Discordo do penúltimo parágrafo… este tipo de navio, com as devidas alterações de propulsão e construção de padrão militar ao nível de controlo de danos é bem mais adequado que fragatas para controlar o nosso vastíssimo espaço marítimo, incluindo cabos submarinos, e luta ASW em zonas de baixa ameaça aérea ou de superfície, e é exatamente aquilo de que Portugal precisa. Uma versão deste navio com propulsão elétrica, um radar minimamente decente, tipo NS50, um ou dois hélix e dezenas de drones subaquáticos, de superfície e aéreos, um sistema CIWS tipo SeaRAM e quatro tubos para mísseis SSM, seria o ideal para este tipo de missões e custaria cerca de 300 milhões, mais coisa, menos coisa. Três desses, para garantir sempre dois operacionais, e três fragatas para cenários de alta intensidade e missões NATO, mais os quatro SSK, representariam uma frota equilibrada e adequada às nossas necessidades…
Antes de mais, relembro que o CEMA e os seus seguidores, não falam de um "PNM militar" como complemento de fragatas. Falam sim como um substituto por inteiro. Isto faz uma grande diferença.
É altamente improvável que esse navio custe apenas 300 milhões. Um LPD praticamente desarmado, fabricado há 20 anos atrás já custava 300 milhões. Com o custo mais elevado dos sistemas, e com a inflação que aumentou os custos de tudo, apostaria mais num valor a rondar os 450 milhões.
Isto claro, pegando nos 132 milhões base do PNM, que é completamente civil, e não inclui quase nenhum equipamento de valor, e creio que nem doca alagável terá.
Com esse navio, teríamos ainda a questão das contas. É que no preço de uma fragata ASW, já vem incluída a capacidade ASW, nesses hipotéticos 300 milhões (que acredito que seriam mais), não viria a capacidade ASW pois esta seria comprada à parte, isto é, os USV, UUV, os módulos contentorizados, etc. O preço real acaba por ser maior, ou, em alternativa, fica barato simplesmente porque não se compram os módulos, ou compra-se só 1 de cada para inglês ver.
Se, por uma questão de argumento, considerarmos esse valor plausível, temos que nos relembrar que só é possível ao eliminar capacidades que hoje se consideram uma garantia numa fragata, ao mesmo tempo que se parte do pressuposto que serão adquiridas as capacidades/módulos associados aos meios não tripulados que o navio pode controlar/operar (que estando em Portugal, pode nunca acontecer).
Agora as questões que eu tenho:
-Uma Marinha que, nesse exemplo, teria 1 PNM civil, 3 PNM militares (PNM-M), 1 LPD, 2 AOR, e apenas 3 fragatas, 2 submarinos convencionais e 2 submarinos compactos, seria equilibrada? As 3 fragatas terão que ser umas belas fragatas, senão mesmo contratorpedeiros.
-Não será um risco tremendo colocar a missão ASW centrada num conceito "mothership" com limitações defensivas, que faz com que a destruição deste navio elimine por completo a capacidade ASW na área de operação? Haverá um "plano B", caso o navio mãe seja destruído, e que os UUVs e USVs voltem para casa sozinhos, ou prossigam a sua missão controlados por outro meio ou de terra?
-Que tipo de USVs seriam adquiridos? Aqueles compactos (que caibam e sejam transportados no PNM-M), ou um USV de média/grande dimensão (50-100m) com capacidade de navegar pelo Atlântico e com mais espaço para módulos e armamento (e que possam ser comandados por qualquer navio da MGP e não apenas o PNM)?
-O que é que torna essa uma solução mais viável e adequada ao país, ao invés de utilizar USVs de 70/80 metros, configuráveis, que possam ser controlados a partir de terra, por diversos navios e aeronaves?
Quanto a mim, a solução que faz mais sentido, é olhar para os hipotéticos PNM-M como alternativa ao LPD. PNM-M estes que teriam construção militar, alguma capacidade de armamento, drones diversos, doca alagável (USVs, lanchas de desembarque pequenas e/ou uma média, CB-90), e que seja um navio multifunções que possa contribuir tanto para desembarque anfíbio, transporte, navio hospital, ASW, vigilância, SAR, etc.
A Marinha deveria então ser composta por 4 fragatas modernas, 2 PNM-M, 1 PNM, 4 submarinos convencionais, 10 NPO (com upgrade para receber algum armamento para autodefesa e capacidade para operar UUVs e UAVs), 2 AOR, e 6-10 USVs de média/grande dimensão desenhados para receber módulos contentorizados. O resto das lanchas, navios escola, etc não vale a pena contabilizar aqui. Para mim isto é muito mais equilibrado.