Brasil: Potência, mas sem influência

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João Vaz

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #90 em: Outubro 20, 2010, 03:20:07 pm »
A Lebre e o Cágado



Não há regimes perfeitos, nem economias ideais. Pelo menos, nenhuma destas utopias é praticada neste planeta.
Mas há casos de sucesso. O Brasil é um deles. Essencialmente, o Brasil fez o que muitos países desenvolvidos e democráticos gostariam de ter feito. Arrumou grande parte da casa, tem as contas em dia e possui óptimas perspectivas de futuro.

Ninguém melhor do que os próprios sabem das grandezas e fraquezas da nação imensa com que foram abençoados. Os perigos inflacionistas decorrentes do rápido crescimento, o problema das taxas de juro e a necessidade de reformas no Banco Central, a corrupção endémica, etc. e tal, não são segredo, são um desafio. Mas estes são males à escala de uma potência mundial emergente. Por isso se diz no Brasil que a riqueza surripiada de noite é novamnete gerada durante o dia. Porque esta parcela exótica do Mundo está a crescer, algo que muito poucas nações, incluindo as principais, não se podem orgulhar de afirmar.

No dealbar do novo milénio, o Brasil tinha tudo para se tornar numa espécie de Venezuela gigantesca. E, no entanto, o operário nordestino de quem toda a gente suspeitava respeitou o sector privado, acalmou os investidores estrangeiros e evitou a recessão com que hoje o hemisfério Norte se debate. Com a adopção do modelo económico mais adequado e as reformas aplicadas desde Fernando Henrique Cardoso a partir da década de meados da década de 1990 foi possível uma cura parcial das fragilidades. Outra parte foi bem sucedida sob os dois mandatos de Lula na prossecução e desenvolvimento das mesmas. As potencialidades e capacidades do gigante sul-americano estão à vista. As estratégias de longo prazo e as apostas na escala nacional, de apoio social, formação e emprego foram certeiras.



Vasta força de trabalho (e de consumo) e recursos naturais abundantes, alicerces da economia sustentada, também os há noutros países, mas quantos desses são democracias?

Em resultado, o índice de produtividade brasileiro atingiu novo auge em 2009 e o crescimento da economia superou todas as expectativas.
A criação de emprego aumentou 10% em Setembro passado, em relação ao mês homólogo de 2009 e a taxa de desemprego actual é inferior a 7% e o rendimento médio real continua a crescer.  http://www.cartacapital.com.br/economia ... -oito-anos  

O sector das exportações e importações brasileiras, para além do futebol e samba, sempre foram complexas e pouco ágeis, embora tenham melhorado nos últimos anos. Na verdade, uma das principais características do crescimento económico do Brasil tem sido a sua forte sustentação na procura interna, no consumo doméstico. Isto, porque o poder de compra aumentou substancialmente com a ascenção de uma nova classe média em resultado dos estímulos dos dois últimos presidentes.

Outra característica (e reparem que nenhuma destas características foi alguma vez aplicada seriamente em Portugal) é o forte "tecido industrial" e a pujante livre-iniciativa. Apostas nacionais, públicas e privadas, que têm providenciado resultados invejáveis.
 
Isto tudo, obviamente, não nasceu da noite para o dia. Trata-se de crescimento sustentado e cada vez mais diversiicado, não se limitando a recolher os inegáveis benefícios da procura colossal da China em matérias-primas. Para além do conjunto de medidas de estímulo na última década e meia, o Brasil ainda teve a sorte de descobrir outro valioso recurso natural sob a fora de petróleo, não muito longe das suas principais regiões industrializadas. A estimativa de reservas de 8 bilhões de barris só podem ser recompensa divina... Por estas razões, o Brasil não sofreu tanto a crise económica mundial e conseguiu manter o seu motor em ritmo crescente.




Só mais uns números:
- 8.ª economia do Mundo, com tendência para subir um lugar já no próximo ano, destronando a Itália de Berlusconi.
Balança comercial positiva com superavit nas exportações
- Só no primeiro trimestre de 2010, a economia brasileira atingiu o ritmo mais elevado dos últimos 14 anos: os investimentos cresceram 7,4% e a indústria subiu 4,2%
- Crescimento do PIB nos 6 meses entre Outubro de 2009 e Março de 2010 equivalente a 11% com tendência para se manter acima dos 7% no futuro próximo. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100608_pib_brasil_fbdt.shtml

E ainda umas quantas constatações:
A crescente procura interna tem contribuído não apenas para o desenvolvimento do sector da indústria nacional, como diminui o risco recessivo que atinge as principais economias ocidentais. O Brasil não precisa de "querer ser" ocidental. Já é um país ocidental.

Integra o clube restrito do G-20 e é apontado como futuro membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que mais melhorou em competitividade em 2009. O país possui um centro de lançamento de satélites e foi o único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe responsável pela construção do Estação Espacial Internacional. O Brasil também é pioneiro nos campos da pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde 73% das suas reservas são extraídas. É ainda detentor do principal parque industrial em toda a América Latina.

Constituída como principal potência da América Latina, o Brasil exporta mais de um quarto da sua produção para países dessa região (cerca de 25,9%), alguns dos quais também têm conhecido crescimento económico nos últimos anos.

Mais info: http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E2C4C011D8E33F5700158

O mais recente relatório do nosso tão bem conhecido FMI, que nos vem aplicar a receita contra a bancarrota, tem isto a dizer do Brasil:

"Brazil's economy will likely be larger than that of Italy next year",

Two years after the onslaught of the global financial crisis, some countries in the Western Hemisphere are growing at a pace that is second only to emerging Asia, according to the latest Regional Economic Outlook from the International Monetary Fund (IMF). Growth in many economies appears to be self-sustained and based on robust domestic demand, meaning their near-term prospects are positive even if recovery in advanced economies continues to be sluggish, says the IMF's Western Hemisphere: Heating up in the South, Cooler in the North, which was launched today in Bogotá in a seminar hosted by the Central Bank of Colombia.

Real GDP in the Latin America and Caribbean region is set to expand by 5.7 percent in 2010 and 4 percent in 2011. Within the region, countries are performing at different paces. Most commodity-exporting countries in South America enjoy very favorable external conditions––high international commodity prices and easy access to international finance ––and growth in some countries is projected to exceed 7 percent this year. Central American economies have kept a positive, but more moderate rate of growth (averaging about 3 percent in 2010), reflecting their greater linkages to the slower-growing U.S. economy. For most Caribbean countries, recovery is only beginning and prospects are still limited by high levels of public debt and weak tourism demand from the U.S. and other advanced economies.

Robust Domestic Demand

One of the most significant findings of the Regional Outlook is how domestic demand has been strengthening in the fastest-growing countries in South America. For such countries, the strength and momentum of domestic demand are likely to dominate their near-term growth prospects, provided advanced economies do not suffer any major setbacks. That is a different reality from the United States, where the recovery so far has been dependent on policy stimulus.

As commodity prices are expected to remain high, the commodity-exporting countries will benefit from strong export earnings. At the same time, those with stronger fundamentals and track records of sound policies will have ample access to foreign financing on easy terms. While those economies stand to benefit from low global interest rates and increased liquidity, policymakers must be alert to the risks of excesses. "Demand needs to moderate in these countries," said Mr. Eyzaguirre, "or they may risk experiencing overheating, inflation and widening current account deficits."

The report recommends that normalization of fiscal policy be the first line of defense, with emphasis on slowing the growth in public spending from recent high rates. This will allow monetary policy to play a following role, with policy interest rates moving to neutral levels more gradually than would otherwise be needed"

(...)

"Credit cycles and new tools

This edition of the Regional Economic Outlook has a special focus on financial sector issues. In particular, the report examines and draws lessons from the recent credit cycle in Latin America—the rapid growth of bank credit that ended abruptly with the global crisis, and which is resuming again in some countries. While the region’s financial systems were generally resilient to the crisis, the goal of avoiding financial crises brought on by excesses remains as challenging as ever".


Os riscos associados são os mesmos de sempre, desde que a economia disparou.


Alguma vez uma medalha de mérito só teve uma face?
Grandes ganhos, grandes riscos. Mas atenção à capacidade de encaixe deste gigante. É que ele gera riqueza, não depende de subsídios e cresce sobre uma população economicamente activa superior a 101 milhões. O futuro está literalmente nas suas mãos. Um futuro com sotaque português.

E porque não, em vez da crítica básica, nos orgulharmos também? É que as generalizações terceiro-mundistas cómodas e auto-gratificantes são sempre redutoras. O Brasil tem vários oásis de 1º mundo por entre arquipélagos de 2º e 3º mundos. Quem conhece as principais cidades, onde tudo acontece, sente imediatamente o entusiasmo deles situação que não vejo repetida por cá – nem no sonho mais utópico.

Oportunidades e construção de um futuro sólido é o novo tempêro daquele clima tropical. Deixemos de lado a arrogância europeia, porque se chegarmos lá somos forçados a rever tudo e ainda acabamos complexados e humilhados. Esquecemos que há um Brasil que pensa (e não é só o Gabriel o Pensador), que reflecte, que cria, que tem mais mundo e mais modos do que as "elites" portuguesas. Basta ler e viajar e os exemplos desse Brasil sofisticado, culto, digno, industrioso, multiplicam-se. E depois há uma característica que eu admiro: aquela gente não se queixa, já passou por muito pior e ainda sabe que tem um caminho a percorrer, mas desfruta e vive como se já estivesse no futuro. E nós aqui, nesta saudade do que já fomos... Nunca alguém tem razão, mas há sempre alguém que vai mais longe. E logo a seguir as críticas e os agoiros dos que estão na bancada. Serve de muito.

Mais infos: http://tambem.files.wordpress.com/2009/11/screenshot014.jpg?w=600&h=447

"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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reij

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #91 em: Outubro 20, 2010, 04:37:19 pm »
temos um futuro brilhante, pela frente pessoalmente acredito que entre 2016 e 2020 estaremos na 5° ou 4° posição, mais é apenas uma opinião e esperença claro, embora os numeros possam me apioar.
 

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papatango

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #92 em: Outubro 20, 2010, 06:53:25 pm »
Reiji, os brasileiros são normalmente pessoas muito misticas e religiosas (visto do ponto de vista europeu). Isso por um lado é bom, porque a confiança é boa para a economia, mas ao mesmo tempo a tendência para acreditar em soluções milagrosas de esperança, acaba turvando a imagem do futuro.
Isto é especialmente claro em época de eleições em que os candidatos disparam a sua bateria de mentiras e distorções.

Eu não voto em nenhum candidato brasileiro, mas conheci a situação de perto, por isso afirmo que as vantagens e os sucessos económicos do governo Lula da Silva, só foram possíveis porque ele encontrou a casa arrumada e em ordem. E quem arrumou a casa foi o FHC.

Se você despejar dinheiro na economia distribuindo pelas camadas mais pobres, isso vai aquecer a economia e a actividade económica sempre.
As pessoas mais humildes compram mais comida, e depois compram frigorifico/geladeira televisão e vários electrodomésticos.

O Brasil tem a grande vantagem de ser um mercado grande e por isso as fábricas que produzem esses produtos, estão no Brasil e isso implica a criação de mais empregos nessas fábricas, o que reduz o desemprego, aumenta os salários e dá ao nível seguinte de trabalhadores da classe média e média baixa, mais dinheiro para comprar carro, para comprar casa e bens mais caros.

É o oposto do que ocorreu nos países europeus e em Portugal, que é um país pequeno e onde dar dinheiro aos mais pobre apenas aumenta as importações.
Ainda hoje, se você comparar um supermercado em Portugal ou num país europeu com um supermercado brasileiro, o que você vai notar é que a esmagadora maioria dos produtos expostos no supermercado brasileiro são fabricados ou produzidos localmente. Quem compra está a mover dinheiro dentro da economia brasileira, enquanto que aqui esse dinheiro serve para pagar uma importação.

É por isso, que se diz e com razão que o crescimento brasileiro tem sido locomovido pela procura interna.
Isto quer dizer que o empurrão à economia através da distribuição de dinheiro, é mais eficiente no Brasil, mas isso não faz com que seja uma solução duradoura.
O Brasil pode fazer isso por causa da taxas  sobre os produtos importados e também porque beneficia de uma moeda relativamente forte, criada e estruturada pelo FHC. Beneficia de produzir matérias primas e beneficiará da disponibilidade de combustíveis.
Um dos programas brasileiros mais elogiados fora do Brasil é o proalcool, e hoje fala-se do Lula e do proalcool, como se um programa que começou nos anos 70 tivesse sido criado pelo Lula e não pelo regime militar.

O Brasil beneficia também, da manutenção de leis laborais que na Europa são consideradas medievais.
A exploração dos trabalhadores agrícolas continua.
Os brasileiros nos estados mais pobres (no nordeste, mas até no interior de Minas Gerais) continuam a ganhar salários de miséria (abaixo do salário mínimo para trabalhadores agrícolas) e é isso que permite o aumento das exportações de produtos agrícolas mantendo preços competitivos.

Portanto, o que eu digo, é que nem tudo vai bem no reino de Lula da Silva.
E os principais problemas estão a ser varridos para debaixo do tapete. O varredor olha para o lado e finge que não viu nada.

E o brasileiro da classe média baixa, tradicionalmente optimista não se apercebe do que se passa e continua alegremente a votar no Lula e no Lula de saias...

Esse é o problema.
Nenhum país na face da terra alguma vez se desenvolveu com Marxistas no poder.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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João Vaz

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #93 em: Outubro 22, 2010, 12:22:38 pm »
PARTE II

A vida é injusta, já dizia o Calimero

O povo brasileiro tem sabido superar dificuldades e os últimos governos têm acertado mais do que falhado. A palavra crescer faz sentido naquela terra e também lá o português ganha nova expressão, incomparavelmente maior.

A verdade é que o Brasil alcançou uma conquista importantíssima ao apostar em si mesmo, nas suas imensas potencialidades, e é hoje não apenas culturalmente, mas financeiramente independente da influência dos EUA. Ficou por isso imune ao desastre económico recessivo das ondas de choque norte-americanas que atingiram toda a América Central, totalmente dependentes e influenciadas directamente por Washington. Pelo contrário, quase todos os vizinhos do gigante brasileiro têm melhorado substancialmente o seu crescimento económico.

Quanto à questão das condições medievais no interior produtivo brasileiro, cabe na categoria de hipocrisia básica.
Trabalho infantil e exploração abusiva da força de trabalho são itens bem conhecidos por aqui no Velho Mundo e nos EUA (já para não falar nos países de Leste, integrantes da UE, que julgo ainda serem “ocidentais”). Mostrem-me um Estado democrático integralmente “praticante” dos Direitos universais e recomendá-lo-ei para o Nobel...  
Comparado com os restantes membros ilustres dos BRIC, esse é o menor dos problemas. Poder-se-á até colocar a questão: o que é pior? Pagar muito pouco ou fazer pagar muito mais (mais conhecido como roubo tributário nos nossos célebres recibos verdes e grandioso IVA) a quem trabalha?

Aliás, se a resolução de tal problema fosse fácil, já o Fernando Henrique Cardoso (FHC) teria dado conta. Num país/continente com quase 200 milhões de almas, ainda para mais uma república federativa, nada é especialmente fácil. Daí o verdadeiro alcance do milagre brasileiro.

Vamos lá repetir-nos então: não há regimes ideais, nem modelos económicos perfeitos. Não existe neste pequeno planeta um único país imaculado. Para aqueles cuja memória selectiva os faz tropeçar em erros de interpretação básicos e facilitismos grosseiros, recordamos que os fazendeiros e coroneis do interiô já lá estavam há 10 e há 20 anos e foram bem apoiados pelos regimes anteriores, como toda a gente informada sabe. Mas não só. As empresas internacionais e estados democráticos "ocidentais" que importam do Brasil sabem e fecham os olhos aos salários praticados nessas regiões remotas onde algumas das melhores carnes do mundo são produzidas, além dos cereais e frutas. Curiosamente, nenhum governo estrangeiro parece muito incomodado com isso, sendo que é melhor haver trabalho do que o contrário, como os próprios trabalhadores que sempre durante outros regimes foram relegados o confirmam pessoalmente.

Para bom entendedor...

O Mundo mudou desde Fernando Henrique Cardoso (FHC), e o Brasil tem sabido inegavelmente tirar partido das suas potencialidades. A inteligência do Lula soube aproveitar a herança da governação antecessora. Coisa que por cá nunca se viu.

Se a situação positiva do Brasil se resumisse ao período de FHC, e houvesse hoje um Presidente/governo inábeis em Brasília, penso que não haveria resultados positivos como, por ex., uma sondagem global recente da insuspeita BBC World Service
indicando a influência do Brasil no mundo mais positiva do que a dos Estados Unidos, China, Rússia e Índia, seus competidores directos.



Outra influência directa:

Em resultado da importância económica crescente do Brasil, a língua portuguesa também é mais procurada para aprendizagem. Graças sobretudo ao gigante brasileiro e aos restantes PALOP, somos a 5.ª língua nativa do Mundo, com 240 milhões de falantes. Já é a língua mais falada no Hemisfério Sul e será uma das línguas oficiais na ONU.

O potencial de influência do Brasil cresce proporcionalmente ao ritmo do seu crescimento económico, que é imenso.
Um dos principais problemas deste planeta, a "segurança alimentar", agravado pelo inexorável aumento populacional, tem no Brasil uma solução à altura. Por isso, a liderança agrícola deve aumentar a influência internacional do Brasil. O país já se encontra entre os líderes das principais culturas. É o principal produtor de soja e o terceiro de milho (depois dos EUA e da China). É também um dos maiores produtores de café, carnes, frutas e etanol.
Com disponibilidade de terras agricultáveis, água em abundância, condições climatéricas favoráveis, domínio da tecnologia de agricultura tropical e uma agroindústria desenvolvida, o Brasil poderá chegar a 2020 como a principal potência agrícola mundial.
Mais info:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090331_brasil_agricultura_ac.shtml

Aí está mais “alguma” influência global com sotaque português.
Adiante.


Quem é Bacana?

Marx no Brasil, só se for o Groucho, o comediante. É anedota, portanto.

É sim uma das maiores democracias actuais e um dos principais casos de sucesso. Sucesso esse que se sabia iria acontecer, só não se sabia quando. O momento já chegou e está a ser muito bem aproveitado pelo gigante que fala português. As antigas ideias feitas não vingam face à realidade contemporânea. Os factos são inegáveis e os números gordos e sustentados. Entre as numerosas consequências deste sucesso estão algumas que nos deveriam fazer penar muito a nós, e especialmente aos marretas que nos desgovernam.

Uma das principais iniciativas está em curso: a recente política de modernização da indústria naval brasileira, a relação entre os sectores público e privado e o papel desta indústria no desenvolvimento económico e social do país que é a principal potência militar e económica da América Latina.


E agora, a influência pragmática: mar, músculo e metal



Crescimento e desenvolvimento andam a par no Brasil, apesar dos pesares.
Face à forte concorrência internacional, o Lula fez mais uma excelente aposta desenvolvendo o que havia de bom nas políticas anteriores e corrigindo os erros praticados durante a ditadura dos velhotes de pacotilha nos anos 70, quando o Brasil chegou a ser o segundo maior fabricante de navios.

Há aqui um detalhe importante, e revelador da comprovada fragilidade dos críticos de Lula. Um fato importante no governo anterior de Fernando Henrique Cardoso foi a tentativa de venda da PETROBRAS e a quebra na indústria como se vê nos indicadores económicos. Ora vejamos:



A falta de investimento do BNDES (Banco Nacional para o Desenvolvimento), através do Fundo de Marinha Mercante, no governo FHC até 2002 foi invertida em 2003, já no governo Lula, em que um considerável investimento motivou o relançamento da indústria naval.



Fontes: Sinaval e BNDES

Tornar a indústria naval brasileira sustentável a longo prazo é o próximo desafio. Pois o poderoso BNDES está na linha da frente da revitalização da indústria naval, que emprega hoje cerca de 50 mil pessoas directamente. A previsão é de que o número de empregos directos no setor chegue a 70 mil nos próximos 3 anos. O estímulo da indústria naval passou por linhas de crédito consideráveis para fomento da marinha mercante e da indústria de construção naval, financiando parcialmente a construção, aquisição ou conversão de navios de pesca, de apoio à indústria petrolífera, oceanográfica e de transporte de passageiros. Através do Ministério da Pesca, foi possível um financiamento para a frota de pequenos barcos.

O mesmo sucede no sector portuário, cujo plano de modernização e ampliação conheceu importantes apoios financeiros. Aquele tipo de apoio que Portugal tem sido totalmente incapaz de providenciar para si mesmo.

A indústria brasileira de petróleo terá também efeitos sobre a construção naval. As projecções indicam que a produção, estimada actualmente em cerca de 2 milhões de barris/dia, chegará aos 4 milhões de barris em 2020. Parte dos lucros respectivos serão investidos na tecnologia de processos, engenharia de projectos e modernização da produção dos estaleiros.

Deste modo, graças a uma política integral para a indústria naval brasileira, estas medidas de fomento do sector naval já estão a dar resultados (que importam e reforçam a "influência" da potência):

Este Verão foi lançado o primeiro navio construído no Estado do Rio de Janeiro para a PETROBRAS
 em 13 anos.

Na verdade, é o segundo navio lançado ao mar neste ano - o primeiro foi ao mar num estaleiro de Pernambuco. O  Estado do Rio de Janeiro já conta com 16 navios encomendados pelo PROMEF (Programa de Modernização e Expansão da Frota), com 2,2 bilhões de Reais em investimentos. O programa vai criar pelo menos 50 mil empregos no Estado, sendo 10 mil directos e 40 mil indirectos. No total, foram encomendados 49 navios.

A PETROBRAS contratou 42 navios, investimento necessário pois gastou por ano 1,2 bilhão de dólares em fretes. Vão agora inverter a situação e aplicar dinheiro na construção própria de navios nos estaleiros locais.

Não apenas navios, mas também as próprias plataformas de extracção petróleo e gás estão a ser concebidas e construídas nos estaleiros brasileiros desde 2008.  


P-51, a primeira plataforma semi-submersível construída integralmente no Brasil no estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis (RJ), em 2008

Uma das diferenças reveladoras entre dois países com vastas ZEEs e indústrias navais que já conheceram melhores dias (Brasil e Portugal) é que a grande potência do Atlântico Sul tem um PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e nós temos... vários PECs que são aquelas nódoas que conhecemos.

Já havia velhos do Restelo há 500 anos, mas meter água é mesmo connosco. Não há vassoura que varra isto.

Enfim...

No plano militar, a Estratégia Nacional de Defesa prevê a reorganização e modernização integral das Forças Armadas, apoiadas na reestruturação da indústria de defesa nos próximos 20 anos, incluindo a renovação da Marinha de Guerra verde-amarela em virtude do extenso “Plano de Articulação e de Equipamento da Marinha do Brasil” (PEAMB) formulado em 2008.

Aqui reside então a influência derradeira do Brasil.

Os objectivos são ambiciosos, mas... guess what? há dinheiro e há determinação:
Marinha, Exército e Aeronáutica vão receber investimentos na ordem de 27 bilhões de dólares ao longo dos próximos 10 anos e promete abrir um novo mercado para as indústrias nacionais, permitindo o fomento de pesquisa de materiais e equipamentos com a utilização de tecnologia nacional. O Brasil já constrói submarinos e aviões, como é sabido.
A actividade da indústria brasileira irá alargar-se em breve ao âmbito da construção naval de navios de guerra, fruto de parcerias com grandes empresas especializadas, como a britânica BAE Systems, líder global no sector da indústria da defesa, segurança e aerospacial.

Mais info: http://www.asdnews.com/news/30452/Joint_UK_Government_And_BAE_Offer_Set_To_Boost_Trade_With_Brazil.htm

Sendo que todos os novos navios serão construídos nos estaleiros brasileiros, assegurando a transferência de alta tecnologia entre a Inglaterra e o Brasil, ampliando o tipo de iniciativas ocorridas na década de 1970 com as fragatas brasileiras da classe Niteroi, construídas também em parceria com a BAE. Racionalização de custos, transferência de tecnologia e desenvolvimento da indústria naval, 3 em 1.

A nova geração de navios de superfície ao abrigo deste programa Global Combat Ship, encontra-se agora na mesa de estudo conjunta: uma variante da fragata multi-tarefas Tipo 26 da Royal Navy. Também se prevê utilização pela Marinha do Brasil do Ocean Patrol Vessel (OPV), para serviço de guarda-costeira, segurança das instalações de petróleo e gás, além de busca e salvamento. O modelo de base para desenvolvimento deste projecto é a classe River também ao serviço da Royal Navy e da Guarda-Costeira tailandesa.


Protótipo da Fragata Tipo 26

A parceria envolve igualmente a produção de navios de suporte logístico e muito provavelmente planeamentos para porta-aviões.


O velhinho São Paulo (A-12), já perto da reforma com quase 50 anos de mar

Pois é...
Deveríamos ter começado a fazer algo semelhante há uns tempos atrás, com a nossa grandiosamente pobre Estratégia dos Oceanos...

Alguém compreende, por exemplo, porque é que Sines não se tornou ainda comparável ao porto de Santos, no litoral paulista, o maior porto da América Latina?

É que justa e sensatamente, o Brasil canaliza parte do seu crescimento financeiro no desenvolvimento das indústrias do Mar para protecção dos seus recursos. O conceito é simples e o programa ambicioso, e é natural que assim seja, dada a escala da respectiva zona marítima.

Para tal, a Marinha brasileira prevê a necessidade de um conjunto sem precedentes de navios de superfície, submersíveis e meios aeronavais, abrangendo desde navios de patrulha até submarinos nucleares. Todos construídos localmente. Já foi escolhido o local do novo estaleiro/base naval, em Itaguaí no Estado do Rio de Janeiro. Já estão contratados os novos submarinos de ataque convencionais - baseados no modelo francês DCNS-Navantia Scorpène - e um submarino nuclear e a nova base de submarinos adjacente será concluída em 2013.  


Nova Base/Estaleiro Naval da Marinha em Itaguaí, RJ (já em construção)

Os objectivos colocados à Marinha brasileira no futuro próximo incluem, por ordem de prioridades:

- 4 submarinos convencionais e um nuclear
- 3 classes de navios patrulha oceânicos (200, 500 e 1.800 toneladas), também conhecidos por Ocean Patrol Vessel (OPV);   2 destas unidades de 500 toneladas ("NAPA 500") estão em construção nos estaleiros de Fortaleza, num total de 12 OPVs planeados e outros 5 de 1.800 toneladas.
- Um navio de de abastecimento/hospital (AOR)
- 3 Fragatas de escolta  (6.000 toneladas cada)
- Um navio multi-tarefas, ou Multi-Purpose Ship (LPH) de cerca de 20.000 toneladas

A longo prazo prevê-se a substituição do porta-aviões São Paulo, bem como dos seus meios aeronavais (A4-Skyhawk e de alerta AEW), assim como helicópteros para as fragatas (em lugar dos Super-Lynx).

A Marinha solicitará ainda ao Congresso o aumento dos efectivos de marinheiros e fuzileiros ampliando os actuais 55.000 homens.


Protótipo dos futuros Navios de Patrulha Oceânicos (OPV) de 1.800 toneladas


A influência do Brasil

Finalmente, está planeada a implantação do sistema de defesa da Amazônia Azul, o qual utilizará um sistema integrado de satélites, aeronaves, sensores acústicos distribuídos pelo litoral, plataformas de superfície e submarinas.



http://www.mar.mil.br/menu_v/amazonia_azul/amazonia_azul.htm

E sim, Vicente de Lisboa, até há um link relativo ao Direito Marítimo e tudo. Até porque, sabiamente, o Brasil também pretende alargar a extensão dos limites da sua Plataforma Continental.

Enfim, vale a pena reflectir. Reflectir e apostar naquela terra que enriquece a um ritmo muito mais rápido do que aquele a que nós próprios (cá na terrinha) conseguimos empobrecer.

Qual era o título do tópico, mesmo?  c34x
"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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PereiraMarques

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #94 em: Outubro 22, 2010, 02:33:38 pm »
Citação de: "João Vaz"
uma sondagem global recente da insuspeita BBC World Service

Neste caso, a BBC deu "barraca"...

 

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João Vaz

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #95 em: Outubro 22, 2010, 03:46:55 pm »
É verdade. Parece ser gralha...

(na verdade, a Islândia ou a Turquia será o 28.º membro da EU proper)

Anyway, não invalida o resultado da mesma sondagem c34x
"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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papatango

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #96 em: Outubro 26, 2010, 04:51:29 pm »
Citar
Quanto à questão das condições medievais no interior produtivo brasileiro, cabe na categoria de hipocrisia básica.

Eu não sei se me fiz perceber...

Eu vivi durante algum tempo no sul do estado de Minas Gerais, num municipio do interior, próximo da fronteira entre Minas e São Paulo.
Eu não preciso que uns senhores da BBC ou de um organismo constituido por pessoas que na melhor das hipoteses conhecem o Brasil dos postais ou então de ter feito turismo sexual no Rio de Janeiro, para me explicarem como é o Brasil real.

Um português desempregado, que recebesse subsidio de desemprego de Portugal, poderia sustentar uma pequena fazenda, porque teria dinheiro para pagar os salários que se pagam no Brasil aos trabalhadores agricolas.

Esta é a realidade de quem viveu a situação in-loco.

O Brasil é uma potência industrial desde os anos 60. Nos anos 70 os estaleiros brasileiros já tinham capacidade para construir navios de grande porte, a Embraer já produzia um avião por dia em 1973 e a industria brasileira do audio-visual já estava entre as mais importantes do mundo nos anos 70.
Nos anos 80, o Brasil era um dos principais exportadores de armas e o maior exportador de automoveis do continente depois dos Estados Unidos. Só a Volkswagen de uma assentada nos anos 80, vendeu um milhão de VW Passat para o Iraque.
Nos anos 80 a RAF adquiriu o Tucano para treinador e a Embraer começou a vender aviões para o mercado comercial norte-americano.

Nos anos 70, Henry Kissinger, afirmou sem grande espanto para ninguém «Wherever Brazil goes, Latin America will follow». Para onde for o Brasil irá a América Latina.
Não foi preciso um Lula para perceber isso. O presidente era o Geisel, mas a dimensão da economia brasileira tornava a afirmação óbvia e mesmo redundante.
Kissinger nem sabia que havia um Lula da Silva.
Lula é apenas o homem que estava ao leme, quando a conjuntura era favorável.

O crescimento económico brasileiro deve muito muito pouco a Lula da Silva. O crescimento economico brasileiro é uma inevitabilidade decorrente da demografia e da geografia.
É como olhar para o crescimento da China com espanto, esquecendo que esse crescimento (como o da India) é uma inevitabilidade pelas mesmas razões.

Mas o crescimento actual, é resultado de uma bolha, que resulta da distribuição aleatória de renda, sem qualquer plano nem organização.
É um truque, que acabará por explodir nas mãos de um qualquer governante futuro.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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João Vaz

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #97 em: Outubro 27, 2010, 05:49:03 pm »
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Um português desempregado, que recebesse subsidio de desemprego de Portugal, poderia sustentar uma pequena fazenda, porque teria dinheiro para pagar os salários que se pagam no Brasil aos trabalhadores agricolas.

Hoje já não é assim, com o Euro a apenas 2,2 Reais e o aumento do custo de vida local.

Citar
Esta é a realidade de quem viveu a situação in-loco.

Também eu vivi uma época para aquelas bandas (não as mineiras, mas as paulistas e cariocas), e mantenho-me bem informado em viagens anuais c34x



As questões demagógicas no debate económico esbarraram há muito com a situação incontornável de sucesso actual. Na verdade, foram amplamente resolvidas. quando os "mercados" e governos estrangeiros (a começar pela administração Obama em Washington) reconheceram estes facto: o dinamismo da economia brasileira no governo Lula está em plena fase de consolidação essencialmente no seu mercado interno, estímulos positivos da indústria à escala nacional e à concentração de consideráveis investimentos multinacionais – o que propicia enormes vantagens, cabalmente comprovadas na rápida reacção do país depois da mais grave crise económica internacional desde a década de 1930.

Resultado:
- bancos incentivados a ampliarem as operações de crédito
- ajustamento/aumento da massa salarial média, a queda do desemprego
- aumento da formalização do mercado de trabalho.

Não há capitalismo, nem muito menos capitalismo dinâmico, sem crédito. E não há crédito sem confiança.



Os grande mitos acerca da política económica brasileira supostamente herdada de Fernando Henrique Cardoso foram desmontados nesta década.

1) O maior dos exemplos: a PETROBRAS.
Sob FHC, esteve prevista a sua venda .
É hoje, com Lula, uma das empresas mais capitalizadas no planeta (50,2 bilhões de Euros)
As suas reservas de lucros, incentivos e lucros a realizar ultrapassaram o valor do capital social anterior e todas as expectativas positivas.
Alcançou um prestigiante  4.o lugar das maiores empresas a nível mundial em lucros e valor de mercado. Mantém-se líder mundial em tecnologia de produção de petróleo em deep-offshore.
É a ponta de lança empresarial do relançamento da indústria naval brasileira (vejam-se os meus "posts" anteriores).

Supostamente, o governo Lula teria recebido como herança uma economia sólida e sem fragilidades  :mrgreen: ).

A ascensão dos BRIC, onde o Brasil se destaca pela democracia mais estável e "ocidental" sem guerras nas vizinhanças ou conflitos diplomáticos, são casos de estudo desde há décadas. O seu sucesso era previsível, e temido, desde há muito devido às suas especiais aptidões para ganhar terreno à concorrência mais desenvolvida do resto do mundo "ocidental" assim que conseguissem arrumar as suas casas e rentabilizar os seus recursos, globalizando-os. Invocar "bolha" neste contexto é, por isso, anedótico.
 
Os dados fiáveis, as constatações factuais e o conjunto de indicadores reconhecidos já estão todos disponibilizados nos "posts" anteriores. Não vou repetir-me, como é óbvio.
"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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Cabecinhas

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #98 em: Outubro 27, 2010, 06:11:22 pm »
Código: [Seleccione]
De então para cá, a economia globalizou-se...
A economia globalizou-se na altura dos descobrimentos  :mrgreen:
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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papatango

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #99 em: Outubro 27, 2010, 10:09:48 pm »
Eu não sei se me fiz perceber...

Eu vivi durante algum tempo no sul do estado de Minas Gerais, num municipio do interior, próximo da fronteira entre Minas e São Paulo.
Eu não preciso que uns senhores da BBC ou de um organismo constituido por pessoas que na melhor das hipoteses conhecem o Brasil dos postais ou então de ter feito turismo sexual no Rio de Janeiro, para me explicarem como é o Brasil real.

Um português desempregado, que recebesse subsidio de desemprego de Portugal, poderia sustentar uma pequena fazenda, porque teria dinheiro para pagar os salários que se pagam no Brasil aos trabalhadores agricolas. Esta verdade, é do inicio do século XXI, ano de 2001 / 2002.
Continua a aplicar-se nos dias de hoje, na mesma região.


O Brasil é uma potência industrial desde os anos 60. Nos anos 70 os estaleiros brasileiros já tinham capacidade para construir navios de grande porte, a Embraer já produzia um avião por dia em 1973 e a industria brasileira do audio-visual já estava entre as mais importantes do mundo nos anos 70.
Nos anos 80, o Brasil era um dos principais exportadores de armas e o maior exportador de automoveis do continente depois dos Estados Unidos. Só a Volkswagen de uma assentada nos anos 80, vendeu um milhão de VW Passat para o Iraque.
Nos anos 80 a RAF adquiriu o Tucano para treinador e a Embraer começou a vender aviões para o mercado comercial norte-americano.


Nos anos 70, Henry Kissinger, afirmou sem grande espanto para ninguém «Wherever Brazil goes, Latin America will follow». Para onde for o Brasil irá a América Latina. E na altura, o Brasil já era parte da economia do mundo ocidental.
A Ford a Volkswagen, a General Motors em São Paulo e a FIAT em Minas Gerais eram já as maiores fábricas de automóveis do Brasil, e já exportavam veículos para toda a América Latina.
A capacidade economica do Brasil era já demonstrada, mesmo com as barreiras alfandegarias que entretanto foram sendo retiradas, para irritação de muitos argentinos, que dizem que não são capazes de competir com os baixos salários da industria brasileira.

A partir dos anos 70, altura em que o Brasil tinha a maior divida externa do mundo, as exportações sempre foram maiores que as importações. É nos anos OITENTA, quando o Figueiredo ainda era presidente, que se começa a criar o superavit. Foi a politica economica do regime de 64, que colocou freios às importações e criou condições para as exportações aumentarem. Foi proibida a importação de carros (todos os carros) do estrangeiro e de várias maquinarias, numa politica idêntica à politica de condicionamento industrial portuguesa de 1937.

Foi isto que deu dimensão à industria brasileira, para hoje pagar os impostos que sustentam a bolha do Lula.

Repito:
Lula é apenas o homem que estava ao leme, quando a conjuntura era favorável. Não foi o Lula que inventou a globalização, foi aliás um homem que lutou contra ela com todas as suas forças.

O crescimento económico brasileiro deve pouco ou nada a Lula da Silva. O crescimento económico brasileiro é uma inevitabilidade decorrente da demografia e da geografia, do tamanho do país. É por isso que em cada vaga de crescimento se afirma que o Brasil é o país do futuro.

É como olhar para o crescimento da China com espanto, esquecendo que esse crescimento (como o da India) é uma inevitabilidade pelas mesmas razões.

Mas o crescimento actual, é resultado de uma bolha, que resulta da distribuição aleatória de renda, sem qualquer plano nem organização.
É um truque, que acabará por explodir nas mãos de um qualquer governante futuro.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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João Vaz

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #100 em: Outubro 28, 2010, 01:11:49 pm »
Citação de: "Cabecinhas"

A economia globalizou-se na altura dos descobrimentos  c34x
"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #101 em: Outubro 28, 2010, 02:39:58 pm »
Uma perspectiva argentina sobre o Brasil:

7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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reij

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #102 em: Novembro 01, 2010, 02:55:09 pm »
papatango não delira, o crewscimento do brasil em todos os seus setores é sostenido, não existem bolhas especulatorias, ah estuda mais um poquinho antes de falar wquer o plano real foi criado pelo HFC, foi criado durante o governo itamar franco fernado henriuque cardoso fazia parte mais o plano em si foi desenvolvido por um grupo de economistas da UFRJ baeado na solução alemão do pos-guerra o lula sim manteve a mesma linha de pensamento do FHC "sem a parte do entreguismo", vc esta falando do que não sabe então não emitas opinião

tenha uma boa tarde
 

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reij

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #103 em: Novembro 01, 2010, 03:23:45 pm »
Citação de: "reij"
papatango não delira, o crewscimento do brasil em todos os seus setores é sostenido, não existem bolhas especulatorias, ah estuda mais um poquinho antes de falar wquer o plano real foi criado pelo HFC, foi criado durante o governo itamar franco fernado henriuque cardoso fazia parte mais o plano em si foi desenvolvido por um grupo de economistas da UFRJ baeado na solução alemão do pos-guerra o lula sim manteve a mesma linha de pensamento do FHC "sem a parte do entreguismo", vc esta falando do que não sabe então não emitas opinião

tenha uma boa tarde

e so pra constar moro no estado de tocantins no norte do brasil , ja morei em brasilia, ja morei em goiania, ja andei pelo sul do pará, sei do que falo e digo vc não sabe de nada, absoluamente nada
 

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Re: Brasil: Potência, mas sem influência
« Responder #104 em: Novembro 01, 2010, 07:11:10 pm »
Para quem sabe muito, escrever está difícil...
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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