Resumindo, mantém se o concurso shorad como está e, em caso de necessidade, os espanhóis emprestam o nasams e os patriot.
Em troca continuamos a engordar os porcos espanhóis no Alentejo por uns trocos para eles depois venderem o pata negra a 500eur/peça. Está justo.
E é por isso que se gasta dinheiro em grupos de trabalho, e no fim não dão em nada. Alguns tentam de facto responder à questão, outros dizem "não vale a pena" e no fim gastam o dinheiro atribuído ao GT, em jantares.
Mas é para continuar assim. Os outros já andam todos a tomar medidas para responder ao novo mundo em que se vive, por cá é piadas e piadolas, distribuição dos tachos, e afins. Se algo de pior acontecer, "os espanhóis defendem-nos".
E passa muito bem… isso é muito mais importante que andarmos a brincar aos AEGIS… para isso já estão 5 AB baseados em Rota, cuja única missão é fazer órbitas ao largo do Sul de Espanha à espera que o Irão se lembre de lançar uns mísseis nesta direção… arranjem um bom sistema SHORAD e uma boa defesa AA contra mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos de curto alcance e já seria um sonho…
Quanto aos Kinzhal e que tais, o pessoal precisa de se lembrar que isto não são videojogos em que tens reservas ilimitadas de munições… os russos já acabaram com as reservas de munições guiadas na Ucrânia e agora andar a pendurar bombas convencionais em SU-34 e vê-los cair que nem tordos… a Rússia tem muito a mania de fazer show-off, mas depois não tem os números de armas avançadas que devia… já andam a usar os pouco Kinzhal que têm porque ficaram sem outros mísseis…
Ninguém falou em Aegis. Para nós fazia bastante mais sentido tentar ter essa capacidade em navios AAW, a uma fracção do custo. Além de que, os AB em Rota, podem deixar de lá estar caso rompa o conflito no Pacífico, e os americanos reforcem lá a presença com o máximo de navios possível. Aí a Europa terá que se desenrascar. Mas isto já são outras variáveis.
Quanto aos Kinzhal, até agora ainda existem dúvidas quanto ao seu real uso no conflito na Ucrânia, e se foi usado algum, terão sido muito poucos. Depois há que ver que, a romper algum tipo de conflito NATO/Rússia, iniciado pelos russos, não será agora, em que estão desfalcados da guerra na Ucrânia, mas sim numa altura em que tenham stocks reforçados, eventualmente com ajuda chinesa.
Claro que isto é tentar ser vidente, e da última vez que a malta tentou ser vidente, foi quando "previram" que a Rússia estava só a flectir músculo e que nunca iria atacar a Ucrânia... e foi o que vimos. A única certeza que há, é que estamos em muito má forma, e fomos apanhados, não com as calças na mão, mas já sem calças de todo. Agora é ver o que se vai fazer por cá, enquanto noutros países, já surgiram planos para compensar os anos de desleixo com a Defesa.
Só para que fique registado, eu estou, portanto, apto e disponível para integrar qualquer grupo de trabalho na área da Defesa. E também alinho em jantaradas, não vá o orçamento ficar por utilizar.
Agora de forma mais séria, eu não conto com os espanhóis para nada, vemos as últimas décadas de coexistência nesta península e são raríssimos os casos de cooperação. Felizmente em questões de matéria de defesa, nunca foi necessário testar essa relação.
Agora acerca da má situação em que nos encontramos, ou péssima, para ser honesto, temos de ter alguma perspetiva e ser correctos e observar que não somos caso único na UE. Espanha até nem será o pior exemplo (por motivos históricos e económicos, ou de política económica) mas, uma grande parte dos países europeus não tem contemplado investimento suficiente na defesa.
O caso da Alemanha é o mais gritante, por ser a maior economia europeia obviamente, e pelo peso político dentro da UE. Há vários anos que altas patentes dos vários ramos alertavam para a falta de capacidade das FA alemãs, por inépcia política, mas para a opinião pública (leia-se votos nas urnas) estava tudo bem. Pior ainda, a política energética do país tornou a economia alemã refém de um fornecedor externo, que por acaso até é a Rússia, o "pior" vizinho da Europa.
Depois do "caldo entornado" o novo governo anuncia 100mil milhões de euros na defesa. É uma mudança de atitude, de paradigma na Europa de "soft-polítics", mas não vai mudar o grande cenário de um momento para o outro. A defesa não se resume a dinheiro, é fundamental mas não é a única variáveL. Vão ser precisos vários anos para a Europa recuperar do marasmo.
A Alemanha pode anunciar 100mil M porque tem poder financeiro, mas muitos países estão como Portugal, com algum crédito mas sem grande margem de manobra.
E no nosso caso em particular, a questão das variáveis extra orçamentais é tão ou mais importante que noutros países porque os nossos grandes problemas são estruturais.
Não é uma questão de pensar em comprar ou poder comprar 5 fragatas state of art (ou uma dúzia de F35), é uma questão de conseguir ter 5 fragatas operacionais, actualizadas, com tripulações suficientes e com horas de treino suficientes, e com orçamento suficiente para que os meios sejam empregues com regularidade.
E isso, independentemente de qualquer investimento que haja no imediato em meios há muito identificados, se não tiver seguimento político e militar na próxima década, não vai servir de nada em termos práticos.
Abraço