DN: Ministro já tem relatórios sobre actuação dos meios

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PereiraMarques

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DN: Ministro já tem relatórios sobre actuação dos meios
« em: Janeiro 04, 2007, 09:19:11 am »
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Ministro já tem relatórios sobre actuação dos meios

Manuel Carlos Freire    
 
A Força Aérea Portuguesa (FAP) e a Marinha enviaram ontem ao ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, os relatórios da sua participação nas operações de salvamento dos pescadores da embarcação Luz do Sameiro, que naufragou na sexta-feira a meia centena de metros de uma praia a norte da Nazaré.

Severiano Teixeira ordenou um pedido de averiguações à rapidez de resposta das Forças Armadas ao pedido de socorro daquele barco de pesca, cujos marinheiros morreram (três) ou desapareceram (outros três) no mar - excepto um pescador ucraniano - à vista desarmada dos populares na praia da Légua, Pataias. Estes, a par de vários responsáveis autárquicos, sindicais e do sector pesqueiro, têm responsabilizado o Estado pela tragédia e exigido novos e mais meios aéreos e navais para evitar situações que se repetem quase todos os anos (ver cronologia).

Independentemente do que o processo de averiguações - e eventuais processos de inquérito ou disciplinares, em caso de falhas dos militares - vier a revelar, já é possível saber que as circunstâncias factuais do acidente e o modo de funcionamento do sistema de busca e salvamento (rede de satélites, meios aéreos e navais) tornavam praticamente impossível acudir mais depressa ao local, disseram ao DN fontes castrenses.

A posição do barco criou a primeira dificuldade: estava numa zona de rebentação violenta, de bancos de areia com canais de passagem muito estreitos e rodeado de redes de pesca que impediam a chegada, à embarcação, de nadadores-salvadores (a partir da praia) ou da própria lancha salva-vidas. O facto de a balsa salva-vidas da Luz do Sameiro ter ficado enrolada nas redes é outro sinal indicativo, segundo as fontes, da impossibilidade de chegar ao barco.

"Os pescadores criam condições impossíveis de controlar, nem com um helicóptero a cem metros", disse à Lusa o capitão do porto de Sines, Guilherme Marques Ferreira, lembrando ainda que aqueles náufragos "não usavam coletes de salvação no momento do acidente".

A localização precisa do barco criou outra dificuldade: a identificação com rigor do local do naufrágio pode demorar até duas horas, dependendo da posição dos três satélites que fazem a triangulação do sinal de socorro. Na sexta-feira, esse período foi menor porque um pescador avisou o INEM do que se estava a passar quase hora e meia depois da recepção do primeiro sinal de socorro (cerca das 07.00).

Como a posição estimada apontava para um ponto situado a oito quilómetros para norte, a Marinha "enviou a lancha salva-vidas [Joaquim Lobo, do porto da Nazaré] para o sítio errado". O próprio helicóptero EH101 Merlin da Força Aérea, que descolou pouco antes das 09.00, recebeu já em voo os dados precisos da rede de satélites, informaram algumas das fontes ligadas ao processo.

A activação dos helicópteros depois de recebida a ordem de descolagem, ao contrário dos automóveis, também é demorada. Os Merlin têm três motores, que se ligam um a um. Depois é preciso esperar que atinjam as rotações capazes de o elevar do solo, verificar os radares e, entre outras operações, adequar o nível de combustível para a distância estimada e à direcção e intensidade do vento em rota (que condiciona a sua velocidade). Nas horas de serviço, a FAP é capaz de colocar um heli no ar em 30 minutos após receber a ordem de descolagem, ou 45 minutos fora das horas de serviço (como sucedeu naquela sexta-feira, aos quais se juntou depois a meia hora de voo entre a base do Montijo e a Nazaré).

Quanto aos locais onde há meios de salvamento - este naufrágio deu--se junto à Nazaré -, é consensual que não pode haver helicópteros em cada praia, frisaram fontes da FAP. E ter um heliporto em Vila do Conde, quando a maioria dos naufrágios com pescadores da zona ocorre "a mais de 100 milhas" (quase 200 km), pouca diferença faz. *Com Jacinta Romão

Fonte: http://dn.sapo.pt/2007/01/04/tema/minis ... ctuac.html
 

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Lancero

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« Responder #1 em: Janeiro 05, 2007, 09:20:23 pm »
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Nazaré: CEMA assume responsabilidade e solidariza-se com marinheiros

Lisboa, 05 Jan (Lusa) - O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) assumiu hoje responsabilidades pelas tentativas falhadas de salvar do mar seis pescadores do barco que naufragou há uma semana na Nazaré, solidarizando-se com os marinheiros que tentaram o salvamento.

"Assumo todas as responsabilidades - as nossas - como é meu dever, certo que todos saberão também assumir as suas, retirando lições", afirmou o almirante Melo Gomes num documento divulgado internamente a que a Agência Lusa teve acesso.

Assinalando que apesar de "tudo" terem feito para salvar os pescadores do "Luz do Sameiro", Melo Gomes reconhece que a Marinha "nunca conseguirá explicar ao público" o facto de não ter podido salvar todos os sete tripulantes "a tão curta distância da praia".

Melo Gomes afirma-se seguro "da eficácia" com que os marinheiros utilizaram os meios ao seu dispor e sublinha que "só os que são do mar" podem compreender inteiramente uma situação como a que aconteceu na Nazaré.

"Melhorar e optimizar" são os objectivos apontados por Melo Gomes para a Marinha, para os quais conta com "mais e melhores meios, alguns já em construção, outros programados para breve", embora reconheça que "infelizmente nem todos são possíveis face a muitas outras solicitações do Estado".

O CEMA estende aos marinheiros "o reconhecimento devido", aos que "365 dias por ano, 24 horas por dia, dão de si o melhor para cumprirem as suas missões".

Apesar de não ter conseguido salvar as vidas de seis dos tripulantes, a Marinha está orgulhosa "das 435 vidas salvas nas 661 acções de busca e salvamento" realizadas em 2006, ressalva o almirante Melo Gomes.

A operação desencadeada para tentar salvar os tripulantes do "Luz do Sameiro" foi alvo de várias críticas, nomeadamente do dono da embarcação e de vários populares que assistiram às tentativas de resgate, que reclamavam mais rapidez na chegada dos meios ao local.

O naufrágio levou também o ministro da Defesa a pedir que fossem averiguados os factos em torno do naufrágio, nomeadamente em relação aos procedimentos da Marinha e da Força Aérea.

Sindicatos, pescadores e municípios reclamaram mais meios de segurança para os portos, enquanto o PCP pediu também a realização de um inquérito ao acidente pela comissão parlamentar de Defesa.
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« Responder #2 em: Janeiro 05, 2007, 09:22:41 pm »
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Nazaré: Governo promete reforçar meios de salvamento a pescadores

Lisboa, 04 Jan (Lusa) - O ministro da Presidência afirmou hoje que o Go verno pretende reforçar os meios de socorro a náufragos, frisando que o país nec essita de dispor de condições para dar uma resposta mais pronta em casos de salv amento.

        O mestre José Festas, de Vila do Conde, decidiu reunir assinaturas em p rol de mais meios de segurança, na sequência do naufrágio de um barco de pesca n a Nazaré com sete tripulantes a bordo, dos quais três foram encontrados sem vida e outros três permanecem desaparecidos.

        No final do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira confirmou que o  ministro da Defesa Nacional, Nuno Severiano Teixeira, interrompeu a sua presença na reunião do Governo para receber José Festas, representante dos mestres e arm adores, que pretendia entregar em mãos o seu manifesto ao Presidente da Repúblic a, Cavaco Silva, e ao primeiro-ministro, José Sócrates, entre outros responsávei s políticos.

        "O Governo acompanha com preocupação a situação" em torno das circunstâ ncias em que naufragou o barco "Luz do Sameiro" na passada sexta-feira, começou  por referir o ministro da Presidência.

        Segundo Pedro Silva Pereira, no próprio dia em que ocorreu a tragédia,  o ministro da Defesa Nacional "determinou averiguações" sobre o sucedido e, nest e momento, "possui já relatórios" de entidades como a Força Aérea e a Marinha.

        "Os dados disponíveis revelam que é preciso fazer mais e melhor em maté ria de meios de salvamento. O Governo não deixará de tomar todas as medidas ness e sentido", acrescentou o membro do Governo.

        Pedro Silva Pereira reforçou ainda que, para o executivo, "o país preci sa de ser capaz de dar uma resposta mais pronta" em situações de socorro a náufr agos.


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Nazaré: Satélite "não descobriu" onde se encontrava embarcação naufragada

Porto, 03 Jan (Lusa) - O Comando Naval do Continente recebeu um SOS da  embarcação naufragada sexta-feira nas imediações da Nazaré, mas as indicações re cebidas por satélite eram insuficientes para saber onde se encontrava, disse hoj e à Lusa fonte da autoridade marítima.

        Só o processo de triangulação permite a localização exacta de uma embar cação em dificuldades, o que, no caso concreto, não foi de imediato possível, te ndo em conta a orbita desfavorável de dois dos três satélites necessários à oper ação.

        O comandante da capitania da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, Carrundo  Dias, que forneceu estas explicações, testemunhou à Lusa que foi questionado pel o Comando Naval, pouco depois do naufrágio, acerca do paradeiro da embarcação "S enhora da Luz", que estava matriculada em Vila do Conde.

        Só mais tarde foi possível a triangulação de satélites, o que terá atra sado as operações de socorro, admite Carrundo Dias, ainda que espere esclarecime ntos mais detalhados através do inquérito pedido à Marinha pelo Ministério da De fesa.

        O oficial precisou que a embarcação, que tinha sido vistoriada a 11 de  Setembro, respeitava todos os procedimentos de segurança, tendo balsas, salva-vi das, coletes individuais e o aparelho que sinaliza situações críticas para um sa télite.

        O aparelho da "Senhora da Luz" permitia a sinalização destas situações  manualmente ou automaticamente.

        A embarcação "Luz do Sameiro" naufragou na manhã de sexta-feira, na Pra ia da Légua, a Norte da Nazaré, com sete pescadores a bordo.

        Três pescadores continuam desaparecidos, depois de outros três terem si do encontrados sem vida.

        Apenas um tripulante, de nacionalidade ucraniana, foi resgatado com vid a.

        O dono do barco, vários outros armadores e o pescador sobrevivente quei xaram-se da demora no aparecimento de meios de salvamento eficazes e o Sindicato

dos Pescadores do Norte escreveu ao Procurador-Geral da República a pedir expli cações sobre o sucedido.

        Com grande parte da pesqueira de Vila do Conde parada em protesto pela  alegada ineficácia dos meios de socorro, os pescadores decidiram rumar quinta-fe ira a Lisboa para entregar ao Governo um documento pedindo mais meios de socorro , no mar e no ar, em regime de permanência.

        As autarquias de Via do Conde e Nazaré também pediram melhores meios de socorro.

        "O que se viu foi um conjunto de pescadores a pedir, durante horas, por um socorro que nunca mais chegou", lamentou o presidente da Câmara de Vila do C onde, Mário de Almeida.

        Carrundo Dias não comentou estas posições mas, tendo por base a sua exp eriência de dois anos à frente da Capitania da Póvoa de Varzim e Vila do Conde,  defendeu que Portugal tem os meios de socorro no mar adequados às suas possibili dades económicas.

        O capitão da zona onde se concentra a maior comunidade piscatória portu guesa considera que o socorro no mar registou mesmo uma substancial melhoria com a afectação a este serviço dos helicópteros Merlin, que podem voar de noite.

        Anteriormente, o socorro por helicóptero era efectuado por aparelhos Pu ma, que só podem voar em período diurno, esclareceu o oficial.

        Segundo Carrundo Dias, os helicópteros estão estacionados na base do Mo ntijo e podem chegar a Caminha em 40 minutos, um período de tempo tido por razoá vel.

        "É certo que poderia haver helicópteros estacionados noutros pontos da  costa, que permitiriam um socorro mais directo, e não seria nada de surrealista. Mas temos os meios adequados à situação financeira do país", disse.

        Em todo o caso, alertou, "há sempre um tempo mínimo para accionar os me ios de intervenção. Não é só estalar os dedos", avisou.
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« Responder #3 em: Janeiro 05, 2007, 09:33:20 pm »
Ainda não tinha visto a última noticia que postou, sobre o satélite.
E aqui está o que eu já tinha referido anteriormente, com base na noticia que o Pereira, citou.
O que deve ser investigado é o porquê do sistema de detecção usado no nosso país demorar cerca de duas horas a localizar o local do acidente.
É que com tanto investido em "choc teck", acho que esta é uma área que está esquecida.
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Lancero

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« Responder #4 em: Janeiro 05, 2007, 09:40:54 pm »
O sinal de satélite é recebido em Toulouse, que envia quase em tempo real para o Centro de Busca e Salvamento em Oeiras (?). Não é uma tecnologia/meio exclusivo de Portugal.
O sistema são quatro satélites. Tanto quanto julgo saber, é necessária uma triangulação para se ter o local exacto, já que um satélite dá a latitude e outro a longitude. O que se passa é que a Marinha - que gere o salvamento marítimo - tem por norma não avançar sem ter a localização, pelo menos o melhor aproximada possível, do alvo.
Sou da opinião que, num caso assim, os meios deviam ser imediatamente mobilizados e estivessem já no ar ou mar para que quando se soubesse a localização exacta meio caminho estivesse andado.

Confesso que não sei até que ponto a minha sugestão é exequível... Mas na teoria...
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« Responder #5 em: Janeiro 05, 2007, 09:50:44 pm »
Uma teoria que pelo que eu entendo foi posta em prática, dai o envio da  lancha salva-vidas Joaquim Lobo para o local errado, e o EH101 ter levantado sem saber o local exacto do acidente.

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Como a posição estimada apontava para um ponto situado a oito quilómetros para norte, a Marinha "enviou a lancha salva-vidas [Joaquim Lobo, do porto da Nazaré] para o sítio errado". O próprio helicóptero EH101 Merlin da Força Aérea, que descolou pouco antes das 09.00, recebeu já em voo os dados precisos da rede de satélites, informaram algumas das fontes ligadas ao processo.


Posso estar muito enganado, mas acho que o mal não foi o rápida aprontamento dos meios.
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« Responder #6 em: Janeiro 05, 2007, 09:57:28 pm »
Mas o primeiro sinal satélite de emergência do pesqueiro foi às 06h42 e o "Joaquim Lobo" (primeiro meio activado) só saiu da Nazaré às 08h55 - pelo que já li na Imprensa.
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« Responder #7 em: Janeiro 05, 2007, 10:14:29 pm »
Eu também me estou a basear no que li, principalmente na noticia do DN, também não vi mais nenhuma que contenha mais informação que essa.
Mas pelos vistos não lhe adiantava de nada ( ao barco salva vidas) sair mais cedo, isto tendo em consideração, suponho, que quando saiu da Nazaré já existia uma ideia do local (perimetro) do naufrágio.
Provavelmente se saisse mais cedo quando recebesse as coordenadas exactas do local estaria bem mais longe do que os 8 Km para norte, para o qual se dirigia quando saiu da Nazaré.
Para mim o que falhou foi o sistema de alerta, e como o Lancero disse (e pelo pouco que sei a informação está correcta) o sistema de detecção não é meio exclusivo de Portugal, é um sistema contratado.
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« Responder #8 em: Janeiro 06, 2007, 10:43:49 am »
Do Portugal Diário:

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As falhas nos meios de salvamento no naufrágio da Nazaré já levaram elementos do Governo a reconhecer que o processo tem de ser mais eficaz e basta efectuar uma análise ao que acontece nos países mais próximos para perceber que ainda há muito para evoluir em Portugal neste aspecto.

Atendendo apenas ao meio de salvamento aéreo, conhecendo-se o tempo levado pelo helicóptero enviado para a Praia da Luz, percebe-se que basta percorrer alguns quilómetros para encontrar uma realidade completamente diferente. Na Galiza, por exemplo, o meio é «muito mais eficaz», conforme referiu ao PortugalDiário Xavier Aboi, secretário nacional da secção Mar da Confederação Intersindical Galega.

«A partir do momento em que é dado o sinal de socorro para a Torre de Controlo é accionado o meio aéreo para efectuar o salvamento. Os helicópteros são muito rápidos e estão em alerta 24 horas. Para além de um avião, que pertence à administração do Estado espanhol, ainda existem helicópteros da Xunta de Galicia, normalmente contratados a privados», frisou, avisando que «nem tudo é perfeito na Galiza, porque o serviço deveria ser totalmente público, mas de facto os meios de salvamento costumam ser eficazes».

O cerne da questão aponta para os custos envolvidos numa operação deste género. «É, de facto, um serviço muito custoso, mas acho que toda a gente percebe que a vida de uma pessoa não tem preço», vincou Xabier Aboi, concordando com a abordagem feita também ao nosso jornal por Plácido de Oliveira (56 anos), pescador de Aveiro e desde 1999 a operar no estrangeiro.

«Em Portugal discute-se quem vai pagar»

Com mais de quarenta anos de experiência no mar, 35 deles em Portugal, Plácido não se arrepende de ter emigrado, pois sente-se muito mais seguro lá fora. «Tanto em França, como em Inglaterra, Escócia, Irlanda e Ilhas Faroé os meios aéreos são rapidíssimos», frisou, concordando com uma ideia deixada por Xabier Agoi: «Em termos de salvamento de náufragos Inglaterra e França são as grandes referências».

O pescador Plácido exemplifica: «Vim recentemente da costa atlântica francesa e posso assegurar que os meios são muito eficazes, mais até do que Espanha. Sentimo-nos mais tranquilos, porque basta haver uma comunicação para o meio aéreo aparecer rapidamente. Primeiro está a pessoa, depois as perguntas. Em Portugal, pelo contrário, os entraves são enormes, porque a Marinha fala com a empresa responsável pelo barco e discute-se quem vai pagar a deslocação do helicóptero. Neste aspecto ainda vivemos um bocado no terceiro mundo».

Natural da Gafanha da Encarnação, Plácido de Oliveira sabe melhor do que ninguém o que é viver do mar e para o mar. A evolução tem sido grande, mas as evidências são claras, pelo que só se arrepende de não ter emigrado mais cedo.


http://www.portugaldiario.iol.pt/notici ... &id=758467

Reparem no título da notícia:
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«Terceiro mundo» nos meios aéreos
"Há vários tipos de Estado,  o Estado comunista, o Estado Capitalista! E há o Estado a que chegámos!" - Salgueiro Maia
 

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Lancero

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« Responder #9 em: Janeiro 06, 2007, 02:01:52 pm »
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2007-01-06 - 13:00:00

Reportagem CM - Falhanço
Como a Marinha os deixou à sorte

A Marinha de Guerra conhecia desde as 06h42 a zona onde naufragara o pesqueiro ‘Luz do Sameiro’ – mas uma investigação do CM demonstra que só perto das 08h30 chamou os meios de socorro, que chegaram tarde. Só um tripulante foi salvo. Morreram seis pescadores.

 
Quatro satélites gravitam à volta da terra com um único objectivo: eles captam os sinais enviados por embarcações em perigo e enviam o alerta para os centros de busca e salvamento. Cerca de 90 por cento dos mares está sob vigilância. O sinal emitido pelo pesqueiro ‘Luz do Sameiro’, em dificuldades ao largo da praia de Légua, no concelho de Alcobaça, foi captado pelo satélite e chegou, precisamente às 06h42 de 29 de Dezembro à base de rastreio de Toulouse, no Sul de França.

O ‘Luz do Sameiro’ estava equipado com a bóia de emergência – uma ‘garrafa’ flutuante que se desprende da borda do barco em contacto com a água e emite para o satélite o sinal de naufrágio. O código enviado pela bóia permite mais duas coisas: identificar a embarcação e o local aproximado do desastre. Na base de Toulouse, às 06h42 daquela sexta-feira, ficaram a saber que o barco de pesca ‘Luz do Sameiro’, matriculado no porto de Vila do Conde, tinha naufragado na zona costeira da Nazaré.

A informação de França chegou numa questão de segundos ao centro português de busca e salvamento – instalado no ‘bunker’ da NATO, em Oeiras, mas sob responsabilidade da nossa Marinha de Guerra.

A esta hora ainda ninguém sabia com rigor de geógrafo a localização exacta do naufrágio. O primeiro sinal enviado pelo satélite apenas indicou a latitude – uma linha imaginária, paralela ao Equador, que começava escassas dezenas de milhas a Norte da Nazaré e terminava na costa dos Estados Unidos.

No centro de busca e salvamento, em Oeiras, foi então cometido o primeiro erro – diz José Teixeira, oficial da marinha mercante. Este homem, que leva 30 anos de mar, conhece como actuam as autoridades de Espanha e do Norte da Europa – e não tem a mais pequena dúvida: “Um helicóptero devia ter descolado imediatamente para a zona da Nazaré. Já se sabia que o barco era um pequeno pesqueiro português. Não podia navegar muito afastado da nossa costa.”

07h00

A Marinha de Guerra nada fez a não ser esperar que um novo sinal da bóia do ‘Luz do Sameiro’, captado pelo satélite, indicasse a posição exacta do barco.

A investigação do Correio da Manhã permite concluir que no centro de busca e salvamento, pelas 07h00, havia a certeza absoluta de que o pesqueiro estava em dificuldades, ao largo, escassas milhas a Norte da Nazaré.

Ainda assim, não foi pedido o helicóptero à Força Aérea. Nesta altura, segundo José Teixeira, “a operação de socorro já leva 15 minutos de atraso”.

07h15

Um segundo sinal de satélite, captado pela estação de Toulouse, permite finalmente conhecer ao milímetro a posição do barco em dificuldades. O centro português de busca e salvamento fica a saber que o ‘Luz do Sameiro’ naufragou na praia da Légua – exactamente na latitude indicada no primeiro sinal enviado pela bóia de emergência.

Enquanto os sete pescadores a bordo eram castigados pela ondas de dois metros e meio, reinava a calma no centro de busca e salvamento. Nem um telefonema a pedir o helicóptero da Força Aérea, nem um telefonema a mandar sair a lancha da estação do Instituto de Socorros a Náufragos na Nazaré.

Pelas 07h15 o armador do barco, Manuel Maio, recebe um telefonema, em Caxinas. Era do centro de busca e salvamento – a ‘rádio-baliza’, como os pescadores chamam. Manuel Maio ouviu o que não queria ouvir. O seu barco naufragara na praia da Légua, a Norte da Nazaré. Tinha o filho a bordo, era o mestre do pesqueiro.

O militar de serviço no centro de busca e salvamento seguiu à risca as formalidades burocráticas. Queria confirmar com o armador se o barco estava mesmo no mar, não fosse o caso de se tratar de um falso alarme, e quantos pescadores estavam a bordo. “Eu nem sabia onde era a praia da Légua. Ele é que me disse que era em Alcobaça, a Norte da Nazaré”, recorda ao CM Manuel Maio.

08h20

O ‘Luz do Sameiro’ está em sérias dificuldades, a cerca de 100 metros da praia. Aproximava-se de um perigoso banco de areia, autêntico viveiro de robalos e douradas, peixe nobre com elevado valor comercial. Aquela zona, enxameada de redes abandonadas, é uma armadilha fatal – e aconteceu o pior: redes ficaram enroladas na hélice e o barco sem governo, batido por mar forte, acabou por encalhar no banco de areia onde as vagas rebentam com violência.

O único sobrevivente, o ucraniano Vasyl Hurny, cozinheiro a bordo, contou que estava a dormir e acordou com um estrondo – o casco de aço a bater no fundo de areia. Subiu ao convés. Encontrou o mestre, Inácio Maio, e o contramestre, José Ferreira, aflitos: aceleravam o motor mas a hélice, enleada em redes, não respondia. Os outros quatro tripulantes, segundo Vasyl, também acordaram nessa altura.

O barco naufragou pelas 06h42. Hora e meia depois ainda não havia sinal de socorro. Os pescadores, cansados, com medo, castigados pela rebentação e pelo frio, perdiam as forças e a esperança.

Pelas 08h20 um pescador desportivo, José Saldanha, chega à praia da Légua – e o barco está ali à sua frente. Ainda viu quatro pescadores no convés. Corre a telefonar para o 112. Só então, o centro de busca e salvamento parece acordar para a tragédia.

08h25

A esta hora as estações do Instituto de Socorros a Náufragos, subordinadas à Marinha de Guerra, ainda não abriram: os tripulantes dos salva-vidas trabalham das 09h00 às 17h00 e fora deste horário estão em casa com os telemóveis ligados à espera de chamada.

António Bernardo, patrão do salva-vidas da Nazaré, preparava-se para sair de casa, em São Martinho do Porto, a caminho do trabalho, quando foi informado de que devia largar para a praia da Légua.

08h45

Apenas duas horas e 20 minutos depois de o ‘Luz do Sameiro’ ter emitido o primeiro sinal de alerta, o centro de busca e salvamento pede à Força Aérea o helicóptero estacionado no Montijo, a meia hora de voo da Nazaré. O pedido chega à Base Aérea às 08h45.

José Teixeira, oficial da Marinha Mercante, lastima tanto tempo perdido e não poupa críticas aos procedimentos utilizados pela Armada nas operações de salvamento no mar. “Na Europa do Norte e em Espanha o helicóptero descola para uma zona de busca mal o satélite obtém a primeira coordenada de latitude. Em Portugal, esperam pela localização exacta. E este tempo de espera pode ser fatal”, diz José Teixeira.

No caso do naufrágio do ‘Luz do Sameiro’ , o centro de busca e salvamento já tem às 07h15 as coordenadas exactas do naufrágio – mas, até chamar o helicóptero, tem de cumprir um rol de normas inúteis. “Telefonam para os capitães do portos, telefonam para o armador, telefonam para o oficial de serviço no Comando Naval, gastam tempo precioso numa teia infernal de burocracia e avaliações e, por fim, fazem o telefonema que devia ser o primeiro da lista – para o oficial de dia na Base Aérea do Montijo a pedir o bendito do helicóptero”, diz José Teixeira.

08h55

O mapa com a localização das estações do Instituto de Socorros a Náufragos de Caminha a Vila Real de Santo António é enganador. Dá a ideia, pela quantidade de pontos, que a costa está bem protegida. “Os salva-vidas são desadequados”, diz José Teixeira. Os mais rápidos, semi-rígidos com cascos em fibra e flutuadores, são demasiados pequenos para enfrentarem mar adverso. Os maiores são lentos.

Faltam, por exemplo, salva-vidas com um fundo em almofadas pneumáticas (estilo ‘hovercraft’) com motores a jacto – que aguentam temporais bravos e são capazes de passar por zonas de forte rebentação.

O patrão António Bernardo largou da estação da Nazaré precisamente às 08h55. O salva-vidas, da classe ‘Patrão Joaquim Lobo’, navega há 19 anos. É lento. Dá no máximo dez nós por hora, o equivalente a cerca de 18 quilómetros por hora. Mas é impossível ao patrão do leme manter por muito tempo a velocidade máxima. O motor aquece com muita facilidade. Se aquecer de mais bloqueia e só pode ser ligado de novo uma hora e meia depois.

09h15

O salva-vidas da Nazaré chega às 09h15 ao local do naufrágio. A tripulação avista quatro pescadores agarrados aos ferros no convés do barco. Mas nada pode fazer. Afasta-se. O patrão António Bernardo, de 55 anos, já medalhado por salvamentos heróicos, sabe que a sua lancha não tem capacidade para entrar na zona de rebentação – e, mesmo que o fizesse, as redes à deriva à volta do pesqueiro naufragado eram uma armadilha para a hélice. “Se ele tivesse um valente ’hovercraft’ com motor a jacto teria lá chegado e salvava os pescadores”, garante José Teixeira.

10h04

O helicóptero da Força Aérea surge, por fim, nos céus da praia da Légua. São exactamente 10h04. Apenas há um pescador com vida. Foi salvo.

A Força Aérea também tem horários a cumprir. Entre as 09h00 e as 17h00 as bases aéreas fervilham de actividade. Neste período a Força Aérea garante que consegue ter um helicóptero pronto para descolar 30 minutos depois de receber o alerta. Fora do horário normal, com a base a meio gás, o tempo de resposta aumenta para 45 minutos.

Até em Portugal é possível fazer melhor. Os helicópteros do Serviço Nacional de Bombeiros e de Protecção Civil (SNBPC) descolam em escassos 15 minutos.

Na manhã do naufrágio na praia da Légua os serviços de Protecção Civil informaram o centro de busca e salvamento da Marinha de Guerra que o helicóptero estacionado em Santa Comba Dão estava pronto para voar sobre os náufragos. A oferta foi feita às 09h15. A Marinha recusou.

O helicóptero dos bombeiros, equipado com um guincho e com um tripulante treinado para descer e recuperar os náufragos, teria chegado à praia pelas 09h40, cerca de 25 minutos antes do aparelho da Força Aérea.

Do areal da praia da Légua, bombeiros, nadadores salvadores e equipas de emergência médica assistiram impotentes ao drama de pelo menos quatro pescadores que ainda lutavam pela vida no convés do barco naufragado. As ondas levaram um a um. Sobreviveu o mais forte, ucraniano, com experiência de mergulho profissional.

“Motas de água lançadas da praia teriam salvado aqueles homens”, diz o comandante José Teixeira.

HORROR A BORDO DO PESQUEIRO

O ‘Luz do Sameiro’ saiu do porto da Nazaré para a pesca, pelas 02h30 de sexta-feira, 29 de Dezembro. O mestre Inácio tomou rumo para o banco de areia da praia da Légua onde abundam os robalos – o ouro do mar. É uma zona proibida de pesca. Este mar está enxameado de redes ilegais que se enrolaram na hélice: o barco ficou sem governo e encalhou. Os pescadores aguardaram quase três horas por socorro. Só um se salvou, içado pelo helicóptero.

ALMIRANTE ASSUME FALHAS

O chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) assumiu ontem responsabilidades pelas tentativas falhadas de salvar do mar seis pescadores do barco que naufragou na praia da Légua, a Norte da Nazaré. O almirante Melo Gomes apresenta-se “solidário com os marinheiros que tentaram o salvamento”, sem êxito.

“Assumo todas as responsabilidades – as nossas – como é meu dever, certo de que todos saberão também assumir as suas, retirando lições”, afirmou o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Melo Gomes, num documento distribuído em todas as unidades da Marinha e a que a agência Lusa teve acesso.

O almirante Melo Gomes reconhece no documento que, apesar de “tudo” ter sido feito para salvar os pescadores do pesqueiro ‘Luz do Sameiro’, a Marinha de Guerra “nunca conseguirá explicar ao público” o facto de não ter conseguido salvar todos os sete tripulantes “a tão curta distância da praia”. O almirante Melo Gomes afirma-se seguro “da eficácia” com que os marinheiros utilizaram os meios ao seu dispor.

A EFICÁCIA BRITÂNICA E DA VIZINHA ESPANHA

Para o governo britânico o tempo de resposta dos meios de salvamento é uma prioridade e não deve exceder os cinco minutos – desde o alerta até à chegada ao local. As autoridades responsáveis conseguiram-no em 98 por cento dos casos, em 2004 e 2005. O Governo investiu ainda num hangar, em Portland, em que os meios aéreos servem apenas para buscas e salvamento no mar.

Em Espanha. o plano nacional de salvamento, traçado para 2006 e até 2009, pretende reduzir o tempo de resposta dos meios marítimos. Há lanchas rápidas que chegam a qualquer ponto do mar, até às 15 milhas da costa, no máximo de 75 minutos e um helicóptero de salvamento, que dentro das 25 milhas chega num máximo de 60 minutos.

TRÊS HORAS NO MAR GELADO

O ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas admitiu ontem que o Governo reforce os meios de salvamento no mar – mas alertou que a segurança dos pescadores “começa nas condições das embarcações e na utilização de coletes salva-vidas”.

Os coletes não teriam salvo os seis pescadores que morreram a bordo do ‘Luz do Sameiro’. A temperatura da água, na manhã do naufrágio, rondava os dez graus.

“O corpo humano não aguenta mais de duas horas na água abaixo dos 18 graus centígrados” – diz José Teixeira, oficial da Marinha Mercante. Mesmo que os pescadores se atirassem ao mar com os coletes salva-vidas envergados, teriam ficado na água fria durante mais de três horas – entre as 06h42 e as 10h04 – quando o helicóptero chegou à zona do desastre, a escassos 100 metros do areal da praia da Légua.

SOCORRO

A lancha salva-vidas da Nazaré, que esteve no local do naufrágio, é lenta – e nem pode acelerar à velocidade máxima, porque o motor aquece e pára. O Serviço Nacional de Bombeiros e de Protecção Civil tinha este helicóptero pronto a descolar em Santa Comba Dão e informou a Marinha de Guerra, que recusou. Teria chegado á praia 25 minutos antes do helicóptero militar.

NÁUFRAGO INGLÊS SALVO EM SAGRES

Um veleiro britânico, de nome ‘Nomad’, encalhou ontem de manhã no sítio da Pedra do Cajado, duas milhas a Norte do Cabo de S. Vicente, em Sagres, Vila do Bispo.

O único tripulante, um inglês de 32 anos, saiu ileso do acidente. Os Bombeiros de Vila do Bispo retiraram-no do fundo da falésia, na zona da Pedra do Cajado. Três fachos luminosos foram avistados às 06h00 pela tripulação da embarcação de pesca ‘Princesa de Sagres’, que lançou o alerta, tendo o salvamento ocorrido cerca de três horas depois.

O velejador viajava de Londres para Gibraltar e assegurou ser um marinheiro experimentado. A embarcação, de dez metros de comprimento, ficou completamente destruída e o proprietário vai ser notificado para proceder à remoção, tarefa que não se afigura fácil devido à localização.

LÁ FORA

INGLATERRA

Em Inglaterra o governo criou um órgão responsável pelas medidas de segurança no mar e na zona costeira que, neste país, se prolonga por 16 898 quilómetros.

TESTES

Todos os anos as equipas de salvamento inglesas fazem testes às tecnologias utilizadas e ao tempo de INSPECÇÃO

Um dos objectivos do governo britânico, que desde 1998 debate a segurança marítima, é que as embarcações sejam todas inspeccionadas.

ESPANHA

Em Espanha, o plano de salvamento concebido para os próximos dois anos passa pela formação dos homens envolvidos no sistema de socorro marítimo.

ZONAS DE RISCO

O plano de socorro marítimo espanhol sublinha ainda a necessidade de adoptar planos específicos tendo em atenção as zonas geográficas e os seus riscos.

COORDENAÇÃO

Outro dos objectivos fundamentais é a coordenação dos organismos que estão incumbidos do socorro a náufragos e dos que se responsabilizam pela contaminação marinha.
Manuel Catarino/S.S./A.A.


http://www.correiodamanha.pt/noticia.as ... al=181&p=0
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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Yosy

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« Responder #10 em: Janeiro 06, 2007, 06:12:19 pm »
Irrita-me o facto da Marinha dizer não conseguir explicar porque não foram salvos. É porque a Armada quer estar na ribalta e impede que outros, que estão mais perto e com melhor equipamento, possam ir em socorro.

Em 2000 um pesqueiro ao largo de Viana do Castelo estava-se a afundar. Os Bombeiros (que tinham um helicóptero disponível e estavam mais perto)pediram autorização à Marinha para irem salvar os tripulantes. A Marinha recusou, mas eles desobedeceram e salvaram 4 tripulantes antes da embarcação se afundar.

No dia seguinte, já andavam a pedir os nomes dos tripulantes do helicóptero porque estes foram numa missão de salvamento sem autorização da Marinha.  :evil:
 

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Luso

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« Responder #11 em: Janeiro 08, 2007, 09:54:36 pm »
http://www.letrascomgarfos.net/blog/#linknote-268-1

O MacHartismo do Absurdo
Segunda, 8 de Janeiro de 2007

Quando passamos pela blogosfera, vemos opiniões distintas sobre o mesmo assunto, (e ainda bem) o que não significa que não exista razão na diferença.

Sobre a tragédia da Nazaré, escreve-se aqui sobre a falta de consciência cívica dos portugueses; e aqui sobre o grave comportamento moral dos nossos responsáveis.
O problema é que não sei quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?

Temos os políticos e os mandantes que merecemos. Em nome da estabilidade democrática, já permitimos o absurdo instalado na gestão das coisas públicas. Somos um país de delinquentes; é delinquente o pescador que “não sabe” o que é um colete de salva-vidas, como é um delinquente um almirante, que perante a ineficiência delinquente das suas atribuições, não reconhece a sua delinquência e se demite das suas funções. Um delinquente nunca se reconhece como tal, assim como um bêbado nunca se reconhece como dependente da pinga, ou um jogador inveterado diz sempre que não está agarrado ao casino.

Num país de delinquentes, é delinquente quem não é delinquente – numa espécie de McCarthyism da delinquência. É por isso que, de vez em quando na nossa História, aparece alguém com falas de padre para tomar conta dos meninos. Inevitável.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...