Expansão portuguesa

  • 115 Respostas
  • 28769 Visualizações
*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #45 em: Maio 03, 2020, 04:14:29 pm »

Os relatos dos japoneses ao primeiro contacto com europeus.
Sim, Portugueses.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #46 em: Maio 10, 2020, 06:20:01 pm »


Na imagem, representação das Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves feita em 1822, homenageando Dom João VI no cadeiral da Capela de São Jorge no Castelo de Windsor.

O projecto perdido: O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves

A constituição de um Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, se arquitectado nos moldes da tradição portuguesa ultramarina de integração de povos e territórios, não deixou, ao mesmo tempo, de revelar uma particular originalidade da geopolítica portuguesa, para o qual o contributo do rei D. João VI se revelou excepcional.
Contudo, um projecto ferido de incerteza, pois ali polarizavam-se dois poderes, um centrado em Lisboa e outro no Rio de Janeiro. No final, uma ambição perdida nas intempéries da revolução.

Desde a permanência da Família Real no Brasil e da elevação deste a reino que se digladiavam perspectivas e projectos opostos.
No efervescer dos novos tempos confrontavam-se o Portugal Antigo, na manutenção dos privilégios históricos, e, por outro lado, as ideias que pela Europa despertavam sentimentos eufóricos, a revolução trazia para o direito e para o Estado novas concepções, o princípio da nacionalidade esperançava os povos e alertava a América, na oposição ao princípio da legitimidade, com o qual o Congresso de Viena fez bandeira.

Na confusão em que agiam as Cortes em Lisboa antecipava-se o pior.
De um lado os deputados brasileiros que almejavam salvaguardar a unidade e, acima de tudo, desejando ser recebidos em pé de igualdade com os deputados da metrópole; e, na oposição, os deputados da metrópole, apenas vociferando agressividade contra estes.

Não só por incompetência ou inércia das Cortes, ali concorriam também factores internacionais, com a França e a Inglaterra a conspirar influências e manobras nas Américas.
D.João VI adverte o filho, Pedro: " tempo é já de se pôr termo às funestas discórdias que tem desunido os dous reinos de Portugal e Brasil" e por isso "espero que concorras da tua parte para que se restabeleçam prontamente (as relações) dos Portugueses de ambos os hemisférios".

Nem a advertência do monarca (verdadeiro artífice político e diplomata hábil), nem o projecto de derradeira afirmação jurídica e política desenhada por Antonio d'Oliva de Sousa Sequeira, nem a eloquência de Luís Paulino d'Oliveira Pinto da França, nem o bloco patriótico dos brasileiros que acreditavam na União dos dois Reinos, conseguem parar a marcha dos eventos, que por detrás teve a manobra de agentes britânicos.
No fundo a independência do Brasil arquitectou-se nos bastidores da diplomacia internacional, uma manobra diplomática montada pelas potências, com a Inglaterra à cabeceira.

Aqueles que se posicionavam quer em sentido oposto aos independentistas mais extremos, quer contra os detractores que queriam voltar a um status quo ante e à restituição de antigos privilégios, sem entender as novas exigências da política nacional (não havia como voltar ao mundo anterior a 1807), viram as suas expectativas frustradas.

Mas não devemos relativizar o feito. Como as próprias Cortes constataram havia algo de particular que distinguia o Brasil das restantes possessões ultramarinas. Desde logo porque um príncipe de Portugal proclamara a sua independência, apoiado e suportado por um escol educado em Portugal e uma população de matriz portuguesa. Nos termos mais contemporâneos diríamos que os colonizadores proclamavam a ruptura com a metrópole. Violação das leis fundamentais do reino, uma manobra das potências europeias na manipulação do direito internacional? Poder-se-ia argumentar.
O certo é que consumada ficou a ruptura e um novo Estado nasceu. Para Portugal apenas antecipou a crise e, com a morte de D. João VI, ficava aberto caminho para a disputa e para a guerra civil.

Face a estes eventos determinou-se também que os restantes domínios ultramarinos deveriam permanecer intocáveis, sendo que o Brasil deixaria de ter direitos sobre estes uma vez rompida a União com Portugal.

Perdia-se também o sonho de um grande projecto Atlântico da união dos reino do Brasil e de Portugal.

Daniel Sousa


https://www.facebook.com/novaportugalidade/posts/2632943976963953?__tn__=K-R
« Última modificação: Novembro 01, 2020, 05:53:45 pm por HSMW »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #47 em: Julho 05, 2020, 12:49:43 am »


Em meados do século XVIII, o Estado Português da Índia passa por um processo de reorganização que termina com uma expansão territorial significativa a que se dá o nome de Novas Conquistas, aproveitando o clima de guerra entre as potências europeias e asiáticas, como o reforço e aumento territorial da Companhia Britânica das Índias Orientais.

Até ao fim do mesmo século, os portugueses conseguiram, por via militar e diplomática, quadruplicar as províncias do Salsete, Ilhas e Bardez com a incorporação de sete novos concelhos: Quepém, Pondá, Perném, Canácona, Bicholim, Satari e Sangué, dando uma maior dimensão continental ao Estado da Índia, embora o contraste entre as regiões das Velhas Conquistas e das Novas Conquistas logo se fizessem notar em termos de lógica e organização local, sendo os últimos mais afastados do poder central, criando uma zona-tampão de maioria hindu.

Entretanto, a cidade de Goa (capital do Estado da Índia) ía perdendo população desde o século XVII devido a epidemias, o que incentivou o então Vice-rei, Manuel de Saldanha de Albuquerque e Castro, a mudar-se para perto da aldeia de Taleigão (local que se tornou na Vila de Pangim) em 1759, transformando a antiga fortaleza do Idalcão em palácio, tornando esta de facto no novo centro da Índia Portuguesa, embora oficialmente Goa Velha (nome com o qual ficou conhecido o antigo centro administrativo) se mantivesse como capital até 1843, passando a nova capital a ser conhecida como Nova Goa.

https://www.facebook.com/novaportugalidade/photos/a.1719853741606319/2679180152340335/?type=3&theater
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #48 em: Julho 21, 2020, 12:35:29 am »



Outro mito que importa destruir.

O mito da soberania portuguesa limitada à costa africana é tão velho como a Conferência de Berlim (1884-85), aquele encontro pelo qual alguns estados europeus dividiram entre si a régua e esquadro o continente negro.
Portugal sobreviveu a essa barganha, não porque se pudesse opor militarmente a britânicos, franceses, alemães e belgas, mas porque estava em África desde o século XV e também era, como sempre lembramos, uma nação africana governada por filhos da terra - isto é, naturais negros e mestiços. Repete-se ad nauseam que os portugueses não estavam no hinterland e que para além de uma ou outra povoação costeira, os únicos portugueses que se encontravam internados nas vastas e "desconhecidas" regiões do interior eram pombeiros, caçadores e aventureiros.
Assim, para quantos acreditam nessa lenda intencionalmente criada por outros europeus, Portugal reclamava "direitos históricos" privados de substância, ou seja, de presença efectiva e povoamento.

Qualquer criança que tenha perante si um mapa onde se inscrevam os monumentos existentes em Angola pode, sem quaisquer dificuldades, verificar que assim não é. Para lá de Luanda, de São Salvador do Congo, de Benguela e do Lobito, bem longe da costa, no norte, no centro e centro-sul de Angola, subsistem, bem conservados uns, em ruínas outros, vestígios de uma presença militar, religiosa e económica que recuam ao século XVII, tal como Caconda, situada a 300 km da costa, no fim do sertão de Bengela, onde se inicia o Planalto Central.
Em Caconda floresceu um posto comercial de grande pujança a partir de 1604, assim como uma comunidade cristianizada que em inícios do século XIX contaria com cerca de 15.000 habitantes, governados pela elite local negra e mestiça.

O que pareceu, sim, inadmissível aos europeus reunidos em Berlim era o facto de Portugal estar bem implantado em África, não com tropa branca entrincheirada em fortes, mas pelo facto de os portugueses que dominavam aquelas extensas regiões do interior - tão distantes que de Caconda a Benguela se exigiam sete ou oito dias de viagem - eram negros e mestiços portugueses, nomeados pela Coroa Portuguesa, falando e escrevendo português e professando a religião católica. Para os portugueses, não havia, nem "feitiço africano", nem a "África misteriosa".

https://www.facebook.com/novaportugalidade/posts/2692423454349338?notif_id=1595287533973889&notif_t=page_highlights
« Última modificação: Novembro 01, 2020, 05:53:11 pm por HSMW »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Cabeça de Martelo

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #49 em: Julho 24, 2020, 11:47:28 pm »


Um Retrato Autêntico de Jorge Cabral, 15.º Governador da Índia Portuguesa, entre 1549 e 1550.
Museu Arqueológico de Goa, India.
Jorge Cabral era filho de João Fernandes Cabral, Senhor de Azurara, com Joana de Castro.
Era sobrinho de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil.
Sua esposa, Lucrécia Fialho, foi a primeira esposa de um governador da Índia a morar no país.
Combateu por muitos anos os turcos na Índia, antes de tornar-se Governador, por ocasião da morte de Garcia de Sá.
Durante seu governo os Portugueses derrotaram o poderoso exército de 140,000 homens do Samorin e do "Rei da Pimenta" Raja Bardela, consolidando a soberania Portuguesa em Goa e em Malabar.

https://www.facebook.com/novaportugalidade/photos/a.1719853741606319/2696908310567519/?type=3&theater
« Última modificação: Novembro 01, 2020, 05:52:44 pm por HSMW »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 20599
  • Recebeu: 2391 vez(es)
  • Enviou: 257 vez(es)
  • +1118/-1481
Re: Expansão portuguesa
« Responder #50 em: Agosto 07, 2020, 07:30:22 pm »
Martim Afonso de Sousa, o português que ajudou a estruturar o Brasil



Martim Afonso de Sousa nasceu em Vila Viçosa, por volta do ano de 1500. Oriundo de família nobre, foi amigo de infância de D. João III. Na sua juventude, estudaria matemática, cosmografia e navegação. Com a morte do Rei D. Manuel I, em 1521, é enviado para Castela com a missão de acompanhar Dona Leonor, viúva do falecido Rei, que retornava à sua terra natal.

Em terras espanholas, acompanha Carlos V nas lutas contra a França e casa-se com Dona Ana Pimentel, fidalga oriunda de uma família de grande prestígio. Em 1525 torna a Portugal, acompanhando a infanta espanhola Dona Catarina, irmã de Carlos V, que iria casar-se com Dom João III.

Em 1530, o rei Dom João III organiza uma expedição com o intuito de colonizar as terras brasileiras, entregando o comando da mesma a Martim Afonso de Sousa.

No dia 3 de dezembro de 1530, partia de Lisboa a nau capitânia com Martim Afonso e o seu irmão Pero Lopes de Sousa, o galeão São Vicente, a caravela Rosa e a caravela Princesa, com uma tripulação conjunta de cerca de quatrocentas pessoas, na sua maioria navegadores, padres e soldados.

A missão principal de Martim Afonso de Sousa era instalar no Brasil a administração portuguesa, colocando os marcos indicativos de posse, doando as terras e definindo quem as administraria. Já no Brasil, mais concretamente na costa pernambucana, combateria os franceses que contrabandeavam pau-brasil, tomando-lhes os navios, que seriam incorporados na esquadra portuguesa.

Seguindo para o sul, chegaria ao Rio de Janeiro no dia 30 de abril de 1531. No dia 20 de janeiro de 1532, Martim Afonso de Sousa manda instalar o primeiro marco real da colonização na capitania de São Vicente, onde é construído um forte e, com a preciosa ajuda de João Ramalho, português casado com uma índia, fixa a primeira povoação permanente. Lá, iniciou a cultura da cana-de-açúcar e ordenou a instalação do engenho dos Erasmos, que ajudou na crescente prosperidade da região.

Aos poucos, Martim Afonso de Sousa ia cumprindo a importante missão para a qual fora destacado, instituindo o domínio português no Brasil. Em outubro de 1532, D. João III decide dividir o território em 14 capitanias hereditárias, doadas a 12 donatários. Martim Afonso de Sousa recebe São Vicente, posteriormente denominada Vila de São Paulo e seu irmão Pedro Lopes de Sousa é agraciado com Sant’Ana.

Retornando a Portugal em 1533, Martim Afonso de Sousa é, apenas quatro meses depois, nomeado Capitão-Mor do mar das Índias, sendo-lhe confiada uma armada de cinco naus, ficando assim encarregue de proteger as possessões portuguesas no Oriente.

Logo ao chegar, prestaria ajuda militar ao sultão de Cambaia, em troca da construção de uma fortaleza portuguesa em Diu. Derrotaria ainda o Marajá de Calecute e combateria os corsários que saqueavam as embarcações portuguesas na região. Seria nomeado em 1542, por Dom João III, “governador das partes das Índias”, o equivalente ao mais comummente falado Vice-Rei da Índia, posto onde permaneceria até o ano de 1545.

Retornado a Portugal, Martim Afonso de Sousa tornar-se-ia Conselheiro de Estado, acabando por falecer em Lisboa, no ano de 1571, tendo sido enterrado no Convento de São Francisco da Cidade.

Miguel Louro

 :arrow: https://www.facebook.com/novaportugalidade/posts/2707571332834550
« Última modificação: Agosto 07, 2020, 07:33:01 pm por Lusitano89 »
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: HSMW

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #51 em: Agosto 10, 2020, 09:33:24 pm »


Companhia da Ásia Portuguesa (1753-1760): uma iniciativa infelizmente gorada


Ao iniciar-se a década de 1750, adensando-se os sinais de uma muda crise económica, fiscal e alfandegária em germinação, consequência da baixa de receitas oriundas da exploração aurífera brasileira - pedra angular da economia portuguesa – mas igualmente da quebra das exportações de vinho, açúcar e tabaco destinados aos mercados europeus, a governação portuguesa retomou a fórmula da política proteccionista.

Por forma a fomentar indústrias que suprissem as necessidades do mercado interno, diminuir as importações e reequilibrar a balança comercial, Sebastião José de Carvalho e Melo apostava na revitalização do comércio internacional português periférico, mas também ultra-periférico. Para além da dualidade Portugal-Brasil, tal plano envolvia novo interesse pela Ásia.

O sucesso de tal estratégia implicava, necessariamente, o combate ao comércio livre, mercê do estímulo à criação de companhias comerciais monopolistas abertas a accionistas, assim como ao envolvimento de grandes mercadores que operassem em harmonia com os interesses da Coroa.
É neste quadro que se funda a Companhia da Ásia Portuguesa (1753-1760), mimetizando as práticas e rotas da bem-sucedida East India Company.
Coube a Feliciano Velho Oldemberg (1689-1767) a missão de estabelecer essa nova quadrícula comercial.
Autorizado a poder enviar por um prazo de dez anos onze navios a Goa, Golfo de Bengala e “mais portos da Ásia”, trazendo no torna-viagem ao Reino salitre destinado à Fábrica da Pólvora, mais quatro naus a Macau por um prazo de seis anos, trazendo encomendas feitas pela Real Fábrica da Seda, pagas à chegada segundo as tabelas em vigor em Amesterdão, assumia o mercador a responsabilidade de na ida transportar contingentes de tropas destinadas às guarnições dos domínios orientais da Coroa.

A Companhia operaria nas rotas da Índia e China até 1758, mas em 1760, não se tendo realizado os lucros previstos, declarou insolvência.

https://www.facebook.com/novaportugalidade/posts/1702907456634281/2710718792519804

Atualmente:
https://www.portugueseeastindies.com
« Última modificação: Novembro 01, 2020, 05:52:09 pm por HSMW »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #52 em: Outubro 20, 2020, 07:34:03 pm »

Why the Ottomans Never Colonized America?
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #53 em: Abril 22, 2021, 10:10:49 pm »



Os 521 anos do descobrimento do Brasil da Portugalidade

Pouco depois do retorno de Vasco da Gama a Lisboa, em agosto de 1499, D. Manuel I, em parceria com investidores particulares, organizava uma nova expedição para Calicute.

Decidido a impressionar o monarca local, ou a convencê-lo pelas armas, o rei enviava agora uma expedição ostensivamente rica e poderosa, composta de 13 navios com uma tripulação estimada entre 1.200 e 1.500 homens.

Seu comando foi confiado a um fidalgo de 33 anos, chamado Pedro Álvares Cabral. A bordo, estavam presentes alguns dos mais experientes navegadores portugueses, como Bartolomeu Dias, o mesmo que dobrou o cabo da Boa Esperança, atingindo pela primeira vez o oceano Índico.
A partida da armada de Cabral foi programada para 8 de março de 1500, embora tenha sido adiada para o dia seguinte, devido ao mau tempo.
Uma cerimônia espetacular foi organizada na ocasião pelo rei de Portugal. Toda a população de Lisboa - cerca de 60 mil pessoas - foi convocada para assistí-la, o que era uma forma de oficializar o pioneirismo português no caminho da Índia, assegurando para o reino luso os direitos do comércio com o Oriente.

Rumo ao Ocidente, a frota chegou às ilhas Canárias cinco dias depois da partida e dirigiu-se para o arquipélago de Cabo Verde, onde uma nau desapareceu no mar.
Após tentar em vão encontrá-la, o comandante decidiu seguir a viagem. Cruzou a linha do Equador a 9 de abril, seguindo uma rota para o sudoeste que avançava nessa direção, comparativamente ao caminho seguido por Vasco da Gama.

No entardecer do dia 22 de abril, ancorou em frente a um monte, batizado de Pascoal, no magnífico cenário do litoral Sul do atual estado de Bahia.
No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Antes de continuar a viagem para a Índia, os navegantes permaneceriam ali até o dia 2 de maio, tomando posse da terra, "em nome de d. Manuel I e de Jesus Cristo".

Assim, a chegada de Cabral ao Brasil é dois anos posterior à de Duarte Pacheco (1498 - atingiu o litoral brasileiro e chegou a explorá-lo, à altura dos atuais Estados do Pará e do Maranhão). Além disso, o atual território brasileiro já era habitado desde tempos pré-históricos.
Cinco milhões de índios espalhavam-se particularmente ao longo do litoral, em 1500.
Por isso é preciso relativizar a ideia de que ocorreu um descobrimento a 22 de abril.
 Na verdade, a data marca a tomada de posse das terras brasileiras pelo reino de Portugal, o que significa a integração do país no contexto da história européia e global.


O NOME "BRASIL"
O primeiro nome da região foi “Ilha de Vera Cruz", dado por Pedro Álvares Cabral quando chegou à terra recém-encontrada.
No entanto, a discussão em torno da escolha de um nome para essa região da América estava apenas começando.“Terra dos papagaios” e “Terra de Santa Cruz” também eram denominações empregadas, sendo esta última nomenclatura criada pelo rei português D. Manuel.

Pedro Vaz de Caminha em sua carta enviada ao rei de Portugal utilizou dois termos diferentes sobre o mesmo território: "Terra de Vera Cruz" e" Ilha de Vera Cruz".
Em meio à esta confusão de nomenclaturas, outro nome logo surgiu a partir das primeiras extrações de pau-brasil das florestas.
Os navegantes começaram a denominar o território de Brasil por causa dessa árvore que durante as três primeiras décadas foi o principal motivo de viagens dos portugueses à região encontrada por Cabral. Portanto, o nome Brasil fixou-se no imaginário dos viajantes, prevalecendo sobre os demais.


Guilherme Carinha


https://www.facebook.com/novaportugalidade/posts/2934054113519603
« Última modificação: Setembro 02, 2021, 10:45:46 pm por HSMW »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #54 em: Setembro 02, 2021, 03:50:14 pm »
AS ECONOMIAS DO ÍNDICO AQUANDO DA CHEGADA DOS PORTUGUESES *


* Texto básico da conferência proferida na Universidade de Poitiers, em Outubro de 1991, integrada no Congresso Mundial sob adesignação"1492-Et le Monde bascula...".



Em carta datada de Goa a 6 de Dezembro de 1515 e dirigida ao rei de Portugal, D. Manuel I, o governador e principal construtor do Império/"Estado português da índia" (1509-1515), Afonso de Albuquerque, fazia, já com os soluços da morte, o último balanço da sua actividade político-militar.
E afirmava orgulhoso, mas em parte desgostoso: "deixo a índia com as principaees cabeças tomadas em voso poder, sem nela ficar outra pendença senão cerrar-se e mui bem a porta do Estreito [de Meca ou Mar Vermelho]; isto he o que me vosa alteza encomendou".

Repare-se: a política expansionista, definida pela Coroa/Estado português e executada táctica e estrategicamente por Albuquerque não apenas na índia propriamente dita mas em todo o Oriente (Ásia das monções), teve o mérito, em meu entender, de perceber que as economias e sociedades implantadas no e ao redor do eixo do Índico - Pacífico tinham estabelecido fluxos comerciais multisseculares, acabando esta abertura por conferir-lhes uma certa unidade civilizacional que não apagava (antes pelo contrário) as especificidades culturais.

Poucas eram, de facto, as culturas que ali se mantinham inteiramente fechadas, concorrendo a presença muçulmana para intensificar, ainda mais, essa comunicação já tradicional.

Deste modo, talvez possamos falar, com propriedade, ao nível mercantil, de uma "economia-mundo asiática", antes da chegada dos portugueses, assente na teia de relações comerciais à distância, mas que não prescindia, obviamente, das pequenas trocas (comércio de cabotagem e transporte por terra, utilizando sobretudo os bovinos).
Por sua vez, o grande comércio, cujas principais rotas e portos de escala mais famosos não teremos dificuldade em enumerar, movimentava mercadorias...

O resto em:

 :arrow: https://eg.uc.pt/bitstream/10316/12816/1/João%20Marinho%20dos%20Santos%2027.pdf


História para compreender o presente e antever o futuro.
« Última modificação: Novembro 03, 2021, 01:04:54 am por HSMW »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #55 em: Novembro 03, 2021, 01:06:52 am »
O Conflito entre a China e Portugal (1521-1522).
A importância da Artilharia.


A presença dos portugueses no Oriente após a conquista de Malaca (1511) alterou a geopolítica da Ásia, prejudicou os canais de comércio de produtos chineses para o Índico e reduziu o poder da China na região. Entre 1521 e 1522, na costa sul da China, portugueses e chineses envolveram-se num conflito resultante do choque entre a política expansionista do Rei D. Manuel I e o protecionismo da Dinastia Ming.

Depois de ter sido uma potência marítima nos séculos XIV e XV, a China Ming reduziu a atividade comercial no estrangeiro para apostar na agricultura e ao nível militar reduziu o seu poder naval para reforçar a muralha da China. Esta política de isolamento acabou por contribuir para o declínio da China imperial nos mares, que já tinha perdido influência no Índico a favor dos muçulmanos e depois também a favor dos portugueses.

Os portugueses chegaram à costa chinesa em 1513 e, nos anos seguintes, procuraram sem sucesso estabelecer relações formais com a China. Em 1521, a embaixada de Tomé Pires a Pequim foi um fracasso e, entre 1521 e 1522, registaram-se combates navais entre portugueses e chineses na foz do rio das Pérolas, a sul da cidade de Cantão.

As autoridades de Pequim recusaram acordos com os portugueses e proibiram o comércio com os estrangeiros, acabando por prejudicar a atividade dos portos de Cantão por onde escoavam os produtos chineses para o resto do mundo. O isolamento imposto pela Dinastia Ming prejudicou gravemente a economia daquela região no sul da China que, à revelia, passou a estabelecer relações comercias de contrabando com os portugueses, em vários locais do litoral e, mais tarde, oficialmente em Macau (1557), quando o poder naval português ajudou os chineses na luta contra os piratas japoneses, levando finalmente a dinastia Ming a autorizar a presença dos portugueses.

No Oriente, o poder era baseado na vertente naval e no poder de fogo das embarcações e das fortalezas, aspetos em que os portugueses revelaram diversas inovações durante o século XVI, como reconhecem as fontes chinesas: “Os portugueses assumiam uma atitude feroz e rude simplesmente porque tinham canhões e navios diferentes. Os seus canhões eram superiores a quaisquer armas de que alguma vez tivemos conhecimento”1. […] “Há alguns anos, vieram subitamente a Cantão, e o ruído do seu canhão fez estremecer a terra”2.

Como veremos neste texto, o elevado protagonismo dos canhões portugueses até levou os chineses a designarem os portugueses de “Fu-Lang-Ji”, tal como designavam os canhões que conseguiram capturar e que reproduziram, aumentando o potencial de fogo dos seus navios “juncos” perante os quais os portugueses sentiram dificuldades.

O artigo completo em:

https://www.revistamilitar.pt/artigo/1547?fbclid=IwAR3hv1sZaKQ82bpmy5DLHh10qCGEdi8HUGLyLnaWWjso_WPWvsfT0yrhIko
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 20599
  • Recebeu: 2391 vez(es)
  • Enviou: 257 vez(es)
  • +1118/-1481
Re: Expansão portuguesa
« Responder #56 em: Março 17, 2022, 09:58:29 pm »
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: HSMW

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #57 em: Março 17, 2022, 10:36:47 pm »
Mais uma vez tem de vir um brasileiro ensinar a História de Portugal...  ::)
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Expansão portuguesa
« Responder #58 em: Março 20, 2022, 03:23:34 pm »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 20599
  • Recebeu: 2391 vez(es)
  • Enviou: 257 vez(es)
  • +1118/-1481
Re: Expansão portuguesa
« Responder #59 em: Julho 05, 2022, 03:30:04 pm »
Vasco da Gama e a viagem para a Índia | Nerdologia