CTA prevê a venda de 4 foguetes de sondagem/ano
O governo brasileiro investiu este ano cerca de R$ 1,2 milhão
no programa de desenvolvimento de foguetes de sondagem
Virgínia Silveira
São José dos Campos (SP)
Depois do sucesso do lançamento do foguete de sondagem VSB-30 em solo europeu, na semana passada, o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) trabalha para definir o modelo de transferência de tecnologia que será adotado para que a indústria assuma a sua fabricação em nível comercial. “Estamos estudando vários modelos para a transferência dessa tecnologia, que pode vir na forma de um anúncio de oportunidade ou por meio de um processo de licitação que será aberto à participação das empresas nacionais”, disse o diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), coronel aviador Wander Almodóvar Golfetto.
A fabricação de veículos de sondagem está na mira do consórcio Brasil-Espaço, formado por oito empresas do setor aeroespacial brasileiro. Segundo o diretor da Sygma Tecnologia, líder do grupo, José Carlos Argolo, o consórcio já enviou uma carta ao CTA mostrando o interesse das empresas em assumir o projeto. “A nossa estimativa inicial é que exista uma demanda de quatro foguetes de sondagem por ano, sendo dois para o mercado brasileiro e dois para exportação”, disse.
O próximo vôo internacional do VSB-30 acontece em abril próximo. O custo unitário de um foguete dessa categoria gira em torno de US$ 350 mil, sem a carga útil. O VSB-30 está praticamente sozinho no mercado. Seu concorrente mais próximo, o inglês Skylark 7, deixou de ser produzido pela British Aerospace.
A Agência Espacial Brasileira (AEB), segundo Golfetto, já definiu a verba para 2006 destinada ao projeto de industrialização dos foguetes de sondagem do CTA. O valor previsto, de acordo com o diretor, está entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. O governo brasileiro investiu este ano cerca de R$ 1,2 milhão no programa de desenvolvimento de foguetes de sondagem. Para 2006, estão previstos mais R$ 2 milhões, a ser aplicados em novas versões.
O VSB-30 é resultado de uma parceria entre o IAE e a Agência Espacial Alemã (DLR), que financiou parte do seu desenvolvimento. Trata-se de um lançador de pequeno porte (13 metros de comprimento e 2,5 toneladas) com dois estágios, estabilizado por rotação e lançado de trilho. Supera o Mach 6 (seis vezes a velocidade do som).Os veículos de sondagem são os principais meios utilizados em missões suborbitais de exploração do espaço. O VSB-30 foi projetado para transportar cargas úteis ou experimentos científicos de até 400 quilos e para permanecer por cerca de seis minutos em ambiente de microgravidade. O primeiro vôo do VSB-30 aconteceu em outubro de 2004 no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, mas a qualificação final do foguete para vôo na Europa foi aprovada em maio deste ano.
O processo de qualificação contou com uma rigorosa avaliação da Agência Espacial Européia (ESA), da Agência Espacial Alemã (DLR), Agência Espacial Sueca (SSC) e das empresas Kayser-Threde e do consórcio europeu EADS.
O primeiro lançamento internacional do VSB-30 aconteceu na última quinta-feira, a partir do Centro de Lançamento de Kiruna, na Suécia. O presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi, classificou a operação como um marco para a cooperação do Brasil com a Alemanha e para o programa espacial brasileiro.
"Agora participamos do restrito grupo de países que exportam veículos espaciais", disse. O foguete levou três experimentos científicos e tecnológicos europeus, voando a uma altitude de 263 quilômetros, durante seis minutos e 37 segundos de microgravidade. A ausência dos efeitos gravitacionais permite observar e explorar fenômenos e processos que seriam mascarados sob a influência da gravidade terrestre.
Acreditem, lá no forum:
http://www.defesabrasil.com/forum (este forum virou minha cachaça
) já há quem defenda militarizar o "bichinho".