Caros Ferrol e Manuel Liste:
Não creio que me tenham compreendido na totalidade:
Se é verdade que não considero que o armamentismo espanhol seja proporcional ao seu desenvolvimento económico (afinal, Espanha é um país da coesão, no seio da UE, e recebe por isso fundos comunitários), também é um facto que nunca contestei a legitimidade de Espanha planificar e adquirir os meios de que julga precisar.
Espanha é um país soberano e livre de canaliar a sua riqueza para os sectores da governação que julgue mais necessários.
Nos meus textos, se os lêm com atenção, declaro é pena por Portugal não puder ou querer acompanhar proporcionalmente, e não paritáriamente esse esforço militar espanhol, para aumentar as suas capacidades bélicas, qualitativamente e quantitativamente.
O amigo Ferrol afirmou mesmo que a ideia de Espanha é poder ter mesmo uma força armada naval semelhante a uma mini
US Navy, o que se para Espaha pode ser uma perspectiva fascinante, para um pequeno vizinho como nós será sem dúvida assustador, já que se fica sem perceber contra quem pretendem utilizar essa capacidade.
Uma questão de politicas e de dourinas:
Espanha tem uma doutrina militar ofensiva e interventiva, ou defensiva clássica?
De outro modo, todo esse poderio naval seria constitído por uma colecção de "elefantes brancos" atracados nas bases navais espanholas.
É que ao contrário dos EUA, França ou Inglaterra, a Espanha não tem uma política externa tradicionalmente interventiva, nem territórios ultramarinos.
Por isso, para Portugal e para quem está mais atento a estas questões parece estranha esta recente aptência espanhola para aumentar desproporcionalmente a sua capacidade militar, mesmo com recurso a armas tácticas.
Ferrol dixit:
¿Onde entra Portugal en todo isto? Pois directamente non entra, Rui. A Portugal non lle vexo, hoxe en día, unha visión naval clara, sen escoltas, sen buques a quen escoltar e cun futuro sorprendente, con 2 submariños de última tecnoloxía, pero sen barcos de defensa aérea (o maior perigo hoxe en día) e un LPD que vai ter que ir armado como unha fragata se pretende sobrevivir nun esceario de conflicto. Ou confiar nos amigos da OTAN para que o protexan...
Com essa sua afirmação acaba por me dar razão:
Portugal não tem visão naval clara, política de planeamento estratégico, não sabe o que quer nem para onde vai, ao nível militar, e navega à deriva, ao sabor das correntes e dos ventos.
Claro que isso não é culpa de Espanha, mas nossa.
Daí a minha afirmação de que Portugal prefere confiar na sorte, em Nª Senhora para nos proteger, e na NATO.
É mais cómodo e mais barato.
Mas a prazo, a conta será enorme.
É nisso que eu acredito.