nunes, acrescentando que o actual nome da cidade foi dado pelos portugueses, aquando da sua chegada àquele território.

Num livro didáctico escolar a que a Lusa teve acesso, em que está descrita a história do Cabo de Santo Agostinho, desde o berço indígena até à actualidade, é uma pintura do busto de Pinzón que serve de entrada ao período dos descobrimentos.

“No livro ‘Terra Pernambucana’, de Mário Sette, há um capítulo intitulado “a primeira gaivota”, no qual é descrita a grande odisseia de Vicente Yáñez Pinzón que teria avistado a terra em 26 de Janeiro de 1500 (...) Há quem afirme não ser tão precisa esta data, mas terá sido entre 20 de Janeiro e 20 de Fevereiro de 1500”, descreve o manual escolar, sem mencionar Cabral, cuja chegada ao Brasil foi registada em 22 de Abril de 1500.

Sueli frisa que não é apenas nos manuais escolares e livros didácticos que Pinzón surge como uma figura importante para os cabenses, habitantes daquele município. A memória do navegador espanhol está presente por toda a cidade, desde monumentos, livros, em nomes de lojas, e até em fachadas de padaria.

“Vicente Yáñez Pinzón é uma referência, e se essa referência está colocada na cidade do Cabo de Santo Agostinho, é assim que nós ensinamos, com essa construção. Até porque existe todo um referencial científico que comprova a chegada do espanhol aqui ao Cabo”, salientou a secretária da Educação.

Assinado em 07 de Junho de 1494, o Tratado de Tordesilhas, firmado na cidade espanhola com o mesmo nome, determinou a divisão do mundo “descoberto e por descobrir” em duas partes, através de uma linha imaginária traçada a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, de polo a polo, que garantiu os direitos de exploração das terras a oeste à coroa espanhola, e a leste a Portugal.

Cerca de seis anos após a assinatura do Tratado, os irmãos espanhóis Pinzón organizaram uma frota, com quatro caravelas, comandadas por Vicente Pinzón e partiram no sentido Oeste. Em meados de Janeiro chegaram ao cabo de Santo Agostinho, na costa de Pernambuco. Sabendo que estavam em terras portuguesas, e tendo em conta o acordo firmado em Tordesilhas, o navegador espanhol rumou para norte, segundo a plataforma ‘online’ Ebiografia.

Porém, há historiadores que afirmam que a terra denominada de ‘Santa Maria de la Consolación’ por Pinzón era afinal a ponta do Mucuripe, em Fortaleza, no estado do Ceará, e não o Cabo de Santo Agostinho, tese que é defendida no livro “Vicente Pinzón e a Descoberta do Brasil”, do jornalista Rodolfo Espínola, e pelo historiador Francisco Adolfo de Varnhagen.

Teoria essa que em nada afecta a devoção dos cabenses pelo espanhol.

“Pinzón ficou cá por poucos dias, devido ao tratado com Portugal, mas apesar do pouco tempo, foi bastante significativo para todos nós”, reforçou a secretária, que mestre em Ciências da Educação.

O navegador dá ainda nome a um festival no Cabo de Santo Agostinho, que se realiza em 26 de janeiro, data em que os cabenses estimam que o navegador espanhol tenha pisado uma ponta de terra que avança sobre o mar, hoje chamada de Vila da Nazaré, por influência dos portugueses.

Em entrevista à agência Lusa, o prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Clayton da Silva Marques, revelou que há um interesse turístico por parte da autarquia local em explorar a imagem de Pinzón, nomeadamente na tentativa de atrair público de língua espanhola.

“O Brasil foi descoberto aqui no Cabo de Santo Agostinho. Então, aproveitamos o dia 26 de Janeiro para fazer uma grande comemoração. (...)Fizemos um festival com dança flamenca, com elementos culturais espanhóis, mostrando os pontos turísticos do município. É um momento muito importante”, declarou o governante local.

Em 2002, o agora ex-deputado brasileiro João Feu Rosa apresentou à Câmara dos Deputados um projecto de lei que visava alterar a data oficial do Descobrimento do Brasil de 22 de abril de 1500 para 26 de Janeiro de 1500, momento em que Pínzón chegou ao país sul-americano. Porém, até ao momento, o projecto não foi aprovado.


 :arrow: https://www.publico.pt/2019/08/04/tecnologia/noticia/municipio-brasileiro-ensina-espanhol-descobrir-brasil-1882322?fbclid=IwAR0mB6HZC_B7t2pQYl1sTHq1VN0BBDOVAvSrQPRSE21wcVCI7QRwseKr__Q