Caro Aces High2, a sua contribuiçao sobre este tema 'escaldante' é certamente muito bem vinda.Penso ter entendido a sua posiçao, que alias é partilhada por muitos outros, mas tenho algumas observaçoes a fazer.
Ora, acredito eu, que estas ações de "endurecer" contra o extremismo por parte da UE, EUA, Japão e Austrália é o mesmo que querer apagar fogo com gasolina. Em minha opinião, o extremismo islamico, é uma reação ao extremismo europeu, seja na ganancia da europa (pelo petroleo atualmente ou por rotas comerciais no passado) ante o islã, seja na impossição de valores tidos como ocidentais em países islamicos (consumismo, democracia e igualdade entre sexos), ou até mesmo na intervenção ocidental em seus assuntos internos
Sejamos claros, sao extremistas, mas nao poupemos as palavras 'sao acima de tudo terroristas', o que faz uma diferença importante.Nao ha justificaçao para esse nivel de violencia e desprezo pela vida propria e dos outros, e custa-me entender que se insinue que a DEMOCRACIA ( a igualdade entre sexos parece-me ai logicamente englobado), independentemente de deficiencias na sua aplicaçao, seja considerado como apenas 'um dos valores ocidentais' impostos aos paises islamicos.
Alias nem sequer sou favoravel a intromissao da religiao(qualquer) na governaçao e nos estados.O Ocidente ultrapassou, com maior ou menor dificuldade essa fase, e nem saberiamos ja viver em paises de estrutura confessional.Mas la voltaremos a questao da democracia...
(sua cit.)
Alem disso não podemos esquecer o enclave israelence nas relações ocidente-islã.
Sejam justos: Durante anos (e até o presente momento) o ocidente armou e treinou Israel em suas guerras de expanção e intervenção (onde a guerra de 73 foi uma continuação da ocorrida em 67) onde milhares de arabes e palestinos foram mortos e/ou expulsos de suas terras. Agora, nessa situação qual é o pensamente desses povos? Será que apenas Israel é culpada para eles? Não, pois o Ocidente oferece a Israel dinheiro e armas que desequelibram a região e possibilitam Israel atacar seus países e humilha-los, assim isso já é um dos motivos que levam a esses povos a terem magoas e rancor com o ocidente.
(fim de cit.)
Estou absolutamente de acordo que a situaçao na Palestina passa por um acordo de convivencia comum, entre israelitas e palestinos.Para tal é preciso fazer desaparecer os extremistas terroristas.Pouco se pode fazer nesse ambito se organizaçoes ou estruturas que advogam a liquidaçao dos outros puderem actuar quase impunemente, é dificil, leva tempo, mas a repressao é um dos meios de pelo menos evitar males maiores.Até que ponto se podera discutir com essas organizaçoes, nao sei...mas elas terao obviamente de desaparecer enquanto instrumentos de morte e terror, sera ou eles ou nos...
Ah...se em 1947, os Arabes palestinos tivessem aceite a partilha proposta...e a ONU entao tivesse forma de a fazer respeitar, nao estariamos talvez nesta degradada e quase insoluvel situaçao...
até porque no que respeita a longa guerra que se tem arrastado entre Israel e os paises vizinhos, nao sendo israelita nem judeu, compreendo que Israel lute pela sua sobrevivencia e reconhecer-se-a que a sua historia desde o inicio ha longos milhares de anos, tem sido isso mesmo...sobreviver, mesmo que para tal, reconheço, por vezes utilize meios discutiveis.Arabes foram expulsos de suas terras?...infelizmente é verdade, tal como essas terras ja tinham sido antes de Israel ( foram de resto os Arabes que invadiram o territorio de Israel e conquistaram Jerusalem pela primeira vez).Se me permite vou citar-me numa contribuiçao minha, ja ha algum tempo, noutro forum (Forum de Historia), para entender que em questao de expansionismo todos, mas todos especialmente os Muçulmanos, tem as suas responsabilidades;
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(...)Esta argumentaçao vem coincidir largamente com o que é ensinado nos manuais escolares do mundo arabe, de nossos dias, se bem que uma boa parte é deixada para os comentarios dos professores que relacionam com a actualidade do Proximo Oriente ( uma das formas de semear o fundamentalismo). De uma maneira geral todos esses manuais (marroquinos, argelinos, libios, jordanos...) enfatizam a intolerancia ocidental, relativamente ao Oriente, e a sua sede de conquista fundamentada na religiao, mas na verdade com objectivos economicos e demograficos.
"Quando o cavaleiro punha a sua veste de combate, era dispensado de impostos e dividas, a Igreja concedia-lhe a absolviçao dos pecados, e garantia-lhe a vida no outro mundo"- Manual de Historia argelino
Evidentemente nenhum manual nem professor salienta o facto de a expansao e conquista ter sido iniciada exactamente por eles proprios e com muitos anos de antecedencia.Bem como o facto de a primeira cruzada ter como objectivo preciso
livrar os cristaos das perseguiçoes a que estavam sujeitos na Terra Santa.
(...)
A dicotomia entre Ocidente e Oriente é hoje dissecada, como anteriormente disse, na sociedade arabe e muçulmana.A religiosidade
desvanece-se na Europa mas do outro lado do Mediterraneo ela ou faz parte ou ambiciona o poder.
" A religiao foi sempre mais importante no Islao que no Ocidente.O Estado e a religiao sao indissociaveis entre nos, enquanto que na Europa faz ja muito tempo que o papado nao influencia a politica.Nos manuais escolares, as crianças aprendem que o seu povo, tolerante e aberto, se viu invadido por Europeus fanaticos, grandemente interessados pelas riquezas das suas terras.E a Historia repete-se diversas vezes, é essa talvez a liçao que elas retem..." Ephrem Isa-Youssif - filosofo iraquiano
Nao esqueçamos porém, e repito, que foram os Arabes a iniciar a expansao militar ( a conquista de Jerusalém por eles data de 638, enquanto a primeira cruzada aparecera em 1096, nas circunstancias mencionadas) e durante quase cinco séculos os Europeus se mantiveram principalmente na defensiva, perante o alargamento belicista muçulmano.
Recordemos apenas alguns pontos:" no séc. VII os muçulmanos ocupam a Palestina e a Siria; no séc. VIII liquidam a cristandade em toda a Africa do Norte, e invadem Espanha e Portugal; no séc. IX conquistam a Sicilia enquanto Constantinopla enfrenta o perigo turco, e apesar do cisma de 1054 as pontes nao tinham sido cortadas entre Roma e Bizancio.Foi a pedido de Bizancio (Miguel VII) ao papa Gregorio VII, que se lançaram as cruzadas, que se podem considerar uma resposta à expansao militar do Islao e implantaçao de Arabes e Turcos nas regioes-berço do cristianismo, ao tempo de S. Paulo e sede das primeiras dioceses, regioes essas onde os cristaos serao perseguidos" (cit. de Les Croisades-- Jean Sevillia - Ed. Perrin 2003)
A diferença de visao entre europeus e arabes é também visivel a respeito da escravatura.Foram primeiramente os arabes a explorar intensamente o trafico de escravos na Africa, muito antes da chegada dos portugueses e outros europeus.O ideal seria que a assunçao publica e repetida dos erros cometidos no passado pelo Ocidente, fosse seguida de sinais semelhantes do lado da politica e cultura islamica.Situaçao quase impossivel de acontecer a meu ver.
(fim da cit)
Nao referi aqui obviamente a invasao muçulmana(otomana) na Europa Oriental, entre os séc.XIV-XVII, que teve o seu ponto alto no célebre e dramatico cerco de Viena(que poderia ter liquidado a Europa Ocidental) nem o exodo cristao dos Balcas, que levou a uma situaçao de tensoes que como se sabe chegaram aos dias de hoje.
(sua cit.)
Alem disso, tem a questão politica. Uma grande parcela dos países islamicos (notadamente os do Oriente Médio) tem uma grande rejeição de sua população. São dinastias corruptas, violentas e injustas, onde essas tenham vida de "deuses" as custas das riquezas naturais desses países, onde estas dinastias corruptas, são sustentadas com o auxilio do ocidente, uma vez que as mesmas permitem a exploração do petroleo, assim sendo essas populações tem neste motivo, mais um agravante para o "ódio" contra vocês.(fim de sua cit.)
Em alguns casos sera verdade, ja o foi certamente na esmagadora maioria deles, mas a minha resposta é sempre : DEMOCRACIA - fazer desenvolver, mesmo descriminando positivamente as organizaçoes sociais e politicas que a tal se empenhem no terreno, retirando progressivamente o papel da religiao do centro politico.Sei que é mais facil dize-lo que faze-lo,pois a margem de manobra é estreita e perigosa, mas se a religiao continuar como 'guia base' dessas naçoes ficara sempre em posiçao de tal ser aproveitado por 'messias' e correntes fundamentalistas, que sempre existiram e foram uma constante do Islamismo.
(sua cit)
Agora, por que nunca vemos a AEIA, a UE e os EUA fazerem pressão sobre Israel com relação a seu programa nuclear, pois por mais que Israel diga o contrário, o mundo todo sabe que Israel não só tem acesso a tecnologia atomica como tambem possui já um arsenal nuclear. Agora onde esta o senso de justiça nessa situação. Por que novamente Israel pode e os países do Oriente Médio não podem ter essa tecnologia? Isso não é preconceito? Como vc quer ser amigo de uma pessoa se ela é claramente antipatica a ti? Para piorar tudo isso, lembrem-se que foi Paris e Washington que auxiliaram Israel a ter tecnologia atomica....... Quando um país muculmano faz alguma ação para o Ocidente considerada ofensiva ou abusiva, geralmente leva "bomba" na certa.(fim de sua cit.)
Compreenda que se esta tentando a limitaçao de armas nucleares.Isso passa pela interdiçao de novos arsenais, pela proibiçao de testes reais das existentes e nao como se poderia eventualmente deduzir de suas palavras, de um equilibrio através do terror da disseminaçao de novas armas.Estou certamente de acordo consigo que nao deveriamos ter chegado a este ponto, mas tem que se impor ja uma limitaçao e controle activo,como foi feito de resto aprovado esmagadoramente na ONU, e dando a esta os meios possiveis para efectuar as vistorias necessarias e impor limitaçoes que considere indispensaveis. Por alguma razao foram a Agencia da Energia Atomica e o seu responsavel EL Baradei reconhecidos recentemente com o Prémio Nobel da Paz.Evidentemente, é um desafio importante e devera prosseguir-se com todos os esforços para o desmantelamento das armas nucleares a nivel global.Nao faço ilusoes, sera dificil e longo o caminho, mas a direcçao é a correcta...
Quanto a questao dos valores, que voce pretende que o Ocidente esta impondo...volto a repetir-me...DEMOCRACIA é fundamental !, respeitem-se os habitos e tradiçoes que nao sejam incompativeis com ela e com as leis, que como Alguém um dia disse, no que foi tao mal seguido, 'A DEUS o que é de DEUS, a CESAR o que é de CESAR'.
Concluo, observando-lhe carissimo colega, que nao acredito que voce, e qualquer um, seja onde for, se possa considerar apenas mero observador e "fora deste Conflito de Civilizaçoes" ...mas é uma opiniao muito pessoal.
Cumprimentos