Salvador Caetano começa a produzir peças para aeronáutica em Novembro
A Salvador Caetano inicia em Novembro a produção de peças para a indústria aeronáutica, no âmbito do contrato assinado com a Airbus, prevendo facturar 70 a 80 milhões de euros até 2018 nesta nova área de negócio.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Salvador Caetano Indústria, José Ramos, adiantou que o objectivo é obter uma facturação média anual de dez a 15 milhões de euros na área aeronáutica, o que, considerando a base actual de negócios, representará 15 a 20% da facturação da empresa.
Instalada num edifício com 7000 metros quadrados no perímetro industrial da fábrica da Salvador Caetano em Vila Nova de Gaia, a unidade de aeronáutica tem já “uma máquina montada” e aguarda a chegada das restantes em Novembro, para então arrancar a produção “em volume”.
Conforme explicou à Lusa, por sua vez, o administrador executivo da CaetanoBus, Jorge Pinto, numa primeira fase a unidade produzirá peças mecanizadas e, posteriormente, em 2014, iniciará a produção de peças estruturais em material compósito.
“Este vai ser o nosso grande salto na área da aeronáutica”, considerou, salientando que esta tecnologia vai ser, depois, adaptada à produção de peças para autocarros, que são o negócio central da CaetanoBus. As peças a produzir serão, sobretudo, para aviões militares da Airbus, mas Jorge Pinto diz existirem já encomendas “para a aviação civil”.
“É uma aposta com peso e uma nova actividade que vamos descobrir e que nos vai trazer sinergias”, salientou José Ramos, destacando que representa “um salto muito grande em termos de indústria, porque as normas de segurança” impostas nesta área são todo “um outro mundo”.
Convicto de que a aposta na área aeronáutica “é um projecto de futuro, com grandes perspectivas”, o presidente da Salvador Caetano Indústria diz ter “um significado importante por ser a primeira vez que o grupo diversifica, em termos industriais, para além da área dos autocarros e dos automóveis”.
Para além da aeronáutica, na área da indústria a Salvador Caetano tem em curso vários projectos no exterior, nomeadamente na Colômbia e na China.
Na Colômbia, José Ramos adiantou estar a ser negociada a aquisição de um fabricante local de autocarros, com o objectivo de alargar a sua produção e vir a abastecer quer o mercado colombiano, quer toda a América do Sul, para onde os direitos alfandegários tornam praticamente impossível exportar.
“A ideia é entrarmos no capital da empresa, com opção de sermos maioritários, e levar know how”, disse, revelando que o negócio deverá estar fechado “até ao final do ano” e as perspectivas apontam para que a produção local venha a superar a da Caetano Bus em Gaia. “Numa fase inicial vamos manter os modelos locais que a empresa já fabrica, mas depois queremos começar a introduzir alguns produtos nossos”, precisou o administrador da CaetanoBus. Na China, a construção da nova fábrica da Salvador Caetano – Brillance Caetano – está “em fase de conclusão” e a produção irá arrancar no final do ano.
Admitindo que “não é um mercado fácil, por questões culturais”, Jorge Pinto explicou que os autocarros da fábrica chinesa começarão por ser montados a partir de peças fabricadas em Portugal, mas o objectivo é “comprar localmente cada vez mais materiais”. Começando pelos materiais “mais volumosos, difíceis de transportar e onde há competências locais”, o que se pretende é que, dentro de alguns meses, haja “20% de incorporação chinesa”.
No próximo ano, a Salvador Caetano planeia produzir 150 unidades na fábrica na China, correspondentes a um volume de negócios de 30 milhões de euros, mas o presidente da Salvador Caetano Indústria acredita que, “daqui a uns tempos, a produção na China venha a ser superior à da Caetano Bus” em Gaia.
Trabalhadores em lay-off regressaram à fábrica em Junho
A CaetanoBus levantou o lay-off que abrangia uma centena de trabalhadores na fábrica de Gaia e vai contratar mais 120 pessoas até final do ano, devido ao desbloqueamento de negócios pendentes e a novas encomendas.
José Ramos adiantou que os primeiros trabalhadores abrangidos pela suspensão temporária do trabalho (a vigorar desde Março e que deveria durar até este mês) começaram a ser chamados em Junho, estando actualmente ao serviço os perto de 100 funcionários abrangidos.
Na base da retoma do ritmo de produção está o desbloquear de negócios pendentes em Inglaterra, o arranque de um novo projecto de miniautocarros para o Norte da Europa e uma segunda encomenda de autocarros com duas cabines (para condução nas duas direcções) para o monte de Saint-Michel, em França.
Segundo José Ramos, este acréscimo de trabalho implicará, ainda, a contratação de um total de 120 novos colaboradores até final do ano, 80 dos quais já estão ao serviço.
@ Público