Caso não pode ser resolvido apenas entre mãe e casal português - Unicef
A delegação russa da Unicef defendeu hoje que o caso da menina russa entregue pela justiça portuguesa à mãe não deve ser resolvido apenas entre a progenitora e a família que a acolheu, mas também com psicólogos e segurança social.
"A Unicef considera que este caso não deve ser resolvido apenas pela mãe biológica e o casal português, mas com a participação de psicólogos e técnicos da Segurança Social competentes. É necessário que eles investiguem, falem com a menina e aconselhem o que será melhor para ela", disse à Lusa Ana Kotchineva, porta-voz dessa agência das Nações Unidas na capital russa.
Afirmando não dispor de informação suficiente para tirar conclusões claras sobre o assunto, a responsável sublinhou que "a UNICEF defende sempre que os altos interesses da criança devem ser colocados acima de tudo".
"A UNICEF considera que é melhor para a criança que ela viva com a família biológica, mas neste e em casos semelhantes, se a segurança da criança correr risco, será melhor que viva numa família adoptiva", acrescentou ainda.
A presidente da organização Fundação Nacional de Defesa das Crianças da Violência, Marina Igorova, defendeu por seu lado que a menina não deveria ter saído de Portugal.
"A menina Alexandra não pode ser vista como um objecto, propriedade da mãe, que pode ser dado e devolvido", declarou à Lusa.
Marina Igorova, que está ao corrente deste caso através das informações dos jornais e imagens da televisão russa, defende que Alexandra "criou afectos, sentimentos que devem ser respeitados".
"Ela sofre porque estava ligada aos pais de acolhimento. Não se pode tratá-la como uma coisa que se pode entregar e devolver", acrescentou.
Segundo ela, "a decisão de entregar a menina à mãe biológica não teve em conta os interesses da criança".
A Lusa contactou também o Comité para as Questões da Família, Mulheres e Crianças da Duma Estatal (câmara baixa do Parlamento) da Rússia, mas este órgão ainda não se reuniu para analisar "o caso Alexandra".
"Os deputados-membros do Comité estão fora de Moscovo e, por isso, ainda não foi possível analisar o problema", declarou à Lusa Irina Feodorovna, porta-voz do Comité.
"A próxima reunião desse órgão terá no dia 09 de Junho e esse problema poderá ser abordado", acrescentou.
Alexandra, de seis anos e filha de uma imigrante russa, estava à guarda de uma família de Barcelos há quatro anos, mas uma decisão do Tribunal da Relação de Guimarães, confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça, determinou a sua entrega à mãe. O pai, ucraniano, vive actualmente em Espanha.
Na semana passada, a criança, que fala apenas português, passou a viver com a mãe e a avó numa cidade russa, a 350 quilómetros de Moscovo.
Lusa