« Responder #4 em: Maio 28, 2004, 11:22:27 am »
DN
Militares exigem respeito pela lei
INÊS DAVID BASTOS
Uma delegação de elementos das Forças Armadas entregou ontem no Parlamento uma petição bastante crítica em relação à actuação do Ministério da Defesa, tutelado por Paulo Portas. Os militares acusam o ministro de não «zelar pelos interesses» do sector e pedem à Assembleia que «faça sentir ao Governo que as leis são para cumprir», segundo disse aos jornalistas o general Ferreira Pinto, da Associação dos Militares na Reserva e na Reforma (ASMIR).
Na petição, cerca de cinco mil militares exigem o cumprimento do estatuto da condição militar no que toca à progressão de carreiras, assistência na saúde e pensões de reforma. «Não é próprio de um Estado de Direito congelar uma lei por despacho ministerial», criticou Ferreira Pinto. Considerando «inadmissível que militares com 14 ou 15 anos de serviço estejam ainda no mesmo posto» e que «50 por cento dos praças da Armada não tenham expectativas de carreira».
Ferreira Pinto reconheceu que o ministro tem dialogado com as associações mas desde logo avisou que esse diálogo tem ficado aquém do que é permitido pela lei. Ou seja, as associações contestam o facto de não terem representação na comissão de acompanhamento das pensões, como, segundo garantem, «está previsto na lei». «Ninguém sabe como estão as contas do fundo de pensões», acusou o representante da ASMIR.
A este propósito, o tenente-coronel Alpedrinha Pires, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA,) fez questão de lembrar que «o complemento de pensões não está a ser pago há três anos». «Para já, queremos que a lei comece a ser cumprida», disse.
O documento, já criticado pelo Governo, conta ainda com a assinatura de ex-chefes militares como Alvarenga Sousa Santos (ex-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas) e Silva Viegas (antigo chefe do Estado-Maior da Armada), que abandonaram funções em ruptura com o ministro de Estado e da Defesa. O secretário de Estado da tutela, Henrique Freitas, já veio contestar as críticas dos militares, afirmando que este tem sido o Governo que mais lutou pela dignidade das Forças Armadas.
Ao contrário do que era esperado, a delegação foi recebida pelo chefe de gabinete de Mota Amaral e não pelo próprio presidente da Assembleia da República.