Ao ler este thread aqui a propósito do tópico aberto pelo Papatango fiquei com uma estranha sensação de dejá vu, porque me lembrei do que tenho escrito ao longo de anos relativamente às nossas FA's aqui neste forum, e no DB.
Parece que quando eu andava para aqui a ganir contra o facto de a política para as FA's em Portugal se resumia ao mínimo denominador comum, que consistia no simples resultado da diminuição + concentração = minimalismo, para que se justifique toda uma estrutura constituida por oficiais para estarem presentes nas paradas militares, parecia que estava só no mundo a falar blasfémias e heresias contra a poderosa e temível capacidade militar portuguesa nos novos tempos.
Agora parece que o que andei a escrever ao longo dos tempo se tornou uma evidência para todos.
O país está podre nas suas instituiçãos, está entregue a uma elite politico-financeira que se serve em vez de servir, e até os altos comandos militares servem-se mais das FA's do que as servem eles e, mais importante, ao país.
O que as FA's que temos poderão fazer é:
NADA!
Porque Potrugal não tem hoje capacidade de dissuasão séria, não tem meios de ataque, de assalto, de desembarque, nem os virá a ter.
Os planos de reequipamento vão sendo cardados para que se reduzam ao mínimo para justificar a existência de umas FA's que para pouco mais servem que para participar em incríveis teatros de operações que pouco ou nada dizem a Portugal e aos Portugueses, como a Bósnia ou Afeganistão.
Não temos meios de projecção naval ou aérea, não temos meios suficientes para patrulhar condignamente as nossas águas, estamos a perder peso específico no seio da comunidade europeia, o seio da NATO e já nem a nossa zona geo-estratégica conseguimos guardar ou garantir a sua soberania.
Portugal bateu no fundo.
As FA's não são excepção.
Quando eu preconizava a necessiadde da FAP se dotar de 3 esquadras de caças (F-16) todos disseram que 40 chegavam e sobravam.
E por muitos outros aharem que sobrava, provavelmente ficaremos com 20, porque F-16 sem MLU, para os actuais cenários fazem o mesmo que os históricos F-91.
Quando preconizei que a FAP deveria ter um esquadra de aviões de ataque, nada, porque isso nada acrescentava ao interesse da FAP.
Mas estamos a falar dos interesses da FAP ou do Estado-Nação que é Portugal?
Ou seja nada.
Quando eu preconizava que a Marinha deveria ter um minimo de 7 escoltas, mas que 5 ou 6 já seria aceitável, todos clamavam que 5 era o ideal, mas que com 3 já bastavam.
Pois, bem.
O MDN fez a vontade ao pensamento reinante.
Teremos muito provavelmente 3 Mekos que hoje já têm 15 anos, e que navegarão sós, até 2025, quando estiverem mais velhas do que hoje estão as João Belo.
O NavPol vai de redução a redução.
E se não começar rapidamente a ser construido, o Governo que estiver em funções concluirá que as nossas necesidades de apoio logístico ficarão bem asseguradas com o NRP Bacamarte, pelo que um LPD é absolutamente desnecessário.
Ao nível do Exército arrastam-se programas como os dos blindados de lagartas, sem perspectivas, sem que hajam no horizonte planos para uma defesa anti-aerea condigna e adaptada às ameaças do século XXI, sem capacidade de mobilidade.
Eu até compreendo o Papatango.
Mas acho que noutros países, marinhas e exércitos têm meios aéreos próprios, e isso não coloca em causa a existência de um ramo como o da Força Aérea.
O que me parece é que não é a FAP que está a mais neste pequeno e triste quadro militar e estratégico lusitano, mas as FA's e o seu futuro.
E se as FA's que deverão (ou deveriam garantir a soberania e integridade territorial, defender o país das ameças) não têm os meios e instrumentos para tal, então é o país e Nação que está em risco.
Depois da economia será o resto.
Radical mesmo, seria o Governo assumir que quer entregar a defesa do espaço português a Espanha, aéreo, terrestre e naval, e depois, já agora entregar o próprio estado a Madrid, para que Portugal (Catalunha style) se tornasse numa mera região autonómica de Espanha.
Porque é isso que eles querem.