Na abertura (hoje, em Pequim) da cimeira sino-africana, o presidente chines Hu Jintao realçou a vontade de estreitar os laços do seu pais com África e anunciou que a China iria duplicar a sua ajuda aos países africanos, oferecer 4 000 milhoes € em créditos e empréstimos, bem como a construção de escolas e hospitais.
"A China deseja apresentar-se como um importante parceiro económico e social da África, ao mesmo tempo que pretende encontrar nesse continente novos recursos energéticos e também um mercado para os seus produtos - 'sem desenvolvimento combinado entre China e África não haverá paz nem desenvolvimento global' declarou Jintao no seu discurso de abertura perante os dirigentes africanos que foram acolhidos na sede do parlamento chines, e continuou Jintao ' nesta nova era a China e Africa partilham cada vez mais interesses e necessidades comuns'.Na assistência a presença de 35 Chefes de Estado e 13 enviados especiais provenientes de África...Jintao prometeu ainda a criação de um fundo de desenvolvimento China-África, o compromisso de formar 15 000 trabalhadores africanos, duplicar em dois anos o número de bolsas para estudantes africanos, para lá da criação de hospitais, escolas e clinicas anti-malária, bem como o envio de jovens voluntários chineses para África...
Os dirigentes chineses prometeram também que seria aumentado o número de categorias de produtos a beneficiarem de taxas na importação proveniente de países africanos mais pobres e criar entre três e cinco zonas de cooperação económica.
As relações cada vez mais estreitas entre China e África tem sido objecto de críticas, com alguns observadores a considerarem tratar-se de uma nova forma de colonialismo.Por outro lado militantes de direitos humanos acusam a China de ser conivente com os abusos cometidos em países como o Sudão e Zimbabwe."
- Le Nouvel Observateur - 4/11/2006
Esta cimeira representa a maior reunião diplomática até hoje realizada na China e confirma (se tal fosse preciso) o interesse da China em África, que representam juntas como lembrou o Presidente chinês mais de um terço da população mundial.
Recordo que a China é neste momento o terceiro parceiro comercial em Africa (depois dos EUA e França), que o comércio sino-africano deverá ultrapassar os 40 000 milhões de € (cinco vezes mais que em 2000) sendo a Africa do Sul Angola e Sudao os primeiros parceiros comerciais africanos dos chineses.Lembremos que a China desde 1993 deixou de ser autosuficiente em petróleo (está já importando um terço das suas necessidades) e entre os seus principais fornecedores estão alguns paises africanos (Argélia, Nigéria , Angola...).
À sede crescentemente avassaladora em matérias-primas da nova China é de acrescentar a necessidade de escoamento dos seus produtos a preço razoavel, nos mercados africanos, ao mesmo tempo que nao 'põe nenhuma condição politica na sua cooperação' dixit Jintao.
"A politica chinesa em Africa poderá contribuir para manter tipos de governação política e económica que estão no centro dos entraves ao crescimento económico africano" lembrou Pierre Braud investigador no Instituto de Estudos de Segurança (organismo dependente da Uniao Europeia).
Pessoalmente, não duvido que a África esta a seguir novos caminhos, e a Europa possívelmente cada vez terá menos a dizer em relação ao seu futuro político-económico ( feliz ou infelizmente)... embora quanto ao número também crescente dos seus refugiados isso já será caso diferente...