A frente esquecida do Rovuma

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Carlos Rendel

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A frente esquecida do Rovuma
« em: Maio 12, 2014, 09:49:41 pm »
Da Introdução do livro  de Ricardo Marques,"Os fantasmas do Rovuma"cito:
 
  • As páginas que se seguem  contam a história de uma guerra de que ninguém fala.Não se comemora,não enche páginas de jornais e

 salvo raras, mas boas, excepções, é tratada em meia dúzia de linhas nos livros de História. Ross Anderson,um dos maiores especialistas no tema, chamou à frente da África Oriental a Frente Esquecida.E com razão. Um século depois,ainda há muito por saber,muitos pontos por ligar,muitas
 perguntas sem resposta.No final de 1917,depois de um breve ensaio meses antes,com as tropas alemãs prestes a entrarem definitivamente
 em território português, e as inglesas  em número muito superior atrás delas,uma real invasão estrangeira que não sucedia desde Napoleão e
que nunca mais se repetiu,um oficial  alemão resumia a guerra africana de forma  divertida:"Os ingleses perseguem-nos e nós perseguimos os
 portugueses".A simplicidade tem destas coisas.A verdade é que tudo correu mal aos portugueses.Na frente e na retaguarda.As constantes mudan-
 ças de governo e a instabilidade política em Lisboa sentiam-se a milhares de quilómetros.Em  África as condições não podiam ser piores.Os solda-
 dos morriam às centenas sem darem um tiro,sem saírem da base,atacados por paludismo, disenteria e sífilis.Outros morriam de cansaço nas
 marchas de milhares de quilómetros pela selva,sem outro objectivo que não fosse andar.Andar,sempre andar.Depois havia os alemães,coman-
 dados por um estranho general que insistia em viver do mato e do que roubava ao inimigo e que optava por uma mobilidade extrema das suas
 reduzidas forças para atacar as enormes colunas adversárias.Havia também leões,formigas,elefantes e toda a espécie de mosquitos capazes
 de matar um homem.Contra tudo isto Portugal mandava  soldados indisciplinados,mal preparados,com escassa formação militar,que se re-
 cusavam a tomar medicamentos,que bebiam àgua sem ser fervida,que passavam fome e sede,que andavam rotos e doentes. E era com estes
 homens  comandados por oficiais que não conheciam o terreno nem os hábitos das populações que,em Lisboa,se contava  para invadir o terri-
tório alemão,primeiro,e para garantir que os alemães não invadiam o território português,depois.Falharam ambas.




O Autor considera esta obra não  um livro de História,mas um livro de histórias,por ser baseado  nos escritos de militares que viveram um
pesadelo.O livro em questão é duro de encarar,sobretudo para quem  tem uma  visão heróica e uma imagem elevada  das cores portuguesas.
No entanto a verdade vem sempre  acima,goste-se ou não.                                                                                                                 cr
CR
 

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mafets

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Re: A frente esquecida do Rovuma
« Responder #1 em: Maio 13, 2014, 10:38:16 am »
http://www.operacional.pt/os-fantasmas-do-rovuma/
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Pareceu-nos no entanto que Ricardo Marques pouco valoriza a vitória. Pode ser deformação profissional de quem lê por ser militar, ou de quem escreve habituado que está a sublinhar os aspectos negativos dos acontecimentos, mas as derrotas e as misérias surgem-nos mais vincadas do que as vitórias. Muitos escritos da época, sem omitir as derrotas dão-nos ainda assim uma imagem mais positiva dos esforço militar português em Moçambique. Não que isto tire valor ao livro, nada disso, torna é a leitura, a espaços, algo penosa.
http://books.google.pt/books?id=NuidRc8AJkgC&pg=PT1&lpg=PT1&dq=Ricardo+Marques,%22Os+fantasmas+do+Rovuma%22&source=bl&ots=vSqOqsadFe&sig=XVLIRHCUBX75SerP0vquc-XJXO0&hl=pt-PT&sa=X&ei=td9xU4LLI4ey7Aak04DABw&ved=0CH4Q6AEwDw#v=onepage&q=Ricardo%20Marques%2C%22Os%20fantasmas%20do%20Rovuma%22&f=false
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No norte de Moçambique, junto às margens do Rovuma, milhares de homens viram-se condenados a marchas de centenas de quilómetros pela selva - sem comida nem água, sem sapatos, sem roupa, apenas com medo.



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Forças expedicionárias a caminho de África

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Cavalaria portuguesa. Partida da cavalaria portuguesa do Lubango para o Cuamato

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Durante as campanhas de Moçambique, 36 praças "indígenas" receberam cruzes de guerra19. Esquadra de Metralhadoras - Tropas Indigenas de Moçambique

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Bateria de metralhadoras a caminho do Rovuma

http://www.momentosdehistoria.com/MH_04_03_Coragem.htm

Cumprimentos
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/