Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'

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FoxTroop

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #60 em: Janeiro 06, 2020, 02:27:43 pm »
Eu não vejo as coisas assim tão negras para os americanos.
Este ataque não será antes uma afirmação de força de que se se meterem com os americanos (ataque à Embaixada Americana no Iraque), Trump não baixa as orelhas como o Obama? Depois deste acto, mesmo para quem está do outro lado, tem alguma dúvida neste momento, de que se aquela cabecinha laranja lhe apetecer, ataca mesmo o Irão, com ou sem apoios? E este acto não é um aviso para outros países?

Isto nada teve a ver com o ataque à embaixada nem com nada que se parecesse. Aliás, o silêncio, seguido por uma catadupa de explicações e justificações mal amanhadas para este movimento apenas reforçam a tese de que foi um acto, que apanhou praticamente toda a gente de surpresa e que visa, acima de tudo, levar o Irão a uma acção que justifique uma guerra.

Os iranianos, que estavam a braços com manifestações internas, acabam a ver novamente a sociedade unida. Também perderam toda e qualquer esperança de uma coexistência pacifica e civilizada com o Ocidente (sim, a Europa vai comer por tabela), que tratados ou acordos feitos connosco não valem sequer o papel onde foi assinado e que não há razão onde não há força. A nuclearização do Irão, a que se seguirá a da Arábia Saudita, Turquia e Egipto, é algo que eu adquiro como certo, depois disto.

No Iraque, é transversal a sunitas e xiitas um sentimento de profundo desrespeito pelo país e, acima de tudo, por algo que é quase sagrado para eles, as suas regras de sociedade, pois um convidado que até veio a Bagdad a pedido da Trump, segundo as declarações do PM iraquiano, foi morto na sua própria casa. Existem poucas maneiras de ofender mais os gajos que isso e, numa altura em que a influência americana na politica iraquiana está a degradar-se, isto foi uma espécie de golpe final. A exigência para que as tropas americanas saiam do Iraque e o corte com as empresas americanas que estavam a engordar à grande no país, vai ser uma bênção para empresas russas, chinesas, turcas e afins.

Quanto a quem está do outro lado, o sinal é claro, estes tipos não respeitam nada nem ninguém, a única coisa que os mantem em sentido é um bom arsenal e a vontade de o usar se necessário. Coreia do Norte ninguém os chateia, os americanos berram, dizem que fazem e acontecem, mas a realidade é que com a bomba e vectores para a colocar onde é preciso, a coisa não passa mesmo de berreiro.

Foxtroop,

https://foreignpolicy.com/2020/01/03/petraeus-on-qassem-suleimani-killing-says-trump-helped-reestablish-deterrence/

A verdade é que a questão do que fazer com o Soleimani não é nova e já vem desde 2008 (no mínimo). Uma série de erros da administração Trump tinham criado uma falsa impressão no Irão de que agora era uma boa altura para pressionar ainda mais os americanos no Iraque (depois de ataques a navios, e a instalações petrolíferas, e ataques a forças americanas no Iraque a aumentar de frequência). O objectivo (discutível) é reestabelecer uma capacidade de dissuasão. O racional é de que o Irão está numa posição frágil interna e que aplicando força a nível externo, o regime pode ser pressionado a negociar com os EUA.
A mim parece-me uma ideia mal pensada. E o facto de o Secretário de Estado americano ficar surpreendido com a reacção dos aliados europeus mostra ainda mais que o nível de QI da administração Trump fica uns bons degraus abaixo da média americana...
No entanto, como os EUA catalogam a força Quds como organização terrorista, não há necessidade de avisar o Congresso, e nesse sentido o assassinato é também complicado de enquadrar em termos de direito internacional.

Capacidade de dissuasão ou pressionar o Irão a negociar matando o gajo que foi chamado para ajudar a arrefecer a escalada de tensão?!! Se o Irão podia estar numa posição frágil interna, o que isto teve como efeito foi justamente o contrário. O Irão não é um país tribal, tipo manta de retalhos em que se mata um cabecilha e aquilo cai no caos, como na Líbia. É uma sociedade com milhares de anos, uma história imperial riquíssima e com um sentimento de pertença e identidade muito forte, independentemente de se ser xiita, sunita, zoroastreu, judeu, etc. Este tipo de actuação apenas reforça o sentimento de união dentro da sociedade iraniana.

Quanto a administração ter catalogado A, B ou C de terrorista, as coisas, até este momento, não funcionavam assim. Com este precedente, o que impede os chineses, ou os russos, de catalogarem qualquer um como terrorista e actuarem num qualquer país de forma aberta? Para mais um gajo que não tinha nenhum mandato internacional sobre ele, era alto quadro de um país reconhecido com al e portava passaporte diplomático, além de se encontrar em missão diplomática? O potencial merdistico disto é enorme, daí que todos os países até ao momento, com a excepção do costume, tenham criticado. Quantos diplomatas estarão agora a pensar no facto de se terem tornado alvos válidos? Isto não tem ponta por onde se lhe pegue e é um rude golpe para qualquer tentativa de levar aquela zona para a nossa esfera de influência, para felicidade de chineses e russos.


PS: lembrei-me agora de uma: A não ser que o Trump tenha realizado que a única maneira de tirar as tropas do Iraque fosse fazer uma merda tão grande que não deixe outra alternativa que por a mochila às costa e bye bye.




 
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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #61 em: Janeiro 06, 2020, 03:25:20 pm »
Eu não vejo as coisas assim tão negras para os americanos.
Este ataque não será antes uma afirmação de força de que se se meterem com os americanos (ataque à Embaixada Americana no Iraque), Trump não baixa as orelhas como o Obama? Depois deste acto, mesmo para quem está do outro lado, tem alguma dúvida neste momento, de que se aquela cabecinha laranja lhe apetecer, ataca mesmo o Irão, com ou sem apoios? E este acto não é um aviso para outros países?

Isto nada teve a ver com o ataque à embaixada nem com nada que se parecesse. Aliás, o silêncio, seguido por uma catadupa de explicações e justificações mal amanhadas para este movimento apenas reforçam a tese de que foi um acto, que apanhou praticamente toda a gente de surpresa e que visa, acima de tudo, levar o Irão a uma acção que justifique uma guerra.

Os iranianos, que estavam a braços com manifestações internas, acabam a ver novamente a sociedade unida. Também perderam toda e qualquer esperança de uma coexistência pacifica e civilizada com o Ocidente (sim, a Europa vai comer por tabela), que tratados ou acordos feitos connosco não valem sequer o papel onde foi assinado e que não há razão onde não há força. A nuclearização do Irão, a que se seguirá a da Arábia Saudita, Turquia e Egipto, é algo que eu adquiro como certo, depois disto.

No Iraque, é transversal a sunitas e xiitas um sentimento de profundo desrespeito pelo país e, acima de tudo, por algo que é quase sagrado para eles, as suas regras de sociedade, pois um convidado que até veio a Bagdad a pedido da Trump, segundo as declarações do PM iraquiano, foi morto na sua própria casa. Existem poucas maneiras de ofender mais os gajos que isso e, numa altura em que a influência americana na politica iraquiana está a degradar-se, isto foi uma espécie de golpe final. A exigência para que as tropas americanas saiam do Iraque e o corte com as empresas americanas que estavam a engordar à grande no país, vai ser uma bênção para empresas russas, chinesas, turcas e afins.

Quanto a quem está do outro lado, o sinal é claro, estes tipos não respeitam nada nem ninguém, a única coisa que os mantem em sentido é um bom arsenal e a vontade de o usar se necessário. Coreia do Norte ninguém os chateia, os americanos berram, dizem que fazem e acontecem, mas a realidade é que com a bomba e vectores para a colocar onde é preciso, a coisa não passa mesmo de berreiro.

Foxtroop,

https://foreignpolicy.com/2020/01/03/petraeus-on-qassem-suleimani-killing-says-trump-helped-reestablish-deterrence/

A verdade é que a questão do que fazer com o Soleimani não é nova e já vem desde 2008 (no mínimo). Uma série de erros da administração Trump tinham criado uma falsa impressão no Irão de que agora era uma boa altura para pressionar ainda mais os americanos no Iraque (depois de ataques a navios, e a instalações petrolíferas, e ataques a forças americanas no Iraque a aumentar de frequência). O objectivo (discutível) é reestabelecer uma capacidade de dissuasão. O racional é de que o Irão está numa posição frágil interna e que aplicando força a nível externo, o regime pode ser pressionado a negociar com os EUA.
A mim parece-me uma ideia mal pensada. E o facto de o Secretário de Estado americano ficar surpreendido com a reacção dos aliados europeus mostra ainda mais que o nível de QI da administração Trump fica uns bons degraus abaixo da média americana...
No entanto, como os EUA catalogam a força Quds como organização terrorista, não há necessidade de avisar o Congresso, e nesse sentido o assassinato é também complicado de enquadrar em termos de direito internacional.

Capacidade de dissuasão ou pressionar o Irão a negociar matando o gajo que foi chamado para ajudar a arrefecer a escalada de tensão?!! Se o Irão podia estar numa posição frágil interna, o que isto teve como efeito foi justamente o contrário. O Irão não é um país tribal, tipo manta de retalhos em que se mata um cabecilha e aquilo cai no caos, como na Líbia. É uma sociedade com milhares de anos, uma história imperial riquíssima e com um sentimento de pertença e identidade muito forte, independentemente de se ser xiita, sunita, zoroastreu, judeu, etc. Este tipo de actuação apenas reforça o sentimento de união dentro da sociedade iraniana.

Quanto a administração ter catalogado A, B ou C de terrorista, as coisas, até este momento, não funcionavam assim. Com este precedente, o que impede os chineses, ou os russos, de catalogarem qualquer um como terrorista e actuarem num qualquer país de forma aberta? Para mais um gajo que não tinha nenhum mandato internacional sobre ele, era alto quadro de um país reconhecido com al e portava passaporte diplomático, além de se encontrar em missão diplomática? O potencial merdistico disto é enorme, daí que todos os países até ao momento, com a excepção do costume, tenham criticado. Quantos diplomatas estarão agora a pensar no facto de se terem tornado alvos válidos? Isto não tem ponta por onde se lhe pegue e é um rude golpe para qualquer tentativa de levar aquela zona para a nossa esfera de influência, para felicidade de chineses e russos.


PS: lembrei-me agora de uma: A não ser que o Trump tenha realizado que a única maneira de tirar as tropas do Iraque fosse fazer uma merda tão grande que não deixe outra alternativa que por a mochila às costa e bye bye.

A questão é que isto foi pensado pelo Departamento de Defesa há mais de uma década. Quando se iniciou a guerra com o ISIS li uma entrevista de um general americano que já tinham pensado fazer o mesmo na altura devido ao número de mortes de americanos por causa dos ataques das milicias xiitas financiadas pelo Irão e pelas forças Quds.
Isto não foi um assassinato que veio do nada. Além disso, o Soleimani, devido ao poder que detinha na estrutura hieráriquica do Irão, tinha alguns inimigos poderosos no próprio Irão que até podem ter colaborado no seu assassinato, por acharem que este se estava a tornar demasiado poderoso dentro do país. Além disso, desde quando é que o Soleimani tentou arrefecer seja o que fosse? O Irão tem beneficiado com a escalada de tensão no Médio Oriente e pretende continuar a sua ascenção sobre esta área geográfica.


Eu não defendo a atitude dos EUA, e acho que até é contraproducente para os seus interesses na região (o nosso amigo laranja tem o dom de dar tiros nos pés), mas que os americanos até têm mais de uma década de motivos e de ressentimento para mandar o Soleimani pelo ar, lá isso têm.

Quem já se ofereceu para ocupar o papel dos EUA foi a China:
https://iraq.liveuamap.com/en/2020/6-january-iraqs-prime-minister-adil-abdul-almahdi-receives
 

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mafets

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #62 em: Janeiro 06, 2020, 11:29:18 pm »
Citação de: Lusitan
Eu não defendo a atitude dos EUA, e acho que até é contraproducente para os seus interesses na região (o nosso amigo laranja tem o dom de dar tiros nos pés), mas que os americanos até têm mais de uma década de motivos e de ressentimento para mandar o Soleimani pelo ar, lá isso têm.

Agora fiquei confuso (não que gostasse do homem em questão, mas existem situações que me fazem confusão à cabeça). Mas o Soleimani já não fazia parte dos Guardas da Revolução quando os SU25 dos citados aterraram no Iraque, com o Isil às portas de Bagdad (vulgo quando os Guardas da Revolução lutaram ao lado de todos os que estavam no Iraque, americanos incluídos)? É que 2014 foi à 6 anos (ou será que os americanos não viram este arsenal todo no Iraque?

1,500 Basijis
7 Sukhoi Su-25s
47 F-4 Phantom IIs
Mohajer-4, Ababil & Shahed 129drones)  ...

https://www.bbc.com/news/world-middle-east-28125687



https://en.wikipedia.org/wiki/Iranian_intervention_in_Iraq_(2014%E2%80%93present)


Citar
https://nypost.com/2014/11/05/mysterious-iranian-general-leads-iraqs-military-to-victory-over-isis/

Saudações
« Última modificação: Janeiro 06, 2020, 11:32:55 pm por mafets »
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/
 

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Lightning

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #63 em: Janeiro 07, 2020, 09:37:27 am »
Pelo que vi de comentadores na TV, resumo isto em dois pontos, um é que o homem já estava à muito tempo na lista negra dos EUA, por isso era uma questão de tempo e oportunidade.

Segundo, aproximam-se as eleições nos EUA e o Trump precisa de vitórias militares, arranjar inimigos externos, etc, por isso foram à lista e o nome que acharam melhor foi esse.

A questão para mim é, será que foi mesmo o melhor nome que podiam ter arranjado?
Será que ganhar as eleições americanas vale hostilizar o Irão que com a resposta vai criar mais caos no médio-oriente?

Área de actuação do Irão

« Última modificação: Janeiro 07, 2020, 09:41:20 am por Lightning »
 

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #64 em: Janeiro 07, 2020, 10:15:16 am »
Trump e racionalidade não combinam
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Luso

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #65 em: Janeiro 07, 2020, 11:15:26 am »
- Quem beneficia mais com o sucedido, e quem fica com o odioso da questão?

Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Viajante

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #66 em: Janeiro 07, 2020, 11:55:47 am »
- Quem beneficia mais com o sucedido, e quem fica com o odioso da questão?

Israel; EUA!
 

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Lusitan

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #67 em: Janeiro 07, 2020, 12:48:58 pm »
Citação de: Lusitan
Eu não defendo a atitude dos EUA, e acho que até é contraproducente para os seus interesses na região (o nosso amigo laranja tem o dom de dar tiros nos pés), mas que os americanos até têm mais de uma década de motivos e de ressentimento para mandar o Soleimani pelo ar, lá isso têm.

Agora fiquei confuso (não que gostasse do homem em questão, mas existem situações que me fazem confusão à cabeça). Mas o Soleimani já não fazia parte dos Guardas da Revolução quando os SU25 dos citados aterraram no Iraque, com o Isil às portas de Bagdad (vulgo quando os Guardas da Revolução lutaram ao lado de todos os que estavam no Iraque, americanos incluídos)? É que 2014 foi à 6 anos (ou será que os americanos não viram este arsenal todo no Iraque?

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https://nypost.com/2014/11/05/mysterious-iranian-general-leads-iraqs-military-to-victory-over-isis/

Saudações

Estás a olhar para a árvore sem notar a floresta em redor. Uma colaboração pontual para manter um governo no Iraque não quer dizer que tivessem os mesmos objectivos. Além disso, como ficou provado na Síria, os iranianos sem o domínio aéreo não raramente se mostraram superiores ao ISIS. Sem os russos na Sìria e os americanos no Iraque, os iranianos teriam sérias dificuldades em controlar o avanço do ISIS.
 

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Lusitan

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #68 em: Janeiro 07, 2020, 12:54:19 pm »
Pelo que vi de comentadores na TV, resumo isto em dois pontos, um é que o homem já estava à muito tempo na lista negra dos EUA, por isso era uma questão de tempo e oportunidade.

Segundo, aproximam-se as eleições nos EUA e o Trump precisa de vitórias militares, arranjar inimigos externos, etc, por isso foram à lista e o nome que acharam melhor foi esse.

A questão para mim é, será que foi mesmo o melhor nome que podiam ter arranjado?
Será que ganhar as eleições americanas vale hostilizar o Irão que com a resposta vai criar mais caos no médio-oriente?

Área de actuação do Irão



Isto foi um enorme tiro de 155mm nos pés. Os iraquianos já pediram aos americanos para sair do Iraque. Se saírem deixam o caminho até Israel completamente aberto aos iranianos, se não saírem mergulham o Iraque em guerra e têm de mandar mais tropas para o Iraque, além de que o Estreito de Ormuz se tornará um caos.  Nem sequer me parece que seja uma boa estratégia eleitoral, uma vez que prometeu tirar os EUA das guerras do Médio Oriente e isso vai ser usado contra ele nas próximas eleições.
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #71 em: Janeiro 07, 2020, 02:24:45 pm »
Citação de: Lusitan
Eu não defendo a atitude dos EUA, e acho que até é contraproducente para os seus interesses na região (o nosso amigo laranja tem o dom de dar tiros nos pés), mas que os americanos até têm mais de uma década de motivos e de ressentimento para mandar o Soleimani pelo ar, lá isso têm.

Agora fiquei confuso (não que gostasse do homem em questão, mas existem situações que me fazem confusão à cabeça). Mas o Soleimani já não fazia parte dos Guardas da Revolução quando os SU25 dos citados aterraram no Iraque, com o Isil às portas de Bagdad (vulgo quando os Guardas da Revolução lutaram ao lado de todos os que estavam no Iraque, americanos incluídos)? É que 2014 foi à 6 anos (ou será que os americanos não viram este arsenal todo no Iraque?

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https://www.bbc.com/news/world-middle-east-28125687

https://en.wikipedia.org/wiki/Iranian_intervention_in_Iraq_(2014%E2%80%93present)



Saudações

Estás a olhar para a árvore sem notar a floresta em redor. Uma colaboração pontual para manter um governo no Iraque não quer dizer que tivessem os mesmos objectivos. Além disso, como ficou provado na Síria, os iranianos sem o domínio aéreo não raramente se mostraram superiores ao ISIS. Sem os russos na Sìria e os americanos no Iraque, os iranianos teriam sérias dificuldades em controlar o avanço do ISIS.
Desde a Revolução Islâmica conta lá as "Colaborações Pontuais" entre os EUA e Iranianos (podemos começar pelo Irangate)?

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/caso-irangate/



Espera, que fiquei confuso outra vez. Então mas os EUA e aliados não estavam no Iraque com a panóplia toda em 2016 quando o Isil chegou às Portas de Bagdad (em Maio de 2016 só tinham lá 5500, fora os meios terrestres e aéreos dentro do pais e nas bases aliadas)?

https://en.wikipedia.org/wiki/American-led_intervention_in_Iraq_(2014%E2%80%93present)


Citar
A U.S. Army M109A6 Paladin near Mosul, 16 October 2016


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A German Air Force Tornado ECR refuels near Mosul, November 2016

Cumprimentos
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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #72 em: Janeiro 07, 2020, 03:25:18 pm »
Citação de: Lusitan
Eu não defendo a atitude dos EUA, e acho que até é contraproducente para os seus interesses na região (o nosso amigo laranja tem o dom de dar tiros nos pés), mas que os americanos até têm mais de uma década de motivos e de ressentimento para mandar o Soleimani pelo ar, lá isso têm.

Agora fiquei confuso (não que gostasse do homem em questão, mas existem situações que me fazem confusão à cabeça). Mas o Soleimani já não fazia parte dos Guardas da Revolução quando os SU25 dos citados aterraram no Iraque, com o Isil às portas de Bagdad (vulgo quando os Guardas da Revolução lutaram ao lado de todos os que estavam no Iraque, americanos incluídos)? É que 2014 foi à 6 anos (ou será que os americanos não viram este arsenal todo no Iraque?

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https://www.bbc.com/news/world-middle-east-28125687

https://en.wikipedia.org/wiki/Iranian_intervention_in_Iraq_(2014%E2%80%93present)



Saudações

Estás a olhar para a árvore sem notar a floresta em redor. Uma colaboração pontual para manter um governo no Iraque não quer dizer que tivessem os mesmos objectivos. Além disso, como ficou provado na Síria, os iranianos sem o domínio aéreo não raramente se mostraram superiores ao ISIS. Sem os russos na Sìria e os americanos no Iraque, os iranianos teriam sérias dificuldades em controlar o avanço do ISIS.
Desde a Revolução Islâmica conta lá as "Colaborações Pontuais" entre os EUA e Iranianos (podemos começar pelo Irangate)?

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/caso-irangate/



Espera, que fiquei confuso outra vez. Então mas os EUA e aliados não estavam no Iraque com a panóplia toda em 2016 quando o Isil chegou às Portas de Bagdad (em Maio de 2016 só tinham lá 5500, fora os meios terrestres e aéreos dentro do pais e nas bases aliadas)?

https://en.wikipedia.org/wiki/American-led_intervention_in_Iraq_(2014%E2%80%93present)


Citar
A U.S. Army M109A6 Paladin near Mosul, 16 October 2016


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A German Air Force Tornado ECR refuels near Mosul, November 2016

Cumprimentos

https://www.nytimes.com/2020/01/03/world/middleeast/suleimani-iran-iraq-strike.html

General Suleimani did not have to be hunted; a high-ranking official of the Iranian government, he was in plain sight for years. All that was required was a president to decide to pull the trigger.

Presidents George W. Bush and Barack Obama never did. Mr. Bush’s administration made a conscious decision not to kill General Suleimani when he was in the cross hairs, and Mr. Obama’s administration evidently never made an effort to pursue him. Both reasoned that killing the most powerful general in Iran would only risk a wider war with the country, alienating American allies in Europe and the Middle East and undermining the United States in a region that had already cost plenty of lives and treasure in the past two decades.

Qual é mesmo a confusão?

https://foreignpolicy.com/gt-essay/irans-deadly-puppet-master-qassem-suleimani/

But on that January night, the choice was particularly tricky: whether or not to attack a convoy that included Qassem Suleimani, the head of Iran’s elite Quds Force—an organization roughly analogous to a combination of the CIA and JSOC in the United States.

There was good reason to eliminate Suleimani. At the time, Iranian-made roadside bombs built and deployed at his command were claiming the lives of U.S. troops across Iraq. But to avoid a firefight, and the contentious politics that would follow, I decided that we should monitor the caravan, not strike immediately. By the time the convoy had reached Erbil, Suleimani had slipped away into the darkness.
« Última modificação: Janeiro 07, 2020, 03:29:51 pm por Lusitan »
 

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mafets

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #73 em: Janeiro 07, 2020, 04:16:13 pm »
Meu caro desculpe mas não estou a ver a relação com que escrevi. O senhor era procurado? Nenhum presidente disse que sim exceptuando Trump? Ou serviu enquanto dava jeito estilo o Bin Ladim no Afeganistão contra os Soviéticos? Ok, é uma visão da questão mas tem a ver o que com as várias colaborações Irão-EUA? Não lhe chamaria floresta mas pelo menos se calhar chega ao Nível do Central Park. Já agora a confusão é como tanta tropa e tanta aeronave no Iraque e arredores dos mais diversos países mas principalmente dos EUA, deixaram o ISIL chegar a 50 Km de Bagdad (já para não falar da conquista de Mossul), a ponto de os Guardas da Revolução serem autorizados a intervir no pais?


Cumprimentos

P.S. Se o Raid tivesse sido alargado à outra margem do Golfo não se perdia nada. Existe por lá por exemplo um movimento jeitoso chamado Mabahith. Aliás o Tenente General Abdullah al-Qarni é um tipo porreirrissimo...
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Lusitan

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Re: Tempestade na Pérsia 'Achmadinejad versus o ocidente'
« Responder #74 em: Janeiro 07, 2020, 06:44:37 pm »
Meu caro desculpe mas não estou a ver a relação com que escrevi. O senhor era procurado? Nenhum presidente disse que sim exceptuando Trump? Ou serviu enquanto dava jeito estilo o Bin Ladim no Afeganistão contra os Soviéticos? Ok, é uma visão da questão mas tem a ver o que com as várias colaborações Irão-EUA? Não lhe chamaria floresta mas pelo menos se calhar chega ao Nível do Central Park. Já agora a confusão é como tanta tropa e tanta aeronave no Iraque e arredores dos mais diversos países mas principalmente dos EUA, deixaram o ISIL chegar a 50 Km de Bagdad (já para não falar da conquista de Mossul), a ponto de os Guardas da Revolução serem autorizados a intervir no pais?


Cumprimentos

P.S. Se o Raid tivesse sido alargado à outra margem do Golfo não se perdia nada. Existe por lá por exemplo um movimento jeitoso chamado Mabahith. Aliás o Tenente General Abdullah al-Qarni é um tipo porreirrissimo...

Se não percebe porque é que o ISIS chegou onde chegou é porque não anda a tomar atenção.
Desde que os americanos "devolveram" o poder aos iraquianos, a política interna tem sido dominada por grupos xiitas, alguns deles com ligações ao Irão. Estes levaram à alienação dos sunitas que dominavam a área que vai da Síria a Bagdade. Quando o ISIS avançou sobre o Iraque teve terreno fértil para recrutar milícias sunitas e até unidades inteiras do exército iraquiano com muitos sunitas a executar colegas xiitas.
https://en.wikipedia.org/wiki/Anbar_campaign_(2013%E2%80%9314)
Os americanos só começaram a intervir directamente em Junho de 2014, quando se tornou patente que o exército iraquiano estava a ponto de ser dizimado e os iranianos se preparavam para invadir o Iraque, tendo já 10 divisões junto da fronteira. A 13 de Junho de 2014 o Obama ainda dizia que não iria enviar militares americanos para o Iraque.

Eu não defendo o assassinato. Mas estando as forças Quds sancionadas como organização terrorista pelos EUA, qualquer membro desta organização é um alvo. E sim, foi o amigo Trump que colocou as forças Quds nessa lista.

Se o fosse autorizado um raid por cada merdas que vive naquela região, tinham de utilizar vários ICBMs.