"Portugal é apenas esperança"-Hernâni Carvalho

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zeNice

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« Responder #105 em: Março 26, 2009, 03:02:15 pm »
Não querendo tirar a razão ao senhor Medina Carreira, só uma pergunta, esse senhor foi ex. Ministro das Financas, e o que fez ele quando esteve no poder?
Da maneira como fala parece ser o politico perfeito para a situação de Portugal.

Medina Carreira em directo SIC
 

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TOMSK

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« Responder #106 em: Março 26, 2009, 04:10:12 pm »
Morkanz, o  Medina Carreira foi Ministro das Finanças no pós-25 de Abril, em 76-78, era Mário Soares o Primeiro-Ministro.
Foi ele quem negociou o empréstimo de 750 Milhões de Euros com o FMI, saíndo em 1978 por divergências quanto à política económica do PS, descontente com o rumo que as coisas estavam a tomar...
 

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zeNice

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« Responder #107 em: Março 26, 2009, 04:38:20 pm »
Eu como um ignorante nestes assuntos, estive a ver algumas intervistas com o Medina Carreira e fiquei impressionado, como podemos andar quase todos cegos.

Confrontar os Partidos com Medina Carreira era um espectáculo.
 

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TOMSK

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« Responder #108 em: Março 26, 2009, 04:47:12 pm »
Citação de: "Morkanz"
Eu como um ignorante nestes assuntos, estive a ver algumas intervistas com o Medina Carreira e fiquei impressionado, como podemos andar quase todos cegos.

Confrontar os Partidos com Medina Carreira era um espectáculo.


Já viste ele a confrontar o Basílio Horta? Aos 6:20...

http://www.youtube.com/watch?v=3qR3yaKhHDE

"Veja lá se está falsificado.
Isto é que é verdade, o resto...é conversa!"...

 :lol:
 

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zeNice

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« Responder #109 em: Março 26, 2009, 04:54:34 pm »
O outro já sem argumentos já só dizia: Pronto, está bém... cambada

Fizeram aqueles anuncios para a meo com os gatos fedorentos, quase toda a Nação viu (deduzo eu), e ouvir as verdades, da vergonha em que vivemos está quieto (eu incluido).
Venham mais novelas, e SportTvs.

Pôr toda a Nação a ver este Senhor a confrontar os gulosos era giro.
 

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TOMSK

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« Responder #110 em: Março 26, 2009, 06:11:15 pm »
“A situação é muito delicada”, diz Medina Carreira

O fiscalista Medina Carreira considera que “a galopada que o desemprego está a fazer afecta muita gente e ainda não estamos certamente no fim” desse ciclo.

Este especialista reage assim aos números conhecidos hoje do Instituto de Emprego e Formação Profissional que confirmam que mais 70 mil portugueses se inscreveram no IEFP só em Janeiro.

Já sobre o facto do Governo não ter comentado estes dados, Medina Carreira diz que o Executivo só diz “o que lhe convém” e “não faz nada a sério”.

Em entrevista à Renascença, Medina Carreira diz que as medidas que o Governo está a tomar para combater a crise “são pensos rápidos”, “medidas sempre limitadas porque o Estado não tem condições para se substituir à economia”.

A prioridade deve ser o apoio às pessoas que estão desempregadas e os apoios reforçados. “As pequenas obras em escolas e hospitais são medidas paliativas”.

O fiscalista acrescenta que o Governo tem mostrado “voluntarismo tonto” porque o “Estado não pode salvar as empresas todas” e há muitas que “não podem nem devem” ser salvas.

O que o Estado pode fazer – refere Medina Carreira – é pagar às empresas o que deve, não cobrar impostos antecipados e ajudar as que possam recorrer ao crédito.

Este antigo ministro concorda com intervenções sectoriais e pontuais, inclusive do ponto de vista fiscal, mas alerta para o agravamento da dívida externa.

Ouçam ainda a entrevista no seguinte link, no separador "Sons Relacionados"
http://www.rr.pt/InformacaoDetalhe.aspx ... 39&ZoneId=
CC/Sandra Afonso
 
Para não dizerem que ele só diz mal, como podem ver, o homem apresenta possíveis soluções.
 

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jmosimoes

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« Responder #111 em: Março 29, 2009, 08:02:52 pm »
Citação de: "Morkanz"
Eu como um ignorante nestes assuntos, estive a ver algumas intervistas com o Medina Carreira e fiquei impressionado, como podemos andar quase todos cegos.

Confrontar os Partidos com Medina Carreira era um espectáculo.



Também achava interessante, mas estão com a cabeça na gamela e na fila para o tacho, depois do debate penso que o pessoal os mandava para as Berlengas, pelo menos na sua maioria, pois também os deve haver honestos.

Já agora não andamos cegos mas com uma venda o que é diferente, pois só nos é mostrado o que lhes é conveniente, nem temos a oportunidade de nos fazer ouvir, quando for a campanha eleitoral beijos, abraços e apertos de mão, pois os seguranças estão por perto.
DEUS FEZ OS HOMENS SAMUEL COLT TORNOU-OS IGUAIS
BEM DA TRISTE E POBRE NAÇÃO  E DA CORRUPTA DEMOCRACIA
 

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Lancero

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« Responder #112 em: Abril 16, 2009, 09:57:10 pm »
:roll:

Citar
A Leo Burnett Lisboa e ARC WW criaram um plug-in (uma aplicação para a Internet) que elimina a palavra "crise" de todas as páginas de Internet e substitui-a pela palavra "oportunidade". Este revolucionário dispositivo digital é extremamente fácil de instalar, e permite trocar a palavra mais repetida do ano pela palavra "oportunidade".
"Queremos deixar de ver o problema para começar a ver a solução". Foram estas palavras que serviram de base para esta ideia original, disponível na web em www.see-the-opportunity.com. Aqui, é possível fazer o download gratuito do plug-in, disponível em três idiomas. Português, Inglês e Espanhol.
"Quando tivemos a ideia de eliminar a palavra "crise", substituindo-a por outra qualquer que nos apetecesse, inundou-nos uma estranha sensação de poder e, por isso, quisémos usá-lo bem. Com cautela. Fomos procurar palavras em várias fontes: livros, filmes, na internet.. Milhares de palavras foram pensadas, estudadas e analisadas mas nenhuma funcionava melhor que "oportunidade". Ambas as palavras são femininas e entre elas existe a conhecida relação no alfabeto chinês em que os últimos ideogramas da palavra "crise" são os primeiros da palavra "oportunidade". Isto sem dúvida reflecte o porquê de querermos fazer desaparecer esta odiada palavra. Queremos que as pessoas comecem a ver as coisas de outra forma. Queremos ajudar a fazer do mundo um lugar melhor e isto é sem sombra de dúvidas uma oportunidade", afirma Chacho Puebla, director criativo executivo da Leo Burnett.
Esta aplicação foi desenvolvida para funcionar no navegador Firefox, já que é o único que permite adicionar Plug-ins. Estes permitem personalizar as funções originais do navegador, conferindo-nos as mais diversas ferramentas para experimentar a web
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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« Responder #113 em: Abril 28, 2009, 12:11:38 pm »
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Eles fizeram Abril mas não o encontram sempre no país de hoje

Cinco capitães da revolução traçam o diagnóstico do país em tempo de crise

25.04.2009 - 06h59  Sofia Branco


Abril foi há 35 anos e eles gostavam que tivesse progredido, ano após ano. Mas por vezes têm dificuldades em encontrá-lo agora, por aí. Claro que há a liberdade e a democracia. E isso é muito. Mas não era exactamente este o país que eles, os que fizeram Abril, esperavam. Em tempo de crise, não temem golpes nem ameaças não democráticas. Mas receiam a implosão social, falam de uma ruptura iminente. De medos, ainda que outros. E lamentam o fim da solidariedade e do voluntarismo.

Andrade da Silva faz um aviso prévio. Está “muito desencantado” e vai expor a sua “visão poética amarga” sobre a revolução que ajudou a fazer. Coronel do Exército na reserva, um dos responsáveis pela reforma agrária, licenciado em sociologia e psicologia, não vê meio termo. “A democracia não é compatível com a actual situação. Ou se resolve a crise, ou vem uma ditadura.”

Este deve ser “um momento para reflectir”, porque este “é um problema para amanhã”, “dentro de seis meses ou um ano o céu pode cair-nos em cima da cabeça e não há plano B”, aconselha Miguel Judas. Primeiro-tenente da Marinha à altura da revolução, membro da comissão coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA) e membro do Conselho da Revolução, Miguel Judas considera que se vive “o final de um ciclo, o esgotamento de uma república”, que exige a fundação de uma nova.

“A crise é um acto político, um acto de governação falhado”, avalia Gonçalves Novo, coronel do Exército na reforma, era capitão da coluna das Caldas no ensaio de 16 de Março de 1974, fundador do MFA, actual membro da Associação de Oficiais das Forças Armadas. “Prevejo a existência de convulsões populares. As pessoas têm fome, os crimes de colarinho branco não são julgados”, vaticina.

“É muito natural que aconteçam [as convulsões]. E é bom que se tenha presente que não se resolvem à bastonada nem com repressão, mas à volta dos valores de Abril, por exemplo da solidariedade”, frisa Vasco Lourenço, tenente-coronel na reforma, membro da comissão política do MFA, actual presidente da Associação 25 de Abril.

“A democracia está doente”

“Há pessoas que exercem a liderança sem terem interiorizado um comportamento democrático. Salazar está vivo, somos muito ditadores. As pessoas no poder têm muitos tiques ditatoriais, criam cordões sanitários para as vozes divergentes”, analisa Andrade da Silva.

Manuel Monge é o mais optimista de todos: “Não comungo de análises catastrofistas sobre a actual situação económica/financeira muito difícil de Portugal e do mundo.”

“A democracia está doente”, diagnostica Vasco Lourenço. E pode ser posta em causa se “houver a veleidade de se tomar posições que façam prevalecer a segurança sobre a liberdade”. Recordando o que aconteceu na Grécia recentemente, com as revoltas populares, frisa: “Não estamos imunes, há condições propícias.” Em Portugal, tem havido, acrescenta, uma “incapacidade para implementar medidas no sentido da justiça social e dos valores de Abril”.

“A crise pode fomentar” a adopção de “medidas mais drásticas e mais gravosas”, das quais “os direitos do trabalho sairão combalidos”, acrescenta Andrade da Silva. “Corre-se um risco de implosão social grave e dessa implosão não ser dirigida por democratas”, alerta. “Em democracia não há implosões sociais. Poderia haver aventuras totalitárias, mas não na Europa do século XXI”, contrapõe Manuel Monge, um dos homens fortes de António Spínola na Guiné.

Liberdade sim, mas...

Liberdade é a primeira coisa que lhes vem à cabeça quando comparam o Portugal de hoje com o de 1974. Vasco Lourenço, coronel na reforma, desterrado para os Açores nas vésperas do 25 de Abril, membro da comissão política do MFA, actual presidente da Associação 25 de Abril, destaca que os três D (Democratizar, Descolonizar, Desenvolver) que se pretendia conquistar com o 25 de Abril são “um facto”.

Gonçalves Novo considera que “o esvaziamento político é perigoso”. “Mas, hoje, pelo menos podemos dizê-lo”, salienta, acreditando que enquanto houver um poder civil, em que os militares estão submetidos ao regime político, “os ideais de Abril estão salvaguardados”. “Temos liberdade, democracia e capacidade de decidir” e Abril continua no país, portanto, “embora com determinadas limitações”. “Pode não ser um 25 tão alegre como era, os tempos são mais difíceis, mas a essência mantém-se”, resume.

Todos apontam o dedo à política, independentemente de quem está no governo, independentemente dos partidos. E alargam a responsabilidade às empresas, aos sindicatos, às universidades, à sociedade civil, aos cidadãos. Todos são responsáveis. “Caímos no rotativismo, não há alternativas, só alternância”, descreve Andrade da Silva. E é preciso começar a assumir os erros. “Em Portugal, também há responsáveis pela crise. Nem tudo é importado, nem tudo vem de fora.”

“Os partidos políticos, de forma geral, falharam todos. São agências de emprego, de defesa dos interesses de facções”, diz Vasco Lourenço.

Isso não quer dizer que defenda a extinção dos partidos. “Não se conhece democracia sem partidos e não há sistema menos mau do que a democracia”, realça. “Procurar responsabilizar os partidos por tudo pode ser um caminho perigoso. Assim começam ou acabam alguns regimes”, salienta Manuel Monge.

Os partidos “são indispensáveis”, diz Gonçalves Novo, mas “não têm cumprido os programas”. Há uma “perversidade humana organizada, incorporada nos partidos”, sustenta Andrade da Silva, criticando que a política seja “um estágio para cargos de administração pública”. “É uma contaminação perniciosa e a democracia ganharia se não houvesse essa circulação de cadeiras”, diz. Miguel Judas realça que a liberdade não é um dado adquirido. “Hoje o pensamento não é livre, muito menos a voz. Já não há o medo do fascismo, mas há o medo de perder o tacho”, compara.

“A política tem vindo a piorar, bateu no fundo com Santana Lopes e com a cena da Base das Lajes”, avalia Vasco Lourenço. “Algumas políticas de hoje eram necessárias, mas não houve a preocupação de as conjugar com medidas de preocupação social”, acrescenta.

Mário Soares foi citado (e elogiado pela “clarividência”) por três dos capitães, enquanto Cavaco Silva foi duramente criticado por Andrade da Silva. “Muita coisa começou com ele [como primeiro-ministro] e agora critica”, recorda.

A justiça também já teve melhores dias, consideram. “O maior défice no nosso país é o funcionamento da justiça, no qual, infelizmente, a generalidade dos cidadãos não acredita”, lamenta Manuel Monge. “A justiça só existe para os que têm posses”, critica Andrade da Silva, exemplificando com o caso da tragédia de Entre-os-Rios, em que as famílias terão de pagar as custas da acção interposta contra o Estado.

O país “vive à conta de alguém”

A motivação do 25 de Abril não era a “impunidade dos poderosos”, nem a “desmotivação dos professores”, nem horas de “produtos tóxicos e mentecaptos” na comunicação social virada para “o negócio e o lucro”, nem a “chinezação” do trabalho sem direitos, nem que a corrupção se transformasse no “cancro nacional”, enumera Andrade da Silva.

A acrescentar à “falta de credibilidade”, há algo pior, na opinião de Gonçalves Novo, que assume ter votado no PS e em José Sócrates nas últimas legislativas. “Está-se a denegrir os cargos políticos, ferindo a dignidade do Estado.” Nas próximas eleições, o capitão de Abril não sabe se vai “votar em alguém”, até porque se identifica “sempre mais ou menos” com alguma coisa. Recorda, a propósito, um episódio curioso logo a seguir ao 25 de Abril. Deu-se ao trabalho de ler todos os programas partidários (“Até fiz uma quadro à mão, ainda não havia Excel”) e concluiu, com pena: “Fizemos uma revolução e não conseguimos arranjar um partido para mim.”

Miguel Judas lamenta que a opção que se fez após o 25 de Abril não tenha sido a de assegurar que Portugal viveria “à conta dos recursos próprios”. Hoje, o país “vive à conta de alguém” e deixar “nas mãos de terceiros a capacidade de comer” é “uma vulnerabilidade tremenda”. Prevaleceu “a opção social-democrata”, que apostou na integração europeia e “não tanto no desenvolvimento autónomo e soberano”, que “não era contraditória com a inserção mundial”.

“A social-democracia de tipo sueco era o modelo, porque tinha uma taxa de analfabetismo inexistente, liberdade de expressão, bem-estar”, recorda Gonçalves Novo. “Não estávamos a pedir mundos e fundos”, considera Andrade da Silva.

“Continuamos a não ter uma burguesia nacional que não viva à conta do Estado. Ela não tem condições para liderar o país. Não teve, nem terá”, sustenta Judas, falando em “corporativismo medieval” – cada um toma conta da sua loja e abre trincheiras para a defender, e nenhum governo entra nos seus castelos. “Este é o problema de algumas reformas deste governo. Era preciso mudar, mas se calhar era melhor não entrar de assalto, era preciso trazer as pessoas para fora dos castelos”, contrapõe.

“Tem sido uma festa, entrou muito dinheiro. E é claro que o povo beneficiou alguma coisa” com a adesão ao “sonho europeu”. Hoje temos “um povo anestesiado, conformado”, embora “de alguma forma satisfeito”, reconhece Miguel Judas. Os fundos alimentaram “o parasitismo das elites”, “os negócios, o enriquecimento fácil, as clientelas” e tudo isto foi tolerado porque “chegou algo à população”.

A factura há-de chegar e Miguel Judas acha que pode já não tardar muito. “A ruptura pode ser antecipada drasticamente no quadro da actual crise, que mostra que o sistema capitalista afinal não é seguro. E esta ruptura pode ser muito mais grave do que a que houve no 25 de Abril. Podemos estar em vésperas de algo muito mais complicado e descontrolado, sem um sistema de ideias mínimo (o MFA coseu uma série de perspectivas, tínhamos ideia de um caminho)”, compara Judas.

O que podem os cidadãos?

Miguel Judas fala em “bloqueamento democrático” nos partidos, num sistema político “caduco” e em “cidadãos atomizados”. “Não há renovação, o sistema reproduz-se a si próprio em circuito fechado, desligado das bases e da população”. Aliás, a política em geral está “bloqueada à emergência de ideias novas”, pois foi apropriada por “escassos milhares de cidadãos”, e os “espaços públicos” têm “dificuldade de emergência”. “Onde está a democracia participativa?”, pergunta.

“De resto, a malta assiste”, lamenta, considerando que “as listas de cidadãos não têm condições” para vingar, por falta de dinheiro e de recursos, mas também por falta de aceitação. Resultante das “muitas décadas de paternalismo”, frisa Manuel Monge.

“Não existe uma cidadania organizada” e a mudança não virá de dentro do sistema, diz Miguel Judas. “Movimentos como o de Manuel Alegre não mudam nada, porque estão dentro do sistema.” O que é preciso é uma “regeneração democrática”, que dê “notoriedade” ao povo. Hoje “só as individualidades têm peso, são sempre os mesmos que falam”.

O problema dos movimentos cívicos, corrobora Vasco Lourenço, é que “procuram um líder de imediato, o que estraga logo tudo”, independentemente da capacidade do líder”. Do “à volta das pessoas” temos de passar para o “à volta das causas”.

Andrade da Silva identifica outro problema. “Há muita gente a fazer diagnósticos, mas ninguém apresenta propostas novas, não avançam. Nisto o Presidente da República e o primeiro-ministro têm razão.”

A mudança, diz Judas, ou se faz por dentro do sistema, na qual não acredita, ou se faz por fora. E aí há dois caminhos: um projecto ou a rua. Judas já não quer saber da divisão entre esquerda e direita. “Não dou créditos a ninguém. A esquerda no poder é igual à direita. Há conservadores que pensam o interesse público e que são muito mais de esquerda do que muitos outros. Noutro dia li um texto de Adriano Moreira que cabe aqui.” Judas gostava era que viesse o tempo dos cidadãos interessados em reunir-se “independentemente dos rótulos e dos carimbos”, numa “base patriótica, democrática, moderna”, no espírito de Abril. E propõe um chapéu: a Associação 25 de Abril e os seus congressos da democracia. Isto “mantendo a perspectiva de ligação com o mundo, não há a ideia de uma quinta de trogloditas”.

De Abril temos hoje “a possibilidade de reunir e de falar. Por que não o fazemos?”, questiona Judas. “Com mais ou menos organização, mas pelo menos com ideias”, frisa. Se o caminho não for este, a mudança será feita nos “bairros”, num “movimento anárquico, vândalo, que vai querer resolver os problemas à sua maneira”. “As lutas serão travadas fora das instituições e ficarão à mercê dos líderes populares emergentes”, concorda Andrade da Silva, sublinhando que “o Governo comete um erro grave quando dá pouca atenção ao grito dos manifestantes”, porque “as pessoas podem ser conduzidas para situações de desespero ao aperceberem-se de que o modelo da rua se esgotou”.

Gonçalves Novo lamenta que nenhum militar no activo se possa candidatar a cargos políticos e que esteja em risco a garantia de que os serviços públicos continuarão maioritariamente nas mãos do Estado.

Gonçalves Novo defende uma “democracia directa” – já Eça de Queirós dizia que “os partidos estão demasiado afastados da população”. Vasco Lourenço diz que “a democracia directa não é a solução”, mas reconhece: “Devia haver mais interligação entre eleitos e eleitores e não fomos capazes de a fazer.” Andrade da Silva tem dúvidas sobre se é “a melhor solução”, mas defende “que os cidadãos se organizem conscientemente”. E mais clarificação política. Se há “liberais no PS e no PSD”, estes “deviam formar um partido à parte”. “Assumam e vão a votos. Isso já seria uma grande revolução organizacional”, acredita.

O país precisa de “deputados mais autónomos que possam fiscalizar a acção governativa e que não sejam veículos de transmissão partidária mas tenham compromissos de honra com os eleitores e com as promessas eleitorais”, defende Andrade da Silva.

“Gerir um processo de mudança” é aquilo que Abril tem para dar ao país de hoje, acredita Judas. “O 25 de Abril passou por aqui e está aqui. Mas há o falhanço da política, os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, uma sociedade cada vez mais injusta, a perda de direitos alcançados com anos de luta, a vontade de repressão, sinais políticos evidentes de que se quer atemorizar as pessoas, fazer uma democracia mais musculada”, analisa Vasco Lourenço. E, por isso, “às vezes apetece fazer outro” 25 de Abril, reconhece.

“Foi algo excepcional, provavelmente irrepetível. É preciso que agora o povo o faça”, convida Andrade da Silva. “O que vejo hoje assusta-me. Pessoas tristes, mal-dispostas, parecem pré-programadas com um chip, sem momentos para pensar. Há uma multidão de polidores de esquinas, de homens encostados para aí, nas tabernas, a beber, a jogar à sueca. A 25 de Abril de 1974, era um país de uma alegria transbordante. Hoje é um país pobre, não do ponto de vista económico, mas sobretudo cultural, moral, republicano e civilizacional”, recorda, saudoso, Andrade da Silva. “O D de desenvolvimento também era de desenvolvimento humano”.

“Começámos a fazer uma viagem, mas o ponto de chegada nem se vê com telescópio. O que está perto são os monstros marinhos, a corrupção, a mentira, a violência simbólica e prática dos governos sobre os cidadãos, capazes de engolir a caravela da liberdade”, descreve Andrade da Silva. Claro que são “perturbações conjunturais”, reconhece: “O 25 de Abril não está derrotado nem ninguém o derrotará. Envelhecemos mas não nos rendemos.”

 

http://ultimahora.publico.clix.pt/notic ... idCanal=12
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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zeNice

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« Responder #114 em: Abril 30, 2009, 12:50:46 pm »
 

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« Responder #115 em: Junho 22, 2009, 10:46:34 pm »
EXAMES: DE MAL A PIOR
 
Transcreve-se o parecer da Sociedade Portuguesa de Matemática sobre o exame realizado hoje de Matemática do 9º ano de escolaridade:

Citar
Parecer da Sociedade Portuguesa de Matemática sobre o Exame Nacional do 3º ciclo do Ensino Básico (Código 23)

1. Após análise ao Exame do 9º ano hoje efectuado, a SPM verifica que o nível geral da prova é de novo demasiado elementar. O exame destina-se a alunos no final da escolaridade obrigatória. Após nove anos de ensino de matemática exigir-se-ia um maior grau de dificuldade.

2. Logo na pergunta 1, pede-se a média aritmética de três números: 382, 523 e 508. A facilitar ainda os cálculos, que são triviais na posse da calculadora permitida nesta prova, fornece-se a soma (1413) — é uma questão do 6.º ano de escolaridade. Na pergunta 5, pede-se ao aluno que leia valores num gráfico simples. Após leitura desses dados pede-se que calcule o valor de 100 euros em libras, sendo sabido quantas libras vale um euro. A pergunta 6 está ao nível do 3.º ano de escolaridade. Na pergunta 7, pede-se para identificar um sistema de duas equações a duas incógnitas que nem se pede para resolver.

3. Em quase todas as perguntas, os conceitos são testados com exemplos demasiado elementares. Os cálculos são todos muito simples, a equação do segundo grau é trivial, para mais sendo fornecida a fórmula resolvente, e os exemplos de geometria são demasiado directos.

4. Não há problema algum em introduzir num exame perguntas de anos anteriores ou de grau de dificuldade baixo. O que é prejudicial é que um número exagerado de perguntas corresponda a tópicos que deveriam estar sabidos anos antes e que todas ou quase todas as perguntas tenham um grau de dificuldade muito baixo.

5. Grande parte da matéria essencial do 9.º ano de escolaridade não foi coberta por esta prova. É o caso da resolução de inequações, sistemas e equações literais, multiplicação de polinómios, intervalos de números reais, proporcionalidade inversa e igualdade ou semelhança de triângulos.

6. Tanto professores como alunos que se empenharam durante estes anos lectivos sentem-se desacompanhados e desapoiados com esta prova. O que exames deste tipo transmitem é a ideia de que não vale a pena estudar mais do que as partes triviais das matérias. Tanto os jovens que prosseguem os seus estudos no Secundário como os que terminam aqui a sua escolaridade não podem concluir estar bem preparados pelo facto de conseguirem um resultado satisfatório neste exame.

7. Pode pensar-se que provas elementares têm a vantagem de ajudar a perceber que as questões matemáticas não são intransponíveis. Mas estabelecer patamares demasiado baixos, em vez de incentivar a mais estudo e mais conhecimento, acaba por prejudicar todos — tanto os melhores, que se sentem desincentivados, como os menos treinados, que sentem menos necessidade de trabalhar para aumentar o seu domínio das matérias. Em suma, uma prova demasiado elementar como esta não serve o progresso do ensino. Pelo contrário, cria precedentes difíceis de contrariar.

8. A matemática é uma das matérias mais importantes para a formação dos nossos técnicos e dos cidadãos do futuro. Estamos no século XXI. É urgente formar técnicos competentes, capazes de competir num mercado internacionalizado e numa economia em que o conhecimento tem uma importância cada vez maior.

O Gabinete do Ensino Básico e Secundário da Sociedade Portuguesa de Matemática


O futuro de Portugal está em risco!
:bang:
 

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« Responder #116 em: Junho 23, 2009, 08:54:46 am »
eu vi a prova de matemática e só posso dizer que aquilo é um "exame" para atrasados mentais, serve apenas para as estatisticas como é apanágio deste governo mediocre.

Aliás tão mediocre que quer á força fazer de todos os alunos mediocres, tal é o baixar do nivelamento!!!!
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Luso

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« Responder #117 em: Junho 23, 2009, 09:44:33 am »
Estão a preparar selvagens para servir os que aí vêm. Desses selvagens alguns irão sobrar e farão trabalho escravo porque não haverá alternativa.

Quem puder compreender que compreenda. Quem não compreender que continue a ver e a discutir o Campeonato da Liga ou as novelas da TVI (que são, diga-se, as que têm o melhor mulherio).
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Cabecinhas

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« Responder #118 em: Junho 23, 2009, 11:04:32 am »
Código: [Seleccione]
novelas da TVI (que são, diga-se, as que têm o melhor mulherio).


Cágora  :lol:  :lol:
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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« Responder #119 em: Junho 23, 2009, 02:57:11 pm »
Citação de: "Luso"
Estão a preparar selvagens para servir os que aí vêm. Desses selvagens alguns irão sobrar e farão trabalho escravo porque não haverá alternativa.

Quem puder compreender que compreenda. Quem não compreender que continue a ver e a discutir o Campeonato da Liga ou as novelas da TVI (que são, diga-se, as que têm o melhor mulherio).


ouviste dizer, claro????? :mrgreen:
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