O dinheiro importa. Não vai ser a solução milagrosa, pois sabemos que mesmo países que pagam bem aos militares também tem falta de pessoal.
Mas enquanto ser militar for pior que ir para supermercados e McDonald vai ser sempre a cair.
Por exemplo muitos mecânicos do F-16, que eram sargentos QP despediram-se para ir para a tal empresa holandesa, foram ganhar muito dinheiro, alguns iriam sempre é verdade, mas outros não, se ganhassem mais um pouco já não fariam isso, pois eles também estão a sacrificar estar perto da família, ir para um pais que desconhecem a cultura, a lingua, para ganhar mais uns euros.
Como me disse um sargento, quanto entrou para a tropa em 2000, um praça ganhava 2 ordenados mínimos e um sargento 3, agora um praça ganha o ordenado mínimo e um sargento ganha ordenado mínimo e meio.
Isso aplica-se até aos pilotos, em que um piloto da FAP recebe
muito menos do que um qualquer Almirante/General de secretária.
https://zap.aeiou.pt/forca-aerea-tem-quase-metade-dos-pilotos-que-deveria-ter-567038Alguém se opunha a que o valor mencionado na notícia fosse elevado apra 3000 euros/mês? Ou mesmo 3500, para reduzir ligeiramente a diferença salarial para com a aviação civil?
Determinadas valências precisam de ser valorizadas, nomeadamente aquelas que são mais críticas e que requerem uma formação muito mais prolongada, e não ficar tão dependentes do posto.
Quer dizer nos anos 90 que a malta andava de comboio expresso e à boleia não era longe e agora é??
É um dado conhecido que a competitividade no mercado de trabalho, faz com que pelos valores ganhos, poucos jovens vão querer afastar-se da sua "zona" para trabalhar a 200km de casa (por vezes é muito mais que isto) a ganhar o mesmo que ganhariam numa caixa de supermercado. E existem vários factores da vida de cada um que facilmente fazem com que um jovem opte por ir para um trabalho banal, em vez de ir para as FA.
a atratividade apoia-se em autonomia financeira e é coisa que os jovens não têm e que as forças armadas nas classes mais baixas não proporcionam.
A atractividade vai depender de cada um e do meio envolvente. Um gajo do Algarve nunca irá sair de lá, para ir para o interior para a tropa. O salário enquanto praça dificilmente será atractivo o suficiente para o gajo abdicar de gajas da sua idade em bikini na praia, por idosas de bigode. A isto acrescenta as horas de viagem de/para casa, já que entre ganhar o salário X no Exército, e ter 2 horas de viagem, ou ganhar virtualmente o mesmo num trabalho "normal" e em 5 minutos estás em casa ou na praia ou num bar, a maioria vai escolher a segunda opção.
Os factores sociais também pesam e muito, tal como os culturais. Em São Jacinto tens apenas os Paras... numa região do país extremamente virada para o mar tanto do ponto de vista geográfico como cultural, onde uma unidade de Fuzileiros se sentiria em casa. Podia até haver no Distrito de Aveiro 10 mil potenciais interessados em ser Fuzileiro, e nem assim se criava lá uma subunidade em São Jacinto (junto com os Paras), sendo preferível forçar qualquer potencial interessado a deslocar-se 200km, ou simplesmente a escolherem outro rumo. O que um estudo demográfico não fazia...
Quer dizer, existem varias unidades fantasma a consumir recursos de manutenção e sustentação e a via correta era unidades perto de casa....
Não, a via correcta era ter uma reorganização inteligente, em que em vez de teres muitos pequenos regimentos monomissão, tens regimentos maiores, multi-especialidade, localizados em regiões onde faça sentido tanto do ponto de vista prático, demográfico, cultural e estratégico. Um regimento em Faro bem localizado, estaria, na pior das hipóteses, a uns 70 e poucos kms de qualquer canto do Distrito, tendo acesso a uma população de quase meio milhão de pessoas. Em contraste, o RI1 de Beja situa-se no centro de um distrito com menos de 1/3 da população de Faro, e onde compete directamente com a BA11, e é deste RI1 que sai o diminuto destacamento de Faro. Conseguias eliminar o RI1, as messes e o destacamento de Faro, e ter apenas um Regimento (de Infantaria ou de Guarnição) em Faro. Em Beja uma unidade do Exército, só faz sentido se for inserida ao lado/dentro da BA11, e for numa vertente logística ou de defesa aérea (que requerem muito menos pessoal que uma unidade de infantaria).
Então vamos lá a ver um gajo quer estar perto de casa (dos pais) ou quer ter autonomia financeira ( e para isso ir em missões de 06 meses para o estrangeiro) e ganhar mais algum extra?
Tens pessoal nos paraquedistas que nos 6 anos de contrato, fazem 3 missoes no estrangeiro....por exemplo, achas que esses querem estar perto de casa? Só há duas unidades de paraquedistas para os BiPara...Tomar e S. Jacinto...
Só tens OE em Lamego só tens Comandos na Carregueira....
Pessoas diferentes vão ter vocações diferentes. As forças de elite também não estão famosas de efectivo, e lá porque há malta que entra nestas forças mesmo sendo longe de casa, não quer dizer que todos o façam nem que seja a maioria. Em muitas destas forças, haver uma segunda unidade noutra parte do país, pode ser a diferença entre ter mais 100 ou menos 100 "homens". Com isto, não estou a dizer que se devia criar um CTC novo do zero, estou a dizer que temos grandes regimentos pelo país às moscas, que por serem mono-especialidade nunca vão encher, mas que provavelmente terão espaço para receber uma Companhia de outra especialidade. Se houvesse potencial para se ter uma companhia de Comandos no RI13 ou RI19 com uns 100 homens, seria mau? Estudos demográficos permitiam ter uma ideia do potencial interesse da população de diversas regiões para as FA.
Nas ilhas o recrutamento resulta porque não os mandam para o contiente (já houveram alturas em que tinhas malta das ilhas a definhar no meio de santa margarida)..agora só vem quem quer.
Lá está, o factor "proximidade a casa".
De qualquer modo um puto do corvo ir para s. miguel , é no arquipélago mas em voos ainda é uma estafa grande.
Mas a população do Corvo é extremamente reduzida, somas com as Flores, e a população das duas ilhas não chega aos 4000 habitantes, a probabilidade de ter alguém do Corvo a ingressar é muito menor do que alguém de São Miguel.
Para ter o trabalho ao pé de casa é apostar na GNR, esses é que têm de ser descentralizados para o garante da segurança das populações...e mesmo esses as unidades especiais estão concentradas.
E extingue-se as FA no processo, porque para quê analisar e contemplar todas as variáveis, tentar reorganizar as FA (nomeadamente a disposição geográfica) para evitar que a distância a casa seja um factor tão predominante e ao mesmo tempo acabar com os mini-regimentos e unidades fantasma?
A Força Aérea reativou a Esquadra 752 nos Açores.
E lembro-me de um concurso da Marinha (não sei como ficou) para pessoal servir na região dos Açores.
E pelos vistos a dita esquadra tinha pessoal que se viu deslocalizado do continente para os Açores. O resultado seria completamente diferente se fosse possível ter tal esquadra com a maioria ou mesmo totalidade do pessoal proveniente do arquipélago.