A D. João II é um navio auxiliar, desarmado fruto do seu programa de financiamento que assim o obriga. No entanto, tenho a acreditar que finalizada a construção e com o navio ao serviço, a Marinha Portuguesa poderá, sem entrar em qualquer conflito com a UE, modificar o navio para permitir ao mesmo ter algum tipo de armamento defensivo (pelo menos metralhadoras operadas diretamente pela tripulação ou melhor ainda remotamente). A questão é se realmente o desenho do navio o vai permitir. Uma possibilidade será a instalação de armamento aquando de uma eventual modernização/atualização em que outros sistemas do navio também seriam alvo de intervenção.
A D. João II poderá ser utilizada como navio de guerra anti submarina substituindo as fragatas nessa missão? Aqui a resposta vai depender muito dos veículos não tripulados que a mesma poderá embarcar. Será necessário que estes veículos disponham de sensores e armamento para o fazerem o que para já é uma miragem. Esta é sem dúvida a grande incógnita de momento, embora seja previsível que como nesta área a tecnologia está a avançar extremamente depressa, que seja possível que tais capacidades venham a ser desenvolvidas. Para já a única certeza é a possibilidade de vigilância e reconhecimento de navios de superfície ou submarinos que estejam muito próximos desta. Parece-me que a D. João II poderá ser ajudada nesta missão pelos NPO desde que os mesmos venham a adquirir sensores para guerra anti submarina o que se encontra atualmente planeado.
A D. João II ou eventualmente uma PNM 2.0 podem substituir totalmente as fragatas? Sim e não, ou melhor, apenas parcialmente e de forma bastante reduzida. Não é expectável que futuros navios desta classe venham a ter uma peça de artilharia, sistema de lançamento vertical e mesmo sistemas de defesa antiaérea para um diverso espetro de ameaças não me parecem viáveis nesta plataforma, isto a olhar para o desenho. As PNM poderão, pelo menos em teoria e aqui volto a referir que temos de esperar para ver os veículos não tripulados que vão ser embarcados, efetuar guerra anti submarina mas essa é apenas uma das diversas missões de uma fragata.
Uma PNM 2.0 poderá eventualmente ter maior tonelagem com um compartimento inferior de maiores dimensões para projeção de meios militares para terra, ter armamento defensivo instalado de raiz e sensores para detetar navios ou aeronaves. Mas novamente fica claro que o conceito nada tem de revolucionário porque o que estamos a assistir é uma evolução natural do conceito dos
Landing Helicopter Assault, sendo possível afirmar que a PNM é um conceito próximo de um
Landing Drone Assault.
Em virtude de momento o adversário estratégico de Portugal ser apenas a Federação Russa, o conceito PNM parece-me acertado visto que os russos basicamente apenas nos iriam ameaçar com submarinos. Mas se no futuro a ameaça ou o adversário for outro, por exemplo Espanha ou Marrocos, então este meio será altamente vulnerável e necessitará de fragatas de defesa anti-aérea para a defender.
Conclusão: podem as PNM substituir as fragatas? Em suma - não. As PNM podem tanto substituir as fragatas como um porta-aviões ou porta-helicópteros cujos meios embarcados dispõem de sensores e armamento para luta anti submarina. Também me parece que a ideia que existe por parte da chefia da MP é que os veículos não tripulados são todos bastante baratos e portanto a relação custo comparada com aeronaves tripuladas parece muito favorável. Mas à medida que estes sistemas passam a integrar capacidade de resistência a guerra eletrónica e inteligência artificial se calhar o fator custo vai deixar de ser assim tão favorável. Nas vertentes de mar-terra e mar-ar não é expectável que as PNM venham a substituir as fragatas. O mais provável é ambos os navios existirem e serem operados pelas marinhas militares. Assim, a afirmação da substituição das fragatas parece ser
show off apenas para conseguir crédito junto do poder político - mas se mentir ajudar as FA a ter melhores meios, então o melhor será mesmo continuar a mentir.
