E aqui está então na íntegra (itálicos e negritos incluídos) o artigo publicado no semanário "Sol" na passada Sexta-feira, 9 de Agosto.
VENDA DE F-16 RENDE 78 MILHÕES DE EUROS
Helena Pereira
helena.pereira@sol.pt
Nem 628 milhões anunciados pela Roménia, nem 186 milhões que constam no contrato. Com a despesa que a Força Aérea terá, a venda dos caças vai dar um lucro bem inferior.
Portugal vai ter de gastar até 108 milhões de euros na modernização dos F-16 para os conseguir vender à Roménia. Este foi o acordo a que os dois países chegaram e que já teve luz verde, aliás, do Conselho de Ministros. Os doze F-16 que Portugal tinha comprado aos EUA mas de que, afinal, nunca precisou serão vendidos por 186 milhões de euros, soube o Sol. Acontece que o Governo português ainda vai ter de gastar 108 milhões de euros, o que se traduzirá num lucro de 78 milhões de euros, sensivelmente 6,5 milhões de euros por aeronave. O mais curioso é que chegou a ser noticiado, na imprensa portuguesa e estrangeira, que a transacção custaria 628 milhões de euros - um bónus que, a ser assim, ajudaria a consolidar as contas deficitárias do Estado. Tudo porque, há algumas semanas, o Governo romeno anunciara a compra a Portugal de 12 aviões de combate F-16 por aquele valor - a notícia saiu primeiro na agência France Presse, sendo replicada a partir daí.
Acontece que aquele montante diz respeito ao investimento total que a Roménia vai fazer para ter a capacidade de operar estes aviões de caça, e não se destina unicamente à compra dos 12 aviões portugueses. Vai pagar programas como a formação de pilotos romenos, a construção de infra-estruturas como pistas e hangares, etc. O comunicado do Conselho de Ministros, de 25 de Julho, não revela o valor da venda, mas revela ter dado autorização à "realização da despesa" para suportar o contrato a celebrar. "A despesa aprovada contempla a preparação e a actualização da configuração das aeronaves, a formação, treino e apoio logístico inicial e a sustentação de uma equipa de apoio técnico, até ao montante de 108,2 milhões de euros, encargo a satisfazer pelas verbas inscritas no contrato de alienação", lê-se.
Ou seja, o Ministério da Defesa ainda terá que gastar dinheiro antes de arrecadar receita. Dos 12 aviões que serão vendidos, Portugal tem nove - já a voar e que foram observados por uma equipa romena em Portugal. Os três que faltam serão, em princípio, ainda comprados aos EUA e depois montados e modernizados em Portugal para seguirem para a Roménia. Parte desta despesa será também para pagar uma equipa de técnicos da Força Aérea que irá prestar apoio aos romenos. Ao todo Portugal tem 39 caças e a Força Aérea pretende ficar com 30 - sendo que uma parte destes ainda não fez a actualização Mid-Life Update (MLU).
EUA autorizaram venda
A primeira esquadra de 20 F-16 foi comprada no tempo de Cavaco Silva, numa altura em que o Ministro da Defesa era Fernando Nogueira, tendo os aviões chegado a Portugal em 1994. Já a segunda esquadra foi comprada durante o Governo de António Guterres, era Ministro da Defesa Veiga Simão, tendo as aeronaves sido entregues à Força Aérea Portuguesa em 1999. De acordo com a Lei de Programação Militar de 1998, essa esquadra custou na altura 50 milhões de euros. As aquisições foram feitas ao abrigo do acordo de cooperação militar Portugal-EUA, e qualquer venda posterior desse equipamento requer autorização prévia dos norte-americanos, o que aconteceu agora. O mais provável, por isso, era que Portugal vendesse os F-16 a países da Aliança Atlântica. A Roménia aderiu à NATO em 2004 e comprometeu-se a equipar a sua Força Aérea com 48 aparelhos compatíveis com os dos aliados.
Os F-16, que estão na Base Aérea de Monte Real, vão substituir os MiG-21, de fabrico soviético, da Força Aérea Romena. Desde que a segunda esquadra foi recebida que o objectivo era modernizá-la, razão pela qual os aparelhos ficaram na Base de Monte Real exactamente como vieram dos EUA, empacotados por blocos de peças, à espera de haver dinheiro para a sua montagem. Esse trabalho só começou em 2004, nas OGMA. Foi sendo gradual e, a determinada altura, a prioridade foi preparar primeiro os aviões a ser vendidos.
Fora algumas imprecisões por parte da autora, típicas como disse o mafets de quem não percebe a fundo destes assuntos, o que está exposto no artigo é bastante claro e perceptível.
Entretanto, e ainda a respeito deste assunto - e só para finalizar -, na edição de Setembro da revista "Combat Aircraft", publicada há dias, vem um artigo dedicado aos últimos operadores europeus dos MiG-21 "Fishbed". E no capítulo dedicado à Roménia, escrito pelo holandês Dirk Jan de Ridder, é escrito o seguinte:
In common with the other European MiG-21 operators, Romania has been looking to replace its fighters for sometime. Back in 2005, the country reportedly asked Belgium and Israel for information regarding the possibility of purchasing second-hand F-16s. In the years that followed, Eurofighter, Lockheed Martin and Saab also provided proposals for the sale of new aircraft, but a deal was never signed. A Romanian delegation visited Portugal in April 2013 to negotiate the purchase of 12 F-16s. An agreement was made to finalise documents by the following month and hopefully sign a deal by September.
The airframes concerned were built for the US Air Force in 1984, but had been in storage for around 10 years before they were sold to the Portuguese Air Force in the 1990s. In Portugal they received a Mid-Life Update. Some of the most recently updated jets have only flown very few hours with the Portuguese Air Force, but it is still unclear whether Romania will receive these aircraft or some of the ‘older’ ones. The F-16s would form a single operational air policing squadron some time around 2017, and one squadron of LanceRs will reportedly be kept operational until another 12 F-16s are acquired elsewhere.
Falando metaforicamente, se querem mais uma dúzia de ovos que os vão comprar agora a outra mercearia, muito embora duvide seriamente que tenham capacidade para tal.