U209PN

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lurker

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« Responder #180 em: Dezembro 17, 2007, 08:43:52 pm »
Citação de: "lurker"
E não foi? comprou finalmente uns subs que ja deviamos ter ha 20 anos, alem de não ter ido nas cantigas de manutenção e assim a manutenção sera feita em Portugal criando postos de trabalho para portugueses...


Infelizmente a capacidade de manter equipamento sofisticado criado por outros não cai do céu, leva tempo e dinheiro a desenvolver.

O que isto na prática significaria é que teremos ainda de negociar um contracto com a HDW, na posição desvantajosa de já nos termos comprometido a adquirir os submarinos e sem alternativas à dita HDW (que não sejam enconstar os submarinos ao fim de uns anos).
« Última modificação: Dezembro 17, 2007, 08:56:25 pm por lurker »
 

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FS

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« Responder #181 em: Dezembro 17, 2007, 08:49:06 pm »
A não ser que no contracto de compra esteja prevista a formacao de técnicos:

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Ao que o CM apurou, a Marinha já está a preparar-se para a manutenção dos novos submarinos, com a presença de quase 200 técnicos em formação na Alemanha. E no âmbito da reestruturação do Arsenal defende a manutenção desta empresa nas actuais instalações.
 

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SSK

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« Responder #182 em: Dezembro 17, 2007, 09:20:00 pm »
Existem técnicos em cursos na HDW, bem como em todas as outras empresas que fazem partedo GSC.

O problema não tem a haver com a mão de obra, mas sim com os sobressalentes. Esses sim, vão ter de ser comprados à medida que sejam necessários ou então em pack's. O que pode não ser tão descabido, se tivermos em conta as razões para a esta solução.

Como é de conhecimento geral, o concurso já foi à muito e a tecnologia é como o sonho, pula e avança. Como o dinheiro não estica as negociações foram feitas e a solução encontrada foi abdicar de alguns pack's para podermos ter um submarino actualizado e não um submarino do século XX.
"Ele é invisível, livre de movimentos, de construção simples e barato. poderoso elemento de defesa, perigosíssimo para o adversário e seguro para quem dele se servir"
1º Ten Fontes Pereira de Melo
 

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antoninho

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« Responder #183 em: Dezembro 17, 2007, 09:41:01 pm »
O preço dos submarinos é de 770 milhões o restante são juros que se tem de pagar a quem pagou os ditos aos alemães e é aí que o negócio está a ser investigado...é que a empresa que representou os alemães é do grupo que emprestou os euros ao estado, isso a meu ver não tem ética do meu ponto de vista...assim como outros pontos ligados a esse negócio.....tal como o dinheiro enviado por parte de uma filial desse banco para um certo partido....
FOI o facto de os juros atingirem o preço de um sub que a marinha desistiu do terceiro....
 

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SSK

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« Responder #184 em: Dezembro 18, 2007, 01:18:23 am »
Citação de: "antoninho"
O preço dos submarinos é de 770 milhões o restante são juros que se tem de pagar a quem pagou os ditos aos alemães e é aí que o negócio está a ser investigado...é que a empresa que representou os alemães é do grupo que emprestou os euros ao estado, isso a meu ver não tem ética do meu ponto de vista...assim como outros pontos ligados a esse negócio.....tal como o dinheiro enviado por parte de uma filial desse banco para um certo partido....
FOI o facto de os juros atingirem o preço de um sub que a marinha desistiu do terceiro....


Meu caro, para além de não ter percebido as suas questões colocadas através de reticências, posso garantir-lhe que não foi a marinha que desistiu da compra de algo mas sim os ministério da defesa e o das finanças.
Não se esqueça que na marinha só existem militares que querem dar o seu melhor, mesmo nos submarinos onde as suas acções passam despercebidas. Será que é por quando surgem nos jornais é pela parte de "falcatruas" que nada tem a haver com militares e muito menos submarinistas.
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Lancero

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« Responder #185 em: Janeiro 13, 2008, 04:35:10 pm »
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CM Online - Domingo, 13 de Janeiro de 2008
Actualidade

Contas públicas em risco
Submarinos vão duplicar o défice

O registo contabilístico da despesa com a compra dos dois submarinos vai ‘rebentar’ com o défice orçamental em 2010. Como estes navios são entregues a Portugal em 2010, o Governo é obrigado, segundo o Eurostast, a registar nesse ano os 973 milhões de euros, com juros incluídos, gastos na sua aquisição. Como o custo dos submarinos representa 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em 2010 o défice das contas públicas aumentará de 0,4 por cento, previsto no Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), para 0,9 por cento.

O calendário da entrega dos dois submarinos já está definido: segundo a Marinha, o German Submarine Consortium (GSC), vencedor do concurso em 2004, entrega o primeiro navio em Fevereiro de 2010 e o segundo em Setembro do mesmo ano. Por isso, os ministérios da Defesa e das Finanças já estão a avaliar o registo contabilístico dos submarinos. O próprio gabinete do ministro da Defesa, Severiano Teixeira, confirmou ao CM que “o Ministério da Defesa, em articulação com o Ministério das Finanças, encontra-se ainda a equacionar a forma de contabilização desta aquisição em termos de contas nacionais”. E, remata, “é prematuro avançar com qualquer estimativa do impacto desta aquisição no défice orçamental”. Fontes conhecedoras do processo garantem que o custo dos submarinos tem um impacto de 0,5 por cento no PIB. E as contas indicam isso mesmo.

O Tribunal de Contas garantiu ao CM que “a inscrição [do custo] é obrigatória, uma vez que a despesa quando for realizada tem de ter cabimentação orçamental”. E deixou claro que “está a acompanhar a execução do contrato [da compra dos navios] através de uma fiscalização concomitante [de acompanhamento]”. Daí que se o Orçamento do Estado para 2010 não for dotado de verbas para pagar os dois submarinos a instituição pre-sidida por Guilherme d’Oliveira Martins poderá impedir a aquisição daqueles navios submergíveis.


PREVISÃO PARCIAL

O Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) prevê um défice orçamental de 0,4% em 2010. Este valor não inclui a despesa realizada com a compra dos submarinos.


MINISTRO INDIGNADO

A 14 de Março de 2006, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, não escondeu a indignação por o Eurostast passar, segundo normas aprovadas uma semana antes, a obrigar o registo contabilístico das despesas militares no ano em que é feita a entrega física do equipamento. “Acho criticável que se mude as regras a meio do jogo”, por estar em causa regras com “impacto retroactivo”. E garantiu que a “nova orientação seria implementada a partir de 2005”.


CUSTO DE MANUTENÇÃO ELEVADO

Os dois submarinos 209PN que a partir de Fevereiro de 2010 irão vigiar as águas portuguesas caracterizam-se por incorporar uma alta tecnologia. Por isso, segundo várias fontes conhecedoras do meio militar, os custos de manutenção serão elevados ao longo dos 32 anos de período de vida útil daqueles navios. Neste momento, o Ministério da Defesa não celebrou nenhum contrato de manutenção para os submarinos e desconhece a despesa que tal implicará nos próximos anos. Um dos objectivos é procurar que algumas acções de manutenção sejam realizadas no Arsenal do Alfeite, em Almada. Uma das inovações tecnológicas dos submarinos 209PN é o sistema AIP (Propulsão Independente do Ar), equipamento que permite produzir energia de forma silenciosa, sem combustão, e estar em imersão profunda durante semanas.


ADIAR ENTREGA COM CUSTOS ELEVADOS

O adiamento para 2011 da entrega de um dos submarinos poderá ser uma solução para atenuar o impacto do seu custo no défice orçamental, mas implicará também custos elevados com a armazenagem do navio e eventuais compensações financeiras ao construtor. Se essa opção for possível, o custo com a compra dos submarinos será repartido por 2010 e 2011, atenuando o impacto no défice orçamental. Mesmo assim, o défice, previsto no PEC, aumentará de 0,4 por cento para 0,65 por cento, em 2010, e de 0,2 por cento para 0,45 por cento, em 2011. Os gastos do adiamento também serão elevados. Segundo fonte conhecedora, “a armazenagem de um submarino não pode ser feita em território nacional e a armazenagem numa doca no estrangeiro custa uma pipa de massa”.


OS NÚMEROS EM CAUSA


CUSTO

A preço de contrato, os submarinos custaram 779 milhões de euros. Acresce 194 milhões em juros. Total: 973 milhões.


PIB EM 2010

Em 2006, segundo o INE, o PIB foi de 155 131 milhões de euros. Em 2010 estima-se que o PIB seja de 180 mil milhões.


DÉFICE

Com um PIB de 180 mil milhões de euros, uma despesa de 973 milhões implica a subida do défice previsto para 0,9%.


EUROSTAT

O equipamento militar construído em vários anos tem impacto no défice na data de entrega do produto final, diz o Eurostat.


UNIFORMIZAR

O Eurostat alterou regras por países comprarem equipamento militar com leasing e não registarem o custo da mesma forma.


CARACTERÍSTICAS

- Comprimento: 67,9 metros

- Profundidade máxima de operação: >300 metros

- Autonomia global: 45 dias

- Meios de emergência dimensionados para 43 pessoas (32 da guarnição + 11 passageiros)

- Dois compartimentos estanques e resistentes até à profundidade de colapso

- Duas jangadas salva-vidas accionáveis até à profundidade de colapso

- Dotações de emergência para sete dias de espera em cada compartimento estanque

- Guarnição: 32 sete oficiais, nove sargentos e 16 praças)

- Embarque e desembarque discretos de forças especiais

- Sistema de Comando e Controlo totalmente integrado

- Capacidade de lançamento de torpedos, mísseis e minas


NOTAS


CONCURSO EM 2004

O concurso dos submarinos foi decidido por Paulo Portas, então ministro da Defesa, em 2004. Gerou polémica e levantou dúvidas da parte do concorrente francês.


MISSÃO NA ALEMANHA

A Marinha tem uma equipa na Alemanha, na qual estão incluídos cerca de cem técnicos, a acompanhar a construção dos dois navios submergíveis.


INVESTIGAÇÃO DA JUDICIÁRIA

A PJ tem em curso uma investigação sobre a compra dos submarinos, por suspeitas de eventual transferência de um milhão de euros em donativos para CDS.


António Sérgio Azenha

http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... al=9&p=200
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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P44

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« Responder #186 em: Janeiro 13, 2008, 06:04:45 pm »
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Contas públicas em risco
Submarinos vão duplicar o défice


 :shock: uhuh agora é que vai ser lindo

A que País serão vendidos os 2 subs???? :roll: tendo a conta que Não há vida para além do défice....????
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Miguel

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« Responder #187 em: Janeiro 13, 2008, 06:38:52 pm »
Citação de: "P44"
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Contas públicas em risco
Submarinos vão duplicar o défice

 :shock: uhuh agora é que vai ser lindo

A que País serão vendidos os 2 subs???? :roll: tendo a conta que Não há vida para além do défice....????


Estes submarinos vao ter o mesmo destino que o ex Cachalote :evil:
 

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P44

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« Responder #188 em: Janeiro 13, 2008, 06:51:00 pm »
já nada me admirava :roll:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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antoninho

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« Responder #189 em: Janeiro 13, 2008, 09:39:01 pm »
E pá isto, isto pá, num país porreirista é só fumo politico e em 2008 pode ser pá que os simplex  sejam mais simples prós subs...penso eu de que....
 

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SSK

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« Responder #190 em: Janeiro 15, 2008, 05:59:43 pm »
Só mais uma um pouco de gasolina para a fogueira.

Os submarinos prontos para receber os equipamentos e armamento de alto nível mas não equipados, o que simplifica a venda...

A formação de pessoal da manuntenção foi contractualizada mas os sobressalentes nem por isso, quem comprar pode negociar o que queira...

 :wink:
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Jorge Pereira

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« Responder #191 em: Janeiro 15, 2008, 07:13:11 pm »
Eu não acredito nessas teorias e especulações… :no:

Qualquer governo que avançasse com essa ideia absurda de vender os submarinos ficaria rotulado como o mais irresponsável e traidor na história das Forças Armadas e da Defesa Nacional.

Ficariam com o ónus de serem os coveiros da arma submarina da Marinha Portuguesa, com toda a importância, tradição, e história que esta tem.

Estariam a “ceder” de mão beijada grande parte do controlo da nossa ZEE a outras marinhas, que não se importariam nada de assumir esse papel. Estariam, noutras palavras, a hipotecar grande parte da nossa soberania e a renunciar a todo o potencial que uma arma como esta tem, fundamental para um país com as características do nosso.

Citação de: "1º TEN Armando Dias Correia"
Como poderemos ter mar sem submarinos ?

A aquisição dos novos submarinos tem gerado alguma polémica expressa em vários artigos e entrevistas.

 
 
Enquanto uns apoiam a aquisição, visivelmente orientados por uma visão estratégica de defesa e segurança, outros, orientados por condicionalismos económicos, refugiam-se apenas na elevada soma que este empreendimento irá absorver.

Efectivamente, parece ser mais fácil argumentar com base no que se poderia fazer com o dinheiro que os submarinos vão custar. É muito fácil usar uma linguagem de economia familiar para atacar a necessidade dos submarinos, dizendo que com esse dinheiro se poderia adquirir um sem número de bens na área da saúde e do bem-estar. É pena que não façam também contas às contrapartidas que a industria nacional irá absorver. É preocupante que este tipo de argumentação tenha sido usado irresponsavelmente por alguns políticos. Dado que se chegou a um momento decisivo na apreciação do projecto de aquisição dos novos submarinos nunca é demais apresentar uma reflexão sobre a importância dos submarinos no quadro de uma estratégia nacional.

OS DESAFIOS DO FUTURO

A queda do muro de Berlim não trouxe a paz em que muitos acreditavam, abriu sim uma nova era de incertezas onde parece ser mais difícil prever o desencadear de conflitos. Aliás, a consciência de que vivemos uma época de potenciais crises até levou a NATO a assumir uma nova dimensão ampliando o seu carácter defensivo, para passar a contemplar o direito de ingerência humanitária, as preocupações relacionadas com o terrorismo, a sabotagem, o crime organizado e os problemas associados ao abastecimento de recursos vitais.

A própria União Europeia tem a consciência dos inúmeros problemas de segurança e defesa com que se irá debater nos próximos tempos. Entre eles estão as feridas abertas no Kosovo e na Bósnia, o aumento de pressão demográfica vinda do norte de África, os constantes problemas no médio oriente e na região transcaucasiana e o terrorismo cada vez mais sofisticado. A título de exemplo, parece-me oportuno referir, por exemplo, que a Líbia há pouco tempo estava interessada em mísseis norte-coreanos com alcance suficiente para atingir Portugal (um país da Europa). O despertar desta consciência levou a que muitos políticos europeus passassem a dar valor à ideia do General Charles de Gaulle de criar uma zona de segurança do Atlântico aos Urais. Esta visão também é partilhada pela própria UE, que quer ter capacidade para resolver problemas regionais e está a estudar a possibilidade da criação de uma força de reacção rápida, composta por 50 a 60 mil homens, altamente equipados e dotados de mobilidade estratégica. Os EUA também estão interessados nesta nova estratégia, já que assim podem canalizar recursos para outras zonas de interesse, nomeadamente para o Pacífico. Também é certo que os orçamentos para a defesa terão de aumentar, se a Europa quiser ter forças armadas com capacidade de intervenção comparável à dos EUA.

Portugal está intimamente ligado ao mar por laços históricos, culturais, económicos e estratégicos. É o mar que valoriza a nossa posição periférica em relação à Europa. Este mar que nos deu a identidade tem-nos dado também a nossa independência mercê das muitas alianças que Portugal assinou ao longo da história. Mas este enorme espaço estratégico que é a nossa ZEE tem de ser por nós ocupado de forma efectiva para evitar vazios de poder que viabilizem a instalação de outros interesses. Por isso, é preciso ter meios de defesa e fiscalização integrados numa verdadeira estratégia marítima onde também não seja esquecida a exploração económica do mar e a investigação científica.

É provável que nos próximos anos sejam desenvolvidos grandes esforços na exploração do chamado "espaço interior" (oceanos). A verdade é que, volvidas três décadas desde que o homem pisou a Lua, os oceanos ainda continuam a esconder um novo mundo. Durante o período da guerra fria, a Marinha Americana e a CIA desenvolveram submarinos capazes de colocarem escutas clandestinas em cabos submarinos (1), inspeccionaram submarinos soviéticos afundados a mais de cinco quilómetros de profundidade (2) e até recuperaram bombas atómicas (3) perdidas a cerca de mil metros da superfície. Com o final da guerra fria, muita da tecnologia militar passou a ser partilhada com a sociedade civil, o que permitiu, a título de exemplo, a filmagem do Titanic a quase quatro mil metros de profundidade. Esta tecnologia permite que actualmente se possa descer até aos sete mil metros de profundidade e está a ser usada na recuperação de tesouros afundados, prospecção de petróleo e minérios, investigação cientifica e até mesmo às viagens de turismo. A título de exemplo, recorde-se que no verão passado esteve nos Açores um navio russo que levava turistas nos seus submarinos até ao fundo do mar.

Em Portugal, também tem sido desenvolvido algum trabalho na área da robótica subaquática, mais especificamente a equipa do Prof. António Pascoal, professor do Instituto Superior Técnico e investigador de Sistemas e Robótica. De entre outros veículos submarinos, destaca-se um submarino autómato que foi utilizado no levantamento topográfico de fundo no banco D. João de Castro.

Portugal tem uma enorme ZEE e pode vir a ter uma Plataforma Continental ainda maior, de acordo com a Convenção de Direito do Mar (Montego Bay). A tecnologia está a abrir novas portas para a exploração do mar. É, desta forma, evidente que Portugal precisa de ter meios para patrulhar a três dimensões este enorme património.

Para terminar esta introdução fica, para reflexão, uma frase de Graham Hawkes, construtor do submarino Deep Flight II, capaz de descer às quatro milhas (7400m) de profundidade, que disse: "Ainda estão a ser dados os primeiros passos na descoberta do fundo do mar, não se sabe o que se irá seguir, mas por certo que será uma coisa em grande, seja ela o que for."

A IMPORTÂNCIA DO SUBMARINO

No âmbito específico da segurança e fiscalização, está a ser iniciada a importante empresa da substituição das corvetas e dos patrulhas. Para a renovação da componente estratégica do sistema de forças da Marinha é vital proceder, a curto prazo, à substituição dos submarinos e aquisição de um navio que permita mobilidade estratégica. A importância dos submarinos reside no facto de eles serem por si só a arma dissuasora por excelência, perante fortes e fracos, sendo um importante contributo para a defesa nacional e para o futuro sistema de defesa europeu. Neste sentido, o submarino pode em muito contribuir para prestigiar e valorizar a acção política externa portuguesa. Por força dos tratados assinados, Portugal tem de ter meios para disponibilizar ou então correrá o risco de um outro país o fazer, mas obviamente requerendo, como contrapartida, mais poder e influência...

A história já demonstrou que o submarino é uma arma muito eficaz em operações de interdição do uso do mar por marinhas de superfície inimigas, e uma arma imprescindível em qualquer estratégia que preveja o controlo do uso do mar. Neste último caso, o submarino é usado a vante da força naval em especial para a recolha de informações sobre o inimigo e eventual ataque do mesmo. A vantagem do submarino em qualquer missão está na sua discrição e capacidade de explorar o factor surpresa, na sua auto-sustentação logística, na sua grande imunidade às ameaças aéreas, de aviões e mísseis, e no baixo custo relativo das suas missões. Ele pode operar independentemente em ambientes hostis, por longos períodos, sem ser detectado. Esta capacidade permite-lhe rapidamente deixar de ser uma plataforma não provocatória de vigilância e colheita de informação e se transformar num navio multi-missão em que as únicas limitações são o número de armas que pode transportar.

Para uma Marinha de escassos recursos, como é o caso da nossa, o submarino é uma arma económica que pode ser empregue num vasto leque de missões, que podem ir desde a luta anti-submarina e anti-superfície, ao ataque ou defesa de linhas de comunicação, à minagem, ao reconhecimento, vigilância, recolha de informações, à projecção de operações especiais, até ao também muito importante treino dos aviões e navios de superfície.

Quando se fala de submarinos é vulgar lembrar o papel que as matilhas de submarinos alemães tiveram na Batalha do Atlântico. Também podemos falar do conflito das Falklands/Malvinas em que um único submarino argentino Type 209 (San Luis) conseguiu manobrar e iludir mais de 15 navios da Royal Navy conseguindo disparar 3 torpedos (embora sem o êxito esperado). Neste mesmo conflito um submarino da Royal Navy afundou o cruzador General Belgrano e, segundo consta, depois disso os navios argentinos nunca mais saíram dos portos. A Guerra do Golfo também teria sido diferente se Saddam Hussein tivesse uns seis submarinos modernos e bem treinados e colocasse três deles nas margens do Estreito de Ormuz. E se o Irão tivesse comprado os seis Type 209 que tinha negociado antes de estalar a revolução?

A verdade é que actualmente há 47 países a operarem mais de 600 submarinos, nucleares e convencionais, desde os SSBN, equipados com mísseis balísticos, vocacionados para missões de dissuasão estratégica, até aos discretos submarinos convencionais, equipados com torpedos mortíferos, cuja existência é por si só um grande factor de dissuasão, e que desequilibram no mar qualquer grande poder de superfície. Talvez por isso não haja conhecimento de uma Marinha que tenha abandonado a sua capacidade submarina depois de a ter adquirido.

A diminuição de importância da ameaça nuclear soviética, transportada em especial em submarinos SSBN, levou a que o emprego das forças navais se deixasse de centrar nas "blue waters" e se deslocasse para as "brown waters" (shallow waters) onde cada vez mais se desenvolvem operações anfíbias. Nestes novos cenários estratégicos a profundidade média das águas ronda os 300m, dando ao submarino uma vastidão de espaço para se esconder e mascarar entre o ruído ambiental e a irregularidade magnética existente nas águas costeiras. Nestes cenários os submarinos podem explorar os perfis térmicos e de salinidade, bem como as condições do fundo marinho, para dificultarem a vida dos navios ASW que ouvem uma sinfonia acústica onde é difícil catalogar o "instrumento" submarino. Estes dados levam-me a pensar que as SLOC (linhas de comunicação marítimas) do futuro deverão tentar tirar o máximo partido das "blue waters" onde, aparentemente, é mais fácil detectar um submarino.

Os modernos submarinos diesel eléctricos são muito silenciosos e têm uma grande autonomia em imersão (um mês, se necessário) graças aos modernos sistemas AIP (Air-Independent Propulsion). Além disso, as modernas armas anti-navio permitem ataques a grande distância (por exemplo a 90 milhas com mísseis Harpoon lançados por torpedos) o que confere ao submarino o estatuto de arma dissuasora com um enorme potencial. E para quem, ainda assim, tem dúvidas recordo que há pouco mais de um ano, na Austrália, um torpedo MK48 partiu ao meio e afundou, em dois minutos, uma velha fragata desarmada. Podemos imaginar o que poderá fazer uma arma mais moderna, mais rápida, com características "stealth" (evitar detecção), de maior alcance, melhor guiamento e capaz de evitar contra-medidas. É caso para pensar que as forças de superfície correm grandes perigos...

COMENTÁRIOS FINAIS

O resultado do último conflito nos Balcãs mostrou que as guerras do futuro são essencialmente guerras tecnológicas. "O ideal da vitória, servido pela imaginação humana, leva constantemente a técnica à criação de novas armas, cada vez mais aperfeiçoadas. Fazer errada apreciação das possibilidades da técnica e não avaliar com justeza as consequências das possibilidades tácticas das armas por ela criadas, é caminhar para o insucesso. Não analisar, do ponto de vista das suas possibilidades presentes e futuras, com base na sua provável evolução, as novas armas aparecidas no decurso das batalhas, para, dessa análise, se deduzirem as suas formas de emprego e as indispensáveis medidas de reacção, é aceitar tácita e criminosamente a derrota. A história militar está cheia de factos que o comprovam." Assim escreveu, há meio século, o Cap. Hermes de Araújo Oliveira no seu livro "O Submarino". Efectivamente, apesar da tecnologia ter evoluído muito, os sensores e as armas empregues pelos navios de superfície na detecção e ataque, continuam a não vencer a vantagem que o meio dá ao submarino. Facilmente se reconhece que os submarinos podem perturbar significativamente a navegação marítima, contribuindo decisivamente para o uso, interdição ou controlo do mar. Mas não chega ter tecnologia, é preciso saber usá-la e para isso é necessário estudar, formar, analisar, treinar, realizar exercícios, etc., daí o valor da Escola de Submarinos.

O espanhol Miguel Unamuno escreveu "o que faz Portugal é o mar", o mar é tridimensional, daí a pergunta: como podemos ter mar sem submarinos?
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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SSK

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« Responder #192 em: Janeiro 15, 2008, 09:37:18 pm »
Concordo plenamente consigo, só quis alimentar a fogueira. Julgo que agora é tarde demais, até a nível financeiro, seria uma irresponsabilidade. Não só pela arma enquanto usada para fins bélicos, bem como para missões de interesse público, como é o caso dos combates ao narcotráfico, emigração ilegal e ocasionalmente em casos de navios pesqueiros  estrangeiros (japoneses e coreanos por exemplo)que "rapam" os nossos bancos de pesca dispersos pela nossa ZEE.

SERIA IMPENSÁVEL!!!
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Miguel

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« Responder #193 em: Janeiro 15, 2008, 09:51:41 pm »
:twisted:

Quem fechou maternidades em Portugal para ir nascer em Espanha pode fazer isso verdade?

Deixem o vender tudo, tudo, tudo que depois vendemos os ministros.
 

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ricardonunes

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« Responder #194 em: Janeiro 15, 2008, 09:53:46 pm »
Citação de: "Jorge Pereira"
Eu não acredito nessas teorias e especulações… :arrow:

Citar
Rectificação - Aquisição de projecto de execução para as novas instalações da Esquadrilha de Submarinos na Base Naval de Lisboa - Alfeite.
Ministério da Defesa Nacional
Data Início: 2008-01-11
.....

VI.3) OUTRAS INFORMAÇÕES

Informam-se todos os interessados que, no âmbito do concurso público n.º 0560700980 referente à «Aquisição de projecto de execução para as novas instalações da Esquadrilha de Submarinos na Base Naval de Lisboa - Alfeite», publicado no Jornal Oficial da União Europeia, n.º JO/S S237, de 8 de Dezembro de 2007, ref.ª 288350-2007PT, e no Diário da República, 2.ª série, n.º 239, de 12 de Dezembro de 2007, foi adicionada uma adenda à especificação técnica do respectivo caderno de encargos, passando a mesma a fazer parte integrante das peças do procedimento.

VI.5) DATA DE ENVIO DO PRESENTE ANÚNCIO: 03/01/2008.

3 de Janeiro de 2008. - O Presidente do Conselho Administrativo, Nelson dos Santos Mateus, contra-almirante.
Potius mori quam foedari