Se o infante D. Afonso não tivesse morrido, ele seria o provavel sucessor do trono de Castela e Leão e do trono de Aragão.
No entanto, tal possibilidade estaria sempre condenada ao fracasso.
Isabel a Católica morreu em 1504.
Fernando de Aragão, como rei de Aragão e ao mesmo tempo regente de Castela e Leão morreu em 1516.
O Principe D. Afonso teria 41 anos de idade e já seria viuvo, tendo-se quebrado o elo principal com a filha dos reis católicos. Fernando de Aragão teria tido 20 anos para garantir que não havia sucessão por aí.
A Coroa de Aragão e a sua nobreza e burguesia eram ferozmente contrários à influência portuguesa numa futura monarquia ibérica, porque ela moveria os interesses de uma potencial coroa ibérica do mediterrâneo para o atlântico. Os interesses da Coroa de Aragão estão no mediterrâneo e Fernando de Aragão nem quer ouvir falar do Atlântico.
Aliás, os conflitos de interesse entre castelhanos e aragoneses estiveram a ponto de acabar com a união dos Reis Católicos, que foi salva apenas por um avatar da História.
Os catalães/aragoneses eram profundamente odiados pelos castelhanos e os castelhanos tinham mais ódio aos catalães que aos portugueses.
Mas perante o colapso, os dois países aceitaram o imperador austríaco Carlos V como seu monarca.
Se houvesse uma possibilidade de um monarca português ser rei de Aragão, era mais provável que a nobreza e burguesias da Coroa de Aragão preferissem não fazer parte dessa realidade politica. Eles teriam provavelmente passado a ser um dos reinos de Carlos V e acabariam sob influência francesa.
Também é difícil prever que os castelhanos aceitassem durante muito tempo um monarca português.
Isso implicava um país dirigido para o atlântico, e daí uma redução de poder da nobreza e da burguesia castelhanas, que sempre tiveram uma mentalidade continental.
Isto aplica-se também à possibilidade de a rainha Juana ter sido rainha de Castela, o que colocaria o rei de Portugal no trono.
Neste caso, a questão de Aragão nunca se teria colocado, mas o problema dos conflitos de interesse acabariam sempre por vir ao de cima.
O que evitou os conflitos entre Castela e Aragão, foi o facto de se ter dividido as esferas de interesses dos dois reinos. Aragão controlava o mediterrâneo e Castela ficava com o exclusivo do comércio com as Américas. Só quando se formou a Espanha em 1700, é que pela primeira vez os aragoneses tiveram o direito a uma parte das Américas.
No caso de um hipotético reino de Portugal e Castela e Leão a divisão teria sido mais complicada, embora também pudesse ser feita.
Mas o dinheiro que a Coroa de Castela gastou para sustentar os exércitos de mercenários de Carlos V, não teria sido gasto. O dinheiro acabaria nos cofres da Coroa.
E o rei, não ia ficar numa cidade minúscula como Madrid (que só foi declarada sede da corte em 1561 e que em 1520 teria entre 30.000 a 40.000 habitantes), quando podia estabelecer a corte em Lisboa, que além disso era a sua terra. Castela nunca aceitaria um papel secundário.
A união estaria por isso votada ao fracasso.