Vai um caminho muito longo desde o esboço de um navio até ao projeto de um navio...
são coisas muito, mas muito diferentes.
Tanto quanto sei, a marinha portuguesa não tem qualquer capacidade para desenhar e conceber projetos de navios para que sejam entregues a um estaleiro para produção.
O que a Marinha pode fazer é o equivalente a esboços mesmo em computador de ideias.
Depois entrega-se aos profissionais que então vão fazer realmente o projeto, e é aí que entram os estaleiros holandeses.
Por exemplo:
As corvetas da classe João Coutinho, todos nós ouvimos dizer que são um projeto português, mas isso é apenas parcialmente verdade, porque os calculos de estabilidade tiveram que ser feitos na Alemanha, porque em Portugal não havia como faze-los, especialmente nas modificações para as quatro corvetas melhor armadas.
Antes dos computadores, os cálculos de estabilidade dos navios, incluiam dossiers com dezenas de volumes e centanas ou milhares de páginas.
Os cálculos tinham que ser meticulosamente feitos e depois tinha que haver uma equipa separada, que agarrava nos calculos e tinha que rever tudo, para que os navios não tivessem comportamentos aberrantes depois de construidos.
Ainda assim, são inumeros os casos em que os cálculos não foram bem feitos e o conceito original mostrou estar errado.
A Damen, parece ter agarrado nos esboços da marinha, e depois adaptado um dos cascos que já tem, e para o qual já estão feitos grande parte dos cálculos para corresponder à especificação.
É por isso que as diferenças são tão grandes. Uma coisa é o que fazemos nos bonecos aqui, e outra é quando temos software de um gabinete especializado, que nos diz que aquela ou aqueloutra embarcação vai afundar se as ondas ultrapassarem uma determinada altura.