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Substituiçao dos F-16's

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Charlie Jaguar

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2130 em: Setembro 04, 2020, 11:50:28 am »
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/30049/1/TII%20CAP%20JOAO%20GOUVEIA.pdf

Ainda não vi ninguém pronunciar-se sobre este ensaio/estudo intitulado "Reorientação da Missão do F-16 MLU no contexto da 5.ª Geração" que, além de recente, é um dos que finalmente aflora em termos concretos a possibilidade da continuação em operação dos F-16 MLU na FAP nas décadas de 2030 e mesmo 2040, complementando um caça de 5ª geração.

Senão vejamos:

Citar
(...) Tendo em consideração o bom estado das aeronaves F-16 da Força Aérea, surge a possibilidade de reorientar a sua missão ao invés de simplesmente deixar de as operar. (...)

Citar
(...) Em termos de resultados, verificou-se que o Sistema de Armas F-16 poderá operar de forma relevante para além 2030 e é adequado ao cumprimento de missões de combate, Red-Air, Treino avançado e de Alerta. Conclui-se que a reorientação da missão do F-16 é uma opção desafiante, mas com muito potencial. (...)

Citar
(...) Com mais de 85.000 Horas de Voo (HV) acumuladas, o SA F-16 pode “hoje ser considerado como o programa de maior sucesso na FA, no que respeita às aeronaves de combate” (Pereira, 2019, pp. 38-39). Contudo, qualquer SA tem uma vida útil bem definida e as suas capacidades podem, com o tempo, vir a revelar-se inadequadas ou insuficientes face à constante evolução tecnológica e da ameaça. Relativamente à ameaça, tal situação é ainda mais evidente nos SA de caça, fruto da natural competição entre as nações pela superioridade do seu poder aéreo.

Esta situação não implica, contudo, que as aeronaves F-16 da FA simplesmente deixem de ter utilidade prática. Existindo potencial estrutural significativo, em todas ou em parte das aeronaves, e se estas se encontrarem devidamente sustentadas, poderão ser equacionadas várias hipóteses que permitam o melhor aproveitamento possível do seu potencial remanescente, através da reorientação da sua missão. Com o devido enquadramento, essa reorientação poderá permitir ao SA F-16 da FA complementar o novo SA de Luta Aérea e Ataque, otimizando a sua utilização numa lógica de poupança de recursos. Ao mesmo tempo, poderá assumir novas missões, obviando a necessidade da utilização ou até aquisição de outros SA. A FA poderá assim tirar o máximo proveito não só dos seus meios, mas também das infraestruturas, pessoal e experiência já existentes em torno do SA F-16.

Esta investigação versa sobre o papel que o SA F-16 poderá desempenhar num cenário futuro em que a FA optou por adquirir um SA de caça de 5ª Geração. O intuito da investigação será identificar que missões poderão passar a ser desempenhadas pelo SA F-16 de forma a maximizar o seu potencial remanescente. Em termos de delimitação, a investigação verá o seu domínio temporal incidir sobre o período compreendido entre 2030 e 2045 e o domínio espacial recair no atual espaço de influência do SA F-16 da FA. Em termos de delimitação concetual, tendo em consideração que se está a analisar um cenário futuro e que não existe nenhum requisito ou data específica para a aquisição de um SA de caça de 5ª Geração, será necessário, no intuito desta investigação, assumir um pressuposto nesse sentido. A data indicativa pressuposta para uma Initial Operational Capability (IOC) do novo SA será o ano de 2030, coincidente com a data em que o SA F-16 começaria a reorientar as suas missões dentro da FA.

Um outro pressuposto a assumir é de que, até 2030, existirão sempre condições financeiras adequadas à correta e eficiente sustentação do SA F-16, associadas a um nível de ambição e Regime de Esforço (RE) constante e semelhante ao atual. A investigação não aborda a pertinência ou nível de ambição do SA de 5ª Geração, nem pretende responder se a reorientação da missão é possível, tendo em consideração os desafios financeiros, logísticos e humanos em manter os dois SA em simultâneo, cingindo-se a analisar a possibilidade do SA F-16 continuar a operar para além de 2030, identificar possibilidades de utilização complementar do SA F-16 ao SA de 5ª Geração e possibilidades de minimizar o impacto da operação simultânea. (...)

Citar
(...) O primeiro aspeto a considerar deverá ser o potencial estrutural das aeronaves, uma vez que esse é um fator crítico, por não poder ser regenerado ou alvo de substituição. A versão das aeronaves F-16 da FA, Block 15, tem 8000 HV de potencial como limite de vida certificado (Gagnon, 2018). Coelho (2018, pp. 6-8) identifica dois parâmetros para medir o potencial estrutural das aeronaves F-16: o Actual Flight Hours (AFH) e o Equivalent Flight Hours (EFH). O primeiro parâmetro traduz-se simplesmente nas horas voadas, dentro do normal envelope de voo, enquanto o segundo parâmetro corresponde às mesmas horas voadas, mas corrigidas por um fator de severidade denominado Crack Severity Index (CSI) associado à utilização real de cada aeronave.

No caso da FA, esse fator de severidade é favorável (<1), tanto nas aeronaves PAI como PAII, significando que as aeronaves F-16 da FA têm voado com pouca severidade, apresentando um desgaste inferior ao projetado para o potencial já utilizado, conferindo segurança na exploração de todo o potencial AFH remanescente. Considerando as AFH acumuladas em 2017, os diferentes CSI aplicáveis às aeronaves PAI e PAII, assumindo uma utilização anual média de 153 HV por aeronave, foi possível a Coelho (2018) extrapolar os resultados que se apresentam no Quadro 1, em termos de potencial expectável médio por tipo aeronave:


(...)

Citar
(...) J. Silva (op. cit.) reforça esta criticidade salientando que o investimento em regeneração de potencial de motor apenas tem reflexo na disponibilidade dois a três anos depois. O baixo potencial e disponibilidade de motores tem hoje reflexo significativo na disponibilidade de aeronaves F-16 para operação. Contudo esta questão é apenas de índole financeira, pelo que não será considerada, estando a sustentação do motor assegurada pelo seu fabricante Pratt&Whitney até 2045 (Pratt&Whitney, 2019). (...)

Citar
(...) Pereira (op. cit.) refere que o caminho já é conhecido e passa por “tirar o máximo partido das capacidades do F-16 MLU S1.1/S2, no máximo da capacidade, adquirindo os sistemas/armamento necessários”. A aeronave está subaproveitada no sentido em que existe a integração de vários sistemas relevantes para a operação no Operational Flight Program (OFP) da aeronave, mas sem que a FA possua os equipamentos ou armamento respetivo, não podendo assim deles tirar partido. Como complemento, Pereira (op. cit.) sugere ainda a continuidade da modernização através de uma aproximação à V-Config, com instalação nos F-16 da FA de um radar AESA e sistemas modernos de comunicação compatíveis com a 5ª Geração.

Caso não se verifique evolução nas capacidades atuais, o SA F-16 da FA será relegado para funções de 2ª ou 3ª linha (Salvada, op. cit.). Com base nas respostas dos participantes e no “Programa de Extensão de Capacidades Operacionais (PECO) do Sistema de Armas F-16M”16 (EMFA, 2017), torna-se possível a construção de uma matriz caracterizada com as necessidades que deverão guiar a modernização do SA F-16 de acordo com o Quadro 2:


(...)


Muito mais há para ler neste estudo deveras interessante, assim houvesse vontade e lógica para tal se vir a materializar.
« Última modificação: Setembro 04, 2020, 11:53:47 am por Charlie Jaguar »
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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2131 em: Setembro 04, 2020, 12:34:25 pm »
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/30049/1/TII%20CAP%20JOAO%20GOUVEIA.pdf

Ainda não vi ninguém pronunciar-se sobre este ensaio/estudo intitulado "Reorientação da Missão do F-16 MLU no contexto da 5.ª Geração" que, além de recente, é um dos que finalmente aflora em termos concretos a possibilidade da continuação em operação dos F-16 MLU na FAP nas décadas de 2030 e mesmo 2040, complementando um caça de 5ª geração.

Senão vejamos:

Citar
(...) Tendo em consideração o bom estado das aeronaves F-16 da Força Aérea, surge a possibilidade de reorientar a sua missão ao invés de simplesmente deixar de as operar. (...)

Citar
(...) Em termos de resultados, verificou-se que o Sistema de Armas F-16 poderá operar de forma relevante para além 2030 e é adequado ao cumprimento de missões de combate, Red-Air, Treino avançado e de Alerta. Conclui-se que a reorientação da missão do F-16 é uma opção desafiante, mas com muito potencial. (...)

Citar
(...) Com mais de 85.000 Horas de Voo (HV) acumuladas, o SA F-16 pode “hoje ser considerado como o programa de maior sucesso na FA, no que respeita às aeronaves de combate” (Pereira, 2019, pp. 38-39). Contudo, qualquer SA tem uma vida útil bem definida e as suas capacidades podem, com o tempo, vir a revelar-se inadequadas ou insuficientes face à constante evolução tecnológica e da ameaça. Relativamente à ameaça, tal situação é ainda mais evidente nos SA de caça, fruto da natural competição entre as nações pela superioridade do seu poder aéreo.

Esta situação não implica, contudo, que as aeronaves F-16 da FA simplesmente deixem de ter utilidade prática. Existindo potencial estrutural significativo, em todas ou em parte das aeronaves, e se estas se encontrarem devidamente sustentadas, poderão ser equacionadas várias hipóteses que permitam o melhor aproveitamento possível do seu potencial remanescente, através da reorientação da sua missão. Com o devido enquadramento, essa reorientação poderá permitir ao SA F-16 da FA complementar o novo SA de Luta Aérea e Ataque, otimizando a sua utilização numa lógica de poupança de recursos. Ao mesmo tempo, poderá assumir novas missões, obviando a necessidade da utilização ou até aquisição de outros SA. A FA poderá assim tirar o máximo proveito não só dos seus meios, mas também das infraestruturas, pessoal e experiência já existentes em torno do SA F-16.

Esta investigação versa sobre o papel que o SA F-16 poderá desempenhar num cenário futuro em que a FA optou por adquirir um SA de caça de 5ª Geração. O intuito da investigação será identificar que missões poderão passar a ser desempenhadas pelo SA F-16 de forma a maximizar o seu potencial remanescente. Em termos de delimitação, a investigação verá o seu domínio temporal incidir sobre o período compreendido entre 2030 e 2045 e o domínio espacial recair no atual espaço de influência do SA F-16 da FA. Em termos de delimitação concetual, tendo em consideração que se está a analisar um cenário futuro e que não existe nenhum requisito ou data específica para a aquisição de um SA de caça de 5ª Geração, será necessário, no intuito desta investigação, assumir um pressuposto nesse sentido. A data indicativa pressuposta para uma Initial Operational Capability (IOC) do novo SA será o ano de 2030, coincidente com a data em que o SA F-16 começaria a reorientar as suas missões dentro da FA.

Um outro pressuposto a assumir é de que, até 2030, existirão sempre condições financeiras adequadas à correta e eficiente sustentação do SA F-16, associadas a um nível de ambição e Regime de Esforço (RE) constante e semelhante ao atual. A investigação não aborda a pertinência ou nível de ambição do SA de 5ª Geração, nem pretende responder se a reorientação da missão é possível, tendo em consideração os desafios financeiros, logísticos e humanos em manter os dois SA em simultâneo, cingindo-se a analisar a possibilidade do SA F-16 continuar a operar para além de 2030, identificar possibilidades de utilização complementar do SA F-16 ao SA de 5ª Geração e possibilidades de minimizar o impacto da operação simultânea. (...)

Citar
(...) O primeiro aspeto a considerar deverá ser o potencial estrutural das aeronaves, uma vez que esse é um fator crítico, por não poder ser regenerado ou alvo de substituição. A versão das aeronaves F-16 da FA, Block 15, tem 8000 HV de potencial como limite de vida certificado (Gagnon, 2018). Coelho (2018, pp. 6-8) identifica dois parâmetros para medir o potencial estrutural das aeronaves F-16: o Actual Flight Hours (AFH) e o Equivalent Flight Hours (EFH). O primeiro parâmetro traduz-se simplesmente nas horas voadas, dentro do normal envelope de voo, enquanto o segundo parâmetro corresponde às mesmas horas voadas, mas corrigidas por um fator de severidade denominado Crack Severity Index (CSI) associado à utilização real de cada aeronave.

No caso da FA, esse fator de severidade é favorável (<1), tanto nas aeronaves PAI como PAII, significando que as aeronaves F-16 da FA têm voado com pouca severidade, apresentando um desgaste inferior ao projetado para o potencial já utilizado, conferindo segurança na exploração de todo o potencial AFH remanescente. Considerando as AFH acumuladas em 2017, os diferentes CSI aplicáveis às aeronaves PAI e PAII, assumindo uma utilização anual média de 153 HV por aeronave, foi possível a Coelho (2018) extrapolar os resultados que se apresentam no Quadro 1, em termos de potencial expectável médio por tipo aeronave:


(...)

Citar
(...) J. Silva (op. cit.) reforça esta criticidade salientando que o investimento em regeneração de potencial de motor apenas tem reflexo na disponibilidade dois a três anos depois. O baixo potencial e disponibilidade de motores tem hoje reflexo significativo na disponibilidade de aeronaves F-16 para operação. Contudo esta questão é apenas de índole financeira, pelo que não será considerada, estando a sustentação do motor assegurada pelo seu fabricante Pratt&Whitney até 2045 (Pratt&Whitney, 2019). (...)

Citar
(...) Pereira (op. cit.) refere que o caminho já é conhecido e passa por “tirar o máximo partido das capacidades do F-16 MLU S1.1/S2, no máximo da capacidade, adquirindo os sistemas/armamento necessários”. A aeronave está subaproveitada no sentido em que existe a integração de vários sistemas relevantes para a operação no Operational Flight Program (OFP) da aeronave, mas sem que a FA possua os equipamentos ou armamento respetivo, não podendo assim deles tirar partido. Como complemento, Pereira (op. cit.) sugere ainda a continuidade da modernização através de uma aproximação à V-Config, com instalação nos F-16 da FA de um radar AESA e sistemas modernos de comunicação compatíveis com a 5ª Geração.

Caso não se verifique evolução nas capacidades atuais, o SA F-16 da FA será relegado para funções de 2ª ou 3ª linha (Salvada, op. cit.). Com base nas respostas dos participantes e no “Programa de Extensão de Capacidades Operacionais (PECO) do Sistema de Armas F-16M”16 (EMFA, 2017), torna-se possível a construção de uma matriz caracterizada com as necessidades que deverão guiar a modernização do SA F-16 de acordo com o Quadro 2:


(...)


Muito mais há para ler neste estudo deveras interessante, assim houvesse vontade e lógica para tal se vir a materializar.


Como já tinha dito aqui no fórum, há uns bons tempos, não temos capacidade para adquirir uma frota de 30 F-35A, por isso 12 F-35A e 19 a 25 F-16V, totalizando 31 aeronaves, parece-me ser um número bom entre 31 a 37, aeronaves.

Isto aliado, a novos armamentos comuns ao F-16V e F-35A, nomeadamente, AIM-9X, JSOW, JASSM, SDB entre outros.

Melhores Cumprimentos,
 

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2132 em: Setembro 04, 2020, 01:12:59 pm »
Resta perceber se, caso sigam o caminho dessa "reorientação", vai se realizado algum upgrade aos F-16, nomeadamente para V, ou se vão ficar como estão.
Uma coisa é certa, para algumas missões, o F-35 ou qualquer outro caça de 5ª geração, ficaria muito caro de operar, nomeadamente para interceptar Cessnas em espaço aéreo nacional, missões de ataque em espaço aéreo seguro, etc. E nesse aspecto, o F-16V serve perfeitamente. Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.
 

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2133 em: Setembro 04, 2020, 02:09:58 pm »
Resta perceber se, caso sigam o caminho dessa "reorientação", vai se realizado algum upgrade aos F-16, nomeadamente para V, ou se vão ficar como estão.
Uma coisa é certa, para algumas missões, o F-35 ou qualquer outro caça de 5ª geração, ficaria muito caro de operar, nomeadamente para interceptar Cessnas em espaço aéreo nacional, missões de ataque em espaço aéreo seguro, etc. E nesse aspecto, o F-16V serve perfeitamente. Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.

Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.
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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2134 em: Setembro 04, 2020, 02:23:03 pm »
Ainda têm mais horas disponíveis nas células do que tinha imaginado. Surpreendente, especialmente no caso dos PA II.
Talent de ne rien faire
 
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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2135 em: Setembro 04, 2020, 03:12:17 pm »
Ainda têm mais horas disponíveis nas células do que tinha imaginado. Surpreendente, especialmente no caso dos PA II.

Logo desde o início houve o cuidado de se irem buscar as células mais "low-hour" ao AMARG, células essas muitas delas com 10, no máximo 12 anos de operação antes de irem lá parar. Esses A/B Block 15 transitaram rapidamente da USAF/USAFE para a ANG, e mesmo na Guarda Aérea pouco tempo teriam de serviço até começarem a ser substituídos pelas primeiras versões do F-16C/D, o Block 25 e o 30. Juntando a esse potencial os reforços estruturais Falcon UP/Falcon STAR que receberam aquando da modernização para MLU, até mesmo os PA II têm ainda muito para dar.

O problema com os motores é que cada revisão leva muito tempo, apesar do apoio constante de P&W, diminuindo o número de aparelhos disponíveis. Já sobre o crónico desinvestimento em novas capacidades e novo armamento, infelizmente é mais do mesmo. Por isso disse aqui há uns tempos que nós somos um dos utilizadores do F-16 que menor percentagem explora do seu potencial, aliás bastaria ir ver o que cada nova OFP introduz e aquilo que nós entretanto adoptámos dessas mesmas novas capacidades. ::)
« Última modificação: Setembro 04, 2020, 03:17:17 pm por Charlie Jaguar »
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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2136 em: Setembro 04, 2020, 04:59:44 pm »
Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.
Já temos provas dadas no passado de como somos senhores para retirar os F-16 de serviço e estar sem caças durante alguns anos: vide o caso da compra dos P-3 ou agora da reforma dos Alpha Jet sem um substituto enquanto se enviam instrutores para darem formação no estrangeiro. Facilmente faríamos o mesmo com os F-35.

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2137 em: Setembro 04, 2020, 08:16:38 pm »
Resta perceber se, caso sigam o caminho dessa "reorientação", vai se realizado algum upgrade aos F-16, nomeadamente para V, ou se vão ficar como estão.
Uma coisa é certa, para algumas missões, o F-35 ou qualquer outro caça de 5ª geração, ficaria muito caro de operar, nomeadamente para interceptar Cessnas em espaço aéreo nacional, missões de ataque em espaço aéreo seguro, etc. E nesse aspecto, o F-16V serve perfeitamente. Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.

Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.

Não concordo contigo, acho que vamos ter um caça 5º geração mas em números reduzidos (uma esquadra e com poucos aviões) numa primeira fase. Continuando a outra com F-16 e se calhar passando alguns pilotos e aeronaves(F-16B) para a 103.

É bom lembrar que os F-16MLU são extremamente "baratos" para as capacidades que dispõem.
 

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dc

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2138 em: Setembro 04, 2020, 11:01:40 pm »
Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.

Eu entendo perfeitamente onde queres chegar. E tendo em conta esse caso, não seria de todo descabido, caso não houvesse de facto dinheiro para comprar (e manter) o F-35, seja em pequenas quantidades ou uma frota completa, optar por fazer um upgrade a todos os F-16 para o padrão V. Até por questões o horizonte temporal em que se planeava substituir os F-16, em simultâneo com a substituição das fragatas, P-3, helis navais e sabe-se lá mais o quê.

E aqui acabo por levantar outra questão. Dado o custo de compra de um novo caça, e tudo o que lhe é inerente no contrato, até que ponto não ficaríamos a ganhar ao manter F-16V com todo o armamento possível e imaginável, em vez de ter F-35 e uma dúzia de AMRAAMs e pouco mais?
 

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2139 em: Setembro 04, 2020, 11:15:46 pm »
Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.

Eu entendo perfeitamente onde queres chegar. E tendo em conta esse caso, não seria de todo descabido, caso não houvesse de facto dinheiro para comprar (e manter) o F-35, seja em pequenas quantidades ou uma frota completa, optar por fazer um upgrade a todos os F-16 para o padrão V. Até por questões o horizonte temporal em que se planeava substituir os F-16, em simultâneo com a substituição das fragatas, P-3, helis navais e sabe-se lá mais o quê.

E aqui acabo por levantar outra questão. Dado o custo de compra de um novo caça, e tudo o que lhe é inerente no contrato, até que ponto não ficaríamos a ganhar ao manter F-16V com todo o armamento possível e imaginável, em vez de ter F-35 e uma dúzia de AMRAAMs e pouco mais?

Não metas as coisas dessa forma, ter 5º geração é estar integrado na EPAF, não ter, é saltar fora !
 

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« Responder #2140 em: Setembro 05, 2020, 12:47:20 am »
Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.

Eu entendo perfeitamente onde queres chegar. E tendo em conta esse caso, não seria de todo descabido, caso não houvesse de facto dinheiro para comprar (e manter) o F-35, seja em pequenas quantidades ou uma frota completa, optar por fazer um upgrade a todos os F-16 para o padrão V. Até por questões o horizonte temporal em que se planeava substituir os F-16, em simultâneo com a substituição das fragatas, P-3, helis navais e sabe-se lá mais o quê.

E aqui acabo por levantar outra questão. Dado o custo de compra de um novo caça, e tudo o que lhe é inerente no contrato, até que ponto não ficaríamos a ganhar ao manter F-16V com todo o armamento possível e imaginável, em vez de ter F-35 e uma dúzia de AMRAAMs e pouco mais?

Ao fazer o upgrade para versão Block 70/72(V) permite ao F-16 operar em cenários onde o adversário tem um S-300?
 

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2141 em: Setembro 05, 2020, 02:36:23 am »

Ao fazer o upgrade para versão Block 70/72(V) permite ao F-16 operar em cenários onde o adversário tem um S-300?

Essa possibilidade é demasiado generalista para ser respondida com sim ou não.

Já agora sobre missões de SEAD.

https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
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Charlie Jaguar

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2142 em: Setembro 05, 2020, 10:09:55 am »
Resta perceber se, caso sigam o caminho dessa "reorientação", vai se realizado algum upgrade aos F-16, nomeadamente para V, ou se vão ficar como estão.
Uma coisa é certa, para algumas missões, o F-35 ou qualquer outro caça de 5ª geração, ficaria muito caro de operar, nomeadamente para interceptar Cessnas em espaço aéreo nacional, missões de ataque em espaço aéreo seguro, etc. E nesse aspecto, o F-16V serve perfeitamente. Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.

Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.

Não concordo contigo, acho que vamos ter um caça 5º geração mas em números reduzidos (uma esquadra e com poucos aviões) numa primeira fase. Continuando a outra com F-16 e se calhar passando alguns pilotos e aeronaves(F-16B) para a 103.

Bom, antes de mais nada como é óbvio qualquer pessoa é livre de concordar ou discordar, ainda para mais num fórum de discussão. Se as coisas continuarem como estão, foi o que escrevi (ou seja, se tudo permanecer como no decurso da década passada até 2030 sem quaisquer alterações), sim, vai ser uma tarefa complicada teres ao dispor uma plataforma aérea de combate de 5ª Geração se não existirem verbas para a manter e armar. "Achar" é futurologia, e ninguém mais do que eu gostaria de ver um cenário onde teríamos a Esq. 201 equipada com 20 a 25 F-16V e a 301 com uma dúzia de F-35A, mas temos de ser realistas e sim, se as coisas durante esta próxima década se mantiverem como têm estado é muito difícil sequer conceber essa perspectiva.


Eu entendo perfeitamente onde queres chegar. E tendo em conta esse caso, não seria de todo descabido, caso não houvesse de facto dinheiro para comprar (e manter) o F-35, seja em pequenas quantidades ou uma frota completa, optar por fazer um upgrade a todos os F-16 para o padrão V. Até por questões o horizonte temporal em que se planeava substituir os F-16, em simultâneo com a substituição das fragatas, P-3, helis navais e sabe-se lá mais o quê.

E aqui acabo por levantar outra questão. Dado o custo de compra de um novo caça, e tudo o que lhe é inerente no contrato, até que ponto não ficaríamos a ganhar ao manter F-16V com todo o armamento possível e imaginável, em vez de ter F-35 e uma dúzia de AMRAAMs e pouco mais?

É precisamente isso a que me estava a referir. O estudo aponta, e com razão, que qualquer nova aeronave de combate a ser adquirida para ter uma IOC em 2030 tem de ser contratada até 2025/26. Nessa altura é suposto o valor de cada célula F-35A já rondar ou estar abaixo dos 80M$, flyaway cost (ou seja, o valor da célula completa Lot 13/14, porém ficando de fora sobressalentes e manutenção), o que para uma dúzia de aparelhos daria algo como 800M€.



Porém, a esses 800M€ tem de se juntar tudo o resto, isto é, formação de pessoal, manutenção, cadeia logística (sobressalentes), motores e a sua manutenção, armamento e construção ou adequação de infraestruturas para o F-35. Quanto a este último aspecto, por exemplo, a Bélgica irá gastar algo como 400 a 500M€ na construção de novas infraestruturas para acomodar os seus futuros F-35A, e se transpusermos esse valor para o nosso caso com somente 12 células e novos edifícios/estruturas daria algo a rondar os 1200 a 1300M€. Depois soma-se o resto e facilmente se chega perto de algo em torno dos 2000M€, isto se os quisermos operacionais e não guardados no hangar ou em exposição estática para fazer inveja aos outros.

Depois, modernizar e rearmar os F-16 MLU serão mais umas tantas centenas de milhões (em 2017 uma modesta modernização equivalente à V para 30 aeronaves estava orçada em 500M€); e em seguida tudo aquilo que nos 3 ramos precisa começar a ser substituído com urgência (que não vale a pena estar a enumerar de tão sobejamente conhecido que é) entre o final desta década e o princípio da próxima de modo a não ser votados à irrelevância no seio da NATO ou obrigados a alugar a nossa soberania a terceiros. Por isso é mesmo tão difícil perceber como um cenário destes é bastante complicado tendo em conta as actuais circunstâncias? Porque para fintar a obrigatoriedade dos 2% do PIB na Defesa até 2024 os nossos governantes estão prontos, mas para nos dotar de capacidades minimamente credíveis que permitam a manutenção da nossa soberania continental e insular é que já não.

Saudações Aeronáuticas,
Charlie Jaguar

"(...) Que, havendo por verdade o que dizia,
DE NADA A FORTE GENTE SE TEMIA
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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2143 em: Setembro 05, 2020, 10:26:19 am »
Resta perceber se, caso sigam o caminho dessa "reorientação", vai se realizado algum upgrade aos F-16, nomeadamente para V, ou se vão ficar como estão.
Uma coisa é certa, para algumas missões, o F-35 ou qualquer outro caça de 5ª geração, ficaria muito caro de operar, nomeadamente para interceptar Cessnas em espaço aéreo nacional, missões de ataque em espaço aéreo seguro, etc. E nesse aspecto, o F-16V serve perfeitamente. Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.

Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.

Não concordo contigo, acho que vamos ter um caça 5º geração mas em números reduzidos (uma esquadra e com poucos aviões) numa primeira fase. Continuando a outra com F-16 e se calhar passando alguns pilotos e aeronaves(F-16B) para a 103.

Bom, antes de mais nada como é óbvio qualquer pessoa é livre de concordar ou discordar, ainda para mais num fórum de discussão. Se as coisas continuarem como estão, foi o que escrevi (ou seja, se tudo permanecer como no decurso da década passada até 2030 sem quaisquer alterações), sim, vai ser uma tarefa complicada teres ao dispor uma plataforma aérea de combate de 5ª Geração se não existirem verbas para a manter e armar. "Achar" é futurologia, e ninguém mais do que eu gostaria de ver um cenário onde teríamos a Esq. 201 equipada com 20 a 25 F-16V e a 301 com uma dúzia de F-35A, mas temos de ser realistas e sim, se as coisas durante esta próxima década se mantiverem como têm estado é muito difícil sequer conceber essa perspectiva.


Eu entendo perfeitamente onde queres chegar. E tendo em conta esse caso, não seria de todo descabido, caso não houvesse de facto dinheiro para comprar (e manter) o F-35, seja em pequenas quantidades ou uma frota completa, optar por fazer um upgrade a todos os F-16 para o padrão V. Até por questões o horizonte temporal em que se planeava substituir os F-16, em simultâneo com a substituição das fragatas, P-3, helis navais e sabe-se lá mais o quê.

E aqui acabo por levantar outra questão. Dado o custo de compra de um novo caça, e tudo o que lhe é inerente no contrato, até que ponto não ficaríamos a ganhar ao manter F-16V com todo o armamento possível e imaginável, em vez de ter F-35 e uma dúzia de AMRAAMs e pouco mais?

É precisamente isso a que me estava a referir. O estudo aponta, e com razão, que qualquer nova aeronave de combate a ser adquirida para ter uma IOC em 2030 tem de ser contratada até 2025/26. Nessa altura é suposto o valor de cada célula F-35A já rondar ou estar abaixo dos 80M$, flyaway cost (ou seja, o valor da célula completa Lot 13/14, porém ficando de fora sobressalentes e manutenção), o que para uma dúzia de aparelhos daria algo como 800M€.



Porém, a esses 800M€ tem de se juntar tudo o resto, isto é, formação de pessoal, manutenção, cadeia logística (sobressalentes), motores e a sua manutenção, armamento e construção ou adequação de infraestruturas para o F-35. Quanto a este último aspecto, por exemplo, a Bélgica irá gastar algo como 400 a 500M€ na construção de novas infraestruturas para acomodar os seus futuros F-35A, e se transpusermos esse valor para o nosso caso com somente 12 células e novos edifícios/estruturas daria algo a rondar os 1200 a 1300M€. Depois soma-se o resto e facilmente se chega perto de algo em torno dos 2000M€, isto se os quisermos operacionais e não guardados no hangar ou em exposição estática para fazer inveja aos outros.

Depois, modernizar e rearmar os F-16 MLU serão mais umas tantas centenas de milhões (em 2017 uma modesta modernização equivalente à V para 30 aeronaves estava orçada em 500M€); e em seguida tudo aquilo que nos 3 ramos precisa começar a ser substituído com urgência (que não vale a pena estar a enumerar de tão sobejamente conhecido que é) entre o final desta década e o princípio da próxima de modo a não ser votados à irrelevância no seio da NATO ou obrigados a alugar a nossa soberania a terceiros. Por isso é mesmo tão difícil perceber como um cenário destes é bastante complicado tendo em conta as actuais circunstâncias? Porque para fintar a obrigatoriedade dos 2% do PIB na Defesa até 2024 os nossos governantes estão prontos, mas para nos dotar de capacidades minimamente credíveis que permitam a manutenção da nossa soberania continental e insular é que já não.



As contas grosso modo, serão essas, perto dos 2000 milhões, chave na mão,a menos que o acordo das Lajes surja efeito, de alguma forma, no sentido de suprir algumas demandas de equipamentos, com "surplus" USA, ou seja, em vez de alocar verba nacional, serem "cedidos" pela USAF/USN etc, e alocar essa verba para as compras mais onerosas,como seja o F-35A.

 

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Re: Substituiçao dos F-16's
« Responder #2144 em: Setembro 05, 2020, 01:34:54 pm »
Resta perceber se, caso sigam o caminho dessa "reorientação", vai se realizado algum upgrade aos F-16, nomeadamente para V, ou se vão ficar como estão.
Uma coisa é certa, para algumas missões, o F-35 ou qualquer outro caça de 5ª geração, ficaria muito caro de operar, nomeadamente para interceptar Cessnas em espaço aéreo nacional, missões de ataque em espaço aéreo seguro, etc. E nesse aspecto, o F-16V serve perfeitamente. Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.

Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.

Não concordo contigo, acho que vamos ter um caça 5º geração mas em números reduzidos (uma esquadra e com poucos aviões) numa primeira fase. Continuando a outra com F-16 e se calhar passando alguns pilotos e aeronaves(F-16B) para a 103.

Bom, antes de mais nada como é óbvio qualquer pessoa é livre de concordar ou discordar, ainda para mais num fórum de discussão. Se as coisas continuarem como estão, foi o que escrevi (ou seja, se tudo permanecer como no decurso da década passada até 2030 sem quaisquer alterações), sim, vai ser uma tarefa complicada teres ao dispor uma plataforma aérea de combate de 5ª Geração se não existirem verbas para a manter e armar. "Achar" é futurologia, e ninguém mais do que eu gostaria de ver um cenário onde teríamos a Esq. 201 equipada com 20 a 25 F-16V e a 301 com uma dúzia de F-35A, mas temos de ser realistas e sim, se as coisas durante esta próxima década se mantiverem como têm estado é muito difícil sequer conceber essa perspectiva.


Eu entendo perfeitamente onde queres chegar. E tendo em conta esse caso, não seria de todo descabido, caso não houvesse de facto dinheiro para comprar (e manter) o F-35, seja em pequenas quantidades ou uma frota completa, optar por fazer um upgrade a todos os F-16 para o padrão V. Até por questões o horizonte temporal em que se planeava substituir os F-16, em simultâneo com a substituição das fragatas, P-3, helis navais e sabe-se lá mais o quê.

E aqui acabo por levantar outra questão. Dado o custo de compra de um novo caça, e tudo o que lhe é inerente no contrato, até que ponto não ficaríamos a ganhar ao manter F-16V com todo o armamento possível e imaginável, em vez de ter F-35 e uma dúzia de AMRAAMs e pouco mais?

É precisamente isso a que me estava a referir. O estudo aponta, e com razão, que qualquer nova aeronave de combate a ser adquirida para ter uma IOC em 2030 tem de ser contratada até 2025/26. Nessa altura é suposto o valor de cada célula F-35A já rondar ou estar abaixo dos 80M$, flyaway cost (ou seja, o valor da célula completa Lot 13/14, porém ficando de fora sobressalentes e manutenção), o que para uma dúzia de aparelhos daria algo como 800M€.



Porém, a esses 800M€ tem de se juntar tudo o resto, isto é, formação de pessoal, manutenção, cadeia logística (sobressalentes), motores e a sua manutenção, armamento e construção ou adequação de infraestruturas para o F-35. Quanto a este último aspecto, por exemplo, a Bélgica irá gastar algo como 400 a 500M€ na construção de novas infraestruturas para acomodar os seus futuros F-35A, e se transpusermos esse valor para o nosso caso com somente 12 células e novos edifícios/estruturas daria algo a rondar os 1200 a 1300M€. Depois soma-se o resto e facilmente se chega perto de algo em torno dos 2000M€, isto se os quisermos operacionais e não guardados no hangar ou em exposição estática para fazer inveja aos outros.

Depois, modernizar e rearmar os F-16 MLU serão mais umas tantas centenas de milhões (em 2017 uma modesta modernização equivalente à V para 30 aeronaves estava orçada em 500M€); e em seguida tudo aquilo que nos 3 ramos precisa começar a ser substituído com urgência (que não vale a pena estar a enumerar de tão sobejamente conhecido que é) entre o final desta década e o princípio da próxima de modo a não ser votados à irrelevância no seio da NATO ou obrigados a alugar a nossa soberania a terceiros. Por isso é mesmo tão difícil perceber como um cenário destes é bastante complicado tendo em conta as actuais circunstâncias? Porque para fintar a obrigatoriedade dos 2% do PIB na Defesa até 2024 os nossos governantes estão prontos, mas para nos dotar de capacidades minimamente credíveis que permitam a manutenção da nossa soberania continental e insular é que já não.

A compra de 12 F-35, se fosse pelo FMS(financiamento a pelo menos 10 anos) não ia ser mais de 1/4 por ano da LPM pós 2030.

Mas é esperar para ver quem vai ser o próximo presidente da republica.