«É muito difícil compreender a China» diz Paul Krugman
O Nobel da Economia Paul Krugman concordou que "para avançar, a China precisa de aumentar a procura interna", mas reconheceu ter "dificuldade" em compreender aquele país, revelou hoje a imprensa oficial chinesa.
"A China é um país onde compreender o que está realmente a acontecer é mais difícil do que nos outros países", disse Krugman numa das quatro conferências que realizou segunda e terça-feira em Pequim e Xangai.
Foi a primeira visita de Krugman à China e segundo o jornal oficial de língua inglesa,
China Daily, o bilhete mais barato para assistir a uma das suas conferências custou 5.800 yuan (630 euros) – o equivalente ao salário de um professor universitário.
Krugman, 56 anos, galardoado pela Academia Sueca em 2008, manifestou-se muito preocupado com a crise económica global e admitiu que o mundo esteja a entrar numa “prolongada recessão”.
“Não faço ideia nenhuma qual será a fonte do próximo boom. De facto não sei. Estou muito preocupado que tenhamos uma prolongada recessão”, afirmou.
Sobre o elevado défice comercial norte-americano em relação à China, Krugman disse que “os Estados Unidos viveram muito tempo acima dos seus meios”, mas considerou que isso não pode durar e que as exportações chineses não podem contar com o mesmo crescimento que registaram até agora.
"Para avançar, a China precisa de gerar mais procura interna e os Estados Unidos necessitam de funcionar com um deficit mais pequeno", disse.
As exportações chinesas têm diminuído desde Novembro, e a queda registada em Fevereiro passado (25,7 por cento) foi mesmo a pior em mais de uma década.
Para compensar, o governo chinês preconiza o aumento da procura interna, o que oficialmente tem estado a acontecer.
O aumento é particularmente acentuado no domínio dos investimentos públicos em grandes infra-estruturas, que nos primeiros quatro meses deste ano subiram 30,5 por cento em relação a igual período de 2008.
Segundo o Banco Mundial, a economia chinesa deverá crescer este ano apenas 6,5 por cento – o mais baixo em quase duas décadas – mas o governo chinês espera atingir os 8 por cento, apenas menos um ponto que em 2008.
Lusa