LPD- Navio Polivalente Logístico

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5415 em: Março 10, 2023, 11:03:21 pm »
Primeiro diz-se que o aumento para 2% seria insuficiente, depois de “provado” que seria mais do que suficiente — mesmo num cenário de custos exageradamente elevados — diz-se que afinal não há dinheiro. É complicado…
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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5416 em: Março 11, 2023, 10:18:51 am »
Primeiro diz-se que o aumento para 2% seria insuficiente, depois de “provado” que seria mais do que suficiente — mesmo num cenário de custos exageradamente elevados — diz-se que afinal não há dinheiro. É complicado…

Há dinheiro suficiente para ter umas FA razoáveis, de dimensão reduzida, até pela questão dos efectivos, mas umas FA capazes.
Não dá para ter 8 submarinos nem 8 combatentes de superfície, o que as nossas águas até justificavam, mas dá para metade disso, o que sendo pouco, se forem meios modernos, com efectivos treinados e disponibilidade operacional, já seria considerável dissuasor.

Mais uma vez, o problema não são apenas os sucessivos governos que demonstram incapacidade de gerir o dinheiro que há em todas as áreas económicas. Não há um plano estratégico de defesa, nem para as capacidades futuras quanto mais para as aquisições. A LPM devia estar adequada a um plano conjunto para os três ramos, e só assim faria sentido existir.

Podemos sempre atirar a culpa para os comunistas, até está na moda, mas eu não me recordo de ter existido em Portugal um governo comunista, ou sequer um MDN comunista. E não me parece que seja um partido com 5% de representação que influencie as opções na aérea da defesa. O que ouvi dos comunistas esta semana, na rádio de raspão, foi que Portugal deve adquirir os equipamentos necessários para a defesa dos seus interesses.

E quanto a passar informações para Moscovo, tb se passou o mesmo em Lx, quando o actual ministro das Finanças era o autarca. Mas como este não é pcp, já não causa prurido a ninguém..

Quanto à taxa de IVA, está até poderia ser revista para baixo, mesmo que temporariamente, dado o aumento extraordinário na sua cobrança.
 

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5417 em: Março 11, 2023, 10:23:23 am »
Primeiro diz-se que o aumento para 2% seria insuficiente, depois de “provado” que seria mais do que suficiente — mesmo num cenário de custos exageradamente elevados — diz-se que afinal não há dinheiro. É complicado…

Há dinheiro suficiente para ter umas FA razoáveis, de dimensão reduzida, até pela questão dos efectivos, mas umas FA capazes.
Não dá para ter 8 submarinos nem 8 combatentes de superfície, o que as nossas águas até justificavam, mas dá para metade disso, o que sendo pouco, se forem meios modernos, com efectivos treinados e disponibilidade operacional, já seria considerável dissuasor.

Mais uma vez, o problema não são apenas os sucessivos governos que demonstram incapacidade de gerir o dinheiro que há em todas as áreas económicas. Não há um plano estratégico de defesa, nem para as capacidades futuras quanto mais para as aquisições. A LPM devia estar adequada a um plano conjunto para os três ramos, e só assim faria sentido existir.

Podemos sempre atirar a culpa para os comunistas, até está na moda, mas eu não me recordo de ter existido em Portugal um governo comunista, ou sequer um MDN comunista. E não me parece que seja um partido com 5% de representação que influencie as opções na aérea da defesa. O que ouvi dos comunistas esta semana, na rádio de raspão, foi que Portugal deve adquirir os equipamentos necessários para a defesa dos seus interesses.

E quanto a passar informações para Moscovo, tb se passou o mesmo em Lx, quando o actual ministro das Finanças era o autarca. Mas como este não é pcp, já não causa prurido a ninguém..

Quanto à taxa de IVA, está até poderia ser revista para baixo, mesmo que temporariamente, dado o aumento extraordinário na sua cobrança.

As despesas foram sempre mais criticadas pelo BE. Mas até esse desceu. O problema é que nos socialistas estão muitos com a mesma mentalidade, mas apenas num partido que dá mais lugares e tachos. Um partido cheio de gente com azia a tropa, até a cor da Bandeira e a Monumentos Nacionais. Por isso não admira.

Mas tudo faz parte do mesmo esquema das cativações em tudo para mostrar algum resultado nas contas e manter o frágil Poder
« Última modificação: Março 11, 2023, 01:27:18 pm por Pescador »
 

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5418 em: Março 11, 2023, 12:34:47 pm »
E quanto a passar informações para Moscovo, tb se passou o mesmo em Lx, quando o actual ministro das Finanças era o autarca. Mas como este não é pcp, já não causa prurido a ninguém..

Quanto à taxa de IVA, está até poderia ser revista para baixo, mesmo que temporariamente, dado o aumento extraordinário na sua cobrança.

Devemos participar em fóruns diferentes. Não causou o quê?!
« Última modificação: Março 11, 2023, 02:42:43 pm por Cabeça de Martelo »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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dc

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5419 em: Março 11, 2023, 02:08:29 pm »
Primeiro diz-se que o aumento para 2% seria insuficiente, depois de “provado” que seria mais do que suficiente — mesmo num cenário de custos exageradamente elevados — diz-se que afinal não há dinheiro. É complicado…

2% dava bem. Agora claro, que se quiserem tudo topo de gama em todo o lado, ao invés de se focarem naquilo que é prioritário e relevante, óbvio que já não dará para tudo.

Torna-se difícil se, por exemplo, se desse um aumento de salários não só aos praças, mas também a todos os postos de comando mais elevados (que não precisam). Torna-se difícil se o Exército quiser também ter a sua quintinha de helicópteros (imagine-se num país pequeno ter os helicópteros militares todos de baixo da mesma alçada, se quisessem, um comando conjunto... impensável!!!!). Ou se a Marinha andar preocupada em perder "milhas" na responsabilidade de patrulha para uma GNR/Guarda Costeira que poderá ter os ditos navios de patrulha de graça (financiados pela UE). Torna-se difícil quando o padrão mínimo para o Navpol seja um LPD grande, gordo, feio, caro e que precisa de muita gente, havendo soluções muito mais racionais para nós. Ou quando na FAP se continuar a fantasiar com uma capacidade de treino ao nível dos italianos, com 3 ou 4 modelos de aeronave para esse fim.

Outro ponto chave, acaba por ser o espaçamento entre os grandes programas, ao contrário do que tem sido feito (todos os programas de grande dimensão foram empurrados para 2030-35). O que não ajuda nada quando tentas "alocar" os tais 2% a tudo o que é necessário, depois há quem conclua que "não há dinheiro". Ter 3 dos programas mais caros da nossa história (senão mesmo os 3 mais caros), todos para a mesma altura (substituição dos P-3, F-16 e fragatas), é uma estupidez tremenda. Infelizmente já vamos tarde para isso, sendo que a única opção que vejo, seria adiantar a substituição das VdG ainda esta década, e assegurar a compra de um primeiro batch de 12 F-35 (até mesmo para começar a tratar da infraestrutura necessária) como falado noutro tópico, espaçando o investimento por um prazo de 10/15 anos.
 
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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5420 em: Março 11, 2023, 03:25:38 pm »
+- às 14h30m MDN estava em entrevista na TSF, sobre a LPM - ia explicar o "equívoco" dos 2%
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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5421 em: Março 11, 2023, 05:45:40 pm »
E quanto a passar informações para Moscovo, tb se passou o mesmo em Lx, quando o actual ministro das Finanças era o autarca. Mas como este não é pcp, já não causa prurido a ninguém..

Quanto à taxa de IVA, está até poderia ser revista para baixo, mesmo que temporariamente, dado o aumento extraordinário na sua cobrança.

Devemos participar em fóruns diferentes. Não causou o quê?!

A correção é devida. Não causa o mesmo prurido a alguns elementos, não a todos, é verdade.
 

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5422 em: Março 11, 2023, 07:00:26 pm »
+- às 14h30m MDN estava em entrevista na TSF, sobre a LPM - ia explicar o "equívoco" dos 2%

Devemos ser o único país "equivocado" de certeza  :mrgreen: ::)
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
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dc

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5423 em: Março 11, 2023, 09:44:36 pm »
Devemos ser o que mais aldraba.  :mrgreen:

Agora se a gastar 1% já é o que é, imagino a quantidade de aldrabice para chegarem aos 2%. Ainda devem incluir orçamento para rotundas, ou da despesa do novo aeroporto, só para inflacionar a coisa.
 
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papatango

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5424 em: Março 12, 2023, 09:43:43 am »
Primeiro diz-se que o aumento para 2% seria insuficiente, depois de “provado” que seria mais do que suficiente — mesmo num cenário de custos exageradamente elevados — diz-se que afinal não há dinheiro. É complicado…

O problema deste tipo de meio de discussão de um tema por escrito, tem várias limitações, e às vezes acabamos por andar as voltas, porque estamos a falar de coisas diferentes.
Só passado algum tempo conseguimos entender o que outra pessoa está a tentar dizer, naturalmente, falo por mim.


A questão não é se há dinheiro ou não, a questão é quão depressa os meios são requeridos. Num programa de emergência – que foi o que considerei - que pretenda modernizar os meios de uma marinha em dez anos, os valores indicados não chegam, e seriam ultrapassados em várias centenas de milhões, ou então secando os outros ramos das forças armadas.

Foi este o cenário que considerei e por isso, o aumento de que falamos, não chega, teria sempre que se recorrer a qualquer outra forma de financiamento.

No entanto, caso aceitemos que os navios só podem ser comprados dentro de um período de tempo alargado, a possibilidade já existe, com os mesmos recursos.
Por exemplo, comprando as fragatas em 2035 e 2036 e as corvetas com entregas em 2045 até 2048 (fiquei curioso e ainda vou tentar fazer contas).

Pode-se aumentar o prazo de pagamento, para vinte anos (eventualmente mais) o problema é que neste caso, não se geram os recursos para comprar os navios, o que implica que, nas contas do estado vão aparecer as compras, vão aparecer os juros, vai aparecer a dívida e isso quer dizer um deficit que a União Europeia não aceita.



Manutenção

Em qualquer circunstância, temos sempre que considerar que os navios depois de comprados, começam imediatamente a necessitar modificações e manutenção.
Existem bibliotecas inteiras de livros sobre como calcular os custos de navios de guerra, e as variáveis são tantas que tal tornaria impossível qualquer cálculo com um minimo de precisão.

Os valores com que contei para manutenção foram de 5% do valor de compra, por várias ordens de razões.
É um valor que se aplica a navios de várias marinhas, desde os EUA à  Grã Bretanha incluindo a França ou o Canadá.
E para evitar casos mais ou menos complicados de calcular, como as fragatas da Dinamarca [2]

Em quase todos os casos, os custos indicados ultrapassam os 10% do valor inicial do navio, desde que o número de horas de mar por ano seja significativo.
O tipo de equipamento instalado, como se o radar gira ou não gira, influi nos custos, mas o que realmente influi nos custos, é se o navio passa tempo no mar, ou fica parado na doca. Há um estudo online feito pela marinha do Canadá em que se verifica a relação entre custos de manutenção e numero de dias no mar.

Eu parto do principio de que os navios não ficam parado na doca o ano inteiro e por isso, mesmo 5% do valor de aquisição é uma projeção muito muito por baixo. [1]


Para fazer qualquer calculo,  temos não só que aumentar as despesas em defesa para 1800 milhões de Euros por ano (e não sabemos de onde o dinheiro vem para pagar as prestações durante quase cinquenta anos), como também temos que definir prioridades, porque mesmo triplicando o valor para novas aquisições por três, continua a ser imprescindível determinar prioridades e programar as aquisições.

Dentro de quantos anos é que os meios deveriam estar disponíveis ?

Se é urgente, os 2% do PIB não chegam, nem com um aumento de 0,1 pontos percentuais ao ano o que permitiria atingir os 2% no orçamento de 2029.




Questões políticas (um aparte, que se aplica a todos os ramos)

A referência que fiz ao Partido Comunista e aos sindicatos controlados pelo partido (sindicatos que na prática são indiretamente controlados por um país estrangeiro), não é que essa organização seja a razão principal do problema, é apenas mais um dos problemas que é necessário ultrapassar.

A ideia de que o PCP alguma vez defendeu a defesa nacional, é uma das muitas operações de Maskirovka do partido, que se faz passar por patriota e nacionalista desde sempre.
O PCP sempre se afirmou a favor da defesa nacional. SEMPRE !

O problema é que a realidade é muito diferente. O partido estava representado no Conselho da Revolução, esse órgão que não tinha nada a ver com a tropa … Comunistas como Rosa Coutinho (e outros) levaram Portugal a ser isolado dentro da NATO, porque se sabia que as forças armadas estavam completamente minadas pelo PCP e naturalmente pela KGB.

Escorraçar os comunistas das estruturas militares de comando, foi uma tarefa que só começou a ser levada a cabo a sério quando Adelino Amaro da Costa chegou ao ministério da defesa em 1979/1980.
Curiosamente, quando foi eliminado, a morte mais sonante foi a de Francisco Sá Carneiro.

O PCP criticou todas as compras militares portuguesas praticamente desde que me lembro e desde pequeno que me interesso pelo tema.
Criticou a vinda dos M48, porque não serviam para nada; Criticou os aviões Corsair A7-P porque não eram caças; Criticou os F-16, porque não eram uma prioridade para a defesa nacional; Criticou as fragatas Vasco da Gama, porque o que faltava era dinheiro para os marinheiros; Criticou a vinda dos M60, porque eram praticamente iguais aos M48... (e isto é falar de memória)

A lista continua Ad Eternum, porque o PCP é EM PRINCIPIO a favor da defesa nacional, só que para o PCP a nossa defesa, deve ter em conta que o inimigo é a America e os países da Europa ocidental capitalista. Não podemos nunca esquecer este pequeno detalhe ...

O Bloco de Esquerda, é um partido comunista soviético/trotskista, que ao contrário do soviético /estalinista não tem a vergonha de dizer que não quer que nos defendamos. O Bloco não quer defesa para coisa nenhuma e pronto.

A única compra que eu ouvi um dirigente do bloco apoiar, foi quando o prof. Fernando Rosas há bastantes anos atrás, defendeu a compra dos NPO, que convenientemente nem armas têm.







[1] Além disso, esses valores percentuais aplicam-se a navios civis, a navios petroleiros, a navios frigoríficos. São valores grosso modo utilizados pelas seguradoras e pelas empresas de navegação, para estabelecerem políticas a médio e longo prazo, ou para efectuar cálculos sobre o valor dos navios durante um determinado período.

[2] Fragatas com o casco produzido nos estados bálticos para baratear o custo, com armamento retirado de outros navios, e com um programa de modernização, dez anos após os navios terem entrado ao serviço. Equipamentos e sistemas de origem civil, que não cumprem com padrões militares (a acreditar em comentários dos americanos, que optaram por comprar as fragatas FREMM).
« Última modificação: Março 12, 2023, 09:44:38 am por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5425 em: Março 12, 2023, 12:48:51 pm »
O que incomoda é os prazos mencionados, fragatas em 2035 e corvetas(?) em 2045
Quando fazem falta até 2030, as fragatas, que até podia, por maioria de razões noutras matérias serem XO, resolvendo vários outras problemas e carências e, depois outras até 2035, mas da sério, não corvetas.

Isto já tarde e más horas e nos mínimo de hipóteses de aquisições. As VdG é para arrumar antes de 2030, e é muito tarde
 

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5426 em: Março 12, 2023, 01:38:09 pm »
Mas não é preciso fazer grandes contas, é perguntar/comparar com o que gastam outros países aliados. Não há-de ser difícil perguntar aos espanhóis quanto lhes custa manter e operar as F-100, ou aos dinamarqueses as suas Iver + Absalon. Os custos dos navios americanos até são tornados públicos, pondo um Zumwalt ou Arleigh Burke na casa dos 100 milhões por ano (bestas de navios que serão sempre muito mais caros que fragatas europeias, e que no caso dos AB, além da guarnição enorme, raramente ficam parados no seu porto).

Fazendo as coisas bem feitas, e cumprindo com os 2%, é possível ter praticamente tudo o que se queira comprar, principalmente se as aquisições mais avultadas forem espaçadas no tempo. Agora claro, não podem estar à espera que se aumento orçamento já este ano, seja para 1.6, seja para 2% mesmo, e nada mudar.
Mantendo as coisas como estavam até agora, sabemos que o plano passava para substituir as fragatas em 2035, o mesmo para os F-16, e N outros programas.
Aumentando o orçamento, seja com uns 460 milhões a mais já este ano, seja atingindo os 4 mil milhões nos próximos 3 ou 4 anos, não me digam que não conseguem adiantar alguns destes programas? Se não for nestes programas, onde é que será gasto este suposto aumento? Já "ouvimos" que deram nega aos NASAMS, a MLU das VdG sempre vai para a frente, os F-16 irão aguentar até 2030 pelo menos e os P-3 idem.
Com um aumento que seria no mínimo de 460 milhões todos os anos até 2030 (os tais 1.6% do PIB, já a contar com despesa da GNR), nos 7 anos entre 2023 e 2030 (2030 não incluído), seriam 3220 milhões de aumento, para lá do já orçamentado em LPM. É muito dinheiro, para não se saber ainda onde gastar (nem o deste ano se sabe, mas deverá ser tudo cativado).

Infelizmente, acho que mais depressa compram mais KCs, compram uns 20 STs e aumentam o orçamento do LPD (para um 2º navio até, os malucos), do que todas as outras coisas realmente prioritárias.

O que incomoda é os prazos mencionados, fragatas em 2035 e corvetas(?) em 2045
Quando fazem falta até 2030, as fragatas, que até podia, por maioria de razões noutras matérias serem XO, resolvendo vários outras problemas e carências e, depois outras até 2035, mas da sério, não corvetas.

Isto já tarde e más horas e nos mínimo de hipóteses de aquisições. As VdG é para arrumar antes de 2030, e é muito tarde

Prazos sem nexo mesmo. Eu fico é confuso sobre o que é que as tais corvetas iriam substituir em 2045. As BD? Os NPO? Não tem qualquer lógica, mas o lobby do LPD é demasiado forte, tal que é preferível dar cabo do resto da Marinha para o ter, do que procurar alternativas menos "ideais" para a parte logística e anfíbia.

Mas lá está, manias de ricos numas coisas, e pobres noutras.
 

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papatango

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Re: LPD- Navio Polivalente Logístico
« Responder #5427 em: Março 12, 2023, 03:57:47 pm »
Corremos o risco de andar em circulos...

Vamos ver: A questão que coloquei diz respeito unica e exclusivamente ao aumento das despesas militares, com o objetivo de permitir a aquisição de novos equipamentos.

Vamos tentar esquecer a GNR, a Gendarmerie ou a Guardia Civil espanhola,  a policia maritima, os bombeiros e o que seja …

Vamos lembrar que o aumento das despesas, não é exclusivamente para a marinha, os outros ramos também existem...
A Força Aérea precisa de aviões, precisa de helicópteros, os EH-101 estão próximos dos 20 anos, os P3-Orion, nem se fala, porque o custo de uma coisa parecida até mete medo. O exército tem poucos tanques mas precisa de dinheiro para pagar melhor aos soldados e precisa de camiões, e acima de tudo de viaturas de combate de infantaria e capacidade de defesa anti-aérea.

O problema aqui, é que eu agarro numa folha de cálculo, calculo até os juros e as amortizações dos emprestimos, e não consigo meter duas fragata (800 milhões), quatro corvetas (€300 milhões) e um navio logistico barato (€ 500 milhões) sem esticar o pagamento e diluir o investimento no tempo, considerando que ainda há que pagar submarinos e custear a manutençao dos restantes navios. Até a Sagres precisa de dinheiro ...

Nós temos, os valores divulgados pela NATO, ou seja aquilo que a NATO considera como real. Desse número extraímos que Portugal gastou em 2022 €596 milhões em despesas com novos equipamentos.
Estes são os valores de que partimos.
O aumento das despesas de que aqui falamos não é para 4.000 nem nada parecido. O aumento é de 596 milhões para €1470 milhões (até eu já me confundi, ao referir 1800 milhões) [1].
E esse salto, de cerca de 600 para mais ou menos 1500, implica que todos os anos temos que gastar quase mais 900 milhões de Euros. Todo o santo ano.  E daqui a marinha tem 300 milhões de Euros a mais todos os anos para comprar navios que no total custam 3300 milhões (mais o que falta pagar dos submarinos), mas temos que considerar que a estes numeros acresce a manutenção e os juros do emprestimo necessário, já para não contar que isso implica mais deficit e que não vamos lá sem a UE autorizar.

Nós não podemos encomendar um navio de cada vez. Se encomendarmos dois navios, eles têm que ser produzidos em série. Não se pode mandar fazer um, desmontar tudo no estaleiro e daqui a 5 ou 10 anos encomendar outro.
Uma classe tem que ser encomendada em bloco, e isso torna o investimento mais pesado, porque não há orçamento e o resultado é ter que pedir dinheiro emprestado.

Pensar em cinco navios, que ninguém sabe como são ou quanto custam, que têm que ser construidos quase ao mesmo tempo, num país em que o maior numero de navios mandados construir foi de seis corvetas com tecnologia da II guerra mundial (quando o país estava em guerra) aparenta ser demasiado otimista.

Custos dos navios europeus

Por razões legais e politicas, os americanos são forçados a dar informações detalhadas sobre os custos dos equipamentos militares. Na Europa, as coisas não funcionam da mesma maneira e porque as opiniões públicas são muito mais avessas, a tendência é mascarar tudo para dar a impressão de que os valores são muito menores.

As fragatas da Dinamarca, cujo preço não inclui nem sequer a munição, e omite o custo dos equipamentos transferidos dos navios mais velhos são um exemplo.

Na Espanha andavam a afirmar que o «Principe de Asturias» custava 30 milhões por ano (sem contar com aviões, porque o custo total de manutenção era de cerca de €100 milhões por ano).
A preços de 2012 o custo inicial do navio (€285 milhões em 1993) seria de €453 milhões.

De repente, concluíram que era preciso uma manutenção que custava 200 milhões, e encostaram o navio, porque os custos estavam mal calculados, os 200 milhões deveriam ter sido diluidos ao longo dos anos (€10 milhões a adicionar aos € 30 milhões orçamentados dava €40 milhões ou seja 8,8% do valor do navio – a preços corrigidos pela inflação).

Acabamos sempre por ir ao exato mesmo lugar. Nunca menos de 5%, que é o valor que eu tenho de referencia, e é extraordinariamente baixo.

Além disso também não podemos andar nesta ilusão de que em Portugal os custos são muito reduzidos, porque o nosso pessoal recebe pouco...
Na verdade não é assim. Os custos com a manutenção de sistemas e a sua substituição regular, não podem ser modificados para baixo com o Arsenal do Alfeite. Isso funciona com a fragata D. Fernando II e Glória, nas não funciona com navios modernos. O custo da mão de obra, quando comparado com o custo de módulos e placas cheias de circuitos impressos, é reduzido.

Mesmo que se tente, o máximo que podemos fazer, é comprar os equipamentos e depois instala-los cá, mas isso é mais uma opção política , nada tem de economico.
Os custos de enviar pessoal para o país de origem do navio, para aprender a instalar os sistemas, convenientemente nunca vai aparecer como custo de operação do navio... Se calhar estou a pensar nos submarinos U214.








[1] - A confusão veio de que, parte do aumento do orçamento, eu atribui a despesas adicionais com o pessoal, resultado de um aumento minimo de 25% com as despesas com o pessoal operacional. Este valor naturalmente não pode ser atribuido a novo equipamento, embora decorra também das necessidades adicionais de pessoal técnico especializado.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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« Responder #5428 em: Março 12, 2023, 06:44:37 pm »
Os vários foristas que estão a fazer contas sobre potenciais novos navios para a Marinha devem-se lembrar de retirar as manutenções dos navios a abater da equação.
 

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« Responder #5429 em: Março 12, 2023, 08:47:29 pm »
O orçamento actual é tão curto, e os prazos das operações de manutenção quase nem são cumpridas, que quase faz mais sentido contar como se fosse do zero.  :mrgreen:

O problema aqui, é que eu agarro numa folha de cálculo, calculo até os juros e as amortizações dos emprestimos, e não consigo meter duas fragata (800 milhões), quatro corvetas (€300 milhões) e um navio logistico barato (€ 500 milhões) sem esticar o pagamento e diluir o investimento no tempo, considerando que ainda há que pagar submarinos e custear a manutençao dos restantes navios. Até a Sagres precisa de dinheiro ...

Já reparaste que estás a incluir navio ASW de 300 milhões, e um LPD de 500 milhões? Sendo que a soma destes valores (1700 milhões) quase que dava para 3 XO? Ou para mais 2 fragatas de 800 milhões, sobrando 100 milhões? Desses 100 milhões, juntas outros 100/150, e num orçamento de 200/250 milhões, deves comprar um par de LST (quiçá até 3), cuja manutenção e operação é mais barata, e a guarnição muito mais reduzida, que do LPD?

Aqui voltamos ao mesmo: para quê um LPD em específico?

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Nós temos, os valores divulgados pela NATO, ou seja aquilo que a NATO considera como real. Desse número extraímos que Portugal gastou em 2022 €596 milhões em despesas com novos equipamentos.
Estes são os valores de que partimos.

O número que a NATO "considera", não é nada mais que o número que o Governo lhes transmite. No ano de 2021, circulava a falsa informação que Portugal gastava 4000 milhões na Defesa por ano. Todos sabemos que é mentira.

Quanto a gastarmos em 2022, 596 milhões de euros em novo equipamento, eu pergunto então: onde é que está esse equipamento? É que não veio nada, absolutamente nada, tirando uns pozinhos aqui e ali, e pagar mais uma fatia do KC-390. Se a despesa anual estritamente em equipamento fosse essa (que não é, nem nunca foi), a LPM presentemente em vigor, que é aquela coisa que trata especificamente do dinheiro para novo equipamento e modernizações, seria bem acima dos 5 mil milhões, quase 6000, em vez dos 4700 milhões da LPM 2019-2030. Agora, só se estão a incluir no orçamento para "novo equipamento", o custos com combustível e outros bens mais caros e doações à Ucrânia após o início da guerra como parte desse orçamento.  ::)

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O aumento das despesas de que aqui falamos não é para 4.000 nem nada parecido. O aumento é de 596 milhões para €1470 milhões (até eu já me confundi, ao referir 1800 milhões) [1].
E esse salto, de cerca de 600 para mais ou menos 1500, implica que todos os anos temos que gastar quase mais 900 milhões de Euros. Todo o santo ano.  E daqui a marinha tem 300 milhões de Euros a mais todos os anos para comprar navios que no total custam 3300 milhões (mais o que falta pagar dos submarinos), mas temos que considerar que a estes numeros acresce a manutenção e os juros do emprestimo necessário, já para não contar que isso implica mais deficit e que não vamos lá sem a UE autorizar.

O aumento não começa nos 596 milhões, porque o dinheiro para equipamento é pouco mais de metade disso (o orçamentado/planeado) e ainda menos o que é realmente gasto sem cativações, atrasos e adiamentos. 596 milhões/ano, daria uma LPM a 10 anos de 5960 milhões. A LPM actual contabiliza 12 anos, e com menos 1200 milhões que esse 5960. Se porventura chegássemos a atingir uma despesa anual em equipamento de 800 milhões (nada de extraordinário, diga-se), seriam 8000 milhões a cada 10 anos. Agora com isto dito, é fazer as contas para o que dava para ir substituindo, em prazos de 10 anos.

O que não pode ser feito nestas contas, é pegar no orçamento de 10 anos, e tentar contabilizar compras de equipamento que é feito num prazo de 15 ou 20 anos.

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Nós não podemos encomendar um navio de cada vez. Se encomendarmos dois navios, eles têm que ser produzidos em série. Não se pode mandar fazer um, desmontar tudo no estaleiro e daqui a 5 ou 10 anos encomendar outro.
Uma classe tem que ser encomendada em bloco, e isso torna o investimento mais pesado, porque não há orçamento e o resultado é ter que pedir dinheiro emprestado.

Pensar em cinco navios, que ninguém sabe como são ou quanto custam, que têm que ser construidos quase ao mesmo tempo, num país em que o maior numero de navios mandados construir foi de seis corvetas com tecnologia da II guerra mundial (quando o país estava em guerra) aparenta ser demasiado otimista.

Ninguém falou em encomendar um navio de cada vez. A construção e entrega de uma classe de navios novos, seria sim feita de forma faseada. O contrato seria único e com concurso para ter os melhores valores possíveis.

Também não se falou em construir fragatas em Portugal, até mesmo porque a urgência de substituir as VdG é tal, que convém fazer as coisas com rapidez. Tirando o caso dos XO, que seriam sim um projecto, com possibilidade de derrapes financeiros (apesar de ser um estaleiro com experiência, portanto os derrapes seriam certamente menores, do da construção de um LPD em Portugal), nenhum outro navio "falado" seria propício a tais derrapes (e a ser, seria algo novo como as ASWF ou F110, projectos novos, mas cujos derrapes seriam divididos pelos participantes). O LST100 já existe, tendo sido construído um recentemente. Já LPDs, já não se fazem no Ocidente há quase 20 anos, portanto...

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Na Espanha andavam a afirmar que o «Principe de Asturias» custava 30 milhões por ano (sem contar com aviões, porque o custo total de manutenção era de cerca de €100 milhões por ano).
A preços de 2012 o custo inicial do navio (€285 milhões em 1993) seria de €453 milhões.

De repente, concluíram que era preciso uma manutenção que custava 200 milhões, e encostaram o navio, porque os custos estavam mal calculados, os 200 milhões deveriam ter sido diluidos ao longo dos anos (€10 milhões a adicionar aos € 30 milhões orçamentados dava €40 milhões ou seja 8,8% do valor do navio – a preços corrigidos pela inflação).

Agora estamos a comparar os custos de operação de um PA ligeiro, com quase 200 metros, uma guarnição de 600 elementos (a mesma guarnição de 5 fragatas modernas guarnecidas por 120!), com os custos de uma fragata?

Repara que o dito navio tinha, em 2012, um custo de operação anual de 100 milhões, incluindo grupo aéreo! Volvidos 11 anos, alguma vez uma fragata com 1/3 ou 1/4 do deslocamento, 1/5 da guarnição, e sem ter que operar meios aéreos àquele nível, custa o mesmo?  ???