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Cabeça de Martelo

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« em: Abril 27, 2006, 06:13:49 pm »
Retirado de um blog que infelizmente perdi o endereço. De qualquer maneira acho que fala de uma forma sucinta o que as pessoas que fizeram a sua tropa nos Pára-quedistas Portugueses sentem.

Fui para a tropa bastante novo, mais novo que a maioria, andava um pouco perdido na vida e na altura da inspecção militar dei-me como voluntário para o ainda C.T.P. Corpo de Tropas Paraquedistas, toda a gente me disse que era maluco, que ia perder anos da minha vida uma vez que tinha de cumprir no minimo ano e meio, mas mesmo assim fui, o meu pai ex-militar na Força Aerea deu-me todo o apoio. Na altura achei um desafio e que tinha de cumprir!
Assim que entrei arrependi-me logo, não nos tratavam como pessoas, mas sim como animais ou pior uma vez que há a tradição de não poder pisar os passeios da Unidade, tinhamos que correr sempre que nos deslocava-mos mas fora dos passeios. No fundo tiram-te todos os direitos e tentam preparar-te para a missão que tens pela frente, essa missão é a boina verde que distingue os paraquedistas e que te permite circular a andar em cima dos passeios da unidade.
Lá naquela casa aprendi a ser Homem, aprendi o valor da Humanidade e da compaixão, aqueles que pensam que os militares são pessoas más eu digo-vos que máus são os politicos que iniciam as guerras e mandam para a morte gerações inteiras da sua juventude. Os Paraquedistas Portugueses, agora chamados de B.A.I. Brigada Aerotransportada Independente São forças especiais em todos os sentidos, tanto pelos cursos de combate de elevado nivel de dificuldade como pelas tradições que aquela casa tem, são muitas e servem para nos ensinar que o legado dos que nos precederam é importante e tem de ser mantido. Foram os melhores anos da minha vida os que lá passei, vi e fiz coisas que ainda hoje me orgulho.
No Hino dos Paraquedistas houve sempre umas palavras que me tocaram de modo especial, podiam ser aquelas que podia por na minha campa, apesar de querer ser cremado se for possivel, mas estas palavras sempre me deram força para continuar e com elas vos deixo:

Lá do céu a gente pede
para na terra morrer de pé
dando a vida que Deus nos deu.
Boinas Verdes sobem ao céu!

PS: ele fala de que não podia pisar nos passeios, isso acontece durante o tempo em que não tens a Boina Verde. Cheguei ao cúmulo de andar a saltar sempre que queria entrar na companhia (especialmente depois da segunda refeição do dia). Eles também aproveitavam para empurrar o pessoal que estava à frente e atrás no pelotão, porque depois da refeição tínhamos que formar totalmente equipados para combate à frente da companhia e quando isso acontecia havia sempre pessoal que tinha que subir o passeio. Era uma cena que deixava-nos passados, mas manda a tradição que isso aconteça!
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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NBSVieiraPT

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Maio 08, 2006, 05:34:49 pm »
Texto excelente Cabeça de Martelo!
Bem encontrado  :G-Ok:
 

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Sturm

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    • http://olhar.wordpress.com
(sem assunto)
« Responder #2 em: Junho 25, 2006, 04:02:46 pm »
As tradições são porreiras, e trazem companheirismo, respeito e lealdade, mas defender esse tipo de coisas nestes dias começam a ser apontados como Fascismo. É a sociedade em que vivemos infelizmente...
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #3 em: Junho 30, 2006, 05:49:45 pm »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.