Boas,
Este anos, que já são alguns, em que tenho andado em unidades operacionais levam-me a ter uma opinião sobre este assunto. A minha opinião é fundamentada na minha experiência pessoal, enquanto operacional nas nossas missões, como também em missões de outras forças armadas de países amigos que já tive a oportunidade de participar, algumas das vezes como sendo o único português presente.
Não comparando os valores de vencimentos com os de outros países, que não me parece justo, mas sim a discrepância dos valores que se pagam aos operacionais e aos terráqueos, ou mesmo as regalias é que me parece o mais justo de ser comparado. E aí sim, dá para constatar que os militares portugueses são mal pagos, desculpem eu queria dizer os OPERACIONAIS são MUITO MAL pagos.
Em países como EUA, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, África do Sul, Grécia, Espanha, Holanda, espero não me ter esquecido de nenhum, existe uma clara diferenciação entre os operacionais e os outros. Sendo ela monetária ou não.
Nós não, ou a diferenciação é pequena ou é inexistente, e se não existir voluntários, não há problema. Arranjam-se alguns que não sabiam que o eram, passaram a sê-lo quando o chefe de uma repartição os nomeiam. E, depois entra a honestidade de uns e a ausência dela por parte de outros, que fazem de propósito para reprovarem, lá se vão preenchendo os lugares de dotação das unidades. Claro, desta maneira e enquanto existirem militares honestos nunca haverá problemas em alimentar os quadros de algumas unidades operacionais. Para além desta honestidade, podemos encontrar o bom ambiente, o animo de alguns, e as amizades que se criam e o comodismo que tanto caracteriza o português que impede a maior parte dos que ficam em abandonarem mais cedo esta vida. Os 200 ou 300 Eur a mais depois dos impostos fazerem das suas, e com os últimos cortes na contagem do tempo de serviço, começa-se cada vez mais a ouvir que nada paga este esforço. Ou seja, a "Coisa" poderá ficar em causa, mas não só pelo que referi anteriormente, mas também pela maior facilidade de acesso à informação e à justiça, em que os militares começam a verificar que existem algumas leis que os podem safar daquilo que o seu ramo os quer obrigar a fazer.
Enquanto isto se passa nas unidades operacionais, as FFAA e as sua chefias, militares ou políticas, preferem olhar para o lado e assobiar. E mostrar algumas imagens das festas militares e do navio hotel/restaurante "Sagres", que não é a realidade da vida militar. As dificuldades do dia-a-dia e da missão que não traz a imagem que interessa vender não surge nas TV's. A ausência de condições habitacionais das corvetas, para não falar dos submarinos, a ausência de uniformes adequados, etc...
Assim, e como diz o ditado os cães ladram e "a missão é cumprida" !!!!
Em forma de conclusão, e para todos terem a noção do regime de voluntariado na minha unidade operacional vou-vos deixar uns números. Dos mais de 3 dezenas de militares em lotação existem somente 2 voluntários, mas que também pensam que na superfícies estavam bem melhores.
Abraço a todos