Sim Papatango, algumas coisas já foram aqui discutidas, mas o relatório do qual tirei esta informaçao é feito numa perspectiva economica e nao militar, embora o tema seja este ultimo. Vamos por partes:
1 - Incertezas sobre o financiamento:
- A emissao conjunta de dívida (€150M) será benéfica para países cujo financiamento seja a taxas mais baixas, MAS os que se conseguem financiar sozinhos com as mesmas taxas nao tiram nenhum partido desta acçao.
- Os outros €650M feitos através da exclusao das contas publicas por 4 anos, nao beneficiam países super endividados, nomeadamente Italia e França, uma vez que o endividamento rapidamente de traduzirá em taxas de financiamento mais altas.
- Destinar parte dos fundos de coesao para a defesa sem especificar os mecanismos pode trazer tumultos sociais.
As economias de maiores dimensões são as que aqui importam, os países mais pequenos vão ter que decidir a quantidade a comprar...
Uma subida nas taxas de juro, será resultado da politica do Banco Central Europeu. Para alguma coisa existe o banco central europeu...
- Quando se fala em financiamento, o tamanho dos países é irrelevante. O que interessa é o seu Perfil de Crédito. O Brazil é um país continental, mas financia-se a taxas mais altas do que Portugal que é minusculo em comparaçao. A Alemanha e a Holanda em termos de rating S&P (e seguramente Moody's), sao aqueles que terao melhores taxas de financiamento pois tem o melhor rating possivel (AAA). O rating da França está 3 níveis abaixo com uma perspectiva negativa( Provavelmente vais passar a estar 4), a Italia está 8 niveis abaixo e a Espanha está 5. Aqui tem as 5 maiores economias da Europa (todas com PIB acima de €1T, portanto a Alemanha e Holanda financiam-se a taxas muito baixas, se a emissao de dívida for conjunta, a Holanda (que é sempre do contra) nao vai beneficiar em nada, especialmente se o plano de rearmamento nao contemplar a compra dos misseis americanos que eles vao construir localmente.
- O BCE serve para muita coisa, mas nao controla os juros da dívida soberana, pode "manipular" ao também comprar titulos de dívida, de maneira a aumentar a procura e consequentemente baixando os juros no início da emissao, ou artificialmente baixa-los comprando dívida no mercado secundario. No entanto os mercados é que determinam as taxas, senao toda a gente se financiaria no BCE até este rebentar.
- LEmbro-lhe que os Perfis de Credito sao atribuídos por Agencias de Credito Americanas. A Europa acordou para isto aquando da crise das dívidas soberanas, era o Durao Barroso Presidente da UE, falou-se na criaçao de uma Agencia Europeia, mas depressa voltou a adormecer.
Mas as industrias aeronauticas europeias conseguiram juntar-se para criar a Airbus. E não havia russos a bater à porta.




Péssimo exemplo. A criaçao da airbus prendeu-se a necessidade em criar uma aeronave que pudesse competir com a boeing no mercado civil, apesar dos participantes no Consorcio actuarem também no mercado militar. Isto começou, creio no inicio dos anoa 70. So mais tarde é que a Airbus passou para o mercado militar (devido ao seucesso do projecto) e em 2000 passou a ser a Airbus que hoje conhecemos. Repare que em 2012 a fusao entre a BAE systems e a EADS nao se concretizou.
- Destinar parte dos fundos de coesao para a defesa sem especificar os mecanismos pode trazer tumultos sociais.
Que pode haver contestação a compras militares, é uma espécie de segredo de La Palice. Bastava ouvir as perguntas no parlamento do lider da delegação portuguesa do Partido Comunista da Russia.
Um aumento da produção industrial, também vai requerer mais mão de obra, salarios mais altos, que por sua vez também terão tendencia a aumentar os preços, isso é aparentemente obvio.
Compras militares em deterimento de proteçao social causarao sempre tumultos, daí o relatório dizer que o risco é o facto de nao haver mecanismos especificados. Que mecanismos poderao ser estes? A UE é composta por estados soberanos onde o nacionalismo é uma realidade e ninguém quer partilhar nada. Para acelarar a produçao fará sentido criar um regime de impostos uniforme para as industrias de armamento europeias dentro da UE? Algo como: os impostos serem os mesmos para todas as empresas que construam armamento, independentemente do país onde sao produzidos e também ajudas estatais para a criaçao de fábricas. Isto permitiria que as empresas pudessem produzir em mais países, beneficiando de mao de obra mais barata (os que produzem armas sao os que pagam melhor), pagando os mesmos impostos que pagariam no seu país; já para nao falar que em caso de conflito, a capacidade de produçao seria muito menos afetada se uma fábrica fosse destruída. Para os países que recebessem essa fábrias, o investimento na defesa através do desvio dos fundos de coesao seria mais justificavel pois isso aumentaria salarios e criaria novos empregos.
Voce já falou aqui da necessidade de na industria de armamento europeia haver fusoes como houve nos EUA. Permita-me discordar, pois anteriormente voce focou um ponto mais interessante que era a integraçao dos diversos equipamentos. Na altura deu o exemplo da torre de um tanque Leopard nao poder substituir a de um tanque frances e até das muniçoes do tanque challenger serem diferentes das dos Leopard, apesar de terem o mesmo calibre; mais recentemente falou dos parafusos serem diferentes a titulo de exemplo. Isto é o que deve acontecer, pois permite interoperabilidade em caso de conflito e permite manter o orgulho nacional de quem faz os equipamentos. Se é exequível nao sei, mas fusoes no mundo em que vivemos, sao sempre má ideia, no fundo acabam por ser um sinonimo para despedimentos e no final a cultura de uma empresa acaba sempre por prevalecer sobre a estratégia. Um exemplo disso foi a aquisiçao da Mcdonald Douglas pela Boeing, que acabou por virar anedota com o pessoal a dizer que a MC Douglas comprou a Boeing usando o proprio dinheiro da Boeing

O mesmo poderia ser dito da Daimler e Crysler.