Impostos elevados e recessão fazem contrabando de tabaco prosperar em Espanha
Os fumadores espanhóis, afetados pelos impostos elevados e pelo agravamento da recessão, estão a apostar no fornecimento de tabaco através do contrabando para 'alimentar' os seus hábitos, noticia hoje a Bloomberg. As importações ilegais de tabaco representam atualmente entre 7 a 8 por cento das vendas de cigarros em Espanha, o que compara com uma variação nula há um ano atrás, de acordo com a associação de tabaco de Espanha.
Em regiões do Sul do país como Cadiz, Sevilha e Málaga, a quota de mercado de tabaco vendido através de contrabando ascende a 20 por cento.
"Contrabando e tabaco falsificado, que tinha sido erradicado desde 1993, regressou em força no ano passado", afirmou à Bloomberg Jaime Gil-Robles, responsável da Altadis, a unidade espanhola do grupo Imperial Tobacco.
O contrabando, encorajado pelo aumento de impostos em dezembro de 2010 e pela proibição de fumar em lugares públicos, afetou os cofres do Estado e as receitas das empresas do setor.
Espanha, que tem a taxa mais elevada de desemprego no seio da União Europeia, recebeu menos 14 por cento de receitas de impostos de tabaco no ano passado do que o estimado pelo Governo, que rondava os 9,05 mil milhões de euros, excluindo o imposto sobre o valor acrescentado, segundo a Altadis.
"A política fiscal foi desastrosa já que levou a um aumento médio de 50 cêntimos por pacote", considerou Gil-Robles.
"Se somarmos a isto a crise e ao disparo da taxa de desemprego então temos o cenário perfeito para o contrabando e para o tabaco ilegal", acrescentou.
Em apenas uma semana, em janeiro, as autoridades fiscais espanholas apreenderam mais de um milhão de pacotes de cigarros ilegais no valor de 4 milhões de euros.
Em dezembro, as autoridades anunciaram que tinham confiscado 561,500 pacotes de cigarros falsificados da marca Marlboro, que eram importados da China e entravam no país através do porto de Valencia num contentor identificado como "fibra sintética".
Para Mario Espejo, presidente do conselho de administração da associação espanhola de tabaco, que representa mais de dois terços das 14.000 entidades registadas no país, o crescimento do contrabando "é uma terrível preocupação para toda a indústria".
O número de maços ou pacotes de cigarros vendidos no ano passado caiu 17 por cento em Espanha, para 3,02 mil milhões.
A Altadis pediu este mês um congelamento, por dois anos, das taxas sobre o tabaco, com o objetivo de ajudar o mercado a recuperar.
Lusa