CV de José Sócrates

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Jorge Pereira

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« Responder #15 em: Abril 10, 2007, 05:36:45 pm »
papatango, na minha opinião esta questão tem pouco a ver com essa tradição provinciana e parola tão portuguesa do sô doutor e do sô engenheiro.

A questão de fundo aqui é saber se um qualquer membro dum qualquer governo pelo facto de o ser, foi ou não “ajudado” a obter a dita acreditação académica, ao contrário do que acontece com um qualquer estudante desprovido dessas mesmas ajudas.

Especialmente relevante é esta questão, se repararmos que a pessoa em causa é Primeiro-ministro e como tal tem que estar acima de qualquer tipo de suspeita de favorecimento, no presente, ou no passado quando era um simples Secretário de Estado ou Ministro.

A questão dos media também me parece interessantíssima. Salvo raras excepções, todos os demais medias cobriram com um manto de silêncio esta questão. Porquê?

E se isto tivesse acontecido com o anterior governo? Como reagiriam esses mesmos media?

São sem dúvida umas boas questões para meditar.

Espero sinceramente e a bem do país que esta questão seja devidamente esclarecida.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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« Responder #16 em: Abril 11, 2007, 08:16:56 am »
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Carta aberta a José Sócrates

Vicente Jorge Silva
Jornalista

Senhor primeiro-ministro,

O pretexto oficial da sua entrevista logo à noite na RTP é fazer o balanço de dois anos de governo. Mas o pretexto verdadeiro é outro - e é esse que motiva a principal curiosidade dos portugueses, que esperam ouvi-lo falar, finalmente, sobre o atribulado folhetim das suas qualificações académicas. É um sinal dos tempos que um caso aparentemente anedótico e exterior ao seu desempenho como primeiro- -ministro acabe por sobrepor-se à apreciação da actividade governativa. Mas a história das democracias está cheia de episódios assim, por mais que lhe custe (e nos custe) admiti-lo. Goste-se ou não, o que está neste momento a ser escrutinado não é a qualidade de um Governo mas a qualidade de carácter do seu chefe. E o juízo feito sobre esse carácter acabará por influenciar decisivamente a confiança que os cidadãos depositam em si e no seu Governo.

O sr. primeiro-ministro deixou arrastar demasiado tempo um episódio que deveria ter esclarecido assim que ele se tornou público, seguindo aquele sábio princípio de quem não deve não teme (ou outros semelhantes, como o da mulher de César). A sua vitimização como alvo de uma campanha de assassínio de carácter não só não o ajudou como envenenou ainda mais o clima de suspeição que já pairava à sua volta. As canhestras tentativas de pressão de alguns dos seus assessores junto de certos media para impedir a difusão do folhetim, somadas às sucessivas correcções do seu currículo académico no site do Governo, só pioraram - só podiam ter piorado - as coisas. E à medida que se iam conhecendo novos porme- nores obscuros e pouco compreensíveis do caso, a dificuldade de explicar o que deveria ser transparente tornou-se ainda maior. Receio, por isso, que seja já tarde para uma explicação que dissipe definitivamente as nuvens que se têm avolumado.

Segui com atenção a conferência de imprensa do ministro da Ciência e Ensino Superior na passada segunda-feira, em que divulgou o despacho provisório de encerramento compulsivo da Universidade Independente (UnI). José Mariano Gago foi sagaz e inteligente, como seria de esperar dele, nomeadamente na defesa vigorosa do exemplo dado pelo agora chefe do Governo - que "voltou à escola" e se preocupou em enriquecer o respectivo percurso académico quando nada o obrigava a isso. Só que também essa intervenção apareceu tardiamente e por demais "colada" à entrevista desta noite na RTP. Além disso, tirando a explicação fornecida sobre o "buraco" existente no seu ano de licenciatura na UnI, continuámos sem perceber muitos outros pormenores bizarros e incompreensíveis do imbróglio. Permanece misterioso o facto de uma universidade que no último ano acumulou tantas situações de descalabro e se transformou num caso de polícia tenha merecido, num passado ainda muito recente, apreciações positivas por parte das inspecções escolares. Como se compreende este mergulho súbito no abismo, quando não existiam oficialmente indícios anteriores de que isso poderia ocorrer? Há aqui, com efeito, excessivas contradições e numerosas peças que não encaixam no puzzle.

O sr. primeiro-ministro vai ser entrevistado esta noite por dois jornalistas com um percurso profissional acima de toda a suspeita. Infelizmente, isso não impede que essa entrevista pareça ter sido agendada politicamente em seu exclusivo benefício e num território controlado por si. Admito que se trate de uma suposição injusta, mas é o preço da suspeita que se instalou e, também, da sua obsessão permanente em domesticar a agenda mediática - obsessão que agora se vira contra si.

Se há um lugar onde é mediada a relação entre governantes e governados, esse lugar é a Assembleia da República. E no momento em que por iniciativa do PS se anuncia uma reforma que pretende revitalizar o Parlamento, por maioria de razão deveria ser aí o sítio certo para o sr. primeiro-ministro proceder ao balanço dos dois anos de Governo e esclarecer todas as dúvidas sobre o caso que, queira-o ou não, ameaça manchar a sua credibilidade.

Quando fui seu colega como deputado do PS, propus a realização de um debate entre políticos e jornalistas, onde cada uma das partes assumisse frontalmente as suas razões e responsabilidades respectivas. Talvez se tratasse de uma iniciativa ingénua, mas teria pelo menos o mérito de clarificar os campos e separar as águas. Você e alguns dos seus amigos viram isso com maus olhos, porque, para si, há no jornalismo uma natureza pérfida que não pode ser deixada à rédea solta e tem de ser ferreamente enquadrada pelo poder político. Eu, que sempre combati o corporativismo jornalístico e a promiscuidade entre o poder político e os media, constato agora que a sua incompreensão do papel do contrapoder jornalístico numa sociedade democrática não é estranha à súbita derrapagem da sua agenda mediática. Espero, muito sinceramente, que tire conclusões proveitosas desse facto. Seria útil para si, para o seu Governo e para a saúde da democracia portuguesa.


http://dn.sapo.pt/2007/04/11/opiniao/ca ... rates.html
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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« Responder #17 em: Abril 11, 2007, 08:19:24 am »
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
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Luso

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« Responder #18 em: Abril 11, 2007, 06:28:43 pm »
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D. Carlos I, que conhecia como ninguém os portugueses, concedeu em Novembro de 1907 uma entrevista a Joseph Gaultier, do parisiense Le Temps. Questionado a respeito da nomeação de João Franco para Primeiro-Ministro, limitou-se responder: "dá-me, como Primeiro-Ministro, garantias de carácter". É tudo ! Hoje só me apetece dizer, como o outro: "mon pays me fait mal". Não sei se se trata de um mitómano, de um burlão ou de um desgraçado, mas se eu fosse Presidente da República demitia-o esta noite, sem apelo nem agravo. Sinto-me defraudado e enganado. Sinto verdadeira revolta pelo estado a que tudo isto chegou. Isto é, verdadeiramente, um enclave de sub-desenvolvimento no seio da Europa.


http://combustoes.blogspot.com/
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PereiraMarques

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Lancero

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« Responder #20 em: Abril 11, 2007, 07:37:17 pm »
Façam o esforço de ler  :?  

(acompanha o último link colocado pelo colega PereiraMarques)

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AR: Os dois registos biográficos de Sócrates aparentam ser cópia um do outro

Lisboa 11 Abr (Lusa) - Os dois registos biográficos do deputado socialista José Sócrates, de 1992 (referentes à VI Legislatura da Assembleia da República), aparentam ser cópia um do outro, mas possuem informações diferentes relativamente às suas habilitações literárias.

        Numa nota enviada à agência Lusa, hoje, de madrugada, a secretária-geral da Assembleia da República, Adelina Sá Machado, referiu que José Sócrates possuía no Parlamento dois registos biográficos em 1992.

        Os esclarecimentos da secretária-geral da Assembleia da República surgiram em resposta a questões formuladas pela agência Lusa sobre os motivos que explicam que José Sócrates tenha surgido como licenciado em engenharia civil na Biografia dos Deputados de 1993, quando o primeiro-ministro só concluiu o seu curso na Universidade Independente em 1996.

        No entanto, os dois registos biográficos do actual primeiro-ministro, a cujos "fac-símile" a agência Lusa teve acesso, aparentam ser cópia um do outro, porque coincidem quando sobrepostos, têm a mesma data (13 de Fevereiro de 1992) e possuem em grande parte o mesmo texto base.

        As diferenças aparecem na parte relativa às habilitações literárias: num surge "engenharia civil"; no outro consta "Bach. Engenharia civil".

        A segunda diferença entre os dois documentos enviados pelo Parlamento reside em que, no primeiro registo, José Sócrates aparece como "engenheiro", mas no segundo como "engenheiro técnico".

        Até ao momento, os serviços da Assembleia da República ainda não esclareceram qual dos dois registos biográficos é cópia e qual é o original.

        Estes registos biográficos serviram de base aos serviços da Assembleia da República para elaborarem a "Biografia dos Deputados" de 1993, onde José Sócrates aparece como engenheiro ao nível das habilitações literárias, tendo a licenciatura em engenharia civil.

        Porém, numa nota difundida terça-feira ao fim da tarde, o gabinete do chefe do Governo sustentou que "a referência na Biografia dos Deputados de 1993 à licenciatura em engenharia civil de José Sócrates está errada e constitui um lapso ao qual o primeiro-ministro é completamente alheio".

        Segundo o mesmo gabinete, "nas indicações curriculares fornecidas pelo então deputado José Sócrates aos serviços da Assembleia da República, tanto na V Legislatura (1987-91) como na VI Legislatura (1991-95), foi expressamente mencionada pelo próprio a sua condição de Engenheiro Técnico e de titular do Bacharelato em Engenharia Civil".

        Na resposta à agência Lusa, a secretária-geral do Parlamento sublinha que os dados inseridos na edição "Biografias" tiveram "por base, na VI Legislatura, como nas demais, informações constantes dos registos biográficos dos senhores deputados".

        "Estes dados são da responsabilidade de quem preenche aqueles registos, sendo que os dados deles constantes não são confirmados pelos serviços" do Parlamento, salienta Adelina Sá Carvalho.

        Em relação ao caso específico de José Sócrates, em 1993, a secretária-geral da Assembleia da República aponta que a edição da "Biografia VI Legislatura" refere o actual primeiro-ministro como tendo a "licenciatura em engenharia civil", adiantando que o seu registo biográfico refere em habilitações literárias "engenharia civil".

        No entanto, a secretária-geral do Parlamento adverte que "existe também nos arquivos um outro registo biográfico da mesma data onde está referida como habilitação literária o bacharelato - 'bach em engenharia civil' - e como profissão engenheiro técnico".
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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ricardonunes

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« Responder #21 em: Abril 11, 2007, 08:04:22 pm »
Processo de candidatura de Sócrates à UnI foi concluído fora de prazo

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O certificado do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, incluído no dossier de José Sócrates na Universidade Independente (UnI), que atesta as cadeiras até à altura concluídas pelo primeiro-ministro naquele estabelecimento de ensino, foi passado quase um ano depois de terminar o prazo fixado por lei para a instrução do processo de transferência para a UnI.

Segundo a portaria número 96/95, de 1 de Fevereiro de 1995, os estabelecimentos de ensino superior particular e cooperativo passaram a estar abrangidos, nesse ano, pelo regulamento dos regimes de reingresso, mudança de curso e transferência do Ensino superior.

Este regulamento, aprovado pela portaria 612/93 é muito claro em matéria de prazos: a informação do processo de candidatura deve ser entregue até 31 de Agosto, antes do início do ano lectivo, sob pena de desta ser indeferida.

José Sócrates, que frequentou o ano lectivo de 1995/96 na UnI, só entregou o seu certificado do ISEL – indispensável para atestar as cadeiras concluídas e decidir sobre as disciplinas a que teria equivalência – após 8 de Julho de 1996, data que consta do certificado do ISEL, assinado pelo chefe de secção da secretaria.

Como o PÚBLICO noticiou no primeiro trabalho sobre o dossier de licenciatura de José Sócrates, o então secretário de Estado Adjunto do Ambiente enviou por fax, com timbre do Ministério do Ambiente, uma folha de rosto em que se lia: “Caro Professor: Aqui lhe mando os dois decretos (o de 95 fundamentalmente) responsáveis pelo meu actual desconsolo”.

A data deste fax surge sumida na fotocópia. Até agora não foi dada qualquer explicação para o surgimento deste documento no dossier de licenciatura nem sobre a que decretos se referia José Sócrates.

O artigo 19 do diploma número 612/93 refere que devem fazer parte da instrução do processo de candidatura os “documento(s) comprovativo(s) das situações pessoais e habilitacionais com a totalidade dos elementos necessários ao processo de candidatura, de acordo com o fixado pelo estabelecimento de ensino”. E também a lei que regula o regime de equivalências no ensino superior (decreto-lei 316/83) estabelece que o processo seja “instruído com documento comprovativo da aprovação nas habilitações de que se requer equivalência”.

A lei esclarece que “serão liminarmente indeferidos os pedidos dos estudantes que, reunindo as condições necessárias à candidatura”, “sejam realizados fora dos prazos” ou não sejam “acompanhados da documentação necessária à completa instrução do processo”.

Presidente da APESP confirma

Ressalvando que não conhece em concreto o caso de José Sócrates, o presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado, João Redondo, confirma que para a concretização de um processo de equivalência é necessário apresentar um certificado de habilitações, acompanhado de um documento que defina o conteúdo das disciplinas já concretizadas. “Não vejo como é que se pode definir um plano de estudos e equivalências sem verificar qual o histórico escolar do estudante”, diz João Redondo.

A partir daí as instituições são “mais ou menos exigentes” nas peças processuais que pedem, explica João Redondo, dando o exemplo do que “sempre foi e continua a ser feito” na Universidade Lusíada, detida pela Fundação Minerva, da qual é vice-presidente.

“Só com o certificado de habilitações, a identificação do corpo docente, carga horária e o programa das disciplinas acompanhado com as matérias sumariadas é que tratamos dos pedidos de equivalência”.

Do dossier de José Sócrates a que o PÚBLICO teve acesso consta uma folha, não datada, dirigida ao reitor Luís Arouca, em que José Sócrates afirma ser seu “desejo terminar os estudos de licenciatura em Engenharia Civil” na UnI e solicita um plano de estudos com essa finalidade.

Acrescenta ainda que junta em anexo o certificado de habilitações do bacharelato tirado no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) e também “a relação das cadeiras” que havia feito no curso Vias de Comunicação e Transportes do ISEL.

Relativamente a estas, contudo, ressalva que, “pelo facto de algumas notas não estarem ainda lançadas”, só o poderia entregar em Setembro. Do dossier consta o certificado do ISEC, mas não consta nenhuma relação das cadeiras do ISEL, nem qualquer certificado com data de Setembro.

A resposta ao requerimento de Sócrates tem data de 12 de Setembro de 1995. O reitor Luís Arouca adianta nessa carta que a Comissão Científica da Faculdade de Tecnologias “deliberou propor-lhe a frequência e conclusão das seguintes disciplinas do Plano de Estudos de Engenharia Civil: Análise de Estruturas, Betão Armado e Pré-Esforçado, Estruturas Especiais, Projecto e Dissertação”.

Segundo disse ao PÚBLICO Luís Arouca, a disciplina de Inglês Técnico ficou de fora por lapso.

O Boletim de Matrícula, por sua vez, data de 14 de Setembro de 1995. Dos documentos entregues juntamente com a matrícula consta apenas uma fotocópia do Bilhete de Identidade.

Fonte
Potius mori quam foedari
 

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ricardonunes

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« Responder #22 em: Abril 11, 2007, 11:22:20 pm »
Entrevista/PM: José Sócrates espera que entrevista tenha sido "esclarecedora"

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Lisboa, 11 Abr (Lusa) - O primeiro-ministro, José Sócrates, manifestou hoje a sua esperança de que a entrevista à RTP e RDP tenha sido "esclarecedora" sobre a sua licenciatura na Universidade Independente, salientando o "orgulho" no seu currículo académico.

Questionado se está disponível para prestar esclarecimentos no Parlamento, o primeiro-ministro não deu uma resposta clara.

"Tenho esperança que esta entrevista tenha sido esclarecedora. Procurei responder a todas as perguntas, combater todas as insinuações e esclarecer todas as dúvidas legítimas", respondeu José Sócrates, no final da entrevista, em declarações aos jornalistas.

"Fi-lo com a consciência de quem não tem nada a esconder e tem muito orgulho no seu currículo académico", acrescentou.

A entrevista, que durou 87 minutos, centrou-se nos esclarecimentos do primeiro-ministro sobre as dúvidas levantadas ao longo das últimas semanas sobre o seu percurso académico, e também num balanço sobre os dois anos de Governo.

"Procurei também demonstrar que temos um rumo para o país", salientou, escusando-se a responder a mais perguntas dos jornalistas que o aguardavam nas instalações da RTP e RDP.

José Sócrates saiu acompanhado pelo presidente do conselho de administração da RTP, Almerindo Marques.

O carro do primeiro-ministro já o aguardava à saída, permitindo uma saída rápida de José Sócrates das instalações da televisão e rádio públicas.

SMA.

Lusa/Fim
Potius mori quam foedari
 

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oultimoespiao

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« Responder #23 em: Abril 12, 2007, 12:28:55 am »
Queria por os meus 2 centavos nesta conversa... Eu considero a minha ideologia de direita conservadora, e sobre socrates acho que e um bom politico, com coragem determinacao e independencia da maquina socialista! Nao me admiro nada que esta silada que se encontra fosse preparada pelos socialistas para lhe puxar as redeas! Nao acho que um curso de a ou b seja importante, o importante e ele continuar a reformar o pais!
 

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Luso

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« Responder #24 em: Abril 12, 2007, 09:22:40 am »
Citação de: "oultimoespiao"
Queria por os meus 2 centavos nesta conversa... Eu considero a minha ideologia de direita conservadora, e sobre socrates acho que e um bom politico, com coragem determinacao e independencia da maquina socialista! Nao me admiro nada que esta silada que se encontra fosse preparada pelos socialistas para lhe puxar as redeas! Nao acho que um curso de a ou b seja importante, o importante e ele continuar a reformar o pais!


 :shock:  :shock:  :shock:  :shock:
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« Responder #25 em: Abril 12, 2007, 12:36:04 pm »
Citação de: "oultimoespiao"
Queria por os meus 2 centavos nesta conversa... Eu considero a minha ideologia de direita conservadora, e sobre socrates acho que e um bom politico, com coragem determinacao e independencia da maquina socialista! Nao me admiro nada que esta silada que se encontra fosse preparada pelos socialistas para lhe puxar as redeas! Nao acho que um curso de a ou b seja importante, o importante e ele continuar a reformar o pais!


Nem pensar nisso. Este caso é obra da dupla Santana/Portas.
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Luso

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« Responder #26 em: Abril 12, 2007, 01:53:33 pm »
Citação de: "Lancero"
Nem pensar nisso. Este caso é obra da dupla Santana/Portas.


Para mim é obra do Bush.
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Lancero

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« Responder #27 em: Abril 12, 2007, 02:33:17 pm »
Citação de: "Luso"
Citação de: "Lancero"
Nem pensar nisso. Este caso é obra da dupla Santana/Portas.

Para mim é obra do Bush.


Nunca tinha visto nada tão escandaloso desde Roswell.



 c34x
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« Responder #28 em: Abril 12, 2007, 02:35:25 pm »
- Eles andem aí! :shock:
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JoseMFernandes

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« Responder #29 em: Abril 12, 2007, 02:43:22 pm »
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12.04.2007, Vasco Pulido valente

O sr. primeiro-ministro negou ontem na televisão, indignadamente, que fosse "um especialista em relações públicas". Temos de o acreditar. Mas não há dúvida que ontem na televisão o sr. primeiro-ministro até pareceu "um especialista em relações públicas". Para começar, arrumou com brandura o caso da sua carreira académica, que afinal não é um caso. A Universidade Independente mandou e ele cumpriu. Quanto à burocracia, não sabe, nem se interessa. Quanto ao dr. António José Morais, que lhe "deu" quatro cadeiras, não o conhecia antes. Quanto ao resto, toda a sua vida de estudante só revela "nobreza de carácter", vontade de "melhorar" e de se "enriquecer" (intelectualmente). Um exemplo que ele, aliás, recomenda aos portugueses. Ponto final.
A minha ignorância não me permite contestar explicações tão, por assim dizer, "transparentes". Claro que nunca ouvi falar de um professor que "desse" quatro cadeiras no mesmo ano ao mesmo aluno, nem num reitor que ensinasse "inglês técnico", nem num conselho científico que fabricasse um "plano de estudos" para "acabar" uma licenciatura. Falha minha, com certeza. Se calhar, agora estas coisas são normais.
O sr. primeiro-ministro também declarou que ele e o seu gabinete não telefonam a jornalistas com a intenção malévola de os "pressionar". Pelo contrário, só os querem esclarecer. Ficamos cientes.
Fora isto, Sócrates demonstrou facilmente que o governo é óptimo e que ele é determinado, decidido, inabalável, responsável e bom. Portugal inteiro está, como lhe compete, agradecido.

Pedro Mexia
 
O debate começou bem e foi ficando progressivamente mais complicado, a partir mais ou menos dos 20 minutos. Porque um debate que normalmente seria sobre o estado da Nação a meio de um mandato do Governo, acabou por ser sobre o currículo académico do primeiro-ministro.
José Sócrates começou bem, tentando mostrar algum sentido de Estado ao querer separar o seu caso do da Independente. Foi habilidoso. O seu caso exigia, porém, prova documental, e talvez uma entrevista numa televisão não fosse a melhor maneira de a produzir. Conseguiu desmontar bem o alegado caso de assassínio de carácter, mas acabou por se atrapalhar nos pormenores. Ficou muito emperrado na questão emenda dos documentos da Assembleia da República, bem como nas notas lançadas pela Independente a um domingo. As questões de facto foram remetidas para casos de secretaria.
José Sócrates quis ainda reconhecer que existem diferenças entre dar explicações aos jornalistas e fazer pressões e foi cínico sobre a OPA. Ninguém acredita que o Governo não tivesse desse indicações à Caixa Geral de Depósitos. Foi de uma candura que soou a cinismo.
Foi interessante nesta entrevista a palavra blogosfera ter entrado nesta entrevista na discussão política.

Miguel Gaspar

O único momento verdadeiramente surpreendente da entrevista do primeiro-ministro à RTP foi quando explicou que escreve o pronome seu no fim das cartas, para ser como o inglês yours. Isso e a ideia de que, afinal, o substantivo engeheiro não designa uma competência mas sim um rótulo social definiram uma entrevista que valeu pelo que não se viu. Desde logo não se viu o balanço dos dois anos do Governo, que era a justificação da entrevista. Ora, gastou-se mais tempo com a Independente. A entrevista ou era uma coisa ou era outra. As duas, não podia ser. O dois-em-um não podia dar certo. José Alberto Carvalho conseguiu o tom certo numa conversa que o entrevistado queria de bom tom. Esforçou-se e tinha sem pre uma pergunta engatilhada. Nomeadamente no dossiê Independente. Maria Flor Pedroso, que é da rádio, estava a jogar fora e deixou-se ficar num papel mais apagado. Ganhou a noite, o primeiro-ministro? Pareceu-me que sim. E como, nestas coisas de televisão, o que importa é parecer, se pareceu, deve ter sido. A entrevista foi um bom sintoma daquilo a que está reduzida a política portuguesa: um aeroporto que ainda não existe e uma coisa que não se sabe se alguma vez foi uma universidade. Onde estão a ideologia, a Europa, as questões sociais? Nada. Sócrates gosta de passar a imagem do homem de acção que fala pouco. O problema é não ter obra para mostrar. Pouco mais pode fazer do que imitar o treinador do Benfica: prometer a Lua, iludir as derrotas e prometer a taça no ano que vem. Mas os eleitores sabem que é a fingir.

Antonio Barreto

Simplesmente patético! Um primeiro-ministro a defender-se com um arguido! Um primeiro-ministro a considerar insinuações as mais legítimas dúvidas da imprensa e da opinião pública!
Um primeiro-ministro que acha normal que um deputado, ministro depois, se matricule em curso superior e obtenha diploma académico de recurso (feito em três universidades diferentes), ainda por cima em estabelecimento não reconhecido pela respectiva Ordem profissional!
Um primeiro-ministro que não percebe que um deputado e um membro do governo não têm os mesmos direitos, ou antes, as mesmas faculdades que os outros cidadãos e não podem nem devem apresentar-se como candidatos a cursos pós-laborais que lhe confiram estatuto académico a que aspiram!
Um primeiro-ministro que considera normal e desculpável que os seus documentos oficiais curriculares sejam corrigidos e alterados ao gosto das revelações públicas!
Era tão melhor julgar os políticos por razões políticas e não por motivos pessoais ou de carácter! São, infeliz e necessariamente, sinais dos tempos. Dinheiro, sexo, cultura, vida familiar, gosto e carácter transformaram-se em critérios de avaliação. O facto, gostemos ou não, faz parte das regras do jogo.
Com a política totalmente centrada na personalidade do líder, é natural que a totalidade da personalidade seja motivo de interesse e escrutínio. A ponto de, infelizmente, superar os fundamentos e os resultados da acção política. Sócrates está a pagar os custos desta nova tendência. E a verdade é que ele não soube, não quis ou não pôde matar o abcesso à nascença. O facto de o não ter feito avolumou o episódio. Ter dado à imprensa e à opinião pública espaço e tempo para deslindar o confuso mistério dos seus diplomas foi um erro fatal. Ter tentado exercer pressões sobre a imprensa e os jornalistas foi igualmente uma imperícia infantil. Ter a necessidade de mostrar diplomas na televisão revela uma situação em que a palavra já vale pouco e a confiança se esvai. Ter tentado justificar o facto de se matricular, como "humilde deputado", e de se graduar, como ministro, é inútil. Mas revela uma crença perigosa: a de que acha natural e legítimo que um deputado e um membro do governo possam fazer tudo isso!
É possível que este homem seja Primeiro-ministro mais dois anos ou até que consiga ser reeleito. Mas uma coisa é certa: a confiança está ferida. Ora, enquanto a utilidade pública vai e vem, a confiança, quando quebra, não tem cura. As feridas de carácter não cicatrizam.

Citar
Subitamente, num Verão passado
12.04.2007, Helena Matos

Há muitos anos, numa certa noite de Verão, um carro fazia a grande velocidade a estrada marginal em direcção a Lisboa. Devia ser bonita a viagem porque bonito é o traçado dessa estrada e porque bonitas são todas as noites de Verão ao pé do mar. E bonitas, lindíssimas até, eram as ocupantes que, seguindo em automóveis particulares de boa marca em direcção a Cascais, se cruzavam com esse carro oficial. Não é provável que os viajantes - os dos automóveis particulares, por um lado, e os da viatura oficial, por outro - tenham sequer cruzado um olhar nessa noite de Setembro. O mais certo é que apenas o mar e a Lua tenham notado como os sorrisos de quem viajava para Cascais contrastavam com o olhar inquieto dos homens que seguiam no carro de Estado, como então se chamava às viaturas oficiais. E tinham razões para sorrir os primeiros, pois dentro de minutos estariam num dos acontecimentos mais extraordinários que até então tivera lugar em Portugal, a festa Patiño. Quanto aos segundos, a cada quilómetro vencido viam confirmados os seus piores receios. A dado momento, um dos passageiros perguntou ao homem que ocupava as suas atenções em que universidade se tinha ele formado. Não sabia. Peguntou-lhe em seguida em que ano se formara. Também não se lembrava. Nesse momento os outros ocupantes do carro de Estado perceberam que o Estado português era chefiado por um incapacitado.

Salazar, porque é dele que se trata, não sabia quem era. Cada vez mais apressada, a viatura segue para o hospital dos Capuchos. Também apressados, os convidados de Antenor Patiño, o rei do estanho, vão chegando a Alcoitão. Uma passadeira vermelha leva-os até àquilo que a imprensa define como um palácio suspenso. Enquanto, ao ritmo frenético do Pentágono, nas pistas de dança se cruzam Gina Lollobrigida, Maria Félix ou a princesa Margarida da Dinamarca, Salazar, sentado numa cadeira de rodas, é submetido a exames nos velhos hospitais de S. José e dos Capuchos e, por fim, é levado para a Cruz Vermelha. Durante a madrugada, a claustrofóbica nomenklatura do regime é confrontada com a realidade. "O país está sem Presidente do Conselho", repete Gonçalves Rapazote. Perante o vazio de poder, os médicos tomam uma decisão: "Vamos operar o doente do quarto n.º 68." Enquanto, em Benfica, Salazar é operado, em Alcoitão, os convidados mais festivos de Patiño vêem nascer o dia bebendo taças de chocolate à volta da piscina. A essas mesmas horas a censura atrasa a publicação, pel"O Século, da notícia da hospitalização de Salazar, notícia essa conseguida em primeira mão por um jornalista daquele periódico que se encontrava no hospital de São José quando Salazar ali chegara vindo do Estoril. Será a Emissora Nacional quem anuncia o sucedido aos portugueses através da leitura dum oficiosíssimo boletim médico.

uase 40 anos depois, alguns dos elementos deste drama teimam em voltar à cena: um chefe de Governo que perde a capacidade de liderança; uma nomenklatura que não sabe viver sem chefe, até porque o chefe gostava de o ser e não autorizava outros protagonismos; elites económicas desdenhando do poder político que as alimentou assim que percebem que este está descredibilizado; um país que não distingue autoritarismo do exercício do poder e por isso fez e faz do princípio do mal menor o seu critério para entronizar os líderes. E como metáfora de tudo isso, vagueando em São Bento, alguém que acredita ser primeiro-ministro. E na rua um povo que, mais do que acreditar em quem o governa, precisa de acreditar que tem Governo. Jornalista



no jornal PUBLICO de 4/2007
« Última modificação: Abril 12, 2007, 02:48:53 pm por JoseMFernandes »