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Geopolítica-Geoestratégia-Política de Defesa => Portugal => Tópico iniciado por: Jorge Pereira em Agosto 12, 2010, 06:59:57 pm

Título: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Agosto 12, 2010, 06:59:57 pm
Já tinha sido alertado para esta excelente linha de pensamento, mas a recente entrevista e os alertas do caro FoxTroop e P44, fizeram com que considerasse abrir um tópico para discutirmos estas ideias e orientações.

Como esta entrevista vai para além da economia, decidi enquadrar este tópico aqui.

Leiam e logo vamos discutir.

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Entrevistas sobre o futuro

A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes

A Alemanha quer o euro porque quer redesenhar o mapa monetário mundial. A China quer o euro porque não quer ficar sozinha com os EUA. Portugal, para sobreviver, vai ter de tirar partido da globalização. No cenário, optimista, de a globalização sobreviver à crise.

Por Teresa de Sousa


José Manuel Félix Ribeiro, economista, em véspera de aposentação, foi subdirector-geral do Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP) e foi aí que produziu os mais conhecidos exercícios de cenarização sobre a economia portuguesa, sobre os futuros possíveis da Europa ou do mundo. Raramente dá entrevistas. O que pensa é o produto de uma mente brilhante somada a uma vasta informação sobre o que se passa no mundo: em Pequim ou na casa real saudita, nos sectores mais inovadores dos EUA ou na prodigiosa empresa de petróleos norueguesa. Evita opiniões taxativas sobre o país. Fornece hipóteses num contexto internacional de profunda incerteza. Polémico e pessimista.

Vivemos uma tripla crise: mundial, europeia e nacional. Podemos começar por aquela que mais nos condiciona, a crise europeia. Como é que a Europa pode sair daqui?

Estive recentemente na Universidade Católica do Porto para falar dessa questão e resolvi fazer uma coisa sobre a Europa, o euro e a China. A minha ideia, que pode estar completamente errada, é que temos de começar por compreender por que é que os alemães foram forçados a aderir ao euro e que o euro, na prática, não é uma resposta europeia à globalização. É, antes do mais, uma resposta à unificação alemã.

E uma resposta política, antes de ser económica.

Política. Não vejo que a Alemanha queira sair do euro nem que a sobrevivência do euro esteja em causa. Penso que a Alemanha tem uma ambição, que esta crise veio fortalecer, que é a de redesenhar o mapa monetário mundial. O que uma parte da elite alemã gostaria era que tivéssemos um sistema monetário com três pólos: o dólar, o euro e o yuan chinês. Há uma parte dessa elite que vive muito mal com o modelo anglo-saxónico de capitalismo e com o seu domínio da economia mundial. Nessa medida, seria um suicídio colocar em causa o próprio euro, porque é ele que lhe dá, apesar de tudo, uma outra dimensão para negociar este sistema tripolar que o marco dificilmente teria mesmo que fosse agora reinventado.

A Alemanha quer preservar o euro mas em que condições?

O que está em causa é a necessidade de consolidar o controlo sobre o euro para que possa ter um papel muito mais importante no futuro. E esse controlo tem de ser acompanhado por outra coisa: a Alemanha quer pagar o menos possível para salvar economias que vê como relativamente inviáveis.

As economias da Europa do Sul?

Sim. E o problema é que hoje a Europa do Sul, ao contrário do que aconteceu nas décadas anteriores, já não é um mercado fundamental para a Alemanha e os alemães vêem-na como um peso que não querem ser os únicos a ter de suportar.

Está a dizer que a Alemanha ficaria satisfeita se os países do Sul saíssem do euro? Isso não seria a sua condenação?

Não vou dizer isso, porque não sei. Essa é a discussão sobre o que quer realmente a Alemanha. Apenas acho que não quer sair do euro, a não ser que seja completamente forçada. Eles quiseram pregar um grande susto à Europa. Mas mesmo um grande susto. Querem impor alguma ordem. Não sei se querem mais alguma coisa.

A UE, tal como existe, ainda é aquela que serve os interesses mundiais da Alemanha?

O que me parece é que os alemães têm uma estratégia clara na qual a China e a Rússia são chave. A China, para venderem aquilo que produzem, e a Rússia para comprarem energia e também desenvolverem a industrialização. Entre a Rússia e a China, a Alemanha tem uma nova estratégia. Mas também admito que não possa separar-se completamente dos Estados Unidos. O ideal, para ela, era que os EUA se dessem bem com a Rússia. Isso favorece o jogo alemão porque pode pôr em prática [a sua estratégia] sem ter de fazer escolhas.

Onde é que entra a China?

A Alemanha sabe que pode contar com a China porque Pequim não quer ficar sozinha com o dólar para o resto da vida. A China é a única entidade no mundo convictamente empenhada - pelo menos enquanto esta direcção lá estiver - em que o euro não se afunde. Quer ter outro parceiro que não seja apenas o dólar e, portanto, no que puder ajudar, fá-lo-á. Comprar dívida emitida por entidades europeias...

Já está a fazê-lo.

Só que há aí um outro problema: a China não sabe muito bem o que é isto da União Europeia, deve fazer-lhe alguma confusão esta coisa de 27 países que decidem tudo numa grande conversa. Precisa de alguém em quem confiar e acho que confia na Alemanha. Os alemães sabem que têm as costas quentes, que a entidade mundial que mais pode ajudar o euro está com eles. Estão relativamente à vontade. Quem deve estar relativamente aflito é a França. São os que vierem a seguir [a Merkel e a Sarkozy] que vão ter, ou não, alguma capacidade para se entender.

Sobre quê?

Não sei. Mas a essa pergunta só se pode responder com outra: os outros países, que não a Alemanha, para onde é que podem ir? Para lado nenhum. A Alemanha está bastante à vontade.

Mas há também fragilidades dentro da própria Alemanha que não tornam as coisas assim tão simples. A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos. É extraordinária a melhorar aquilo que já faz há quase 150 anos: automóveis, mecânica, química. Está muito bem adaptada para fornecer países que se industrializam, que se urbanizam e que se motorizam. Mas tem uma grande dificuldade em inovar sobretudo quando as economias desenvolvidas passaram a ser economias terciárias. No sector dos serviços, já praticamente não há um nome alemão.

Isso quer dizer que o seu modelo pode esgotar-se rapidamente?

Isso quer dizer que está esgotado e que ainda tem vida apenas porque há economias emergentes. O segundo problema é que o modelo alemão, em termos financeiros, é totalmente oposto ao dos EUA e ao do mundo anglo-saxónico - é um modelo centrado nos bancos.

Os alemães continuam a poupar muito e a colocar muitos depósitos nos seus bancos. Esses bancos tinham tradicionalmente uma relação muito estreita com a indústria alemã, para onde canalizavam o seu dinheiro. O que acontece é que hoje a grande indústria alemã financia-se nos mercados de capitais, que são uma invenção anglo-saxónica. Com muitos depósitos a afluir e com menos negócios tradicionais para aplicar o dinheiro, eles tiveram de ir à procura de aplicações altamente rentáveis e foram comprar coisas como o subprime, do qual foram os segundos grandes compradores. Importaram um vírus que o seu sistema imunitário não tem capacidade para gerir. E, então, para tentar obter novas receitas que lhes permitissem apagar os prejuízos que aquilo ia criar, lançaram-se a comprar dívida soberana dos países do Sul [da Europa].

E estão amarrados de pés e mãos.

É essa a minha opinião. E isso é uma segunda grande fraqueza, que limita a margem de manobra alemã. Os espanhóis já percebem isto perfeitamente e sabem que um default desorganizado da Europa do Sul lhes seria fatal... Isso faz com que haja um factor de coesão mas, ao mesmo tempo, de muita tensão: os espanhóis não gostam de ser maltratados e os alemães de estar amarrados.

O modelo alemão tem as limitações que descreveu. O modelo anglo-saxónico está a atravessar uma crise. Como é que a China joga com isto?

Não sei, mas admito que quem deve estar assustado são os chineses.

É preciso compreender a crise financeira de 2008. Os EUA são uma economia que tem défices correntes com toda a gente - com a Europa, com os produtores de petr? leo, China, Japão, Taiwan. E isso é uma coisa absolutamente lógica. Os EUA permitiram que a Ásia se desenvolvesse ao transferirem para lá a produção de muitas das coisas que consomem. O que acontece é que nenhum dos outros possui um sistema financeiro próprio capaz de reciclar essa quantidade toda de dólares e, por isso, tem de recolocá-los nos EUA. A questão fundamental é que os Estados Unidos têm de produzir activos em que toda a gente confie e queira comprar como forma de colocar as suas poupanças. O grande problema que penso estar na base desta crise financeira foi que, pela primeira vez, os EUA não tinham activos suficientes para colocar. O Lehman, o Morgan Stanley, eram absolutamente cruciais na economia mundial porque são eles que transformam latão em ouro e que o colocam à venda no mundo inteiro. Não vale a pena dizer que a crise se deve a um bando de gananciosos. O grande problema, que pode marcar o fim da globalização e o declínio americano, é a incapacidade de produzir esses activos.

Este modelo de globalização tem de ter sempre no seu centro os Estados Unidos, com os seus défices. Que funcionam como uma espécie de capital de risco do mundo inteiro.

A China tem a noção disso?

A China precisa dos EUA mas não quer que a Europa desapareça do mapa e fará tudo para ajudar a mantê-la. Já está a comprar títulos de dívida gregos e espanhóis.

A questão é outra. A Espanha andou a criar uns leitõezinhos que já são muito apetitosos: a Telefónica, a Repsol, a Iberdrola, etc. No nosso caso, a Galp, por exemplo. Penso que esta crise é aquela em que alguém vai dizer: meus caros amigos, é altura de os leitões irem para o mercado para serem comprados por quem tiver dinheiro para comprar. O pior que pode acontecer nesta crise é haver uma transferência maciça da propriedade no Sul. É os chineses comprarem tudo o que lhes interessa na Grécia - o Pireu, os armadores...

E em Espanha e Portugal?

Os árabes, talvez. A Europa vai ser salva pelas compras dos chineses e dos árabes e, no caso português, também dos angolanos. Esta é a parte económica, que pode ser muito complicada pela parte geopolítica.

Como?

Em boa medida, por causa da energia. O abastecimento energético da China é um problema-chave para o seu futuro. Eles tinham três hipóteses de o resolver. A primeira era irem para o off-shore do Mar do Sul da China, mas aí tinham um grande problema. A China é uma entidade que não existe, economicamente falando. Tem a fatia costeira que faz parte do mundo da globalização e tem o resto. Esta parte costeira viveria muito bem sem nenhuma ligação com esse resto, da mesma maneira que vivem os coreanos, os japoneses, os taiwaneses, exportando produtos e importando o que não têm. Esta zona próspera e em crescimento - foi esta zona que os EUA arrancaram do atraso - tem toda a vantagem na continuação da globalização, dificilmente pode viver sem ela.

Se os chineses fossem para a opção do off-shore, esta região ainda ficava mais independente e ainda precisaria menos do resto da China. O poder em Pequim tem perfeita consciência do risco que isso comporta e, por isso, defende uma segunda hipótese, a hipótese continental, em que tem de ir buscar o petróleo e o gás à Rússia e, sobretudo, à Ásia Central, que tem de atravessar toda a China. Isso permite-lhes convencer essa China da faixa litoral de que precisa do resto do país e de que precisa do poder central para organizar isto tudo.

A terceira alternativa é dizer: para já, vamos ao Golfo Pérsico e a Angola buscar a energia de que precisamos. Isso tem um problema: as linhas de comunicação marítimas são extensíssimas e quem garante a sua segurança é a América. A dada altura deve haver uns almirantes loucos em Pequim que vão dizer: temos de constituir uma grande marinha. E no dia em que decidirem fazer isso a guerra está no horizonte.

Isso contraria a nossa ideia de que o desenvolvimento ajudará a integrar a China.

Ninguém liga nenhuma a estas coisas mas elas são fundamentais. O poder em Pequim tenta resolver este imbróglio optando pela Ásia Central. Mas aí vamos ter ao Afeganistão. No dia em que os americanos saírem, vamos ter a Índia, que não quer que os chineses vão para lá; os russos, que não querem que os chineses vão para lá; e os chineses que vão entrar lá de mãos dadas com os taliban com que estavam a negociar antes do 11 de Setembro. Porque o controlo sobre o Afeganistão é a chave para uma estratégia de abastecimento por via da Ásia Central. É a única que lhes permite resolver o problema dos almirantes loucos.

Ou as rotas ou o Afeganistão?

E uma terceira, que é quando [a secretária de Estado Hillary] Clinton vai ao Vietname e declara que os EUA querem pacificar o Mar do Sul da China, que é precisamente onde os chineses também podem ir buscar petróleo. Em todos os sítios onde eles querem ir buscar petróleo, os americanos estão envolvidos.

Neste jogo global, qual é o papel da Europa?

A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes.

E se isso, por hipótese, acontecer, que papel lhe resta?

Vai dividir-se em dois grupos. O Reino Unido já foi à Índia dizer que os paquistaneses eram uns patifes, porque sabe que eles são os aliados da China para este jogo. O que [o primeiro-ministro David] Cameron foi lá dizer agora foi o seguinte: nós estamos com a Índia e não com a China. Está a ver perfeitamente o jogo e ficará deste lado.

Quanto aos árabes, ainda não consigo perceber verdadeiramente o que querem. Há na OPEP um conjunto de gente que quer atacar a importância do dólar e deixar de depender de um dólar que eles temem que vá colapsar.

E também lhes interessa apostar no euro?

Exactamente. Vão continuar a dispor de grandes excedentes que lhes dão para comprara a Repsol e os outros leitõezinhos. Vamos ter uma Europa cheia de príncipes nos conselhos de administração e de chineses a financiar os Estados. E isso vai permitir que a Europa sobreviva.

Sobreviva?

É o nosso pequeno mundo. O grande mundo é a OPEP e também o Irão, a China e os EUA.

Como é que nós, portugueses, nos vamos adaptar a esta nova situação?

Penso que os alemães simpatizam connosco. Investiram cá, têm uma boa experiência, e não fizemos nada recentemente que os levasse a mudar de atitude. Portugal acumulou um capital relativamente à Alemanha que é positivo e que o distingue da Grécia. Mesmo passando entre os pingos da chuva, não estamos assim tão mal no nosso relacionamento político.

Com a Alemanha? Nos cenários que fez em 2002 colocava três alinhamentos possíveis - a opção ibérica, o alinhamento francês e a "Casa de Borgonha", que seria com o Benelux. A ibérica está em discussão - entre eles e entre nós. A França está em situação difícil e o Benelux falhou.

Não sei. Eu estou à janela e apenas posso dizer: aquele que está a passar ali vai ser atropelado. Penso, no entanto, que a Holanda continua a ser crucial e, quando a Bélgica se desintegrar, a Flandres pode ser a nossa maior amiga. É preciso reflectir muito sobre isto, mas creio que há três países que nos interessam: a Alemanha, a Holanda e a Noruega.

A Noruega?

A Noruega devia ser o nosso aliado principal por causa do petróleo, do mar e da exploração da plataforma continental.

Alguns dos cenários do exercício que fez mais recentemente [Portugal 2025 - que funções no espaço europeu, cuja recente actualização considera quatro cenários: "Florida Europeia", "Plataforma Asiática", "Escócia do Sul", "Ponte Atlântica"] consideram a plataforma energética que poderíamos constituir como relevante.

Exacto. Por isso, a Noruega é um parceiro possível - é atlântico e está muito próximo da UE. Fizemos um trabalho sobre as empresas energéticas na Europa e a Statoil [norueguesa] é uma coisa extraordinária - a forma como eles conseguiram estar no mundo inteiro. Mas falo da Noruega se decidirmos fazer uma aposta na plataforma continental, na sua extensão. Os alemães podem também estar interessados, porque não têm mar. Mas entre alemães, noruegueses e holandeses... A Noruega e a Holanda são o mundo atlântico. A Alemanha é o mundo europeu de que não podemos fugir.

Isto não tem de ser contra a Espanha...

Mas há um elemento permanente na cenarização para 2025 que passa pela ideia de que não deveremos ser apenas a fachada atlântica da Espanha.

Esse problema existe, só que uma parte da elite portuguesa não o quer ver. O actual Governo era "Espanha, Espanha, Espanha". Cavaco Silva era "Espanha, Espanha, Espanha". Temos de ter uma boa relação com a Espanha. Isso está fora de causa, mas temos de ver é como é que fazemos isso.

Voltando aos cenários. Parece-me comum a todos que a geografia volta a ganhar peso, depois de ter sido, de algum modo, absorvida pela Europa. É essa a mudança?

A questão central é que, em qualquer dos cenários, Portugal tem de se tornar mais atractivo. Na nossa encarnação anterior, não precisávamos de ser particularmente atractivos. Bastava sermos bem-comportados, cumpridores das normas europeias. Isso até nos criou alguma respeitabilidade. Íamos subindo os degraus.

O que me parece é que, neste estado de tensão em que a Europa vai estar, temos de ter uma maior consciência daquilo que podemos querer.

Que já não pode ser o mesmo?

O nosso percurso de convergência com a UE foi interrompido há 10 anos e agora agravado pela crise.

A resposta que foi dada à crise por este Governo é muito interessante. É uma resposta de emergência, mas o facto é que fomos ter à Líbia, Argélia, Venezuela e Angola. A primeira razão é o petróleo. Mas há outra coisa em comum: à excepção de Angola, todos têm relações tensas com os EUA. Fomos à procura de parceiros que estão completamente fora do nosso alinhamento estratégico, embora pudessem dar bons negócios. Conseguiu-se aumentar as exportações para esses países. O primeiro-ministro fez como Paulo Portas: passou a ir às feiras. Estava habituado a andar nos supermercados e passou a ir às feiras. Não estou a pôr isso em causa, possivelmente não podia fazer outra coisa...

É aí que entram os outros cenários. Num dos que considera, podemos transformar-nos numa plataforma intercontinental alinhada com a Ásia, em que o investimento que substitui o alemão é o asiático...

Mas que se insere muito bem nesta estratégia da Europa próxima da Ásia... O primeiro-ministro chinês, nas declarações que fez sobre o euro, disse que não nos podemos esquecer que a Europa é sempre um campo de investimento prioritário para a China.

E há ainda outro cenário que é o "escocês"...

Esse é apenas se houver descobertas de petróleo e de gás no nosso off-shore, o que provocaria uma grande mudança. Mas mesmo não havendo petróleo, esse cenário não é impossível. Utilizei a ideia da Escócia porque ela se desenvolveu muito fornecendo serviços de engenharia para o Mar do Norte. Desse ponto de vista, a bacia da África Ocidental podia ser o nosso Mar do Norte. Essa função podia ser desenvolvida aqui e o Brasil pode ser um parceiro fundamental.

No outro cenário, o da "ponte atlântica", estamos com o Brasil mas mais numa posição subalterna. É a ideia de que a CPLP pode ter indonésios, australianos - é aquele em que podemos tentar fazer do mundo de expressão portuguesa uma força. Penso, no entanto, que só temos interesse nisso se conseguirmos alinhar mais o mundo de expressão portuguesa com o mundo de expressão anglo-saxónica. Porque o primeiro, sozinho, nunca tem muita força.

O que também há de comum é a ideia de que deveríamos aproveitar melhor a globalização...

Estes cenários são do DPP, mas são feitos por mim. Se o DPP tivesse de se pronunciar hoje, preferiria que eu nunca os tivesse feito. Está numa posição muito melindrosa. A maneira como encaram isto, os mais novos, é diferente. Tudo isto foi feito por uma geração - a nossa - que foi ensinada desde pequena na gestão dos conflitos e na paixão pelos conflitos. A geração deles é a geração da procura da felicidade.

Só que a crise mundial obriga-nos a pensar no que pode correr mal.

O grande problema é que a adesão à moeda única teve como consequência uma fuga generalizada perante a globalização. Quem se endividou mais não foi o Estado, foram os bancos, para alimentar o consumo interno. E esse consumo é uma forma de alimentar as exportações alemãs e italianas, etc. Isso teve duas consequências: facilitou as importações e criou uma atracção enorme pela terra e pelo investimento no imobiliário como grande forma de obter lucro. As famílias podem consumir importando porque têm financiamento bancário e o sector empresarial tem uma oportunidade enorme em torno da terra - da terra para os portugueses e depois, pelos PIN [Projectos de Interesse Nacional], a terra para estrangeiros. Foi esse o esquema que nos levou a uma situação muito complicada. Temos cada vez menos para oferecer para o exterior. O facto de deixarmos de importar não acho mal, o problema é que se criou um sector de emprego muito grande à volta daquilo que se importa. Basta ir aos centros comerciais.

E os grupos económicos e a banca vivem do mercado interno.

No ano passado, a ANEOP [Associação Nacional dos Empreiteiros de Obras Públicas] fez uma publicação maravilhosa que dizia o seguinte: a construção, ela própria, representa 8 por cento do PIB em 2009; o cluster da construção no sentido mais alargado - matérias de construção, promoção imobiliária, serviços ligados à habitação, obras públicas - representa 18 por cento do PIB e absorve 72 por cento da totalidade do crédito concedido pelo sistema bancário. O que sobra é para as PT, as EDP e o resto é nada. É um problema diabólico.

Precisamos de atrair investimento, o que pode implicar várias coisas, entre as quais um sistema fiscal mais competitivo.

A fiscalidade não é tudo. Trouxemos cá o presidente da Infosys [empresa indiana líder mundial nas tecnologias da informação], o senhor Murty, para uma coisa sobre as tecnologias da informação. Queríamos trazer alguém de topo no sector e que fosse indiano. O senhor foi capa da Time mas aceitou vir cá com muita facilidade, trouxe a mulher e umas amigas da mulher que eram goesas, foram aos Jerónimos e tudo isso. A certa altura, quando o trazíamos do aeroporto, perguntámos-lhe porque é que nunca tinha investido em Portugal. Ele respondeu que, para isso, tinha que ter resposta a algumas perguntas prévias. Quais eram as perguntas? Como é que é a relação das vossas crianças com a matemática; a partir de que ano é que escrevem e falam inglês correctamente; como é que estão de talentos; e quantos engenheiros informáticos formam por ano.

Quando foi isso?

Em 2007. Levámo-lo à Agência de Investimento, onde foi muito bem recebido e lhe explicaram que Portugal era fantástico, não tinha greves, era flexível, o IRC era de 25 por cento. Ele ficou calado todo o tempo. Até que lhe perguntaram o que é que achava. Ele respondeu mais ou menos isto: "Achei tudo muito interessante, mas só quero fazer uma pergunta: eu posso premiar os melhores ou não?"

Essas quatro coisas que ele mencionou têm todas a ver com o capital humano e nada com fiscalidade.

Absolutamente. E a outra, tem a ver com o processo de organização social. O que estou a dizer é que, por exemplo, para uma fábrica de automóveis a questão dos impostos é chave. Mas para ter empresas informáticas ou clínicas de alta qualidade, pode não ser tão importante. Isso obrigaria a ver, em primeiro lugar, o que é que queremos atrair nesta fase e o que podemos atrair. E até podemos concluir que é muito mais importante no futuro não ter um IRS muito pesado sobre os quadros do que ter um IRC baixo para as empresas. O cenário da Florida, por exemplo, tem muito mais a ver com talentos.

Já produzimos alguns talentos mas a tendência parece ser a de se irem embora.

Essa questão só se resolve com investimento estrangeiro. E a única alínea da política industrial de um país como Portugal é a atracção de investimento.

Olhando para os cenários que nos projectam mais na globalização, onde é que precisamos de apostar?

Este trabalho que fizemos agora para a ANEOP está muito centrado nas infra-estruturas para lhes chamar a atenção de que, conforme os cenários, assim será a actividade no sector. O cenário da "plataforma asiática" é o mais exigente em infra-estruturas. Grande aeroporto, porto de águas profundas (Sines), caminho-de-ferro para mercadorias para a Europa.

Mas não vale a pena pensar em infra-estruturas se não estivermos, ao mesmo tempo, a atrair os investimentos que necessitem delas. É isso que me custa a perceber, não sermos capazes desse exercício... Temos de encontrar quem são os actores que estão interessados em vir para aqui. E isso não se pode definir à partida, embora haja coisas que se podem saber. Penso, por exemplo, que devemos olhar para Estados intersticiais como Singapura ou o Qatar, com pouca base territorial, mas ligados ao mundo e que precisam de bases. Devíamos olhar para eles como aliados para fazermos aeroportos ou portos de águas profundas ou para termos parceiros para a TAP.

Onde é que vamos encontrar os actores políticos, económicos, sociais para conseguirmos isso?

O que vai tornar este período mais difícil é ainda não se saber exactamente a natureza desta crise. Se esta crise for uma crise de rearrumação da globalização, quem estiver cá a governar vai ter de exercer funções que antes não eram precisas por causa da Europa. Vamos demorar tempo até nos adaptarmos a esta nova realidade e vai levar tempo a que a classe política evolua. Isso não quer dizer que a Europa não tivesse sido boa. Mas criou, em simultâneo, um modelo de funcionamento que não gera as exigências que agora vão ser precisas. As pessoas espantam-se que os dirigentes políticos tenham perdido qualidade. Era inevitável. Era um grupo que devia apenas seguir o que se decidia em Bruxelas, não era preciso mais.

Agora, vamos atravessar um processo dramático onde vão aparecer muitos falsos profetas mas em que o nível vai mesmo ter de acabar por subir. Imagino que sim
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Agosto 30, 2010, 11:05:37 pm
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Como é que nós, portugueses, nos vamos adaptar a esta nova situação?

Penso que os alemães simpatizam connosco. Investiram cá, têm uma boa experiência, e não fizemos nada recentemente que os levasse a mudar de atitude. Portugal acumulou um capital relativamente à Alemanha que é positivo e que o distingue da Grécia. Mesmo passando entre os pingos da chuva, não estamos assim tão mal no nosso relacionamento político.

Com a Alemanha? Nos cenários que fez em 2002 colocava três alinhamentos possíveis - a opção ibérica, o alinhamento francês e a "Casa de Borgonha", que seria com o Benelux. A ibérica está em discussão - entre eles e entre nós. A França está em situação difícil e o Benelux falhou.

Não sei. Eu estou à janela e apenas posso dizer: aquele que está a passar ali vai ser atropelado. Penso, no entanto, que a Holanda continua a ser crucial e, quando a Bélgica se desintegrar, a Flandres pode ser a nossa maior amiga. É preciso reflectir muito sobre isto, mas creio que há três países que nos interessam: a Alemanha, a Holanda e a Noruega.

A Noruega?

A Noruega devia ser o nosso aliado principal por causa do petróleo, do mar e da exploração da plataforma continental
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Alguns dos cenários do exercício que fez mais recentemente [Portugal 2025 - que funções no espaço europeu, cuja recente actualização considera quatro cenários: "Florida Europeia", "Plataforma Asiática", "Escócia do Sul", "Ponte Atlântica"] consideram a plataforma energética que poderíamos constituir como relevante.

Exacto. Por isso, a Noruega é um parceiro possível - é atlântico e está muito próximo da UE. Fizemos um trabalho sobre as empresas energéticas na Europa e a Statoil [norueguesa] é uma coisa extraordinária - a forma como eles conseguiram estar no mundo inteiro. Mas falo da Noruega se decidirmos fazer uma aposta na plataforma continental, na sua extensão. Os alemães podem também estar interessados, porque não têm mar. Mas entre alemães, noruegueses e holandeses... A Noruega e a Holanda são o mundo atlântico. A Alemanha é o mundo europeu de que não podemos fugir.


Sobre a Noruega:

 :arrow: http://www.statoil.com/en/OurOperations ... fault.aspx (http://www.statoil.com/en/OurOperations/ExplorationProd/ncs/troll/Pages/default.aspx)

Muitos ainda não sabem, mas a Noruega está-se a tornar um destino privilegiado de portugueses que procuram novas oportunidades. Eu próprio tenho lá família a trabalhar e a viver. Temos a vantagem de os noruegueses simpatizarem connosco, dada a nossa maneira de ser. Tanto é assim, que missões de recrutamento que há poucos anos eram feitas em Portugal e na Espanha, agora são quase exclusivamente feitas em Portugal. As oportunidades são inúmeras, nas mais diversas áreas.

Estamos a falar de um país líder na prospecção e exploração de gás e petróleo em grandes profundidades, presente (a sua tecnologia) de forma directa e indirecta em todos os países produtores de petróleo.

É precisamente por isso que nesta entrevista é referido o interesse estratégico português em formar uma parceria com a Noruega. A nossa vasta ZEE e plataforma continental teriam muito a ganhar com a experiência norueguesa.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: FoxTroop em Agosto 31, 2010, 12:16:16 am
Penso que a Noruega é uma boa comparação e pode ser um parceiro priveligiado mas falta-nos a capacidade de projectar industria que possa tirar capacidade do nossa actual plataforma maritima. Com a extensão dessa mesma plataforma e sendo os nosso recursos tão parcos e ainda por cima mal geridos e sem uma visão estartégica de longo prazo, continuará a ser um tesouro enterrado.

Poderiamos criar mais parcerias com a Noruega, mas eles teriam de investir pesadamente para revitalizar e modernizar estruturas e quadros, quanto mais que o afamado "Cluster do Mar" continua a não passar de belas intenções. Sendo um povo bastante pragmático, os noruegueses iriam enterrar as suas coroas num país em que a governação é feita à vista, sem sentido estratégico, com um sistema de ensino analfabeto com empresa de caracteristicas nepotistas e já refém dos interesses de outros países que mostram tolerar pouco a extensão da capacidade maritima portuguesa?

Primeiro teremos de criar um plano geoestrategico nacional a longo prazo. Junto a esse plano deveria ser criada uma estrutura supra-partidária de acompanhamento para garantir que as linhas mestras do plano seriam seguidas independentemente das politicas partidárias. Penso que um minimo de 20 anos será necessário para que os resultados realmente sólidos possam aparecer.

Isso também implicará a capacidade de realmente projectar força na plataforma continental e não é com uma Marinha de representação e uma Força Aérea figurativa que o faremos. O gigantesco vazio de poder que é a nossa plataforma também não augura nada de bom para futuros investimentos.

As dúvidas dos noruegueses para uma maior interligação com Portugal e as suas industrias não devem ser muito diferentes das do sr. Murty.

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A fiscalidade não é tudo. Trouxemos cá o presidente da Infosys [empresa indiana líder mundial nas tecnologias da informação], o senhor Murty, para uma coisa sobre as tecnologias da informação. Queríamos trazer alguém de topo no sector e que fosse indiano. O senhor foi capa da Time mas aceitou vir cá com muita facilidade, trouxe a mulher e umas amigas da mulher que eram goesas, foram aos Jerónimos e tudo isso. A certa altura, quando o trazíamos do aeroporto, perguntámos-lhe porque é que nunca tinha investido em Portugal. Ele respondeu que, para isso, tinha que ter resposta a algumas perguntas prévias. Quais eram as perguntas? Como é que é a relação das vossas crianças com a matemática; a partir de que ano é que escrevem e falam inglês correctamente; como é que estão de talentos; e quantos engenheiros informáticos formam por ano. Aqui deveriamos colocar a questão da seguinte forma " quantos engenheiros qualificados formam por ano e não fogem para outros países?"

Quando foi isso?

Em 2007. Levámo-lo à Agência de Investimento, onde foi muito bem recebido e lhe explicaram que Portugal era fantástico, não tinha greves, era flexível, o IRC era de 25 por cento. Ele ficou calado todo o tempo. Até que lhe perguntaram o que é que achava. Ele respondeu mais ou menos isto: "Achei tudo muito interessante, mas só quero fazer uma pergunta: eu posso premiar os melhores ou não?"

Essas quatro coisas que ele mencionou têm todas a ver com o capital humano e nada com fiscalidade.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Vicente de Lisboa em Agosto 31, 2010, 10:07:31 am
Citação de: "FoxTroop"
Penso que a Noruega é uma boa comparação e pode ser um parceiro priveligiado mas falta-nos a capacidade de projectar industria que possa tirar capacidade do nossa actual plataforma maritima. Com a extensão dessa mesma plataforma e sendo os nosso recursos tão parcos e ainda por cima mal geridos e sem uma visão estartégica de longo prazo, continuará a ser um tesouro enterrado.
Enterrado não! Submerso! [/piada seca em assunto molhado]

Citação de: "FoxTroop"
Primeiro teremos de criar um plano geoestrategico nacional a longo prazo. Junto a esse plano deveria ser criada uma estrutura supra-partidária de acompanhamento para garantir que as linhas mestras do plano seriam seguidas independentemente das politicas partidárias. Penso que um minimo de 20 anos será necessário para que os resultados realmente sólidos possam aparecer.
Assim tipo, imaginemos, uma espécie de Estrutura com, vá lá, a Missão de estudar, avaliar, e acompanhar as politicas Portuguesas referentes aos Assuntos do Mar, como definidas na Estratégia Nacional do Mar? Assim só por fantasia... (http://http)  :wink:

Citação de: "FoxTroop"
Isso também implicará a capacidade de realmente projectar força na plataforma continental e não é com uma Marinha de representação e uma Força Aérea figurativa que o faremos. O gigantesco vazio de poder que é a nossa plataforma também não augura nada de bom para futuros investimentos.
Eu também gostava de ter um Nimitz para sentir um incremento da massa testicular, mas sendo pragmáticos - projectar força onde e porquê? Que forças é que se opõem a Portugal na sua Plataforma Continental? É que para aquelas profundidades só se formos combater cachalotes e lulas gigantes. Mesmo falando do mar por cima da Plataforma, não é nada fora do alcance das fragatas e dos subs.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: FoxTroop em Agosto 31, 2010, 04:03:32 pm
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Assim tipo, imaginemos, uma espécie de Estrutura com, vá lá, a Missão de estudar, avaliar, e acompanhar as politicas Portuguesas referentes aos Assuntos do Mar, como definidas na Estratégia Nacional do Mar? Assim só por fantasia...

Temo que o que estou a propor não é bem isso até porque não me estava a referir apenas ao mar mas sim à Nação. Existe realmente ali muita fantasia e verbo encher e sempre vai dando para encaixar mais uns Boys.


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Eu também gostava de ter um Nimitz para sentir um incremento da massa testicular, mas sendo pragmáticos - projectar força onde e porquê? Que forças é que se opõem a Portugal na sua Plataforma Continental? É que para aquelas profundidades só se formos combater cachalotes e lulas gigantes. Mesmo falando do mar por cima da Plataforma, não é nada fora do alcance das fragatas e dos subs

Meu caro, não tente desfocar o que eu disse entando em floreados exagerados. Não se trata de ter um Nimitz ou uma comboio deles. Trata-se de ter uma capacidade minima de projectar força nessas águas. Uma capacidade minima de vigilancia e cobertura. É disso que se trata. Já reparou nos efectivos e qualidade das Marinha Norueguesa, por exemplo. Claro que as nossas águas estão completamente ao alcance das nossas fragatas e submarinos mas quantos temos para realmente preencher adequadamente esse espaço? Quais a reais necessidades? Perante a vastidão da nossa área é claramente insuficiente.

Quanto à forças que se opõe a Portugal, penso que são bem conhecidas por aqui. Quem tentou até à ultima que não comprassemos submarinos? Quem tem tentado junto dos americanos, que o triangulo estratégico português lhe seja atribuido por manifesta falta de vontade para o controlar de Portugal, além de tentar recorrentemente retirar estruturas de comando NATO do nosso território? Quem tem estado a construir umas FA totalmente desproporcionadas em relação ao nivel de ameaças que enfrenta e dispondo de muito menos mar tem investido de forma brutal na sua Armada?
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: sniper14 em Agosto 31, 2010, 04:20:18 pm
Curioso e pode dar para pensar...
Num país com 900 km de costa, dois arquipélagos e uma ZEE enorme, com fronteiras terrestres apenas com um estado, com um grau de ameaça terrestre residual, temos um Exercito muito maior que a Marinha e a Força Aérea.
Temos uma proporção completamente desequilibrada entre os ramos das FFAA face às ameaças e necessidades de emprego.
Serão ainda resquícios da guerra colonial? se sim convém informar os responsáveis que ela terminou há quase 40 anos.
O que foi feito no sentido de agilizar as nossas FFAA, adaptá-las à realidade do século XXI, isto claro está para além de manter os tachos e comandos mesmo que sem guarnições só para justificar as promoções.
Cumprimentos
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Agosto 31, 2010, 06:40:25 pm
Citação de: "FoxTroop"
Penso que a Noruega é uma boa comparação e pode ser um parceiro priveligiado mas falta-nos a capacidade de projectar industria que possa tirar capacidade do nossa actual plataforma maritima. Com a extensão dessa mesma plataforma e sendo os nosso recursos tão parcos e ainda por cima mal geridos e sem uma visão estartégica de longo prazo, continuará a ser um tesouro enterrado.

Poderiamos criar mais parcerias com a Noruega, mas eles teriam de investir pesadamente para revitalizar e modernizar estruturas e quadros, quanto mais que o afamado "Cluster do Mar" continua a não passar de belas intenções. Sendo um povo bastante pragmático, os noruegueses iriam enterrar as suas coroas num país em que a governação é feita à vista, sem sentido estratégico, com um sistema de ensino analfabeto com empresa de caracteristicas nepotistas e já refém dos interesses de outros países que mostram tolerar pouco a extensão da capacidade maritima portuguesa?

Primeiro teremos de criar um plano geoestrategico nacional a longo prazo. Junto a esse plano deveria ser criada uma estrutura supra-partidária de acompanhamento para garantir que as linhas mestras do plano seriam seguidas independentemente das politicas partidárias. Penso que um minimo de 20 anos será necessário para que os resultados realmente sólidos possam aparecer.

Isso também implicará a capacidade de realmente projectar força na plataforma continental e não é com uma Marinha de representação e uma Força Aérea figurativa que o faremos. O gigantesco vazio de poder que é a nossa plataforma também não augura nada de bom para futuros investimentos.

As dúvidas dos noruegueses para uma maior interligação com Portugal e as suas industrias não devem ser muito diferentes das do sr. Murty.

Citar
A fiscalidade não é tudo. Trouxemos cá o presidente da Infosys [empresa indiana líder mundial nas tecnologias da informação], o senhor Murty, para uma coisa sobre as tecnologias da informação. Queríamos trazer alguém de topo no sector e que fosse indiano. O senhor foi capa da Time mas aceitou vir cá com muita facilidade, trouxe a mulher e umas amigas da mulher que eram goesas, foram aos Jerónimos e tudo isso. A certa altura, quando o trazíamos do aeroporto, perguntámos-lhe porque é que nunca tinha investido em Portugal. Ele respondeu que, para isso, tinha que ter resposta a algumas perguntas prévias. Quais eram as perguntas? Como é que é a relação das vossas crianças com a matemática; a partir de que ano é que escrevem e falam inglês correctamente; como é que estão de talentos; e quantos engenheiros informáticos formam por ano. Aqui deveriamos colocar a questão da seguinte forma " quantos engenheiros qualificados formam por ano e não fogem para outros países?"

Quando foi isso?

Em 2007. Levámo-lo à Agência de Investimento, onde foi muito bem recebido e lhe explicaram que Portugal era fantástico, não tinha greves, era flexível, o IRC era de 25 por cento. Ele ficou calado todo o tempo. Até que lhe perguntaram o que é que achava. Ele respondeu mais ou menos isto: "Achei tudo muito interessante, mas só quero fazer uma pergunta: eu posso premiar os melhores ou não?"

Essas quatro coisas que ele mencionou têm todas a ver com o capital humano e nada com fiscalidade.


Concordo plenamente quando diz que uma estratégia e visão de futuro são fundamentais para o país. Aliás, foi a sua ausência e este continuo navegar à vista, que colocou o país na situação actual.

Mas eu neste caso específico, e tendo em consideração a grave situação financeira que atravessamos (precisamos de dinheiro para ontem) apostaria já numa parceria com este universo da industria de prospecção de petróleo e gás da Noruega.

Porque não a entrada da Statoil no capital da GALP?

Porque não convidar essa mesma empresa para uma prospecção séria e profissional de petróleo e gás na nossa ZEE e plataforma continental?

Quando digo séria e profissional, quero dizer constante e intensiva (não esporádica e quase amadora, como agora acontece), nem que para isso tenhamos que pagar bem.

Convém não esquecer que eles encontraram petróleo e gás na Noruega mesmo quando os estudos geológicos sugeriam que era pouco provável que existisse algo nessa vasta área. Ora, o nosso caso é precisamente o contrário. Há estudos que indicam até a possibilidade de ser um novo Mar do Norte. Vale o que vale, mas há hipóteses sérias, sendo os principais entraves a este objectivo a sua localização e a grande profundidade. Áreas precisamente onde os noruegueses são líderes mundiais.

 :arrow: http://www.statoil.com (http://www.statoil.com)



Citação de: "sniper14"
Curioso e pode dar para pensar...
Num país com 900 km de costa, dois arquipélagos e uma ZEE enorme, com fronteiras terrestres apenas com um estado, com um grau de ameaça terrestre residual, temos um Exercito muito maior que a Marinha e a Força Aérea.
Temos uma proporção completamente desequilibrada entre os ramos das FFAA face às ameaças e necessidades de emprego.
Serão ainda resquícios da guerra colonial? se sim convém informar os responsáveis que ela terminou há quase 40 anos.
O que foi feito no sentido de agilizar as nossas FFAA, adaptá-las à realidade do século XXI, isto claro está para além de manter os tachos e comandos mesmo que sem guarnições só para justificar as promoções.
Cumprimentos



Caro sniper14, o problema não é o tamanho do Exército, o problema é o reduzido tamanho de todos os ramos das Forças Armadas.

Um exército com menos de 18000 elementos activos a mim parece-me muito pequeno. Perigosamente pequeno. Temos a poucos quilómetros o Norte de África, que é o que conhecemos, e temos um vizinho em constante instabilidade política, com separatismos, terrorismo e ameaça de uma guerra civil sempre a pairar.

Veja o exemplo da Holanda com mais de 32000 elementos activos só no exército. Não vejo a Holanda (sensivelmente com metade do território português) mais ameaçada do que Portugal.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: typhonman em Agosto 31, 2010, 09:47:31 pm
Para vigiar uma área tão grande, e exercer soberania, e soberania "musculada" se necessário, penso que o numero de aviões de patrulhamento marítimo de longo alcance deveria ser aumentado, lá para 2025 adquirir P-8 Poseidon, complementados por UAV de longo alcance para missões H24.

Deveria-se accionar a opção pelo 3º SSK dentro de alguns anos, bem como iniciar a construção do LPD, num futuro médio, e se a situação económica melhorar, iniciar um programa de substituição das fragatas actuais e adquirir helis médios como o NH-90, assim como sistemas de CI3.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: FoxTroop em Setembro 01, 2010, 12:18:34 am
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Porque não a entrada da Statoil no capital da GALP?

Porque não convidar essa mesma empresa para uma prospecção séria e profissional de petróleo e gás na nossa ZEE e plataforma continental?

Quando digo séria e profissional, quero dizer constante e intensiva (não esporádica e quase amadora, como agora acontece), nem que para isso tenhamos que pagar bem

3 excelentes perguntas/sugestões e que seriam claramente do maior interesse nacional não fosse as questões laterais.

No caso da primeira sugestão, a Galp encontra-se no meio de um conflito que se pode tornar muito mais lesivo para a Nação do que qualquer telenovela PT/Telefónica. Uma guerra surda entre vários actores internacionais a tentar repartir o nosso "leitãozinho" bem engordadinho que se tornou a Galp. Os noruegueses, com o seu pragmatismo não estão para se desgastar em quezilias, tanto mais que a Galp na maioria das situações tem sido boa para mandar capitais para os bolsos de terceiros, como mais valias, em vez de os reinvestir em Portugal.

Na segunda sugestão a resposta é a propria Galp pois o exclusivo é dela e qualquer parceria terá de forçosamente passar por ela.

A terceira advem do facto de qualquer empresa, que queira realmente investir em Portugal nesse campo, olhar horrorizada para o que encontra pela frente como parceiro. Boa parte dos quadros superiores da Galp e maioria das empresas monopolistas portuguesas (EDPs, PTs, etc) são de cariz politico ao invés de profissionais do ramo e respondem diante de interesses que muitas vezes são, no minimo, obscuros. Na minha optica, Galp & cia. apenas se mantêm como se mantêm, pelo simples facto de exercerem monopolio absoluto nos sectores onde actuam.

Perante um quadro desses, com linhas de governo esquizofrénicas que andam ao sabor do vento e sem uma estratégia, os noruegueses ou outros quaisquer fazem uma pergunta: Porque raio vamos nós investir em hardware para vós? Reinvistam os vossos lucros em vez de os entregarem de bandeja a terceiros como comissões e mais valias.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Vicente de Lisboa em Setembro 01, 2010, 09:38:04 am
Citação de: "FoxTroop"
Temo que o que estou a propor não é bem isso até porque não me estava a referir apenas ao mar mas sim à Nação. Existe realmente ali muita fantasia e verbo encher e sempre vai dando para encaixar mais uns Boys.
Fair enough. Mas não creio que seja justo classificar a EMAM como armazém de boys, se é isso que está a dizer.


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Meu caro, não tente desfocar o que eu disse entando em floreados exagerados. Não se trata de ter um Nimitz ou uma comboio deles. Trata-se de ter uma capacidade minima de projectar força nessas águas. Uma capacidade minima de vigilancia e cobertura. É disso que se trata. Já reparou nos efectivos e qualidade das Marinha Norueguesa, por exemplo. Claro que as nossas águas estão completamente ao alcance das nossas fragatas e submarinos mas quantos temos para realmente preencher adequadamente esse espaço? Quais a reais necessidades? Perante a vastidão da nossa área é claramente insuficiente.
Ok - quais são as reais necessidades? Temos necessidade de "preencher", nas suas palavras, o Mar Nacional + a Plataforma Continental com fragatas e submarinos? Porquê? São meios um bocado caros para vigiar, não?

Projectar força é diferente de vigiar (digo eu, que em assuntos militares sou menos que amador) e faz-se em relação a um alvo/objectivo especifico. Ora o nosso espaço marítimo, superfície e submerso, grande como é, não faz fronteira com muitos outros - Espanha a Norte e Sul + Canárias, e Marrocos. No 1º caso a projecção de força no mar é secundária, no 2º é, tanto quanto sei da Marinha Marroquina, mais que suficiente.

Resta a projecção contra... pesca ilegal? Vá lá, por absurdo, prospecção de petróleo/gás/minérios contra a vontade da Republica? Nada que 5 fragatas e 2 submarinos não resolvam. Ou um NPO e a sua arma de brincar for that matter.

Hepa, claro que a quantidade tem a sua própria qualidade, mas na actual situação estratégica, não é por falta de meios de guerra naval que Portugal deixa de aproveitar o Mar. O que ajudava era mais uns meios científicos, mas mesmo nisso não estamos exactamente na penúria.

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Quanto à forças que se opõe a Portugal, penso que são bem conhecidas por aqui. Quem tentou até à ultima que não comprassemos submarinos? Quem tem tentado junto dos americanos, que o triangulo estratégico português lhe seja atribuido por manifesta falta de vontade para o controlar de Portugal, além de tentar recorrentemente retirar estruturas de comando NATO do nosso território? Quem tem estado a construir umas FA totalmente desproporcionadas em relação ao nivel de ameaças que enfrenta e dispondo de muito menos mar tem investido de forma brutal na sua Armada?
Mesmo dando por provada a pérfida Espanhola - que o mais das vezes me parece mais paranóia Lusa que outra coisa - o que pode Espanha fazer para impedir Portugal de explorar o seu Mar, que seja ao mesmo tempo passível de resposta armada Portuguesa e não passível de invasão terrestre? Sinceramente não vejo nenhuma situação que cumpra estes requisitos, mesmo no mundo fantasioso em que não existem NATO, UE, e um Palácio de São Bento e uma Moncloa que passam a vida aos beijinhos.

O meu point no meio disto tudo - nos assuntos do mar pelo menos, não há razões para pessimismo estilo Somália. O Mar e a Plataforma são nossas e como tal reconhecidas por toda a gente, temos marinha e temos engenheiros/geólogos/biólogos/etc. Até temos alguma paz e concórdia entre os principais partidos.
Agora, não se pode é ficar à espera que o Estado e as suas empresas minadas de boys (da GALP aos ENVC) façam tudo. E quando vierem empresas estrangeiras que queiram investir e explorar, não ter medo do estrangeiro.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: FoxTroop em Setembro 01, 2010, 01:26:44 pm
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Fair enough. Mas não creio que seja justo classificar a EMAM como armazém de boys, se é isso que está a dizer


Apesar da sua cota de boys, a EMAM está muito longe de ser uma armazem de boys, isso é certo.


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Projectar força é diferente de vigiar (digo eu, que em assuntos militares sou menos que amador) e faz-se em relação a um alvo/objectivo especifico. Ora o nosso espaço marítimo, superfície e submerso, grande como é, não faz fronteira com muitos outros - Espanha a Norte e Sul + Canárias, e Marrocos. No 1º caso a projecção de força no mar é secundária, no 2º é, tanto quanto sei da Marinha Marroquina, mais que suficiente.

Resta a projecção contra... pesca ilegal? Vá lá, por absurdo, prospecção de petróleo/gás/minérios contra a vontade da Republica? Nada que 5 fragatas e 2 submarinos não resolvam. Ou um NPO e a sua arma de brincar for that matter

Vigilancia, seja ela feita pelos meios que for, só é efectiva se existir por detrás meios de coerção capazes. O sr. pode ter a camara de vigilancia mais capaz deste mundo mas de que lhe vale ela estar a detectar intrusos, se o sr. não tem maneira de chamar/mandar a "policia" ao lugar da detecção?

Tem como exemplo o Brasil, que está a planear/construir uma esquadra de modo a garantir as suas SLOC's e isto antes de iniciar a exploração das suas reservas no mar.


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Mesmo dando por provada a pérfida Espanhola - que o mais das vezes me parece mais paranóia Lusa que outra coisa - o que pode Espanha fazer para impedir Portugal de explorar o seu Mar, que seja ao mesmo tempo passível de resposta armada Portuguesa e não passível de invasão terrestre? Sinceramente não vejo nenhuma situação que cumpra estes requisitos, mesmo no mundo fantasioso em que não existem NATO, UE, e um Palácio de São Bento e uma Moncloa que passam a vida aos beijinhos

Continuo a perguntar então: Porque necessita espanha de umas FA's sobredimensionadas em relação a qualquer ameaça possivel? Para patrulhar o quê? Se a paranoia fosse Lusa se calhar as nossas FA's é que tinham investimento à séria e sobredimensionado.


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Agora, não se pode é ficar à espera que o Estado e as suas empresas minadas de boys (da GALP aos ENVC) façam tudo. E quando vierem empresas estrangeiras que queiram investir e explorar, não ter medo do estrangeiro

O problema é que a responsabilidade é mesmo do Governo e das empresas pois têm o monopolio sobre os seus sectores. São eles o principais, para não dizer únicos, actores que podem criar a bases para um desenvolvimento e exploração dos nosso recursos que não acabem pilhados e entregues a capital estrangeiro e sirvam antes, para um desenvolvimento sustendado do resto da infraestrutura e sociedade do país. Isso foi o que noruegueses fizeram, mas isso implica uma sociedade educada, politicos com sentido de dever publico e empresários com visão a longo prazo. Três coisas que não se conseguem em menos de 15 a 20 anos e isso se a nossa sociedade começar a trabalhar já para esse fim. Olhem para o Brasil, vejam o trabalho que está a ser feito lá, as carencias de pessoal qualificado e vejam o tempo que vai demorar. Confesso que temos realmente muitos bons tecnicos e engenheiros, mas o modo como uma vasta maioria das empresa e sociedade está organizada leva a uma fuga altamente lesiva dos melhores quadros para o estrangeiro.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: FoxTroop em Setembro 03, 2010, 07:39:21 pm
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mas creio que há três países que nos interessam: a Alemanha, a Holanda e a Noruega

Aqui não percebo bem o que isto significa e penso que existe alguma dispersão na linha de pensamento. Existir 3 países que nos interessam, não significa que nós tenhamos interesse para eles. A Alemanha é continental e o seu esforço tem sido feito no sentido de leste. existe uma clara tentativa alemã de voltar a exercer poder e de cativar os países de leste, assim como uma clara aproximação à Rússia. Os alemães pertendem assim assegurar o fluxo vital de energia e matérias primas. Desde a abertura e integração dos paises de leste na UE, a Alemanha tem cada vez mais desprezado os seu parceiros atlânticos, voltando ao seu cariz extremamente continental.

A Holanda é atlântica mas os seus interesses, mais do que coincidentes, são concorrentes. Como principal plataforma de portuária na Europa, qualquer desenvolvimento sério de outro país atlântico pode gerar concorrencia séria. Se o nosso país começasse a investir e desenvolver estruturas na exploração da plataforma continental e ZEE, isso implicaria o desenvolvimento e contrução das instalações costeiras (portos, terminais, refinarias) para receber os produtos explorados e a construção de redes de escoamento para a Europa desses produtos (oleodutos, gasodutos, vias férreas). Com bons terminais portuários em Portugal e uma boa rede de escoamento, grande parte do tráfego maritimo actualmente com destino à Holanda, passaria a ficar no nosso país. Não estou a ver a Holanda a vir para cá a não ser numa prespectiva de explorador.

A Noruega é, dos três, o que apresenta mais afinidades connosco, mas sem se verificar o que eu já expus, não creio que encarem seriamente uma parceria nesse campo. Todavia deveremos procurar activamente parcerias com o governo e empresas norueguesas. Tentar não custa.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Luso em Setembro 16, 2010, 01:01:57 pm
Uma coisa, no entanto:

- Procura estabelecer estabelecer uma política coerente e de longo prazo, a bem do país.

Ora tal objectivo é absolutamente IMPOSSÍVEL com a estrutura política e cultural deste país. A estrutura "política" não está interessada de facto em... políticas. Apenas está interessada no argumento que lhe valha um sound-byte para mostrar existência junto do eleitorado, e desse eleitorado apenas uma parte se interessa por tais questões. Uma parte ainda menor desse eleitorado terá algum conhecimento válido.
Mais: é extremamente fácil corromper um ténue esforço de concretização de uma política, mesmo se formos ingénuos que até isso seria possível.
Interesses estranhos seriam capazes de muito fácilmente minar tais esforços através da Televisão. Nem digo jornais por motivos óbvios.
Também seria eficaz sabotar essa política com contribuições para o partido ou comprando divisões internas.

Por tudo isto, afirmo com segurança que qualquer política que pretenda realmente o bem do país e assegurar a sua independência e a subsistência dos seus cidadãos E que permita a formação e existência de famílias "tradicionais" NÃO é possível com um sistema democrático.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Pedro_o_Tuga em Setembro 16, 2010, 09:28:41 pm
Citação de: "Luso"
Esta é - para mim - das poucas discussões dignas de interesse que este espaço produz.
Peca por uma coisa, no entanto:

- Procura estabelecer estabelecer uma política coerente e de longo prazo, a bem do país.

Ora tal objectivo é absolutamente IMPOSSÍVEL com a estrutura política e cultural deste país. A estrutura "política" não está interessada de facto em... políticas. Apenas está interessada no argumento que lhe valha um sound-byte para mostrar existência junto do eleitorado, e desse eleitorado apenas uma parte se interessa por tais questões. Uma parte ainda menor desse eleitorado terá algum conhecimento válido.
Mais: é extremamente fácil corromper um ténue esforço de concretização de uma política, mesmo se formos ingénuos que até isso seria possível.
Interesses estranhos seriam capazes de muito fácilmente minar tais esforços através da Televisão. Nem digo jornais por motivos óbvios.
Também seria eficaz sabotar essa política com contribuições para o partido ou comprando divisões internas.

Por tudo isto, afirmo com segurança que qualquer política que pretenda realmente o bem do país e assegurar a sua independência e a subsistência dos seus cidadãos E que permita a formação e existência de famílias "tradicionais" NÃO é possível com um sistema democrático.

Esta a referir-se ao caso portugues ou no geral? Porque muita boa democracia no estrangeiro tem assegrada a sua indepenência e a subsistência dos seus cidadâos.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Luso em Setembro 16, 2010, 09:40:50 pm
Pretendia referir-me à realidade portuguesa, mas já que coloca a questão, direi que o mesmo se aplicará a maioria das alegadas democracias deste mundo.
Mas não pense que quero convencer ninguém do que digo: gostaria apenas de fazer pensar as pessoas e obrigá-las a somar 2+2 e tentar fazê-las questionar a realidade de um princípio abstracto que se revela cada vez mais académico e um embuste cada vez mais descarado. E veremos até que ponto será assassino.
Agora agradeço que não me venham com abstrações académicas porque já não dou para esse peditório.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Pedro_o_Tuga em Setembro 16, 2010, 10:03:24 pm
Citação de: "Luso"
Pretendia referir-me à realidade portuguesa, mas já que coloca a questão, direi que o mesmo se aplicará a maioria das alegadas democracias deste mundo.
Mas não pense que quero convencer ninguém do que digo: gostaria apenas de fazer pensar as pessoas e obrigá-las a somar 2+2 e tentar fazê-las questionar a realidade de um princípio abstracto que se revela cada vez mais académico e um embuste cada vez mais descarado. E veremos até que ponto será assassino.
Agora agradeço que não me venham com abstrações académicas porque já não dou para esse peditório.

Bem, concordo que a democracia portuguesa está podre e é cheia de interesses que não são favoráveis a Portugal, mas eu não iria tão longe e acusaria valores democraticos de serem incompativeis com propesridade e independencia. Ditaduras também não são um modelo de eficiencia, como podemos atestar por paises como Zimbabue e Coreia do Norte. Agora se refere a um modelo de monarquia constitucional, que assegure a liberdade dos cidadão e mantenha um Estado Forte, bem, aí estaria de acordo consigo.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Setembro 21, 2010, 12:36:32 am
Soube-se recentemente que o fundo soberano da Noruega, o segundo maior do mundo, constituído por aproximadamente 450.000 milhões de dólares, anda a comprar dívida dos chamados PIGS, incluindo da Grécia. Especialistas afirmam que isto significa tão pura e simplesmente que a Noruega assumiu que não via existir nenhuma situação de «default» nesses países.

Nestes momentos de aflição, este gesto reveste-se de uma importância crucial.

Assim sendo, e aproveitando a temática do tópico, é caso para perguntar: Porque não a formalização de uma aliança estratégica com a Noruega para a prospecção e exploração de recursos na nossa vasta ZEE e Plataforma Continental?

Pensem no efeito que uma aliança deste tipo iria provocar nos mercados. Uma aliança com um país, a Noruega, com o segundo maior fundo soberano e um dos países mais sólidos e credíveis do mundo.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Camuflage em Setembro 21, 2010, 10:13:17 am
Eu sempre defendi aproximação aos países nórdicos, mas Portugal parece ter uma cambada de meninos conservadores que teimam em manter-se ligados aos mesmos países de sempre em vez de procurarem parcerias junto de países ricos e evoluídos.
A Noruega é um bom exemplo de aliança que deveríamos procurar, assim como a Finlândia é um exemplo de país com o qual deveríamos procurar ter a humildade de aprender com eles.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Vicente de Lisboa em Setembro 21, 2010, 10:26:39 am
Hm... a Noruega tem Petróleo e Gás Natural. Nós temos...  :?:
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Camuflage em Setembro 21, 2010, 10:35:05 pm
Temos interesse em compra-lo, mais um motivo para nos aproximarmos deles. Por outro lado a nossa placa Oceania nunca foi estudada, até podemos ter petróleo na nossa ZEE sem o sabermos, andamos a desperdiçar anos quando a nossa economia está toda no fundo do mar.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Vicente de Lisboa em Setembro 22, 2010, 10:09:21 am
Citação de: "Camuflage"
Temos interesse em compra-lo, mais um motivo para nos aproximarmos deles.
Eu não preciso de ser amigo do Soares dos Santos para comprar pão no Pingo Doce... Eles vendem a dinheiro, não a amizade.
Isso funciona na Venezuela, não na Escandinávia.

Citar
Por outro lado a nossa placa Oceania nunca foi estudada, até podemos ter petróleo na nossa ZEE sem o sabermos, andamos a desperdiçar anos quando a nossa economia está toda no fundo do mar.
Em que é que se baseia para dizer tal coisa?
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Setembro 24, 2010, 12:53:30 am
Citação de: "Vicente de Lisboa"
Hm... a Noruega tem Petróleo e Gás Natural. Nós temos...  :arrow: viewtopic.php?f=22&t=2531&start=30 (http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?f=22&t=2531&start=30)


Citação de: "Expresso 2006/09/16"
O novo Mar do Norte
 
Riqueza virgem em águas profundas
 
Portugal tem a maior zona atlântica não pesquisada. Há boas probabilidades de termos aí petróleo em quantidades comerciais

Quem identifica a Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal - uma das maiores da Europa - num mapa do Atlântico Norte, compreenderá que o potencial petrolífero das nossas águas profundas nunca foi pesquisado. Todas as sondagens petrolíferas efectuadas até hoje em águas portuguesas concentraram-se nas zonas costeiras, em profundidades que raramente ultrapassaram os 200 metros. O facto do consórcio Petrobrás-Galp-Partex iniciar agora esta avaliação criou uma nova expectativa sobre a pesquisa petrolífera portuguesa. Para já, isso implicará um grande investimento no levantamento das características sísmicas das zonas de águas profundas localizadas entre os paralelos de Aveiro e Cascais. Mais a Sul, também os espanhóis da Repsol acalentam o sonho de encontrarem, ao largo da costa algarvia, a continuação do filão de gás detectado na baía de Cádis. A intenção actual de pesquisar as águas profundas portuguesas só é possível graças à grande evolução tecnológica recentemente ocorrida, muito incentivada pelas elevadas cotações projectadas para os preços do barril de petróleo até ao fim da década em curso (previsões conservadoras apontam para uma duplicação dos preços). Mas este projecto só poderá trazer frutos a longo prazo o que não inibe que especialistas digam que podemos estar perante “o novo Mar do Norte”.

Antes de ser feita qualquer perfuração (designada por sondagem), é preciso obter informações detalhadas sobre os cortes rochosos do subsolo, fornecidas sob a forma de linhas sísmicas. Essas linhas são recolhidas por navios que arrastam longos cabos, transportando sonares para recolherem todos os reflexos das ondas sonoras provocadas por disparos efectuados dentro de água.

É certo que já foram feitos muitos destes levantamentos sísmicos na nossa costa, desde os anos 50. No entanto, poucos detalham as zonas mais profundas. Entre os mais recentes levantamentos encontram-se os 23.000 quilómetros de linhas sísmicas, recolhidos de 1999 a 2002 pelos noruegueses da TGS-NOPEC. O consórcio Galp-Petrobrás-Partex adquiriu parte das linhas levantadas pela TGS e já está a avaliar o interesse de algumas zonas. Mas, certamente, muitas mais linhas sísmicas terão de ser levantadas. Quer em outras zonas quer para apertar a malha existente com mais informações a duas e três dimensões.


Custo de meio milhão por dia



A fase das perfurações (sondagens) vem a seguir à análise de informação que está a ser feita. Como são trabalhos que implicam investimentos muito pesados - o aluguer de equipamentos técnicos, desde plataformas a navios, pode custar entre 250 mil a 550 mil dólares por dia, durante vários anos -, a escolha de um local a perfurar tem de ser confirmada com o máximo de informação sísmica possível, recorrendo a linhas ‘3D’.

O certo é que das 27 perfurações efectuadas no «offshore» português, entre 1974 e 1995, destinadas a sondar petróleo, apenas quatro foram realizadas em águas profundas - o designado «deep-offshore» -, a última das quais em 1985, efectuada pelo operador Pecten, na bacia do Porto. Esta sondagem atingiu uma profundidade total de perfuração de 4040 metros.

“Toda a vasta área Atlântica que se encontra na zona económica portuguesa está virgem. Terá um potencial de sucesso para exploração de petróleo da ordem dos 12 poços por cada 100 perfurados. Na costa sul, ao largo do Algarve, esta probabilidade aumenta para 20 poços por cada 100 perfurações”, admite Virgílio Cabrita da Silva, um dos mais experientes especialistas portugueses em pesquisa e exploração de petróleo - iniciou a sua actividade em Angola em 1966, passou para a Shell em 1975, onde esteve até 1996, altura em que Micael Gulbenkian o contratou para a Partex, de onde já saiu.

Para Cabrita da Silva, a verdadeira pesquisa e exploração de petróleo em águas profundas portuguesas só vai começar a ser feita agora. E refere que “nenhum outro país europeu tem uma área com a dimensão desta”. Porém, diz que não se pode sequer falar em atraso na exploração do mar português, porque, na realidade, só muito recentemente há tecnologia disponível para pesquisar grandes profundidades. “Em 1978 fiz um furo na Irlanda, que então constituiu um recorde. Foi a 850 metros de profundidade de água. Hoje trabalha-se bem com 4000 metros de água”, refere.


No «offshore» português sobre o qual há mais informação disponível, uma das mais elevadas probabilidades de sucesso concentra-se nos blocos 13 e 14, localizados entre Faro e Vila Real de Santo António, licitados em 2002 pela Repsol. “Aí, a petrolífera espanhola terá de fazer perfurações entre os 800 e os 900 metros de profundidade para pesquisar um tipo de reservas semelhante às encontradas na baía de Cádis, ou seja, de gás”, admite Cabrita da Silva. Mas a montagem de equipamento de pesquisa petrolífera numa zona eminentemente turística não facilita o desenvolvimento desta actividade. No entanto, Cabrita da Silva refuta os argumentos utilizados contra a pesquisa de petróleo ao largo do Algarve. “Não se pode invocar a poluição para contrariar trabalhos de pesquisa feitos perto de praias, muito menos quando há probabilidade dos poços só terem gás. Já perdi o número de perfurações que fiz, algumas em ilhas com praias utilizadas por banhistas, como é o caso dos furos feitos na Holanda junto à fronteira com a Alemanha, que nunca implicaram problemas ambientais e que ainda hoje continuam a produzir gás sem colidir com a utilização da praia por turistas”, refere.


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Berardo testa exploração de petróleo em Portugal


A Mohave realiza estudos de sísmica para explorar reservas que podem atingir 500 milhões de barris.

O sonho do empresário Joe Berardo de encontrar petróleo em Portugal está mais perto de se tornar realidade. A Mohave Oil & Gas, empresa canadiana que tem o comendador como principal accionista, deu início aos estudos de sísmica tridimensional na concessão que detém na zona de Aljubarrota, acreditando que poderá encontrar petróleo ainda este ano.

"O petróleo pode vir a ser a salvação do nosso país", revelou o empresário, mostrando-se optimista quanto a um resultado positivo. É a primeira vez que se realizam em Portugal estudos de sísmica tridimensional, que servem para apurar as formas geométricas das estruturas geológicas. Esta pesquisa é necessária para que a perfuração dos poços avance até ao final do ano. Neste particular, a Mohave está à frente da Galp, da Petrobras e de outras empresas que vão realizar estudos idênticos nas suas concessões ao largo da costa nacional.

"A Petrobras e a Galp vão investir 300 milhões de dólares em Portugal e vão usar a mesma tecnologia. Ninguém seria louco para investir isto se não existisse petróleo! O desafio é conseguir extraí-lo", salientou Berardo.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Vicente de Lisboa em Setembro 24, 2010, 10:49:16 am
Citação de: "Jorge Pereira"
Citação de: "Vicente de Lisboa"
Hm... a Noruega tem Petróleo e Gás Natural. Nós temos...  :arrow: viewtopic.php?f=22&t=2531&start=30 (http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?f=22&t=2531&start=30)
De 2006 para cá o país não esteve parado. Bem pelo contrário (http://http).  :(
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Outubro 01, 2010, 01:26:31 am
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Partex: Portugal «está cego» quanto à exploração gás no Algarve

O presidente da petrolífera Partex Oil and Gas considerou hoje que Portugal «está cego» em relação aos recursos de gás natural na Bacia do Algarve, que poderiam representar uma poupança anual na fatura energética de mil milhões de euros ano.

«Há uma correlação muito forte da Bacia do Algarve com a Bacia de Cádis, em Espanha. Em Cádis, a Repsol produziu o campo Poseidon. E nós no Algarve podemos ter reservas 20 vezes maiores que esse campo, suficientes para 12 ou 15 anos do consumo do país. É significativo, mas infelizmente a Repsol ganhou o contrato há oito anos e o contrato não foi assinado pelo Governo português», disse hoje António Costa Silva.

O presidente da Partex, que falava numa conferência sobre exploração de petróleo nas duas margens do Atlântico, hoje em Lisboa, considerou que se trata de «uma situação incompreensível» a todos os níveis.
Diário Digital / Lusa

 :bang:


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No Algarve há reservas de gás natural para abastecer Portugal durante 15 anos
07-06-2010 23:54:00

O Algarve "tem reservas suficientes de gás natural para cobrir o consumo interno de Portugal durante 15 anos". Administrador da petrolífera Partex criticou o Governo pelo impasse na pesquisa. Mas há quem receie acidentes ecológicos.         
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António Costa da Silva falava no seminário 'Prospecção e exploração de gás natural nas águas profundas da costa do Algarve: as perspetivas energética, económica e ambiental', que decorreu hoje em Loulé.

“Desde 2002, quando o concurso terminou, a Repsol apresentou-se a concurso, é um concurso internacional aberto, a Repsol ganhou e hoje estamos senão me engano em 2010”, ironizou o especialista em pesquisa de gás natural e petróleo, questionando o Governo sobre o porquê de até agora não ter assinado o contrato.

"A 40 quilómetros da costa algarvia existem reservas de gás natural suficientes para cobrir o consumo interno de Portugal durante 15 anos", estimou António Costa da Silva.

O Algarve, segundo estudos divulgados, tem potencial elevado para gerar gás, com uma capacidade cerca de 20 vezes superior às reservas que foram encontradas nos campos do Golfo de Cádiz, em Espanha.

António Costa da Silva recorda que na “bacia do Algarve existem os diferentes componentes para procurar gás natural”.

Existem rochas geradoras de hidrocarbonetos, armadilhas estruturais, rochas reservatório, há migração dos fluidos e já foram perfurados cinco poços no passado, recordou o especialista, acrescentando que valeria a pena perfurar no deep offshore (nas águas profundas) e desenvolver o projeto, porque os riscos associados são “pequenos e os benefícios para o Algarve e país seriam enormes” defende o administrador da Partex.

Recorde-se que a exploração de hidrocarbonetos na costa algarvia, um assunto falado há mais de 15 anos, teve em 2007 desenvolvimentos, quando o Governo firmou em Janeiro desse ano três contratos com um consórcio composto pela empresa australiana Hardman Resources e pelas empresas portuguesas Partex e Galp, concessionando a pesquisa e exploração de hidrocarbonetos ao largo da Costa Vicentina.

Já a concessão ao largo da ria Formosa, a que concorreu um consórcio liderado pela empresa espanhola Repsol, também deveria ter sido assinado naquele ano, alegadamente sem concurso público.

O assunto foi levado ao Parlamento pelo líder regional do PSD, Mendes Bota, que afirma não existirem garantias de que a região seja indemnizada, em caso de um acidente ou desastre ambiental.

"Há apenas um seguro que retira uma pequena percentagem do orçamento anual das companhias petrolíferas, mas que de maneira nenhuma cobre os prejuízos em caso de catástrofes", referiu na altura o deputado social-democrata, para quem a região vai ficar numa posição de alto risco e ainda mais vulnerável a acidentes ecológicos com consequências desastrosas, uma vez que "já passam centenas de petroleiros pela costa da região, mas com estas explorações vão passar muitos mais e o risco vai ser agravado".

Acidente Ecológico ou benefício “entre 1 400 a 1 500 milhões de euros por ano”?

"Mapear os recursos naturais em Portugal" é, pelo seu lado, o concelho que António José Silva deu ao Governo, na sua intervenção em Loulé, referindo que a estimativa de gás que se poderia retirar do Algarve pouparia ao país “entre 1 400 a 1 500 milhões de euros por ano”.

Em sua opinião, gerar emprego ou diminuir a dependência energética de Portugal em relação ao exterior são outros dos benefícios que poderiam advir da descoberta de gás natural ao largo do Algarve.

“O país paga uma fatura energética elevada e não podemos esquecer que cerca de 15 por cento tem a ver com importações de gás natural”, sustentou no colóquio em Loulé o administrador da Partex, que pertence à Fundação Calouste Gulbenkian.

“Os espanhóis exploram gás natural desde 1976 no Golfo de Cádiz, mas Portugal, ao nível do seu posicionamento estratégico, tem fragilidades e não conseguimos projetar o país a 20 a 30 a 50 anos”, lamentou, afirmando que o Estado “tem uma missão de soberania para explorar os recursos”, porque Portugal tem das “maiores zonas económicas exclusivas do mundo com recursos mapeados”.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: João Vaz em Outubro 01, 2010, 10:37:19 am
É verdade, sim senhor.

Eles andem aí na costa.

"PORTUGAL – Another Offshore Concession for Partex
     2007.05.18

Partex, Petrobras and Galp Energy have signed agreements with the Portuguese Government for exploration and production of petroleum in four blocks covering an area of about 12,000 km located northwest of Lisbon in very deep waters (over 2000 metres).
The four blocks - “Camarão”, Amêijoa”, Mexilhão” e “Ostra” – are included in the so-called Lusitanian Basin.
Petrobras (with 50% participation) will be the operator. Partex and Galp Energy have, respectively, 20% and 30% interest in the venture."


Para inglês ver, no site da PARTEX: http://www.partex-oilgas.com/portugal/press_news_noticia_en.php?idn=22

Com a óbvia presença maioritária dos "manos" brasileiros (que ainda na semana passada aumentaram o capital da PETROBRAS para uns 50 mil milhões de euros).  :mrgreen:

Haja alguém que faça algo. Afinal não será preciso exumar o Infante D. Henrique.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Dezembro 09, 2010, 11:19:03 am
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Dom Duarte
Brasil quer apoiar Portugal na crise da dívida com melhores condições que o FMI

Dom Duarte Pio de Bragança já pediu a nacionalidade timorense. Ao i, abre a porta a pedir ainda a nacionalidade brasileira

Dom Duarte serviu o chá, num bule japonês, oferta de um mestre do chá. O sabor adocicado das ervas não merece açúcar, assegurou. Depois recostou-se na cadeira. A sala da fundação Dom Manuel é escura, como imaginamos os castelos, e o dia negro não ajuda. Nas paredes, pinturas a óleo e resquícios de outro regime. Tinha estado ao telefone para Timor, na semana passada pediu a nacionalidade timorense. A brasileira pode ser a seguinte, "quem sabe", diz. Para já, o país que será de Dilma deverá dar uma ajuda às contas nacionais.



Defendeu que Portugal deve pedir ajuda ao Brasil, para evitar a entrada do FMI no país.

Na véspera do dia 1 de Dezembro (Dia da Restauração da Independência), um ministro do futuro governo de Dilma Rousseff - que também é ministro do actual governo de Lula da Silva - telefonou-me e manifestou o interesse do futuro governo brasileiro para apoiar Portugal na questão da dívida externa em melhores condições que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, eventualmente, em melhores condições até que a União Europeia. E gostariam de abrir essa negociação com Portugal logo que Dilma assumisse o governo brasileiro. Aliás, julgo que já houve contactos entre o governo português e o de Lula da Silva durante a Cimeira Ibero-Americana que decorreu na Argentina.

Qual foi o ministro de Lula da Silva que o contactou.

Preferia não revelar o nome.

Mas revelou essa conversa ao governo português?

Sim, claro. E agradeceram. Transmiti, aliás, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, porque me pareceu que é a pessoa mais indicada e é a pessoa do governo com quem tenho melhores relações.

É apontado como remodelável...

Espero que não, porque é um dos ministros mais competentes e com maior aceitação internacional.

O contacto do ministro brasileiro fez com que no discurso de dia 1 de Dezembro falasse de uma confederação dos países lusófonos?

O telefonema surge na sequência da conversa que tive em Brasília com algumas pessoas do governo e em que manifestei que há em Portugal interesse numa futura confederação de Estados lusófonos. Isto quereria dizer que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) iria evoluir para uma confederação de Estados lusófonos. A confederação não é só uma aliança de Estados, é o começo, de facto, de um Estado. A Commonwealth, que a Inglaterra preside, não é uma confederação, é menos que uma confederação. E a Commonwealth nunca impediu a Inglaterra de pertencer à União Europeia, pelo contrário.

Disse ainda que Portugal é um país humilhado. De quem é a culpa?

A culpa é de todos nós, porque temos um país que, desde que aderiu ao euro, começou a gastar como os alemães e a produzir como europeus do Sul da Europa. Claro que se saíssemos do euro haveria inconvenientes graves, mas por outro lado podíamos passar a ter competitividade económica maior, produzir melhor e mais, exportar mais e o nosso turismo ficava mais competitivo. A desvantagem é que a dívida externa seria mais difícil de pagar. Se entrarmos para uma confederação lusófona, as economias portuguesa, angolana e brasileira poderiam ser mais bem coordenadas e haveria sinergias que seriam certamente benéficas para Portugal.

Pedir dinheiro ao Brasil é menos humilhante do que pedir à Alemanha?

Se resolvermos o problema com o Brasil estamos em família, a família lusófona. Por outro lado, só se faria se as condições fossem melhores. O que é humilhante, no caso do FMI, é que o FMI impõe condições e obrigações, e teremos de nos governar de acordo com as regras do FMI.

É público que pediu a nacionalidade timorense.

O país com o qual tenho as relações mais íntimas e para cuja liberdade dei uma grande contribuição foi Timor. Espero que depois das minhas conversas com o Dr. Ramos-Horta e com Xanana Gusmão seja uma possibilidade. É um gesto de simpatia e de amizade para com Timor. O problema neste momento ainda é um problema legal, como não sou residente lá. Aliás, julgo que poderia pedir a nacionalidade brasileira, visto que a minha mãe é brasileira. Quem sabe...

Fica bem a um rei ter várias nacionalidades...

A rainha de Inglaterra tem dúzias de nacionalidades. Tem a nacionalidade de todos os países da Commonwealth.

A primeira visita ao país deu-se um pouco antes do 25 de Abril.

Fui visitar Timor em 1974, onde tinha na altura o meu camarada do Instituto de Agronomia - o engenheiro Mário Carrascalão. Comecei a ter problemas com a DGS, antiga PIDE, e os timorenses foram intimidados para não virem falar comigo. Quando isso aconteceu, o bispo de Timor da altura convidou-me para ficar hospedado na sua residência. As pessoas faziam de conta que iam visitar o bispo para me visitarem a mim. que estava lá hospedado.

O 25 de Abril deu-se por essa altura?

Dali fui para o Vietname e estava em Saigão quando o presidente do parlamento vietnamita me ligou a contar o que tinha acontecido.

Como reagiu à notícia?

Fiquei muito feliz por achar que o general Spínola iria resolver os problemas nacionais do ultramar e da diplomacia em Portugal. E por isso, mandei um telegrama de apoio à Junta de Salvação Nacional manifestando o meu apoio.

Mas foi Salazar que permitiu que a família do Dom Duarte voltasse a Portugal.

Houve votações no parlamento contra o exílio, que foi considerado ilegítimo. O meu pai queria vir logo para Portugal, mas o governo na altura disse que ainda não era conveniente. De maneira que eu voltei mais cedo e fiquei a estudar em casa da minha tia Filipa em Serpins, ali na Lousã, até que a família voltou toda nos anos 50. Mas as propriedades não foram devolvidas à família, por isso ficámos a viver numa casa emprestada, em Coimbrões (Gaia).

Mas - utilizando uma expressão que está na moda - a família do Dom Duarte estava "integrada" no antigo regime?

O meu pai nunca chegou a conhecer o presidente do governo. Quem tinha mais relações com Salazar era a minha tia Filipa. Eu visitei Salazar três vezes. Achei-o um homem absolutamente notável, muito interessante, simpático. Entretanto, à medida que fui amadurecendo, fui percebendo que a política do regime não tinha solução e encorajei a formação do movimento eleitoral monárquico, que foi o embrião do que mais tarde foi o Partido Popular Monárquico.

As pessoas têm curiosidade de saber do que é que vive.

Tenho um nível de vida discreto. A minha mãe herdou no Brasil parte da nossa sociedade familiar. No Brasil, o governo republicano não roubou a família. Somos proprietários, entre outras coisas, de todo o terreno onde está construída a cidade de Petrópolis e cada pessoa que tenha casa em Petrópolis, quando a vende, tem de pagar um imposto à sociedade familiar. Por outro lado, em Portugal temos uns prédios com rendas muito antigas.

A sua inquilina mais velha, a Dona Maria Luísa, ainda é viva?

Sim, tem 114 anos. É a minha inquilina mais engraçada. Neste momento, ela devolveu o apartamento. Pago-lhe parte das despesas do lar onde está.

Já tem cartão do cidadão?

Tenho o Bilhete de Identidade, enquanto não for obrigado não mudo.

E no BI, está escrito o nome completo: Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael?

Não, só tenho Dom Duarte Pio de Bragança. No registo de baptismo ficou o nome completo, mas só para a dimensão espiritual.

A rainha Dona Amélia foi sua madrinha e o Papa Pio XII o seu padrinho...

A rainha Dona Amélia era muito amiga da família. O rei Dom Manuel reconheceu o meu pai como seu sucessor político e foi padrinho de uma tia minha, a minha tia Maria Adelaide que está também a fazer 100 anos. Foi resistente do nazismo e presa pelos alemães na Áustria porque participava na resistência austríaca contra o domínio alemão, ajudando os refugiados a fugirem para a Suíça. É a última neta viva do rei Dom Miguel. Neta mesmo, não é bisneta. Os outros todos já morreram.

Tem o brevê de piloto. Ainda pilota?

Pilotei um helicóptero em Beja há pouco tempo. Quando o meu antigo instrutor era vivo, voei com ele várias vezes, nomeadamente quando estava em serviço de incêndios.

E a agricultura?

O meu irmão em S. Miguel é que se ocupa da quinta. Produz lá vinho e frutas, mas com grandes problemas económicos. Os agricultores estrangeiros recebem mais subsídios que os portugueses. Nós não recebemos subsídios praticamente nenhuns. Eu sou horticultor. Em Sintra, vou dando uma mão nas nossas hortas. Do que gosto mais são as nossas framboesas, são das melhores que há. Temos legumes frescos, galinhas e patos. As galinhas e os patos são óptimos para reciclar os restos de comida. Salazar criava galinhas em São Bento. O nosso primeiro-ministro podia começar também a fazer o mesmo.

Acha que vamos ter eleições legislativas no próximo ano?

Não faço ideia. Gostaria de ver um governo de unidade nacional. Creio que o candidato Fernando Nobre também propôs isso. As decisões duras que vão ter de ser tomadas seriam mais fáceis se houvesse um consenso e uma responsabilização colectiva pelo menos dos principais partidos. Caso contrário, qualquer partido que esteja no poder vai ter medo de comprometer a sua carreira política, tomando decisões duras. Há decisões práticas que vão ter de ser tomadas, diminuição do número de feriados ou pelo menos juntá-los ao fim-de-semana, por exemplo.

Está preparado para a austeridade?

Vamos ter de aprender a viver bem, com felicidade, com menos. E para isto é muito importante espírito de caridade. Faz-se caridade por amor às pessoas, com pessoas com quem não temos ligação nenhuma. Temos de nos organizar para não haver pessoas a passar fome, para não haver pessoas na rua e na miséria. O Estado não consegue resolver os problemas, gasta muito dinheiro com pessoas que não precisam ou que não querem trabalhar e temos muitas pessoas que não são ajudadas.

Fonte (http://http)

 
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Dezembro 09, 2010, 11:24:45 am
Apesar de ser uma notícia sobre economia, enquadra-se melhor neste tópico, por tudo aquilo que foi até aqui discutido.

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Investimento
Fundo de pensões da Noruega tem mais de 700 milhões em empresas nacionais

O fundo de pensões público da Noruega, gerido pelo banco central do país - Norges Bank - , já tem mais de 700 milhões de euros investidos em empresas não financeiras portuguesas cotadas na bolsa. Este número, 705 milhões de euros, inclui só o valor bolsista das participações comunicadas acima dos 2% na EDP, Portugal Telecom, Sonae SGPS, Semapa, Altri e Ibersol.

No entanto, as aplicações do fundo público norueguês - que é alimentado com receitas do petróleo - em empresas nacionais serão superiores e têm vindo a ser reforçadas este ano. No final de 2009, o fundo de pensões da Noruega detinha participações em 17 empresas portuguesas, a maioria delas abaixo dos 2%, no valor global de 640 milhões de euros, à cotação da altura. Neste pacote estavam acima de 1% em sociedades como o BCP e a Brisa e posições entre 0,5% e os 0,9% em quase todas as grandes empresas cotadas portuguesas. Algumas delas foram reforçadas este ano, como a EDP, a Sonae, a Semapa e a PT para participações acima dos 2%.

A maioria das participações qualificadas, todas em empresas e nenhuma em bancos, foi comunicada a partir de Outubro, ou seja, quando se agravou a pressão dos mercados sobre a dívida pública nacional. Deste lote de seis, o Norges Bank só terá reduzido a posição na PT, de mais de 5% para 4,94% naquele que é o activo accionista mais valioso da sua carteira lusa.

Questionado pelo i, fonte oficial da entidade gestora em Oslo não deu explicação para este aparente reforço em acções portuguesas, numa altura em que outros investidores internacionais estão a sair da bolsa nacional. No entanto, sublinhou que o fundo tem participações em mais de 8000 companhias a nível mundial, sempre com posições abaixo dos 10%. Os investimentos accionistas do fundo, que são 60% do total, estão concentrados sobretudo na Europa, pelo que é natural que esteja representado no capital de todas as principais empresas europeias, as portuguesas não são excepção, participando inclusive nas respectivas assembleias gerais quando são posições relevantes, mas em regra sem entrar em conflitos.

O Norges Bank também investe em Obrigações do Tesouro nacionais e em dívida de empresas portuguesas. No final de 2009, os valores aplicados em OT eram relativamente modestos: pouco mais de 300 milhões de euros, mas o investimento em dívida de empresas públicas como a Refer e a Parpública ascendia a quase 700 milhões de euros, mais de 600 milhões estavam em títulos de rendimento fixo da Caixa Geral de Depósitos.

No final do ano passado, as aplicações em Portugal ascendiam a quase 2 mil milhões de euros - mais de metade estavam em títulos de rendimento fixo, tipo obrigações. Este era um valor equivalente ao aplicado à data na Grécia, mas neste caso mais de metade do investimento era em dívida pública grega que saiu do portefólio principal do Fundo após o resgate do país. A exposição à Irlanda era, no final de 2009, de 2620 milhões de euros, com alguma relevância na dívida no sector bancário. Quando chegamos a Espanha, os números do investimento em 2009 disparam para 18 mil milhões de euros, com dívida e acções. No terceiro trimestre, as aplicações em obrigações do reino de Espanha , cujos juros também têm estado a subir, ascendiam a 3 mil milhões de euros, mais do dobro do final de 2009 e faziam parte dos dez maiores activos em rendimento fixo do Fundo.

Mais do dobro do PIB nacional O Fundo do Estado da Noruega tem actualmente activos no valor de 390 mil milhões de euros, o que representa mais do dobro do PIB português. Apesar de se designar fundo de pensões, não é utilizado para pagar encargos correntes com as reformas do país, mas foi pensado para responder ao envelhecimento da população, protegendo a Noruega das oscilações do preço do petróleo e da previsível queda de produção e receitas.

O fundo foi criado em 1990 para gerir as receitas do petróleo, exemplo que foi seguido por Timor, o proprietário é o Ministério das Finanças, em nome do povo norueguês, que tem aqui uma reserva de capital que só marginalmente financia despesas normais. O capital tem de ser investido fora do país, com uma gestão prudente. O último negócio foi imobiliário, a compra de uma participação na Regent Street de Londres, propriedade da coroa britânica.

http://=http://www.ionline.pt/conteudo/92845-fundo-pensoes-da-noruega-tem-mais-700-milhoes-em-empresas-nacionais]Fonte

 
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Dezembro 11, 2010, 11:44:29 pm
Notícia bombástica no Expresso de hoje:


Citar
Brasil aposta forte na ajuda a Portugal

O Brasil está a preparar um megaprograma de cooperação com Portugal, que vai incluir não só a compra de títulos da dívida pública, como a importação de bens em grande quantidade, a abertura de linhas de crédito, fomento de pólos industriais, e a participação de hubs industriais…

Entre outros sectores, O Brasil está bastante interessado na indústria naval.

 :G-beer2:
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: cromwell em Dezembro 11, 2010, 11:57:49 pm
Citação de: "Jorge Pereira"
Notícia bombástica no Expresso de hoje:


Citar
Brasil aposta forte na ajuda a Portugal

O Brasil está a preparar um megaprograma de cooperação com Portugal, que vai incluir não só a compra de títulos da dívida pública, como a importação de bens em grande quantidade, a abertura de linhas de crédito, fomento de pólos industriais, e a participação de hubs industriais…

Entre outros sectores, O Brasil está bastante interessado na indústria naval.

 :G-beer2:

Infelizmente, isto é apenas economia e política, e por isso, esta "ajuda" é apenas nada mais que uma acção pela defesa dos interesses brasileiros.
O Brasil irá tornar-se uma potência mundial no futuro e isto será mau para Portugal, porque poderemos perder o nosso papel de país-lider do mundo lusofono (sendo essa liderança tomada pelo Brasil) e com esta "ajuda", se irá por Portugal mais dependente do crescente poder económico, daquilo que foi outrora a sua colónia.

Deviamos apostar mais numa recuperação económica pelas nossas próprias mãos.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Lightning em Dezembro 12, 2010, 03:27:29 pm
Citação de: "cromwell"
Infelizmente, isto é apenas economia e política, e por isso, esta "ajuda" é apenas nada mais que uma acção pela defesa dos interesses brasileiros.

Todos os paises defendem os seus interesses, mas não será do nosso interesse também este investimento? Eu acho que é.

Citar
O Brasil irá tornar-se uma potência mundial no futuro e isto será mau para Portugal, porque poderemos perder o nosso papel de país-lider do mundo lusofono (sendo essa liderança tomada pelo Brasil) e com esta "ajuda", se irá por Portugal mais dependente do crescente poder económico, daquilo que foi outrora a sua colónia.

Meu amigo, nós somos o pais lider de que? Nós nem lider de nós mesmos somos quanto mais dos outros, na europa não existe nenhum pais que por si, seja uma potência mundial, por isso falar de Portugal nestes termos e no mundo actual parece uma comédia, o Brasil tem todas as condições para ser uma grande potência, é um pais grande e tem muita população, falta a parte economica que só recentemente começou a despertar, o Reino Unido também há muito tempo que não é a potência dominante do mundo anglo-saxónico.

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Deviamos apostar mais numa recuperação económica pelas nossas próprias mãos.

Eu gostava mas vou esperar sentado para não me cansar.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Lightning em Dezembro 12, 2010, 03:47:20 pm
Em relação às reflexões geoestratégicas de  José Manuel Félix Ribeiro fiquei muito interessado nos seus textos, realmente é um abrir de olhos.

Das possibilidades que dá a Portugal: "Florida Europeia", "Plataforma Asiática", "Escócia do Sul", "Ponte Atlântica", à primeira vista não gosto da Ponte Atlântica, não me atrai muito a entrada de outras nações para a CPLP como a Indonésia e a Austrália, depois quem mais entraria? A África do Sul por estar perto de Angola e Moçambique? A Espanha por estar perto de Portugal? Acho que ai é que passariamos mesmo a ser relegados para o "canto" e ninguém nos ligaria nenhuma enquanto que os "grandes" falariam entre si.

As outras hipoteses parecem-me todas boas, até se poderia "atacar" todas as três frentes, investir na transformação de Portugal numa plataforma de entrada de bens para a Europa, porto de aguas profundas, comboios de alta velocidade que levem esses bens para o interior da europa, etc, apesar de aqui ter uma pequena duvida geográfica, um navio que venha da China o trajecto mais rápido para a europa é via oceano indico - canal do Suez - mar mediterraneo, não lhes é mais fácil descarregar num qualquer porto europeu no mediterraneo? Porque haveriam de perder tempo em navegar todo o mediterraneo para chegar a Portugal? Percebo sim que sejamos o porto de entrada na europa de todo o material que venha das Américas e da costa atlântica de África.

investir na obtenção de recursos na nossa ZEE e também nas ZEE de outras nações (PALOP por exemplo).

A "Florida Europeia" não percebi muito bem o conceito mas acho que tem a ver com empresas tecnológicas, isto é, cujo matéria prima seja a massa cinzenta dos seus engenheiros e outros empregados, concordo pois as nações que não tenham reservas de ouro/petróleo/gas, tem que ser os cidadãos a ser a sua matéria prima de desenvolvimento.

E para quem queira ler o documento por inteiro, "Portugal 2025 - Que funções no espaço europeu?"
http://www.dpp.pt/pages/files/Portugal_2025.pdf (http://www.dpp.pt/pages/files/Portugal_2025.pdf)
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: FoxTroop em Dezembro 12, 2010, 06:39:30 pm
Tenho mudado um pouco a minha opinião sobre esse assunto. Continuo a achar que não temos nada a oferecer que não nos possam vir buscar. Também não esqueço que fundos soberanos, como o norueguês, foram dos que mais especularam contra Portugal. Olho com interesse a questão do petróleo na nossa costa e a sua exploração mas também não tenho dúvidas do que já aqui foi exposto: Estado fraco + petróleo = desgraça.

Estamos longe do "centro europeu" e com o alargamento da UE a leste esse centro deslocou-se ainda mais para longe. Em termos competitivos, eu para colocar um produto na Alemanha tenho de cobrir 3000km enquanto um empresário polaco ou checo tem de fazer 600km. Portanto é dificil fazer a maximização das nossas vantagens no actual contexto. Como as três grandes vantagens/forças de Portugal são a agricultura, florestas e mar (isto na minha percepção) julgo que temos de potenciar um quadro onde sejamos "centrais".

A CPLP com o mar como centro é uma boa hipótse, sem dúvida mas isso exige um corte com as politicas dos ultimos 30 anos, coisa que no actual contexto de crise não nos podemos dar ao luxo de fazer e é um empreendimento de muito longo prazo. Na CPLP também não podemos alimentar ilusões quanto ao nosso papel. O protagonismo seria/é para o Brasil, talvez seguido por Angola. Portugal teria de se sujeitar a ficar ao nivel de um Moçambique.

Ser a plataforma logistica da UE para o triangulo África, America do Sul, Ásia. Para mim é a opção mais "facil". Com um porto de águas profundas capaz de receber toda a nova classe de "super-navios", a construção de um complexo industrial para refinamento de matérias primas e rápidas vias de escoamento dos produtos (pipelines, linhas de caminho de ferro, etc) poderia colocar Portugal no centro das trocas comerciais entre a Europa e o mundo em desenvolvimento. Quanto à questão de ser mais facil ao navio que vêm da Ásia fazer a rota do Suez, não sei se os novos navios, devido às suas dimensões e calado, podem cruzar o Suez. Os contras que vejo são a enorme pressão que holandeses e espanhois fariam contra isso, a falta de financiamento para infra-estruturas desse calibre e o perigo cada vez mais real de Europa se fechar sobre si mesma. (Penso que ainda não o fez pela sua dependencia energética)

Manter a opção europeia. Actualmente não exite outro rumo que não seja manter-nos na UE e no Euro (não exclui as opções atlanticas). Aos que advogam um rompimento com a UE e a saida do Euro lembro o caso da Argentina. Isso seria o que nos aconteceria no melhor dos cenários. A nossa dependencia é gigante em bens básicos e é quase tudo suprimido pelas importações dentro da UE (cortesia da incompetencia e laxismo dos governos do Sr. Cavaco Silva na atribuição de subsidios que em vez de potenciar os nossos sectores produtivos, os aniquiláram) e a reconstrução do nosso sector primário e industrialização do país irá demorar décadas.

Estamos a partir com um enorme atraso para a proxima "batalha" global. Essa vai ser a batalha pela alimentação. Após a batalha energética as coisas começam a centrar-se na alimentação. Aí penso que Portugal tem um grande potencial, embora completamente delapidado e relegado para o esquecimento. Esse potencial encontra-se nos nosso terrenos agricolas e no nosso imenso mar. Com a uma fatia populacional mundial cada vez mais centrada nas áreas urbanas, a dependencia dessas pessoas em relação a um sistema que lhe garanta a alimentação será total. Apesar de acreditar que, cedo ou tarde, o ser humano terá de voltar à terra e "sujar" as mãos, penso que o rumo actual irá levar a uma enorme pressão especulatória sobre os alimentos e países como Portugal devem optar por criar um sector agricola forte. Através de uma agricultura sustentada (nada de copiar o sistema espanhol que é, pura e simplesmente, suicidário), com forte interligação com o sector florestal e pescas, de modo a criar uma sustentabilidade de 50 a 60% das nossas necessidades. Pessoalmente sou contra a politica de subsidios e cotas de produção que vigora na UE e com o fim disso a nossa agricultura será novamente rentavel perante a espanhola ou francesa. Certamente que uma agricultura "tradicional" à ti' jaquim não é viável e os pequenos proprietários têm de emparcelar ou então passar à produção do "produtos especiais de corrida" (culturas biológicas, silvicultura, etc). Em termos de frescos somos, junto com Espanha, os fornecedores principais da UE mas estamos terrivelmente dependentes em cereais e transformados. O caso dos cereais é gravissimo, pois mesmo que por algum motivo começassemos a produzir o necessário para consumo interno, o que resta da nossa capacidade de silagem mal passa os 10% das necessidades anuais.

Nas Florestas temos vantagens potenciadoras que nos podem colocar a um nivel superior na UE. Lideres mundiais na produção de cortiça, produtores do melhor pinhão do mundo (muito apreciado pelas confeitarias por essa Europa fora) e a corrigir esse termendo erro dos eucaliptais plantados à toa. Um enorme produtor de biomassa que só agora é que começa a ser explorado.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Abril 14, 2011, 12:48:05 pm
Estudemos bem este tópico porque muita coisa dada como adquirida há pouco tempo atrás, começa a ser seriamente posta em causa. Vejam as sucessivas vozes internas (de peso) de vários países a recusar contribuir com o empréstimo (nada de resgate) para Portugal. Vejam os partidos extremistas prestes a tomar posições em vários desses países. Vejam como sobe o risco país da Espanha hoje. Não sei se vamos ter por muito mais tempo uma União Europeia digna desse nome...

Toca a baralhar e dar de novo. Um novo paradigma de alianças Económico-Estratégicas para Portugal? Qual?
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: nelson38899 em Abril 14, 2011, 01:37:18 pm
Nos devemos olhar para as nossas exportações, como os portugueses olhavam para as descobertas! Temos que começar a navegar por mares nunca antes navegados!

Devemos começar a fazer alianças pontuais mas mais nada!
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Onurb em Abril 14, 2011, 02:08:09 pm
Para mim o caminho que devemos seguir é olharmos para CPLP com mais atenção é ai que esta o futuro de Portugal.

Sonho com uma federação de estados de língua Portuguesa uma união politica económica e ate militar com base na igualdade entre todos os povos de língua Portuguesa.

Bem sei que é um sonho quase impossível mas : "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce."
A UE é que não me parece um futuro para um Portugal que quer manter a sua cultura e tradições e independência.
Eu sinto ter mais ligação a um Brasileiro ou um Angolano que um Finlandês ou Espanhol.
Pode ser um ideia disparatada mas sinto que na EU não há futuro.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Lusitanian em Abril 14, 2011, 02:26:55 pm
Amigo isso todos nós entendemos...o problema é os palhaços da classe politica serem cegos, a torto e a direito. É só UE. Não existe mais nada. Lol são uns atrasados mentais. A UE é importante, mas não uma prioridade. Simples.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Get_It em Abril 14, 2011, 03:04:42 pm
Ainda não percebi porquê tem de ser obrigatoriamente os outros a nos safarem. É por estes anos todos termos andado a dar dinheiro para lá? A mesma pergunta pelo porquê de ser uma «união» com os países da CPLP a nos safar. É por estes anos todos termos andado para lá a esbanjar dinheiro?
OK... Mas o problema não deixa de existir mesmo com alguém a nos pagar as dívidas. Podemos continuar a receber o salário mas vai voltar a acontecer o mesmo depois com os meus filhos. A não ser que eles sigam carreira política no PS ou PSD. Aí claro que não vão ter problemas nenhuns...

Cumprimentos,
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Cunha em Abril 14, 2011, 11:17:09 pm
Em relação ao Petroleo ou Gás na nossa ZEE, Portugal antes de abrir a boca que tem gás, petróleo ou seja o que for tem que em primeiro lugar dotar-se do conhecimento técnico para o extrair pelos seus próprios meios. Sendo assim,a estratégia de por a Galp no Brasil com a Petrobras parece-me boa. O pais tem que ter quadros para dominar as tácticas correntes de extração, seja por plataformas fixas, semi-submersiveis tensionadas ou não, ou os sistemas FPS-Floating Production Systems. Uma possivel joint-venture com os Noruegueses também me parece uma boa solução, se bem que prefiro de longe a perceria com o Brasil, falamos a mesma lingua, entendemo-nos melhor.

De resto concordo com o que é dito antes pelo Ornub e Lusitanian, temos que nos virar para o mar, e Lusofonia, isso parece-me lógico, esta UE está-nos a chutar, é bem que tenhamos noção disso.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Vicente de Lisboa em Abril 15, 2011, 10:18:23 am
Citação de: "Cunha"
Em relação ao Petroleo ou Gás na nossa ZEE, Portugal antes de abrir a boca que tem gás, petróleo ou seja o que for tem que em primeiro lugar dotar-se do conhecimento técnico para o extrair pelos seus próprios meios. Sendo assim,a estratégia de por a Galp no Brasil com a Petrobras parece-me boa. O pais tem que ter quadros para dominar as tácticas correntes de extração, seja por plataformas fixas, semi-submersiveis tensionadas ou não, ou os sistemas FPS-Floating Production Systems. Uma possivel joint-venture com os Noruegueses também me parece uma boa solução, se bem que prefiro de longe a perceria com o Brasil, falamos a mesma lingua, entendemo-nos melhor.

De resto concordo com o que é dito antes pelo Ornub e Lusitanian, temos que nos virar para o mar, e Lusofonia, isso parece-me lógico, esta UE está-nos a chutar, é bem que tenhamos noção disso.
....e garantir que as zonas onde eles possam estar sejam mesmo nossas.  :wink:
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: PCartCast em Abril 15, 2011, 12:33:32 pm
Citação de: "Cunha"
Em relação ao Petroleo ou Gás na nossa ZEE, Portugal antes de abrir a boca que tem gás, petróleo ou seja o que for tem que em primeiro lugar dotar-se do conhecimento técnico para o extrair pelos seus próprios meios. Sendo assim,a estratégia de por a Galp no Brasil com a Petrobras parece-me boa. O pais tem que ter quadros para dominar as tácticas correntes de extração, seja por plataformas fixas, semi-submersiveis tensionadas ou não, ou os sistemas FPS-Floating Production Systems. Uma possivel joint-venture com os Noruegueses também me parece uma boa solução, se bem que prefiro de longe a perceria com o Brasil, falamos a mesma lingua, entendemo-nos melhor.

De resto concordo com o que é dito antes pelo Ornub e Lusitanian, temos que nos virar para o mar, e Lusofonia, isso parece-me lógico, esta UE está-nos a chutar, é bem que tenhamos noção disso.

O que temos já é do conhecimentos geral :(. Temos petróleo em poucas quantidades no Alentejo, temos petróleo na zona da Batalha, temos gás natural na costa Algarvia e provavelmente algum petróleo também, e é possível que também haja alguma coisa na costa Vicentina (Alentejo). O problema é que a maioria destes sítios geológicos é de rentabilidade duvidosa...

Quanto ao Know-How, concordo plenamente, infelizmente, pelo menos na Batalha, a concessão foi atribuída a um grupo Canadiano, em detrimento da Galp. No Alentejo apenas o Joe Berardo mostrou algum interesse.... infelizmente ele não tem o Know-How para tal.

Apenas nos resta esperar.

De qualquer forma estamos a falar de quantidades tão limitadas que pouco ou nada conseguem fazer para contribuir positivamente para o PIB português numa situação de crise como a que estamos a viver. Não é nada comparado com as reservas do Mar do Norte exploradas pela Noruega e Reino Unido.

Apesar de haver muito pessoal a choramingar com o imposto na factura da electricidade, acho que Portugal tem todas as condições para se tornar um player a nível das renováveis..... Se houver investimento claro.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: FoxTroop em Abril 15, 2011, 09:41:38 pm
Vale de muito o petróleo e o gás quando não se tem a capacidade mínima para alimentar a própria população. Agradeçam à múmia que agora está em Belém e à corja que depois o sucedeu até aos dias de hoje.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Camuflage em Novembro 06, 2011, 01:42:00 pm
Ainda não houve mais nenhum conjunto de reflexões do José Manuel Ribeiro? Parece-me ser um individuo sensato e com cabeça, tenho curiosidade em ler mais algo do mesmo estilo que a publicação no inicio deste tópico.
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: PereiraMarques em Novembro 06, 2011, 08:25:19 pm
Reformou-se da Administração Pública. Se já nessa altura nem tinha "presença" na Comunicação Social...agora é apenas mais um "reformado"...

Citar
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Caixa Geral de Aposentações, I. P.

Aviso n.º 3892/2011

Em cumprimento no disposto no artigo 100.º do Decreto-Lei n.º 498/72,
de 9 de Dezembro (Estatuto da Aposentação), torna-se pública a lista dos
aposentados e reformados a seguir identificados que, a partir do próximo
mês de Março, ou desde as datas que se indicam, passam a ser abonados
da respectiva pensão pela Caixa Geral de Aposentações:

(...)

JOSÉ MANUEL DELGADO FÉLIX RIBEIRO --- TÉCNICO SUPERIOR --- DEP PROSPECTIVA PLAN E RELAÇÕES INTERN --- € 2 752,03

http://dre.pt/pdf2sdip/2011/02/026000000/0679806818.pdf (http://dre.pt/pdf2sdip/2011/02/026000000/0679806818.pdf)
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Dezembro 03, 2011, 12:58:32 pm
Para ver com muita atenção. Como é possível que se tivesse perdido tanto tempo? Reparem na comparação geológica com o Canada. Reparem a que profundidade (e quantos) furos é que já cá se fizeram. Não seria uma autêntica prioridade nacional investir maciçamente nestas prospecções?

 :arrow:  http://sicnoticias.sapo.pt/programas/ex ... 046199.ece (http://sicnoticias.sapo.pt/programas/expressodameianoite/article1046199.ece)
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: typhonman em Dezembro 03, 2011, 02:22:32 pm
Aqui a política tem sido "ligar-nos" a Bruxelas, pois supostamente somos "Europeus" e não "Atlânticos".... :N-icon-Axe:
Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: Jorge Pereira em Dezembro 07, 2011, 11:46:50 pm
Citar
Atlântico: um novo corredor energético?


As notícias da morte geopolítica do Atlântico, em favor do Pacífico, poderão ser exageradas. Isto porque as maiores descobertas e crescimento de novos produtores de petróleo e gás situam-se no corredor Atlântico.

Vamos a factos. Primeiro, o Brasil. Está previsto que a Petrobras ultrapasse a Chevron na produção de petróleo em 2020 (como afirmou o CFO Barbassa em declarações à Forbes). Além disso, a empresa brasileira já é a oitava maior do mundo em termos de reservas de petróleo. Se às reservas de combustíveis fósseis, juntarmos a produção de biocombustível, o Brasil já é um ator por demais significativo na oferta energética de combustíveis líquidos e gasosos.

E se a este factor, aliarmos a crescente competência tecnológica da Petrobras na exploração petrolífera em águas ultra-profundas, estamos perante a emergência da potência energética hegemónica da América do Sul, que paulatinamente está a ultrapassar a PDVSA, ficando a Venezuela condicionada pela vontade de Brasília. Além disso, o Brasil é um produtor não alinhado com a OPEP.

Segundo, a África Ocidental, uma costa riquíssima em gás natural. Os maiores produtores desta fonte energética são a Nigéria e a Guiné-Equatorial. E, por sua vez, Angola é o terceiro maior produtor de petróleo da África Ocidental, liderando a Nigéria este ranking. Mas o território marítimo angolano também possui grandes quantidades de gás.

Com efeito, este conjunto de países tem planeado um portefólio de investimentos com vista a criar infra-estruturas de Gás Natural Liquefeito (GNL), o qual é transportado por via marítima. Além disso, os países desta faixa geográfica também ainda possuem um potencial inexplorado na produção de biocombustíveis sustentáveis.

Terceiro, o Ártico. O inevitável aquecimento global irá resultar no degelo da calota polar, desbravando novas rotas marítimas e novos territórios para exploração de recursos. Com efeito, é um processo já em curso na Gronelândia, cujas primeiras geoanálises mostram que será uma nova potência energética no século XXI. Atentos a esta tendência, estão a esgrimir-se disputas de direito internacional sobre a fronteira do Atlântico Norte com o Oceano Ártico entre a Noruega e a Rússia que serão críticas para a soberania sobre os recursos da plataforma submarina.

Ibéria possui 40% da capacidade europeia de GNL…

Quarto, a Península Ibérica. Cerca de 40% das infra-estruturas de armazenamento de GNL da Europa estão localizadas entre Portugal e Espanha. Isto não só significa que a Ibéria pode afirmar-se como um canal alternativo de abastecimento de gás natural para o centro da Europa, face à Rússia, mas também mitigar a extrema dependência energética do fornecimento via gasoduto da Argélia.

Além disso, o custo do recurso será potencialmente mais baixo, se for adquirido em mercado spot, dada a abundância existente no mercado (em virtude das reservas de gás de xisto dos EUA). Com efeito, poderá pensar-se na criação de um mercado spot de GNL na Península Ibérica, potenciando assim as excelentes condições de atracagem de navios de grande porte da costa portuguesa, em Sines, o porto com águas mais profundas da Europa.

…e os EUA querem libertar-se do Médio Oriente

Quinto, a vontade dos EUA em mitigar a dependência de petróleo e gás proveniente do Médio Oriente através de uma estratégia combinada de aumento da produção endógena (um exemplo é o gás de xisto) e da diversificação de importações de países localizados no Atlântico Sul.

Sinal desta nova orientação geopolítica dos EUA na área de energia é a criação do Bureau of Energy Resources, o organismo de diplomacia energética directamente ligado a Hillary Clinton. Dentro desta linha, ainda no capítulo do gás de xisto, convém notar que os EUA estão muito ativos na promoção da exploração do recurso na Polónia, de forma a mitigar a influência russa naquele país (orientação não seguida pela Alemanha, que tenta ilegalizar o shale gas na UE).

As cartadas geopolíticas da novas energias deep offshore…

Sexto, o potencial por explorar dos recursos energéticos não convencionais em águas ultraprofundas, como os hidratos de metano (gás natural contido dentro de gelo localizado nas profundezas submarinos). Segundo as análises recentes derivadas da Missão para a Extensão da Plataforma Continental Portuguesa, o nosso leito submarino é rico (o Japão vai começar perfurações experimentais no próximo ano).

Por outro lado, uma análise recente do World Energy Council, com base em informação da empresa Schumberger, também aponta um potencial significativo de reservas de shale gas no offshore português, quase equivalente aos valores da Europa Central. A par deste recursos, também existem informações sobre abundância de metais raros no fundo submarino português, muito importantes para a construção de equipamento de energias renováveis e de eficiência energética.

….e do alargamento do canal do Panamá

Sétimo, o alargamento do canal do Panamá previsto para conclusão em 2014, que permitirá a passagem de super-petroleiros e de navios-tanque de GNL. Esta rota poderá afirmar-se como uma excelente alternativa à rota do Indo-Pacífico para abastecimento de petróleo e gás à China, pois evita os chokepoints dos estreitos de Malaca e da Somália, chagados pela pirataria. Portugal possui aqui uma vantagem geoestratégica devido à sua localização geográfica e as já mencionadas condições de atracagem de águas profundas.

Face a este cenário, fica claro que a morte anunciada do Atlântico só irá acontecer se os políticos ocidentais assim o quiserem. A China está atenta a esta tendência. Não é por acaso que a estatal chinesa Sinopec está super-ativa no controlo de recursos na costa brasileira e na costa africana.

E aqui há uma janela de oportunidade única para a afirmação do espaço lusófono como uma importante rede de mercados críticos para a segurança energética da economia global, tanto na dimensão dos recursos como tecnológica. Portugal, em parceria com Brasil e Angola, deveria promover esta visão estratégica através da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Ruben Eiras

É responsável pelas Relações Sistema Científico da Galp Energia. Licenciado em Sociologia do Trabalho. Tem um Mestrado Executivo Sistemas Sustentáveis de Energia do MIT-Portugal. É doutorando em Política de Segurança Energética – Cooperação Portugal-Brasil, pelo ISCTE-IUL e pela Academia Militar, na área de História, Defesa e Relações Internacionais. É membro do Grupo de Estudos «Brasil e o Atlântico», do Instituto de Defesa Nacional. Pode ser contactado em reiras@gmail.com

Fonte (http://http)

Título: Re: Reflexões Geoestratégicas de José Manuel Félix Ribeiro
Enviado por: PereiraMarques em Outubro 26, 2012, 10:18:50 pm
Prova de Doutoramento em Relações Internacionais
Especialidade em Globalização e Ambiente

José Manuel Delgado Félix Ribeiro

Título: " Os Estados Unidos da América, a Globalização e o "Mundo do Pacífico" - 1979 - 2009"

Quando: 2012-11-28, das 10:00 até às 12:00
Onde   : Sala Multiusos 1 8 Edíficio ID, Piso 0

http://www.fcsh.unl.pt/provas-academica ... acionais-2 (http://www.fcsh.unl.pt/provas-academicas/prova-de-doutoramento-em-relacoes-internacionais-2)

Disclaimer: Julgo que este trabalho não será propriamente a Tese de Doutoramento, mas sim o Trabalho de Projecto realizado no final do primeiro ano do Doutoramento. A confirmar junto do secretariado do Departamento do Estudos Políticos da FCSH/UNL e/ou do Núcleo de Doutoramento da mesma instituição.