Os problemas, a sua origem e razao sao conhecidos intimamente um pouco por todos, mas o 'p.c' (politicamente correcto) nao autoriza a resolve-los em conformidade.Pelo contrario forjam-se regulamentos e leis que cada vez atam mais as maos que pretendessem 'limpar a fundo' a sociedade.Basta referir que quando Sarkozy tratou de 'racaille' (escoria, ralé, canalha) os elementos dos disturbios isso foi considerado por outros ministros e responsaveis como linguagem agressiva, injusta e potenciadora de aumento de violencia... mas ... pergunto-me que titulo correcto devemos atribuir a esta 'gente' ?... vitimas eternamente credoras da sociedade?...por vezes parece-me que é o cidadao normal e cumpridor das leis que se esta um pouco a marginalizar!
A Policia francesa nao tem ordens para actuar 'feio forte e duro' (admitindo que ela mesma estivesse interessada em seguir essa via, o que duvido) limitam-se pois a tentar limitar os danos, deter com imensas cautelas alguns rufioes mais distraidos e sobretudo protegerem-se a eles proprios.Embora a noite passada (a oitava consecutiva desta série) tenha sido destacada em degradaçoes (mais de 600 viaturas ontem, segundo os ultimos dados, fora os abrigos, parques de autocarros, armazéns, lojas, postos de policia(!), escolas... ) convém nao esquecer que todo o(s)s ano(s) ha milhares de carros incendiados, minimo de algumas dezenas por dia atingindo picos de centenas por ocasiao do fim-de-ano, da festa nacional do 14 Julho, do fim do Ramadao(agora, por sinal), e ocasioes avulsas nao se limitando a regiao parisiense mas espalham-se tal como agora esta a acontecer a outras aglomeraçoes francesas, um pouco por todo o lado.Se esses dados nao sao referidos mais abundantemente é porque eles sao sonegados por ordem do tal 'p.c'.Mas estao disponiveis em consulta nos sites dos jornais franceses bem como a 'desculpa' que a nao divulgaçao é pedida para nao excitar ainda mais os animos...um pouco a maneira das noticias dos incendios dos telejornais em Portugal que podiam incentivar mais os incendiarios.Mas inegavelmente as coisas tem de transbordar...
A sociedade francesa tem tentado conviver com esta situaçao, porque nao tem coragem, soluçoes ou empenho politico em encarar o problema de frente.A peculiar situaçao politica francesa também nao ajuda, com Chirac e Villepin(PR e PM) a tentarem distanciar-se das soluçoes musculadas do min. Sarkozy (que reafirma tolerancia zero e envia companhias de CRS para o terreno, mas como disse atras, sem grande margem de manobra para actuar repressivamente) procurando uma via de 'dialogo' ou seja, tentando agradar a Deus e ao Diabo.Sarkozy tem provavelmente razao em dizer que estas manifestaçoes nao sao espontaneas, e que existira algum plano por detras, mas nao acredito que lhe deem pulso ou rédea para entrar 'a matar', pelo contrario mais facilmente preferirao 'queima-lo'' junto.Tal como na economia, nas reformas sociais, como na politica ou neste caso perante os problemas de segurança prefere-se a tergiversaçao, as boas palavras, a repreensao dos crimes e ao mesmo tempo a sua 'compreensao', como se incendiar, destruir, roubar, agredir, tenham possibilidade de 'justificaçao moral' numa sociedade que é mesmo nos seus extractos inferiores, e suas deficiencias uma das que tem maior qualidade de vida do mundo...
Nada de novo neste tipo de politica de avestruz (que Portugal também conhece), até ao momento em que o cidadao comum, exasperado e sem saida, comece a ter outra atitude que nao a resignaçao... e entao politicos como Sarkozy nao passarao de 'inocentes moderados'...