Papatango:
Então Portugal com uma força expedicionária, utilizando carros de combate!!!! Até os Canadianos se viram à rasca para os meter no Afeganistão, quanto mais nós que não possuimos qualquer tipo de estrutura logística (tirando os caminhos de ferro), e mesmo que a venhamos a ter (NPL), penso que mais facilmente do ponto de vista político-estratágico-económico embarcaremos ou os "páras", ou os "comandos" ou as VBR Pandur, do que os Carros de Combate. Rolling Eyes
Essa tenderá a ser a nossa força expedicionária, e a nossa capacidade de transporte (com um NavPol) deverá ser capaz de colocar uma unidade desse tipo, junto com uma unidade para função de reconhecimento/exploração/patrulha e outra unidade com destacamentos de várias especialidades para apoio logístico.
Os tanques, não são para a defesa do território, onde aliás teriam relativamente pouca utilidade, embora tenham alguma. Num país como Portugal, os tanques são acima de tudo armas defensivas para apoiar a infantaria e não armas pesadas para atacar tanques adversários
Por aquilo que acima escrevi, acho que a função dos Carros de Comabate é mesmo a defesa do território... mesmo que só com 37...
Caro Sturzas:
Em primeiro lugar, o Afeganistão não tem costa marítima, e a complicação em colocar forças blindadas no Afeganistão tem a ver com isso. O Irão não deixa passar nem uma agulha e o Paquistão não aceita a passagem de colunas blindadas pelo seu território.
Logo, o caso não é exactamente exemplificativo.
A "deriva" expedicionária dos exércitos não é uma invenção minha, é uma exigência da realidade em que nos inserimos.
Ninguém acredita que o país possa ser defendido com tanques nos dias de hoje, como não acreditava nos anos 40 ou nos anos 50.
Aliás, nos anos 50 e posteriormente, nem sequer se cogitava de forma séria a utilização de tanques em Portugal, uma vez que se considerava que a Europa teria que ser defendida na Alemanha ou na França e também na Itália (para onde estavam destinadas as nossas forças).
Nos dias de hoje, não há razões para temer ataques directos ao nosso território (excepto nos casos discutidos noutros tópicos do fórum) e nesse caso, o nosso único potêncial adversário, dispõe de uma superioridade táctica enorme, que tornaria os tanques uma arma total e absolutamente irrelevantes.
Eles seriam alvos fáceis (sitting ducks) de uma força de helicópteros anti-tanque, que tería o controlo total do ar, dado a nossa pujante Força Aérea de quatro F-16MLU, provavelmente ser abatida nas primeiras seis horas de qualquer conflito.
A nossa capacidade de defesa reside na possibilidade de barrar uma avançada em zonas montanhosas, onde os tanques são ainda menos eficientes.
A mais eficiente arma de defesa anti-tanque é neste momento o míssil tipo RPG-x (de 7 a 29, conforme os modelos). Isso foi provado no Líbano, onde até um movimento islâmico partidário conseguiu opor-se com consideráveis sucessos a uma das mais poderosas forças de tanques do mundo.
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Portugal tem capacidade para projectar uma força do escalão esquadrão, ou seja, algumas companhias.
O que não temos é capacidade para desenvolver operações de forma autonoma, mas a criação da arma blindada provavelmente nem prevê essa possibilidade.
O que Portugal pode desenvolver, é uma força de intervenção que permita ao país ter em termos internacionais uma representatividade maior que a que até ao momento tem tido, e que tem obrigado Portugal a praticamente só contribuir com forças especiais, que são na sua maioria poucas portanto sem uma papel preponderante ou relevante.
Para lhe dar um exemplo, Portugal poderia (se tivesse tal força operacional) colaborar no Líbano enviando uma força com essas características. Um navio como o NavPol, mesmo a versão do Rotterdam/Galicia feito para transportar o Leopard-IIA6, pode de facto transportar os tanques e desembarca-los numa praia ou num porto, lugar a partir do qual se poderá colocar à disposição de um comando internacional.
Pessoalmente estou de acordo com este tipo de aproximação ao problema.
Nós não temos nem teremos capacidade para ter as forças blindadas suficientes para garantir a defesa do território contra uma invasão convencional, mas podemos ter uma força pequena mas moderna, e portanto extremamente operacional, que pode ser enviada para qualquer lugar do mundo em relativamente pouco tempo.
O numero de 37 carros é aliás indicativo desse objectivo, porque há sempre veículos em revisões e manutenção e parte deles têm forçosamente que ser destacados para formação. Portanto, dos 37, pelo menos 12 não vão estar disponíveis para enviar para lado nenhum. Logo, sobram 25, e é desses que se escolhem os 12 ou 16 melhorzinhos.
Todos os países europeus têm planos para desenvolver este tipo de forças, e isto faz para não só das necessidades da NATO, como também dos planos para a criação de forças conjuntas da União Europeia.
O Leopard-II, é o carro de combate padrão de muitos países europeus, e o apoio logístico pode assim ser compartilhado em operações internacionais. Só em operações internacionais a eventual futura operação do Leopard-IIA6 fará sentido.
A arma blindada em Portugal, nunca teve qualquer utilidade e serviu apenas para as paradas militares (quando os tanques não avariam no meio da parada claro).
Desde os Valentine nos anos 40, que serviram como mensagem de força para a oposição interna, até aos M-47 que só serviram para tentar evitar o 25 de Abril de 1974, os carros de combate portugueses nunca tiveram qualquer utilidade prática.
O único caso efectivo de utilização com alguma relevância, aliás já aqui discutido com o próprio mentor da ideia, foi a utilização dos tanques leves M5 em Angola (Elefante Dum Dum), mas mesmo aí, embora o autor defenda e argumente em favor daquela ideia, também reconheceu, neste mesmo fórum, que a utilização de maiores numeros de carros poderia ter levado o inimigo a alterar as suas operações de forma a contrariar os tanques M5 (mas isso é outra história) .
Mas também há que lembrar que há sempre no exército quem se recuse a aceitar as mudanças e acredite na necessidade de mais tanques e mais carros de combate para a "guerra convencional" que não vai chegar nunca.
A ideia de forças blindadas com pelotões de tanques, acompanhados pela sua escolta de infantaria em veículos de combate de infantaria a avançar por grandes planicies de encontro a forças equivalentes do inimigo, é uma ideia tão romântica e desactualizada, como os comentários a "Dogfights" entre F-16 e MiG-29.
O único exército que ainda tem capacidade para fazer isso, é o americano, e mesmo aí, provavelmente porque no deserto as operaçções são mais faceis de coordenar e gerir.
Logo, a possibilidade de Portugal ter planos para ter alguma capacidade para projectar uma unidade do tipo esquadrão/companhia e forças de apoio não pode ser descartada.
De outra forma o numero de 37 tanques não faria grande sentido, porque nesse caso a sua utilidade seria apenas como meio blindado de apoio à infantaria, e isso implicaria necessáriamente a sua atribuição a unidades de defesa do território e não a unidades móveis.
Embora isso também seja outra coisa (e as conversãs são como as cerejas
)
Cumprimentos